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https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/21385
Tipo de documento: | Tese |
Tipo de acceso: | Acesso Aberto |
Título: | Da terra onde se retira o pão também se constrói o território: as transformações sócioterritoriais sofridas pelo Povo Xavante em decorrência do avanço do agronegócio na Terra Indígena Marãiwatsédé |
Título (s) alternativo (s): | In the land where the bread is produced the territory is also constructed: socio-territorial changes suffered by the Xavante as a result of the expansion of agribusiness in the Indiginous Territory of the Marãiwatsédé |
Autor: | Rocha, Leonardo |
Primer orientador: | Silva, Vicente de Paulo da |
Primer miembro de la banca: | Silva, Cássio Alexandre da |
Segundo miembro de la banca: | Mendonça, Mauro das Graças |
Tercer miembro de la banca: | Mano, Marcel |
Cuarto miembro de la banca: | Chelotti, Marcelo Cervo |
Resumen: | Esta tese trata da relação dos Xavante de Marãiwatsédé, na região do Araguaia – Xingu, com seu território tradicional e o papel deste para manutenção da cultura do grupo. Para tanto o recorte temporal compreende mais detidamente o período que vai da década de 1960 ao momento atual. A década de 1940 também foi marcante na história do Povo Xavante, pois foi quando posseiros e colonos incentivados pela política getulista conhecida como “Marcha para Oeste” iniciaram um processo de expropriação dos territórios tradicionais Xavante, localizados no leste mato-grossense. Com a chegada destes à região, diferentes etnias, entre elas os Xavante, foram submetidos a um processo de dispersão em grupos em busca de isolamento. Entre estes, os Xavante de Marãiwatsédé, sujeitos desta pesquisa, se deslocaram para o nordeste mato-grossense, onde permaneceram num relativo estado de “isolamento” até meados de 1950, quando mais uma vez são atingidos por um grande empreendimento, ou seja, a expansão agropecuária. Nesse período, chega à região o “colonizador” Ariosto da Riva que adquire do governo do Estado de Mato Grosso uma extensa área de meio milhão de hectares em pleno território Xavante, onde se dá a abertura da fazenda Suiá-Missú, explorando, inclusive, a força de trabalho dos Xavante. Já nos anos de 1962, Ariosto associa-se ao grupo Paulista Ometto e com fartos recursos fiscais da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), a fazenda salta para 800 mil hectares, sendo considerado no período o maior latifúndio brasileiro. Em 1966, quando o grupo Ometto não mais necessitava da mão de obra Xavante, (alegando inúmeros incidentes entre os funcionários da fazenda e os índios), acaba negociando junto a Força Aérea Brasileira (FAB), a Missão Salesiana e ao Serviço de Proteção aos Índios (SPI) a transferência compulsória do grupo Marãiwatsédé, composto por 263 indivíduos para a Missão Salesiana de São Marcos, localizada a 400 km de distância ao sul do seu território, onde também se encontravam fragilizados outros grupos da mesma etnia. Na primeira semana morreram cerca de 80 pessoas desse grupo em consequência de uma epidemia de sarampo. Fragilizados, esse grupo acaba se dispersando por vários outros territórios Xavante, quando no início da década de 1980, o atual Cacique da Terra Indígena Marãiwatsédé, Damião Paridzáné dá início a reorganização do seu grupo, objetivando o retorno ao seu território de origem. No entanto, em 1992 a antiga fazenda Suiá-Missú, agora Agropecuária Suiá-Missú pertencia a Agip do Brasil S/A, subsidiária da estatal Italiana Agip Petróleo. Após longas discussões e pressões nacional e internacional, durante a Conferência Mundial do Meio Ambiente (ECO 92), ocorrida no Rio de Janeiro, representantes da Agip se comprometeram devolver uma parte do território original aos Xavante, o que não ocorre. No entanto no mesmo ano ocorre a invasão da área por um grupo de posseiros, que foram incentivados por grileiros e fazendeiros que permaneceram na área até 2013. Naquele ano ocorreu a desintrusão total depois de uma longa batalha judicial. Durante todos esses anos, a área com cerca de 165 mil hectares foi drasticamente descaracterizada, suas matas deram lugar a extensas plantações de grãos e pastagens para o gado, rios e córregos foram assoreados e contaminados, imprimindo assim enormes pressões sobre o habitat e o modo tradicional de vida do Povo Xavante de Marãiwatsédé. Assim, diante de tais acontecimentos, este estudo buscou compreender o papel do território na manutenção identitária dos Xavante de Marãiwatsédé. Ao final, demonstramos que o controle político sobre uma determinada área, ou seja, a territorialização é crucial para alterações mais ou menos profundas na cultura Xavante. Para tal nos apoiamos no método etnográfico, trabalhos de campo e revisões de literaturas especializadas. |
Abstract: | This thesis deals with the relationship of the Xavante of Marãiwatsédé, from the Xingu Araguaia region, with their traditional territory and the role of the latter on the conservation of their culture. The work focus on the period between 1960 and the present time. The 1940s were also a landmark to the history of the Xavante, due to the advent of the March to the West (Marcha para o Oeste), promoted during the government of Getúlio Vargas, when squatters and settlers began a long process of expropriation of the Xavante territory, especially on the east of Mato Grosso state. The March to the West let to the dispersion of several ethnic groups, among them the Xavante, in search for more secluded regions. The Xavante of Marãiwatsédé, subject of this research, moved to the northeast of Mato Grosso, where they experienced a relative state of isolation until the mid 1950s, when they were affected by another big expansionist endeavor, this time related to the agricultural occupation. In this period, a “colonizer” called Ariosto da Riva arrives in the region and purchases an extensive area of half a million hectares of Xavante territory from the government of Mato Grosso. There, he settles the Farm Suiá-Missú, that even explored the Xavante manpower. In 1962, Ariosto da Riva associated himself to the group Paulista Ometto. They were benefited by larges amounts of fiscal resources from the Superintendency for the Developmento of Amazonia and the farm enlarged to 800,000 hectares, being considered the largest Brazilian latifundium in the period. In 1966, when the Ometto group did not want the Xavante manpower anymore, due to the harsh relationship between the original dwellers and employees of the farm, which led to countless incidents, the Xavante of Marãiwatsédé, 263 individuals at this time, made a deal with the Brazilian Air Force, the Salesian Mission and the Indian Protection Service to be compulsorily transferred to the São Marcos Salesian Mission, located 400 kilometers south from their territory, where there were already other fragilized groups from the same ethnicity. Around 80 people from the group died on the first week due to a measles epidemic. Fragilized by this epidemic, the group is dispersed by numerous Xavante territories. At the beginning of the 1980s, the Chief of the Indigenous Marãiwatsédé Territory, Damião Paridzáné, starts reorganizing the ethnic group, aiming at their return to their original homeland. However, in 1992, the old Farm Suiá-Missú, now called Agropecuária (agriculture and cattle industry) Suiá-Missú, owned by Agip do Brasil S/A, a subsidiary of the Italian state company Agip Petrol, after a series of discussions along with national and international pressure, during the United Nations Conference on Environment and Development (ECO 92) in Rio de Janeiro, agents of Agip pledged to return part of the orginal territory to the Xavante, which did not happen. In that same year, a group of settlers started invading the area, fostered by land owners and squatters that stood there until 2013. In that year, after a long judicial battle, the intruders had to left the region. During all these years, the 165,000 hectare area was drastically decharacterized. The forest were turned into extensive grain plantations and pasture. Rivers and streams were shoaled and contaminated. These conditions had a great impact on the habitat and way of life of the Xavante of Marãiwatsédé. Considering these ordeal, this research aims at understanding the role of the territory on the identity maintenance of these people. We argue that the political control over a determined area, i.e., territorialization, is crucial for more profound changes on Xavante culture. This work used the ethnographic method, fiel work and revision of specialized literature to reach its goals. |
Palabras clave: | Terra Indígena Marãiwatsédé Território Cultura Agronegócio Impactos Socioambientais Tradição Geografia Agroindústria - Impactos socioambientais Indios Xavante de Marãiwatsédé - Cultura Índios da América do Sul - Brasil - Território Marãiwatsédé Indigenous Territory Territory Agribusiness Socioenvironmental Impact Culture Tradition |
Área (s) del CNPq: | CNPQ::CIENCIAS HUMANAS |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Editora: | Universidade Federal de Uberlândia |
Programa: | Programa de Pós-graduação em Geografia |
Cita: | ROCHA, Leonardo. Da terra onde se retira o pão também se constrói o território: as transformações socioterritoriais sofridas pelo Povo Xavante em decorrência do avanço do agronegócio na Terra Indígena Marãiwatsédé. 2018. 308 f. Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2018. http://dx.doi.org/10.14393/ufu.te.2018.607 |
Identificador del documento: | http://dx.doi.org/10.14393/ufu.te.2018.607 |
URI: | https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/21385 |
Fecha de defensa: | 28-mar-2018 |
Aparece en las colecciones: | TESE - Geografia |
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