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ORCID:  http://orcid.org/0009-0008-7606-1930
Tipo do documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso Aberto
Título: Necropolítica, soberania e corpos descartáveis: dos corpos não ontológicos ao fim do humanismo
Título(s) alternativo(s): Necropolitics, sovereignty, and disposable dodies: from non-ontological bodies to the end of humanism
Autor(es): Jorge, João Vítor Alcântara
Primeiro orientador: Amitrano, Georgia Cristina
Primeiro membro da banca: Oliveira, Erico Andrade Marques de
Segundo membro da banca: Oliveira, Lorena Silva
Resumo: O presente trabalho busca elucidar os desdobramentos imperados pela necropolítica ao elencar indivíduos matáveis utilizando-se do racismo e da colonização como pressuposto classificatório dos corpos, contribuindo para a forja de uma sociedade sustentada pelo ditame da raça e marcada pela possibilidade do fim do humanismo. Para tal, utiliza-se nesta pesquisa, primordialmente, os escritos do filósofo camaronês Achille Mbembe, possibilitando uma fecunda análise da sociedade hodierna. Objetiva-se, por conseguinte, demonstrar como a necropolítica está relacionada à soberania, atuando por meio dela. O contexto soberano está sempre direcionado à administração da vida e da morte dos indivíduos, dispondo deles como bem desejar. Os suplícios configuram-se a partir do poder soberano em teatralizar a reconquista do poder lesado, direcionando-se a um criminoso como forma punitiva. Com o fim dos suplícios, há a transição para a época da disciplina e do biopoder, dando-se, assim, vazão ao racismo de estado. Concomitante a esses fatores, a possibilidade de um poder de morte só é viável tendo-se como fundamento a demarcação de estados de exceções constantes e a classificação de corpos matáveis a partir do homo sacer. Demonstra-se, em consequência, como a necropolítica se relaciona com o racismo e a colonização, tendo em vista a subalternização de corpos e populações. Entre colonizado e colonizador, forma-se uma dialética unilateral, pela qual o poder se apresenta sempre de forma desproporcional. Aquele é rechaçado, este é vangloriado, este afirma seu posto de poder enquanto aquele é subalternizado. Já no zoológico da raça, onde corpos estão expostos para a venda, encontra-se o corpo negro alojado em uma zona de inexistência, caracterizado como um não ser. Vê-se que a sociedade é sustentada por um sistema de garantias raciais, na qual a ascensão de corpos negros e subalternos não é possibilitada, estabelecendo um sistema de rejeite de corpos considerados descartáveis. A morte de um negro e de um subalterno é justificável a partir desse código social. Por fim, analisa-se a formação dos “mundos de morte” contemporâneos, visando compreender como uma sociedade da inimizade está relacionada às transformações dos combates armados e na especialização dos meios do fazer morrer. As demarcações territoriais contemporâneas reconfiguram o espaço combativo e asseguram a formação de uma soberania vertical, impetrando-se contra corpos considerados abjetos e estrangeiros, colocando-se em questão o direito a cidadania. Segregar, capturar, anular a existência e impossibilitar a transmissão genética de geração em geração. Todas estas perspectivas coagulam a análise de um possível fim do humanismo, possibilitado pela transformação do corpo em moeda mercantil do sistema neoliberal e pela substituição do corpo humano pela máquina, caracterizado como devir-negro de mundo e brutalismo
Abstract: This work seeks to elucidate the consequences imposed by necropolitics by designating individuals as killable through racism and colonization as classificatory presuppositions of bodies, contributing to the creation of a society sustained by racial dictates and marked by the potential end of humanism. To this end, this research primarily relies on the writings of Cameroonian philosopher Achille Mbembe, allowing for a fruitful analysis of contemporary society. The objective is, therefore, to demonstrate how necropolitics is related to sovereignty, operating through it. The sovereign context is always directed towards the administration of the life and death of individuals, disposing of them as desired. Punishments arise from sovereign power by dramatizing the reconquest of injured authority, targeting a criminal as a punitive form. With the end of punishments, there is a transition to the era of discipline and biopower, thereby giving way to state racism. Concurrently, the possibility of a death power is only viable with the foundation of constant states of exception and the classification of killable bodies based on the concept of homo sacer. It is consequently demonstrated how necropolitics relates to racism and colonization, considering the subalternization of bodies and populations. Between the colonized and the colonizer, a unilateral dialectic is formed, in which power always presents itself disproportionately. The colonized is rejected, while the colonizer is glorified, affirming their position of power while the former is subalternized. In the racial zoo, where bodies are exhibited for sale, the Black body is situated in a zone of non-existence, characterized as a non being. It is evident that society is maintained by a system of racial guarantees, in which the ascent of Black and subaltern bodies is not allowed, establishing a system of rejection for bodies deemed disposable. The death of a Black person and a subaltern is justifiable according to this social code. Finally, the formation of contemporary "worlds of death" is analyzed, aiming to understand how a society of enmity relates to changes in armed conflicts and the specialization of death-inducing means. Contemporary territorial demarcations reconfigure combat spaces and ensure the formation of vertical sovereignty, opposing bodies considered abject and foreign, and questioning their right to citizenship. To segregate, capture, annul existence, and prevent genetic transmission from generation to generation. All these perspectives consolidate the analysis of a possible end to humanism, enabled by the transformation of the body into a neoliberal system commodity and the replacement of the human body by machines, characterized as the becoming of the Black body in the world and brutalism.
Palavras-chave: Necropolítica
Necropolitics
Corpos descartáveis
Subalternization
Corpos descartáveis
Disposable bodies
Soberania
Sovereignty
Filosofia
Amitrano, Georgia Cristina
Universidade Federal de Uberlândia. Pós-graduação em Filosofia
Área(s) do CNPq: CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIA::ETICA
Assunto: Filosofia
Racismo
Colonização
Neoliberalismo
Idioma: por
País: Brasil
Editora: Universidade Federal de Uberlândia
Programa: Programa de Pós-graduação em Filosofia
Referência: JORGE, João Vitor Alcântara. Necropolítica, soberania e corpos descartáveis: dos corpos não ontológicos ao fim do humanismo. 2024. 152 f. Dissertação (Mestrado em Filosofia) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2024. DOI http://doi.org/10.14393/ufu.di.2024.91
Identificador do documento: http://doi.org/10.14393/ufu.di.2024.91
URI: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/43139
Data de defesa: 26-Fev-2024
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS): ODS::ODS 10. Redução das desigualdades - Reduzir as desigualdades dentro dos países e entre eles.
ODS::ODS 16. Paz, justiça e instituições eficazes - Promover sociedades pacíficas e inclusivas par ao desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis.
Aparece nas coleções:DISSERTAÇÃO - Filosofia

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