Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/24000
Tipo do documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso Aberto
Título: No limite do risco: impactos da regulação sobre a atuação das Credit Rating Agencies
Título(s) alternativo(s): At the limit of risk: regulatory impacts on the performance of Credit Rating Agencies
Autor(es): Veloso, Vitor Furtado Jerônimo
Primeiro orientador: Garlipp, José Rubens Damas
Primeiro membro da banca: Salgado, Pedro Dutra
Segundo membro da banca: Carvalho, Carlos Eduardo Ferreira de
Resumo: A ruptura da institucionalidade erigida em Bretton Woods significou a progressiva liberalização dos fluxos de capitais internacionais e um passo adiante rumo à globalização financeira. Liderado pelos Estados Unidos (EUA), tal processo aumentou a exposição dos atores ao risco, estimulando a especulação e o desenvolvimento de novos produtos financeiros. Frente à incerteza e à crescente volatilidade dos capitais internacionais, reduzir o risco tornou-se uma das principais metas dos atores públicos e privados. Para suprir tal necessidade, as Credit Rating Agencies (CRA) surgiram como principal alternativa na avaliação dos produtos financeiros e redução da assimetria de informação no Sistema Financeiro Internacional (SFI). Tais agências “ressurgiram” e se expandiram significativamente a partir da década de 70, em grande parte, devido à progressiva incorporação de suas classificações para fins regulatórios, principalmente pelos EUA. Entretanto, durante a década de 90 e o início dos anos 2000, sucessivas crises financeiras colocaram à prova a eficiência e a funcionalidade das CRA’s, gerando uma série de críticas e questionamentos às agências. Porém, foi com a Crise de 2007/2008 que a “onda regulatória” se acirrou. Acusadas por participação direta na crise, as agências receberam um duro golpe sobre sua influência e posição no SFI, vendo suas receitas caírem após um crescimento vertiginoso. Dentre os objetivos da regulação, evidenciava-se a retirada das classificações das regulações norte-americanas, diferentemente do que vinha ocorrendo. Assumindo sua importância para os mercados financeiros, o Congresso norte-americano objetivava reduzir a dependência das classificações de crédito e estimular a competição na indústria do rating. Diferentemente do que se esperava, as “Big Three” retomaram seu crescimento atingindo níveis anteriores àqueles pré-crise de 2008. Na tentativa de compreender o porquê da retomada no crescimento de suas receitas e de sua atuação, e se realmente estaria tal “regulamentação” limitando o poder de tais agências, analiso as tentativas do governo norte-americano de estabelecer uma legislação mais rígida para as CRA’s. Para tanto, examino os relatórios, audiências e a legislação surgidos no período de 2000 a 2016, e até que ponto tais mudanças regulatórias avançaram de fato na limitação da atuação das agências. Minha hipótese neste trabalho é a de que, ao invés de limitar o poder das principais CRA’s, tal regulamentação estaria inserindo-as cada vez mais dentro do sistema, tornando-as uma importante engrenagem do SFI. Para corroborar com minha hipótese, utilizo a interpretação de Jamie Peck sobre o neoliberalismo como um programa que pretende a implantação de novas formas de regulação, ou mesmo uma (re) regulação, implantando novos regimes de governança. Por fim, argumento que as CRA’s, aproveitando-se cada vez mais de sua inserção nas regulações internacionais, principalmente nos EUA, foram se tornando cada vez mais importantes para a contínua regulação do sistema financeiro e a disseminação de medidas de caráter neoliberal. Desse modo, a tentativa de regular a indústria do rating não foi eficaz em limitar a atuação das agências, e, sim, reorganizou-as de modo a manter sua posição como importantes engrenagens do sistema financeiro, reforçando sua importância para o sistema financeiro e para a reconstrução periódica da governança neoliberal.
Abstract: The rupture of the institutionality established at Bretton Woods meant the progressive liberalization of international capital flows and a step forward towards financial globalization. Led by the United States (USA), such process has increased the exposure of risk actors by stimulating speculation and the development of new financial products. Given the uncertainty and increasing volatility of international capital, reducing risk has become one of the main goals of public and private actors. To meet this need, Credit Rating Agencies (CRA) emerged as the main alternative in the evaluation of financial products and reduction of information asymmetry in the International Financial System (SFI). These agencies "resurged" and expanded significantly since the 1970s, largely due to the progressive incorporation of their ratings for regulatory purposes, mainly by the United States. However, during the 1990s and early 2000s, successive financial crises tested the efficiency and functionality of CRAs, generating a series of criticisms and questions to the agencies. However, it was with the Crisis of 2007/2008 that the "regulatory wave" increased. Accused of taking direct part in the crisis, the agencies received a heavy blow over their influence and position in the SFI, seeing their revenues fall after a spiraling growth. Among the objectives of the regulation, it was evident the withdrawal of the classifications of the North American regulations, unlike what had been occurring. Assuming its importance for financial markets, the US Congress aimed to reduce reliance on credit ratings and stimulate competition in the rating industry. Contrary to expectations, the "Big Three" resumed their growth reaching pre-crisis levels in 2008. In an attempt to understand the reason for the recovery of growth in revenues and performance, and indeed whether such "regulation" would limit the power of such agencies, I analyze the US government's attempts to establish stricter legislation for CRAs . To that end, I examine the reports, hearings, and legislation that emerged in the period from 2000 to 2016, and to what extent such regulatory changes have actually advanced in limiting agency performance. My hypothesis in this paper is that, rather than limiting the power of major CRAs, such regulation would increasingly place them within the system, making them an important force in SFI. To try to corroborate my hypothesis, I use Jamie Peck's interpretation of neoliberalism as a program that seeks to introduce new forms of regulation, or even (re) regulation, by introducing new governance regimes. Finally, I argue that the CRAs, taking advantage of their insertion in international regulations, especially in the USA, have become increasingly important in the continuous regulation of the financial system and in the dissemination of neoliberal measures. Thus, the attempt to regulate the rating industry was not effective in limiting the agencies' performance, but reorganized them in order to maintain their position as important gears of the financial system, reinforcing their importance for the financial system and the reconstruction of neoliberal governance
Palavras-chave: Credit Rating Agencies
Regulação
Governança neoliberal
Regulation
Neoliberal governance
Política internacional
Relações internacionais
Área(s) do CNPq: CNPQ::OUTROS::RELACOES INTERNACIONAIS
CNPQ::CIENCIAS SOCIAIS APLICADAS::ECONOMIA::ECONOMIA MONETARIA E FISCAL
CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::CIENCIA POLITICA::POLITICA INTERNACIONAL::ORGANIZACOES INTERNACIONAIS
Idioma: por
País: Brasil
Editora: Universidade Federal de Uberlândia
Programa: Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais
Referência: VELOSO, Vitor Furtado Jerônimo. No limite do risco: impactos da regulação sobre a atuação das Credit Rating Agencies. 2018. 165 f. Dissertação (Mestrado em Relações Internacionais) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2018.
Identificador do documento: http://dx.doi.org/10.14393/ufu.di.2019.901
URI: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/24000
Data de defesa: 19-Dez-2018
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