Acidente de trabalho com material perfurocortante em profissionais da saúde no município de Uberlândia-MG

Abstract

INTRODUÇÃO: As políticas de Vigilância em Saúde no SUS, no âmbito da Saúde do Trabalhador, buscam monitorar e controlar riscos à saúde nos ambientes de trabalho, por meio da identificação de doenças ocupacionais, investigações epidemiológicas, e análise de dados sobre acidentes laborais. Os acidentes de trabalho são destaque entre as doenças profissionais, causando desde lesões leves até incapacidades graves ou morte. Após o surgimento do HIV/Aids na década de 1980, o perfil epidemiológico mudou, ampliando a vulnerabilidade ao HIV para trabalhadores da saúde, especialmente devido ao manuseio constante de materiais perfurocortantes contaminados (como agulhas e escalpes), tornando esses profissionais os mais suscetíveis a esses acidentes. OBJETIVO GERAL: Conhecer o perfil epidemiológico dos acidentes biológicos dos profissionais da saúde que são notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) como acidente de trabalho com exposição a material perfurocortante e fluidos corpóreos e biológicos, que são acompanhados no SAE ampliado, Herbert de Souza, município de Uberlândia. METODOLOGIA: Estudo exploratório, retrospectivo descritivo, explicativo, com abordagem quantitativa, para levantamento de dados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) de acidentes dos profissionais da saúde, com material perfurocortante e que procuraram o SAE ampliado, Ambulatório Herbert de Souza para atendimento de 2019 a 2022. Fizeram parte desse estudo, 1.526 notificações. RESULTADOS: A pesquisa em si resultou em 02 artigos, o primeiro intitulado "Tendências dos Acidentes com Material Perfurocortante em Uberlândia: Estudo com Dados do SINAN (2019-2022)" e o segundo artigo "Acidentes com material perfurocortante: análise do serviço de atendimento ao acidentado por material biológico no Município de Uberlândia, MG". Como resultados do Artigo 1 que teve como resultados: Aumento progressivo do número de acidentes notificados ao longo dos anos, em 2019, com 304 acidentes (19,92%); 2020, 347 (22,74%); 2021, 428 (28,05%); e 2022: 447 (29,29%); quanto ao sexo, raça e idade dos acidentados, obteve-se 74,71% de mulheres e 25,29% homens; 50,85% eram brancos, 47,12% pardos, com minorias de outras raças; com idade entre 31-40 anos (37,28%), seguida por 41-50 anos (26,48%). No quesito ocupação, os trabalhadores mais afetados foram os Técnicos de Enfermagem (43,84%) e Enfermeiros (13,43%). Segundo o tempo de trabalho, 46,13% tinham até 5 anos de experiência na ocupação, 44,10% atuavam no setor público e 40,50% no privado. Em relação às características dos acidentes, o tipo de exposição mais comum foi a percutânea (66,64%) e o material biológico que esteve mais presente foi o sangue em 73,85% dos casos, e com agulha com lúmen (62,39%), sendo o agente causador. Quanto ao uso de EPIs, 73,72% dos trabalhadores usavam luvas, mas outros EPIs (máscara, avental, óculos) tiveram o uso menor, indicando falhas na proteção completa. Os principais resultados referentes ao Artigo 2 foram: o paciente fonte foi identificado em 62,19% dos casos, em 28,57%, não. A Quimioprofilaxia (PEP) foi indicada em 38,79% dos casos; não necessária em 6,09%; dados ignorados/não informados em 55,11%. Em relação à vacinação contra Hepatite B, 78,77% dos acidentados estavam vacinados com as três doses; 62,19% dos pacientes-fonte também. Os resultados sorológicos dos acidentados para Anti-HIV: 0,66% (10 casos) positivos; 67,69% negativos; HbsAg (Hepatite B ativa): 0,59% (9 casos) positivos; 64,88% negativos; Anti-HBs (Imunidade HBV): 37,16% negativos (suscetíveis); 28,31% positivos, Anti-HCV (Hepatite C): 0,52% (8 casos) positivos; 65,01% negativos. No quesito conversão sorológica, 0,52% dos casos resultaram em alta com conversão; 15,73% sem conversão; 34,34% com fonte negativa. Em se tratando dos resultados Sorológicos dos Pacientes-Fonte, Anti-HIV: 0,26% (4 casos) positivos; 40,43% negativos; HbsAg: 3,08% (47 casos) positivos; 38,79% negativos; Anti-HBs: 38,73% negativos; 0,79% positivos; Anti-HCV: 0,46% (7 casos) positivos; 40,04% negativos. Quanto à notificação e CAT, 58,26% dos casos geraram Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT); 30,47% não informaram. CONSIDERAÇÕES FINAIS DO ESTUDO: Implantar medidas de segurança, como os Equipamentos de Proteção Individual (EPI), é essencial para promover a saúde e a segurança do trabalho, protegendo os trabalhadores. Para disseminar a cultura da biossegurança, é necessário que trabalhadores e empresas compreendam as responsabilidades de todos os envolvidos (gestores, chefias e beneficiários), sensibilizando-os para mudanças de atitude, investimentos e reorganização administrativa. A prevenção de acidentes com material biológico é crucial para evitar a contaminação por patógenos sanguíneos, e dados epidemiológicos sobre acidentes perfurocortantes são fundamentais para direcionar e avaliar intervenções em níveis municipal, estadual e nacional.