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https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/38969
ORCID: | http://orcid.org/0000-0003-4517-5894 |
Tipo do documento: | Dissertação |
Tipo de acesso: | Acesso Aberto |
Título: | Dor crônica, subjetividade e laço social: a experiência paradoxal da liminaridade |
Título(s) alternativo(s): | Chronic pain, subjectivity and social bond: the paradoxical experience of liminality |
Autor(es): | Jesus, Ludmila Madeira |
Primeiro orientador: | Paravidini, João Luiz Leitão |
Primeiro membro da banca: | Fortes, Maria Isabel de Andrade |
Segundo membro da banca: | Zanotti, Susane Vasconcelos |
Resumo: | A dor crônica apresenta-se como uma experiência interna que perdura e, ao se inscrever na economia psíquica, traz grandes implicações subjetivas para os sujeitos que dela sofrem. Diante das especificidades levantadas por esse fenômeno, esta pesquisa teve como principal objetivo investigar as relações entre sujeito e laço social que são tecidas a partir do e no campo da dor. Partimos da observação de que, nesses casos, frequentemente é possível constatar um acentuado isolamento social, que indica um investimento precário do sujeito na sua vida familiar, afetiva e profissional. Usualmente, esses retraimentos são exclusivamente atribuídos aos efeitos das experiências dolorosas, conhecidas por provocar um empobrecimento dos investimentos objetais, que torna o sujeito fixado em seu próprio sofrimento. No entanto, o isolamento, o silêncio, a petrificação e a ausência de apelo ao Outro, remetidos às dores crônicas, não conseguem ofuscar totalmente a participação da dor nos enredamentos do sujeito no laço social. Assim, este estudo abordou como a relação do sujeito com sua dor participa dos seus modos de relação com os outros. Essa pesquisa adotou o método psicanalítico. Foi construído um estudo de caso a partir de uma entrevista realizada com uma mulher que sofria de dores crônicas, que recebeu o nome de Fátima. Seguindo a trilha marcada pela tríade − laço, sujeito e dor − foi possível traçar o friso da vida de Fátima: cheio de experiências e narrativas que se situam muito além das descrições monotemáticas de sofrimento corporal. A apresentação e construção do caso levantou como problema principal uma condição paradoxal diante do laço e diante da dor, com dinâmicas complexas que escapam aos enquadramentos habituais. Essa condição, que foi apreendida como a permanência do sujeito em uma peculiar zona de passagem, foi qualificada como um estado de liminaridade. Desse conceito, proveniente do campo da antropologia, extraímos elementos relevantes para a discussão do caso, que foram trabalhados a partir da teoria psicanalítica. Entre eles, estão: as experiências de perda; a condição transitória; a dor como um elemento que se faz presente nesse entre-lugar; a indeterminação que se apresenta a partir do infamiliar, da angústia, do trauma e do gozo; e os tipos de impasses que podem ocorrer durante as passagens, especialmente a sua cronificação. Assim, foi possível fundamentar a hipótese central de que, a condição paradoxal diante do laço constatada nesse caso pode ser compreendida como uma cronificação de um estado de passagem, em que o sujeito habita de maneira prolongada o que deveria ser um momento indeterminado e transitório em sua existência. Esse estado mostrou-se marcado pelo descentramento, pela dor e pela indeterminação, que implicam em uma perturbação do laço, mas não somente. A cronificação mostrou-se relacionada a uma dificuldade de elaboração das perdas e a uma despotencialização do negativo e das experiências de indeterminação, em que as rupturas não conseguem operar transformação ou novas ligações. A força disruptiva contida nessas experiências é necessária para que o sujeito possa movimentar-se e completar sua passagem: da vertigem da dor, de volta ao desejo e à vida. |
Abstract: | Chronic pain is presented as an internal experience that lasts and, when inscribed in the psychic economy, brings great subjective implications for the subjects who suffer from it. Given the specificities raised by this phenomenon, this research aimed to investigate the relationships between subject and social bond that are woven from and in the field of pain. We start from the observation that, in these cases, it is often possible to observe a marked social isolation, which indicates a precarious investment by the subject in his family, affective and professional life. Usually, these withdrawals are exclusively attributed to the effects of painful experiences, known to cause an impoverishment of object investments, which makes the subject fixated on his own suffering. However, isolation, silence, petrification, and lack of appeal to the Other, linked to chronic pain, cannot completely obfuscate the participation of pain in the subject's entanglements in the social bond. Thus, this study addressed how the subject's relationship with his pain participates in his ways of relating to others. This research adopted the psychoanalytic method. A case study was built from an interview with a woman who suffered from chronic pain, who was named Fatima. Following the trail marked by the triad − social bond, subject, and pain − it was possible to trace the frieze of Fatima's life: full of experiences and narratives that go far beyond the descriptions of bodily suffering. The presentation and construction of the case raised as a main problem a paradoxical condition in the face of the bond and in the face of pain, with complex dynamics that escape the usual frameworks. This condition, which was apprehended as the subject's permanence in a peculiar passage zone, was qualified as a state of liminality. From this concept, which comes from the field of anthropology, we extract relevant elements for the discussion of the case, which were worked from the psychoanalytic theory. Among them are: the experiences of loss; the transient condition; pain as an element that is present in this in-between place; the indeterminacy that arises from the unfamiliar, the anguish, the trauma and the jouissance; and the types of impasses that can occur during passages, especially their chronification. Thus, it was possible to substantiate the central hypothesis that the paradoxical condition before the tie found in this case can be understood as a chronicle of a passing state, in which the subject inhabits in a prolonged way what should be an indeterminate and transitory moment in his existence. This state was marked by decentering, pain and indeterminacy, which imply a disruption of the bond, but not only. Chronification was shown to be related to a difficulty in working through the losses and to a depotentialization of the negative and experiences of indeterminacy, in which ruptures are unable to operate in transformation or new connections. The disruptive force contained in these experiences is necessary for the subject to be able to move and complete his passage: from the vertigo of pain, back to desire and life. |
Palavras-chave: | Dor crônica Laço social Psicanálise Liminaridade Chronic pain Social bond Psychoanalysis Liminality Psicologia |
Área(s) do CNPq: | CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA |
Assunto: | Psicologia Dor crônica Psicanálise Manifestações psicológicas de doenças Dor - Aspectos psicológicos |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Editora: | Universidade Federal de Uberlândia |
Programa: | Programa de Pós-graduação em Psicologia |
Referência: | JESUS, Ludmila Madeira. Dor crônica, subjetividade e laço social: a experiência paradoxal da liminaridade. 2023. 154 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2023. DOI http://doi.org/10.14393/ufu.di.2023.402 |
Identificador do documento: | http://doi.org/10.14393/ufu.di.2023.402 |
URI: | https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/38969 |
Data de defesa: | 8-Ago-2023 |
Aparece nas coleções: | DISSERTAÇÃO - Psicologia |
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