Por favor, use este identificador para citar o enlazar este ítem: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/43148
ORCID:  http://orcid.org/0009-0005-6920-2211
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acceso: Acesso Embargado
Fecha de embargo: 2026-08-06
Título: Violência contra mulheres, saúde mental e a decisão sobre o registro do boletim de ocorrência: um estudo a partir das histórias de vida
Título (s) alternativo (s): Violence against women, mental health, and the decision to file a police report: a study based on life stories
Autor: Ripa, Rafaela
Primer orientador: Pegoraro, Renata Fabiana
Primer miembro de la banca: Hasse, Mariana
Segundo miembro de la banca: Souza, Tatiana Machiavelli Carmo
Tercer miembro de la banca: Araújo, Eliane Aparecida Campanha
Resumen: Esta pesquisa aborda a violência contra as mulheres, a relação com a sua saúde mental e o registro de boletim de ocorrência contra o agressor. A violência contra as mulheres é compreendida como uma grave transgressão dos direitos humanos e é responsável por gerar consequências em uma dimensão biopsicossocial. A vivência das inúmeras formas de violência e das tentativas de feminicídio sofridas acarretam impactos significativos na saúde mental das mulheres. A Lei Maria da Penha foi responsável por desenvolver um Sistema de Enfrentamento de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher na legislação brasileira. Entre os principais serviços especializados nesse enfrentamento, destacam-se as Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam), equipamento público considerado como a principal porta de entrada das mulheres na rede de proteção e enfrentamento à violência. Apesar disso, as Deams também se constituem em espaços com diversas limitações que podem restringir ou impedir que os direitos das mulheres sejam alcançados. A partir dessa realidade, foram delimitados como objetivos desta pesquisa, investigar, por meio de revisão da literatura e das histórias de vida de mulheres em situação de violência perpetrada por parceiros íntimos, a decisão de registro de um boletim de ocorrência, a atuação da Psicologia nesse contexto e os impactos na saúde mental das mulheres. Para tal, foram desenvolvidos dois artigos, sendo o primeiro, “Violência Contra a Mulher e as Possibilidades de Práticas Psicológicas em Delegacias da Mulher”, que consistiu em uma revisão de literatura integrativa e teve como objetivo mapear práticas psicológicas desenvolvidas em Delegacias da Mulher, e como tais práticas são avaliadas pelas mulheres assistidas. A busca nos portais/bases Scielo, BVS e Redalyc por artigos completos e publicados a partir de 2006 utilizou as palavras-chave combinadas: “psicologia, delegacia, mulher”, resultando em 633 títulos, dos quais foram selecionados 11 para análise temática. Destacam-se as categorias “Ações desenvolvidas pelos psicólogos e seus benefícios” e “Importância da inserção do profissional de Psicologia nas Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam)”. A atuação da Psicologia nesse campo revela-se desvalorizada e permeada por desafios relacionados à formação do psicólogo e sua inserção efetiva nas equipes das delegacias. O segundo artigo, “Violência contra as mulheres: tomada de decisão para registro do Boletim de Ocorrência”, foi desenvolvido a partir de uma pesquisa de campo, com o objetivo de compreender, segundo as histórias de vida de mulheres em situação de violência doméstica, os motivos envolvidos na decisão de registro do Boletim de Ocorrência contra o agressor. Trata-se de um estudo qualitativo, baseado em entrevistas de história de vida temática de três mulheres com histórico de violência doméstica, realizado na Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher de um município mineiro. A análise dos dados oriundos de entrevistas foi inspirada na análise de conteúdo de Bardin e destacou quatro temáticas: “Não foi só um episódio, ele sempre gritou, sempre foi agressivo” – os tipos de violência contra mulheres durante os relacionamentos; “Eu pensei muito” – traição e violência física como estopim para o registro do boletim contra o parceiro; “Só ouviram o relato com muita falta de paciência” – o atendimento inicial na Deam; e “Como é difícil você viver assustada” – a vida após o registro do boletim. As denúncias ocorreram após um episódio grave de violência física, considerado o estopim para realizar a denúncia. Contudo, a violência já ocorria no relacionamento (verbal, psicológica, moral, patrimonial, tentativas de feminicídio). Os impactos permaneceram após a denúncia, estendendo-se aos filhos, o que evidenciou a importância do acompanhamento psicológico. Ouvir e acolher as histórias de vida das mulheres participantes mostrou-se uma ferramenta valiosa para a pesquisa, pois possibilitou entrar em contato com a singularidade de cada uma das entrevistadas, compreender a sua trajetória, a história de seus relacionamentos afetivos, a vivência do relacionamento conjugal violento, o sofrimento e o impacto causados, e a decisão de denunciar o agressor para encerrar o ciclo de violência. Foi possível perceber, ao ouvir as mulheres, como a violência estava presente em seus discursos ao contarem as suas histórias de vida, revelando o quanto as violências ocuparam (e ainda podem ocupar) espaços em suas vidas. O estudo de revisão da literatura realizado e a experiência vivenciada na pesquisa de campo permitiram refletir sobre a realidade dos atendimentos oferecidos às mulheres nas delegacias da mulher, explicitando inúmeros desafios para a devida inserção e atuação do psicólogo nesse contexto. Torna-se necessário suscitar discussões e desenvolver mais instrumentos com o objetivo de subsidiar um atendimento qualificado, que vise à garantia da proteção dos direitos das mulheres.
Abstract: This research addresses violence against women, its relationship with their mental health, and the filing of police reports against perpetrators. Violence against women is understood as a severe violation of human rights and results in impacts on a biopsychosocial dimension. Experiencing numerous forms of violence and attempts of femicide has significant impacts on women’s mental health. The Maria da Penha Law was responsible for developing a System for Combating Domestic and Family Violence Against Women within Brazilian legislation. Among the main specialized services for addressing violence against women are the Specialized Police Stations for Women (DEAMs), a public facility considered the main entry point for women into the network of protection and combat against violence. Despite this, DEAMs also have various limitations that may restrict or prevent the realization of women's rights. Based on this reality, the objectives of this research were defined as investigating, through a literature review and life stories of women in situations of intimate partner violence, the decision to file a police report, the role of Psychology in this context, and the impacts on women’s mental health. To this end, two articles were developed. The first article, “Violence Against Women and the Possibilities of Psychological Practices in Women’s Police Stations,” consists of an integrative literature review aimed at mapping psychological practices developed in Women’s Police Stations and how such practices are evaluated by the women served. A search on the portals/bases Scielo, BVS, and Redalyc for full articles published since 2006 using the combined keywords: “psychology, police station, woman” returned 633 titles, of which 11 were selected for thematic analysis. The categories “Actions Developed by Psychologists and Their Benefits” and “Importance of the Involvement of Psychology Professionals in Specialized Police Stations for Women (DEAM)” were highlighted. The role of Psychology in this field appears undervalued and fraught with challenges regarding psychologist training and effective integration into police station teams. The second article, “Violence Against Women: Decision- Making for Filing a Police Report,” was developed from a field study aimed at understanding, through the life stories of women in domestic violence situations, the reasons involved in the decision to file a police report against the perpetrator. This qualitative study, based on thematic life history interviews with three women with a history of domestic violence, was conducted at the Specialized Police Station for Women in a municipality in Minas Gerais. Data analysis from interviews was inspired by Bardin's content analysis and highlighted four themes: “It wasn’t just one incident; he always yelled, was always aggressive”: the types of violence against women during relationships; “I thought a lot”: betrayal and physical violence as triggers for filing a police report against the partner; “They only listened with a lot of impatience”: initial service at the DEAM; “How hard it is to live in fear”: life after filing the report. The reports were made after a severe incident of physical violence, which could be considered the trigger for the complaint. However, violence was already present in the relationship (verbal, psychological, moral, property-related, and attempts of femicide). The impacts persisted after the report, extending to the children, highlighting the importance of psychological follow-up. Listening to and supporting the life stories of the participating women proved to be an invaluable tool for the research, as it allowed for contact with the uniqueness of each interviewee, understanding their trajectory, the history of their affective relationships, the experience of the violent marital relationship, the suffering and impacts caused, and the decision to report the perpetrator to end the cycle of violence. It was possible to see, by listening to the women, how much violence appeared in their narratives as they told their life stories, which can show how much violence occupied (and still can occupy) spaces in their lives. The literature review conducted and the experience gained in the field research allow for reflection on the reality of the services provided to women at women’s police stations and highlight numerous challenges for the proper insertion and role of psychologists in this context. It is necessary to stimulate discussions and develop more tools aimed at supporting qualified care that ensures the protection of women’s rights.
Palabras clave: violência contra mulheres
violence against women
boletim de ocorrência
police report
delegacia
police station
saúde mental
mental health
Área (s) del CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA::PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
Tema: Psicologia
Violência contra as mulheres
Mulheres - Saúde mental
Idioma: por
País: Brasil
Editora: Universidade Federal de Uberlândia
Programa: Programa de Pós-graduação em Psicologia
Cita: RIPA, Rafaela. Violência contra mulheres, saúde mental e a decisão sobre o registro do boletim de ocorrência: um estudo a partir das histórias de vida. 2024. 103 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2024. DOI http://doi.org/10.14393/ufu.di.2024.456.
Identificador del documento: http://doi.org/10.14393/ufu.di.2024.456
URI: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/43148
Fecha de defensa: 6-ago-2024
Objetivos de Desarrollo Sostenible (ODS): ODS::ODS 5. Igualdade de gênero - Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
Aparece en las colecciones:DISSERTAÇÃO - Psicologia

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