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https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/35019
ORCID: | http://orcid.org/0000-0003-1476-6157 |
Document type: | Dissertação |
Access type: | Acesso Aberto |
Title: | Vozes hegemônicas e vozes insurgentes: uma análise discursiva crítica sobre a representação do aborto na mídia |
Alternate title (s): | Hegemonic and insurgent voices: a critical discursive analysis on the representation of abortion in the media |
Author: | Souza, Bianca Mara Guedes de |
First Advisor: | Ottoni, Maria Aparecida Resende |
First member of the Committee: | Novodvorski, Ariel |
Second member of the Committee: | Figueiredo, Débora de Carvalho |
Summary: | Esta dissertação tem como objetivo analisar, entender e comparar as representações discursivas do aborto e das mulheres que já praticaram um aborto construídas em reportagens do jornalismo tradicional, a Folha de São Paulo, e do jornalismo independente, a Revista AzMina. Para isso, empreendemos uma análise fundamentada teórico-metodologicamente na Análise de Discurso Crítica (ADC), especialmente na abordagem dialético-relacional (CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 2001, 2003, 2013), com enfoque nos significados acional e representacional do discurso. Do significado acional, utilizamos a categoria intertextualidade; do significado representacional, as categorias interdiscursividade e vocabulário. A pesquisa é classificada como documental (MAY, 2004; GIL 2008) e é de caráter qualitativo-interpretativista (MAGALHÃES; MARTINS; RESENDE, 2017) e nela articulamos metodologicamente a Linguística de Corpus à ADC (HARDT-MAUTNER, 1995; KOPH, 2019) com o uso do software UAM Corpus Tool (O'DONNELL, 2019). Para compreender e discutir a prática social jornalística, seu papel como segundo poder e funcionamento em sociedade, recorremos às pesquisas de Albuquerque (2013), Ramonet (1999, 2013) e Herman e Chomsky (2003). Ainda na fundamentação sobre a prática jornalística, tecemos a diferenciação entre jornalismo tradicional (AMARAL, 2004; ZAMIN, 2014) e jornalismo independente (MENEZES, 2010; COSTA, 2018), que é crucial para a pesquisa. Na análise conjuntural da prática social de aborto, trazemos a questão como injustiça social (FAIRCLOUGH, 2003), a partir das considerações de Rohden (2002, 2003) sobre como o controle da capacidade reprodutiva das mulheres fundamenta os papéis sociais desempenhados por elas; e como as relações sociais nas práticas de reprodução revelam dinâmicas de poder. Ademais, discutimos a prática social de aborto a partir de dados sobre sua dimensão (BRASIL, 2018; DINIZ; MEDEIROS; MADEIRO, 2017; STARRS et al., 2018) e seus desdobramentos jurídicos e históricos (FEDERICI, 2017; PEDRO, 2012; DEL PRIORE, 1994, 2013; LOUZADA, 2020). A análise intertextual das reportagens revelou que na Folha a voz das mulheres que abortaram é quase inexistente, sendo que elas totalizam apenas 2,7% das fontes ouvidas pelo jornal. Na AzMina elas representam 13,1% das fontes ouvidas. Observamos que na Folha, as mulheres que passaram por um aborto são trazidas para a reportagem para cumprir o papel de testemunha, e oferecem sua contribuição como ‘vivenciadoras’ do fato no sentido mais básico. Assim, se suprimidas, veríamos pouco ou nenhum impacto na narrativa jornalística. Por outro lado, na Revista AzMina, quando a reportagem inclui essas mulheres, a narrativa acontece toda a partir delas; e, se suprimidas, deixariam o texto carente de coesão e valor jornalístico. Na análise interdiscursiva notamos que o discurso jurídico predomina nas reportagens dos dois veículos de comunicação; nesse sentido, o aborto é predominantemente representado a partir de seus aspectos jurídicos. Ademais, percebemos uma luta interdiscursiva evidenciada pelo embate entre dois discursos: o antiaborto e o pró-direitos reprodutivos. Assim, nas vozes e textos que materializam o discurso antiaborto, as mulheres que abortaram são representadas por escolhas linguístico-discursivas como: arrependidas, incapazes, mentirosas, culpadas e mulheres que negam a maternidade; e, por meio das vozes e textos que materializam o discurso pró-direitos: vítimas, sozinhas, psicologicamente vulneráveis, mas também cidadãs que contribuem ativamente para a sociedade, sujeito de direitos, honestas e batalhadoras. Textos tem efeitos sociais e causais (FAIRCLOUGH, 2003), dessa forma, os textos da esfera jornalística, ao recontextualizarem a prática de aborto, representam o aborto e as mulheres que abortaram por meio de diversas escolhas linguístico-discursivas, algumas mais alinhadas às vozes hegemônicas e outras contribuindo para a insurgência de novas vozes e discursos. |
Abstract: | This dissertation aims to analyze, understand and compare the discursive representations of abortion and women who have already had an abortion constructed in Folha de São Paulo’s traditional journalism, and Revista AzMina’s independent journalism. For this, we undertook a theoretical-methodological analysis based on Critical Discourse Analysis (CDA), especially anchored in the dialectical-relational approach (CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH, 2001, 2003, 2013), with an emphasis on actional and representational meanings. From the actional meaning, we used the intertextuality category; representational meaning, the categories interdiscursivity and vocabulary. The research is classified as documentary (MAY, 2004; GIL 2008) and is qualitative-interpretative (MAGALHÃES; MARTINS; RESENDE, 2017). We also methodologically articulate Corpus Linguistics to CDA (HARDT-MAUTNER, 1995; KOPH, 2019) using the UAM Corpus Tool software (O'DONNELL, 2019). To understand and discuss journalistic social practice, its role as a second power, and its functioning in society, we articulate the research of Albuquerque (2013), Ramonet (1999, 2013), and Herman and Chomsky (2003). Also, we add to this discussion the difference between traditional journalism (AMARAL, 2004; ZAMIN, 2014) and independent journalism (MENEZES, 2010; COSTA, 2018), which is crucial for the research. In the conjunctural analysis of the social practice of abortion, we bring the issue as a social error (FAIRCLOUGH, 2003) based on Rohden's (2002, 2003) considerations on how the control of women's reproductive capacity underlies the social roles played by them; and how social relations in reproduction practices reveal power dynamics. In addition, we discuss the social practice of abortion based on data on its dimension (BRASIL, 2011, 2018; DINIZ; MEDEIROS; MADEIRO, 2017; STARRS et al., 2018) and its legal and historical consequences (FEDERICI, 2017; PEDRO, 2017). 2012; DEL PRIORE, 1994, 2013; LOUZADA, 2020). The intertextual analysis of the reports revealed that the voice of women who had abortions is almost non-existent on Folha, with only 2.7% of the sources heard by the newspaper. At AzMina they represent 13.1% of the sources heard. We observe that on Folha, women who have had an abortion are brought into the report to fulfill the role of witness and offer their contribution as ‘experiencers’ of the fact in the most basic sense. Thus, if suppressed, we would see little or no impact on the journalistic narratives. On the other hand, in Revista AzMina, when the report includes these women, the narrative starts from them; and, if suppressed, would leave the text lacking cohesion and journalistic value. In the interdiscursive analysis, we noticed that the legal discourse predominates in the reports of the two communication vehicles; in this sense, abortion is predominantly represented from its legal aspects. Furthermore, we perceive an interdiscursive struggle, evidenced by the clash between two discourses: the anti-abortion and the pro-reproductive rights. Thus, in the voices and texts that materialize the anti-abortion discourse, women who have had an abortion are represented by linguistic-discursive choices such as repentant, incapable, liars, guilty, and women who deny motherhood; and, through the voices and texts that materialize the pro-rights discourse, they are victims, alone, psychologically vulnerable, but also citizens who actively contribute to society, subjects of rights, honest and struggling. Texts have social and causal effects (FAIRCLOUGH, 2003), and texts from the journalistic sphere, by recontextualizing the practice of abortion, represent abortion and women who have had abortions through different linguistic-discursive choices, some more aligned with hegemonic voices and others contributing to the insurgency of new voices, texts, and discourses. |
Keywords: | Análise de discurso crítica Aborto Mulheres Folha de São Paulo Revista AzMina Critical discourse analysis Abortion Women |
Area (s) of CNPq: | CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICA |
Subject: | Linguística Análise crítica do discurso Aborto - Aspectos morais e éticos Folha de S. Paulo (Jornal) |
Language: | por |
Country: | Brasil |
Publisher: | Universidade Federal de Uberlândia |
Program: | Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos |
Quote: | SOUZA, Bianca Mara Guedes de. Vozes hegemônicas e vozes insurgentes: uma análise discursiva crítica sobre a representação do aborto na mídia. 2022. 173 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Linguísticos) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2022. DOI http://doi.org/10.14393/ufu.di.2022.61. |
Document identifier: | http://doi.org/10.14393/ufu.di.2022.61 |
URI: | https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/35019 |
Date of defense: | 28-Jan-2022 |
Appears in Collections: | DISSERTAÇÃO - Estudos Linguísticos |
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