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https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/38131
Tipo do documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso Aberto |
Título: | Tudo é e não é: poder e ironia no sertão rosiano |
Título(s) alternativo(s): | Tudo é e não é: poder e ironia no sertão rosiano |
Autor(es): | Antunes, Joeli teixeira |
Primeiro orientador: | Silva, Maria Ivonete Santos |
Primeiro membro da banca: | Silva, Telma Borges da |
Segundo membro da banca: | Ferreira, Yvonélio Nery |
Terceiro membro da banca: | Souza, Enivalda Nunes Freitas e |
Quarto membro da banca: | Pereira, Kenia Maria de Almeida |
Resumo: | Este trabalho apresenta a pesquisa de doutorado intitulada Tudo é e não é: poder e ironia no sertão rosiano. O objeto de análise corresponde o estudo da narrativa “Buriti”, que faz parte do conjunto de novelas de Corpo de Baile, de João Guimarães Rosa, publicada em 1956. Tem-se como objetivo mostrar as várias facetas do poder que perpassam as relações pessoais instituídas entre os moradores da fazenda Buriti Bom e os sertanejos daquele local, além de evidenciar que, por meio de uma ironia refinada, Guimarães Rosa elabora cenas da vida cotidiana sertaneja. Com isso, o problema de pesquisa se constituiu a partir das seguintes perguntas: considerando que, na contramão de estruturas de poder e opressão, Guimarães Rosa dá voz a sujeitos subalternos silenciados, de que maneira as relações de poder e ironia aparecem em “Buriti”? Ao inserir diferentes vozes em seu texto, o autor denuncia preconceitos, mal-entendidos e julgamentos apressados no contexto dessa narrativa? Para responder a tais questionamentos, recorreu-se a uma pesquisa de natureza crítico-bibliográfica e aplicou-se o método hipotético-dedutivo, com fundamento em “Buriti” e fortuna crítica sobre a narrativa. Para se compreender o conceito de poder/relações de poder, foram analisadas as proposições teórico-críticas elaboradas por Michel Foucault, constantes nas obras História da Sexualidade I (1988), Microfísica do poder (1979) e A ordem do discurso (2005), além de uma leitura sobre as reflexões de Pierre Bourdieu, em O Poder Simbólico (1998), dentre outros. As reflexões sobre o conceito de ironia ocorreram mediante a realização de um percurso histórico/crítico/literário com base nos livros: A ironia e o irônico (1995), de Douglas Colin Muecke; O dialeto dos fragmentos (1997), de Friedrich Schlegel; Teoria e política da ironia (2000), de Linda Hutcheon; Problemas da Poética de Dostoievski (1981), de Mikhail Bakhtin, além da tese intitulada Machado de Assis e a Ironia: estilo e visão de mundo (2006), de Andrea Czarnobay Perrot. Instigada por essas inquietações de leitura, a hipótese desta pesquisa é a de que, em “Buriti”, a ironia pode ser encontrada nas relações de poder, nas linhas da resistência, na subjetividade dos sujeitos e em seu processo criador. Conclui-se que no sertão rosiano, o espaço da narrativa está centrado em um ambiente rural que permite perceber possibilidades de interpretação múltiplas da região sertaneja, que não se encarcera em um arquétipo; antes, considera a presença de interdições perpassadas à casa-grande, à fazenda e à estrutura rural. Dessa forma, o sertão existe como espaço para a representação do patriarcalismo, do clientelismo, das relações de poder, todas elas podem ser analisadas pela via da ironia que em “Buriti” corresponde a uma forma de subverter a autoridade e questionar o mundo circundante, permitindo aos indivíduos expressarem sua subjetividade e estabelecerem uma relação crítica com ele, posto que a ironia permite a presença de vários pontos de vista e vozes diferentes numa enunciação. No sertão rosiano, o “é” não é oposto ao que “não é”; um não implica o apagamento do outro, e sim a explicitação da crítica via sujeito em uma atitude contestadora: irônica. |
Abstract: | This work presents the doctoral research entitled Everything is and is not: power and irony in the Rosiano backlands. The object of analysis corresponds to the study of the narrative “Buriti”, which is part of the set of novels of Corpo de Baile, by João Guimarães Rosa, published in 1956. It has as objective to show the various facets of power that run through the personal relationships established among the residents of the Buriti Bom farm and the countryside people of that place, in addition to showing that, through a refined irony, Guimarães Rosa elaborates scenes of the countryside people daily life. With this, the research problem was constituted from the following questions: considering that, against the grain of power and oppression structures, Guimarães Rosa gives voice to silenced subaltern subjects, how do power relations and irony appear in “Buriti”? By inserting different voices in his texts, does the author denounce prejudices, misunderstandings and hasty judgments in the context of this narrative? To answer such questions it was resorted to a critical-bibliographical research and it was applied the hypothetical-deductive method, based on “Buriti” and critical fortune on the narrative. In order to understand the concept of power/power relations were analyzed the theoretical-critical propositions elaborated by Michel Foucault, constants in the works History of Sexuality I (1988), Microphysics of power (1979) and The order of discourse (2005), as well as a reading on the reflections of Pierre Bourdieu, in The Symbolic Power (1998), among others. From this, the reflections on the concept of irony occurred through the realization of a historical/critical/literary journey based on the books: Irony and the Ironic(1995), by Douglas Colin Muecke; The dialect of fragments (1997), by Friedrich Schlegel; Theory and Politics of Irony (2000), by Linda Hutcheon; Problems of the Poetics of Dostoyevsky (1981), by Mikhail Bakhtin, in addition to the thesis entitled Machado de Assis and Irony: style and worldview (2006), by Andrea Czarnobay Perrot. Instigated by these reading concerns, the hypothesis of this research is that, in “Buriti”, irony can be found in power relations, in the lines of resistance, in the subjectivity of the subjects and in their creator process. It is concluded that in the Rosiano backlands the space of the narrative is centered on a rural environment that allows perceiving possibilities of multiple interpretation of the sertaneja region, which is not imprisoned in an archetype; rather, it considers the presence of interdictions permeating the manor house, the farm and the rural structure. In this way, the sertão exists as a space for the representation of patriarchalism, clientelism, power relations, all of which can be analyzed through irony, which in “Buriti” corresponds to a way of subverting authority and questioning the surrounding world, allowing individuals to express their subjectivity and establish a critical relationship with it, since irony allows the presence of several different points of view and voices in an enunciation. In the Rosiano backlands, “is” is not opposite to what “is not”; one does not imply the erasure of the other, but rather the explicitness of criticism via the subject in a contesting attitude: ironic. |
Palavras-chave: | Ironia Irony Relações de poder Power relations Buriti Guimarães Rosa |
Área(s) do CNPq: | CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES |
Assunto: | Literatura Rosa, João Guimarães, 1908-1967 - Crítica e interpretação Novelas brasileiras Ironia na literatura |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Editora: | Universidade Federal de Uberlândia |
Programa: | Programa de Pós-graduação em Estudos Literários |
Referência: | ANTUNES, Joeli Teixeira. Tudo é e não é: poder e ironia no sertão rosiano. 2023. 192 f. Tese (Doutorado em Estudos Literários) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2023. DOI http://doi.org/10.14393/ufu.te.2023.277. |
Identificador do documento: | http://doi.org/10.14393/ufu.te.2023.277 |
URI: | https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/38131 |
Data de defesa: | 11-Mai-2023 |
Aparece nas coleções: | TESE - Estudos Literários |
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