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https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/29848
Tipo do documento: | Tese |
Tipo de acesso: | Acesso Aberto |
Título: | Polimorfismos de genes do sistema renina-angiotensina na doença arterial coronariana |
Título(s) alternativo(s): | Polymorphisms of renin-angiotensin system genes in coronary artery disease |
Autor(es): | Araújo, Messias Antônio de |
Primeiro orientador: | Goulart Filho, Luiz Ricardo |
Resumo: | O sistema renina-angiotensina (SRA) apresenta uma função primordial na homeostasia cardiovascular. A angiotensina II é o peptídio chave do SRA e exerce influência no coração e na circulação por meio de seus efeitos hemodinâmicos (via influência na pré e pós-carga e determinando vasoconstricção coronariana) e através de efeitos celulares diretos (via ações sobre a proliferação celular). Numerosos estudos, nos últimos anos, têm demonstrado que a inibição farmacológica da enzima conversora de angiotensina (ECA) e o bloqueio dos receptores AT1 da angiotensina II (AT1R) aumentam a quantidade e a qualidade de vida dos portadores de hipertensão arterial sistêmica, insuficiência cardíaca e doença isquêmica do coração. Estes estudos sugerem que o papel do SRA é o maior determinante de risco cardiovascular. Resultados recentes indicam que os fatores genéticos podem contribuir modulando os efeitos da angiotensina II sobre a fisiologia da circulação coronariana e da isquemia. Este estudo fez uma revisão das características fisiológicas e patológicas do SRA, particularmente dos aspectos genéticos e suas implicações na doença arterial coronariana (DAC). Está bem comprovado na literatura que os fatores de risco clássicos para a doença arterial coronariana como antecedente familiar de coronariopatia, níveis elevados de colesterol total, colesterol LDL e triglicérides, baixos níveis de colesterol HDL, tabagismo, hipertensão arterial sistêmica, diabetes melito, sedentarismo e obesidade podem explicar apenas 50% da sua etiologia, sendo que a modificação destes inibe a progressão da aterosclerose em apenas 40% dos pacientes. Assim, a procura de outros mecanismos participantes na gênese da aterosclerose é necessária para elucidar melhor a associação entre os vários fatores genéticos e a sua expressão fenotípica. No primeiro capítulo foi avaliado, em 305 indivíduos de raça branca, o efeito do polimorfismo M235T do gene do angiotensinogênio (AGT) na DAC, na severidade da lesão aterosclerótica nas artérias coronárias e o seu papel no risco de desenvolver o infarto agudo do miocárdio (IAM). Foram investigados 201 pacientes com DAC comprovada pela angiografia (lesão obstrutiva > 50%), sendo 110 com IAM e 91 sem IAM e 104 indivíduosXI controles com artérias coronárias, angiograficamente, normais. A severidade da DAC foi avaliada pelo número de vasos lesados, morfologia da placa aterosclerótica e escore de risco coronário. O polimorfismo M235T do gene do AGT foi analisado pela técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR). A hipertensão arterial, o tabagismo, o diabetes melito, a obesidade e os níveis elevados de colesterol total e colesterol LDL predominaram nos pacientes com DAC. As frequências dos genótipos TT, MT e MM do AGT não foram estatisticamente diferentes entre os pacientes com DAC e controles, bem como nos grupos de infartados e não infartados. O risco relativo, Odds Ratio (OR), de desenvolver DAC e de ter IAM avaliado entre os genótipos TT vs MM, MT vs MM e TT+MM vs MM não foi significante. Os critérios de severidade da aterosclerose coronariana no grupo de pacientes com DAC não tiveram correlação com os genótipos; estes resultados também foram encontrados na comparação dos grupos de infartados e não infartados. Este estudo concluiu que não há associação entre o polimorfismo M235T do gene do AGT com a DAC, com a sua severidade e nem com o IAM. No segundo capítulo foi investigada a associação do polimorfismo l/D do gene da ECA com a DAC e o IAM na mesma população do estudo da variante M235T do AGT, utilizando-se, também, a técnica da PCR. Dentre os fatores de risco coronariano clássicos somente o tabagismo, o diabetes melito, os níveis elevados de colesterol total e LDL e a hipertensão arterial predominaram no grupo com DAC. A distribuição dos genótipos entre os grupos com DAC e controles teve diferença estatística (p = 0,009), porém sem aumentar o risco de desenvolvê-la quando foram comparados os genótipos DD vs II (OR = 0,69; IC-95%: 0,36 - 1,34) e ID vs II (OR = 1,60; IC-95%: 0,81 -3,14). Na comparação entre os pacientes com IAM e os controles os resultados foram similares; também foram estatisticamente significantes (p = 0,011) e não aumentou a chance de apresentar IAM. Finalmente, concluiu-se não haver evidência de associação entre o polimorfismo l/D do gene da ECA com a DAC e o IAM. No terceiro capítulo foi avaliada a associação do polimorfismo A1166C do gene do AT1R com o IAM e a severidade da DAC em 110 pacientes com IAM e lesão obstrutiva coronária significante (> 50%). Os controles foram 104 indivíduosXll com artérias coronárias normais. O polimorfismo foi determinado por meio da PCR no DNA dos leucócitos do sangue periférico. Os fatores de risco coronariano clássicos também foram analisados; destes, apenas o tabagismo teve predominância nos heterozigotos AC (p = 0,02). A distribuição dos genótipos nos pacientes infartados foi similar e não significativa em relação aos controles. Não houve aumento do risco de IAM nas comparações dos genótipos CC vs AA, AC vs AA e AA+AC vs AA. Nenhum dos critérios de severidade teve associação positiva com os genótipos. Portanto, concluiu-se não haver associação do polimorfismo A1166C do AT1R com o IAM e nem com a severidade da DAC. O quarto capítulo analisou a interação entre os polimorfismos M235T do gene do AGT, l/D do gene da ECA e A1166C do gene do AT1R e o IAM. Foram investigados 110 pacientes com IAM com lesão coronaria significante (> 50%) e 104 indivíduos controles com coronárias angiograficamente normais. Os polimorfismos foram analisados pela PCR no DNA dos leucócitos. A análise de regressão logística múltipla entre os fatores de risco coronariano clássicos e os polimorfismos M235T do AGT, l/D da ECA e A1166C do AT1R demonstrou que o tabagismo, a história familiar, a hipertensão arterial e o colesterol estiveram associados a um maior risco de IAM. As freqüências dos genótipos M235T do AGT foram semelhantes entre os pacientes infartados e controles; a chance de desenvolver IAM não foi diferente entre eles. Não houve associação dos genótipos da ECA com o risco relativo de desenvolver IAM como, também, nos genótipos do AT1R. A combinação dos duplos homozigotos (MMII) dos genes do AGT e da ECA apresentou um menor risco de ter IAM (OR = 0,34) e as combinações genotípicas que incluem no mínimo um alelo desfavorável (T ou D), a chance de apresentar IAM foi 2,92 vezes maior em relação a estes. Resultados semelhantes foram encontrados nas associações dos genes do AGT - AT1R com os duplos homozigotos (MMAA) com um menor risco de IAM (OR = 0,38) e as demais combinações de alelos desfavoráveis com chances 2,63 vezes maior em relação aos MMAA. Na associação ECA - AT1R o risco dos duplos homozigotos também foi menor (OR = 0,37) e as demais combinações de alelos desfavoráveisXUl apresentou chances 2,68 vezes maior em relação aos homozigotos IIAA. Não houve interação positiva quando foram associados os genótipos dos três genes. O presente estudo concluiu que há um maior risco de IAM quando houver associação gene a gene de alelos desfavoráveis e um menor risco na associação de duplos homozigotos favoráveis dos polimorfismos M235T do gene do AGT, l/D do gene da ECA e A1166C do gene do AT 1R. São muitos os mecanismos moleculares potenciais na gênese da DAC, no entanto estão cada vez mais evidentes as suas interações nessa complexa enfermidade de alta prevalência e de conseqüências clínico, econômico e social tão relevantes. O objetivo mais ambicioso da medicina preventiva é a implementação dos testes genéticos na profilaxia do IAM e da medicina clínica, é a terapia gênica que, esperamos, estejam brevemente disponíveis para uso clínico, tornando-se importante ferramenta para o cardiologista adotar a terapêutica mais adequada para o seu paciente. |
Abstract: | The renin-angiotensin system (RAS) plays a central role in cardiovascular homeostasis. The angiotensin II is the key pepetide of the RAS and exerts its influence on the heart and blood vessels through its hemodynamic effects (via its influence on after-load and pre-load determining coronary vasoconstruction) and through the direct cell effects (via actions on cell proliferation). Numerous studies in the past ten years have demonstrated that the pharmacological inhibition of angiotensin converting enzyme and the block on the angiotensin II type 1 receptor (AT1R) have improved the outcome and the life quality in patients with systemic arterial hypertension, heart failure and ischaemic heart disease. These studies have suggested that the RAS is the highest cardiovascular risk determinant. Current results have demonstrated that the genetic factors may contribute to modulating the effects of the angiotensin II on coronary circulation physiology and on myocardial ischaemia. This study has taken some review of the RAS pathological and physiological characteristics, particularly on the genetic aspects and their consequences in the coronary artery disease (CAD). It is well proved by the literature that the classical risk factors to the CAD such as: CAD familiar antecedent, high leveis of total cholesterol, LDL cholesterol as well as triglycerides; low leveis of HDL cholesterol, tabagism, systemic arterial hypertension, diabetes mellitus, sedentarism and obesity may explain only 50% of its ethiology. So the modification of them may inhibit the development of the coronary atherosclerosis disease in only 40% of all patients. Therefore, the search for other mechanisms in the atherosclerosis genesis is necessary in order to clarify the association among several genetic factors and their phenotypic expression. In the first chapter it was evaluated the M235T variant of the angiotensinogen on CAD effect in 305 white people, the severity of the atherosclerosis disease in the coronary arteries and its risk in developing the acute myocardial infarction (AMI). There were 201 patients with proved CAD by a coronary angiography (obstructive lesion > 50%). From this group 110 patients were with AMI and 91 were without it. There were also 104 control individuais with angiographically normal coronary arteries. The CAD severity was analyzed by the number ofXV diseased vessels, atherosclerotic plaque morphology and the jeopardy score. The M235T angiotensinogen polymorphism was analyzed by the polymerdase chain reaction (PCR). The arterial hypertension, tabagism, diabetes mellitus, obesity and the high leveis of total and LDL cholesterol have predominated in the CAD patients. The genotypes frequencies TT, MT and MM of the AGT have been statistically different neither between CAD patients and controlled ones, nor between infarcted and non infarcted patients. The CAD and AMI relative risk (OR) analyzed between TT vs MM, MT vs MM and TT+MM vs MM genotypes presented no significance. The coronary atherosclerosis severity criteria in the CAD patients had no correlation with genotypes. These results were also found in the comparison between infarcted and noninfarcted groups. This study has concluded that there is no association between the M235T gene AGT polymorphism and CAD, neither with íts severity nor with the AMI. In the second chapter the association among polymorphism of angiotensin-converting enzyme (ACE) gene, CAD and acute myocardial infarction (AMI) in the same population of the study of the M235T variant of the AGT have also been investigated through PCR. Among the classical coronary risk factors only tabagism, diatetes mellitus, high total cholesterol and LDL leveis and artherial hypertension have predominated in the CAD group. Frequency distribution of genotypes between CAD groups and the Controls had statistic difference (p = 0.009); however, there was no risk of developing it when the DD II genotypes were compared (OR = 0.69; CI-95%: 0.36 - 1.34 and ID II (OR = 1.60; Cl - 95%: 0.81 - 3.14). In the comparison between the AMI patients and the controlled ones the results were similar; they were also statistically significant (p = 0.011) and there was no increasing risk of presenting AMI. Finally, it was concluded that there is no evidence of association between the l/D ACE gene polymorphism with CAD and AMI. In the third chapter it was analyzed the A1166C angiotensin type 1 gene receptor (AT1R) polymorphism association with the AMI and the CAD severity in 110 patients with AMI and significant coronary obstructive lesion (> 50%). TheXVI Controls were 104 individuais with normal coronary arteries. The polymorphism was determined through PCR in the peripheral blood leukocytes. Classical coronary risk factors have also been analyzed from these ones, only the tabagism has predominated in AG heterozygotes (p = 0.02). Genotypes distribution in infarcted patients was similar and there was no significant difference related to contrais. There was no AMI increasing risk in CC vs AA, AC vs AA and AA+AC vs AA genotypic comparisons. No severity criteria have had positive association with- genotypes. Therefore, it was concluded that there was no association between either A1166C AT1R poymorphism and AMI or with CAD severity. The fourth chapter has analyzed the interaction between M235T AGT gene, l/D ACE gene and A1166C AT1R gene polymorphisms and the AMI. There were 110 AMI patients with significant coronary artery lesion (> 50%) and 104 contrais with angiographycally normal coronary arteries. The polymorphisms were analyzed by PCR in DNA of peripheral blood leukocytes. The analysis of multiple logistic regression between the classical coronary factors and M235T of AGT, l/D of ACE and A1166C of AT1R polymorphisms have demonstrated that tabagism, family history, arterial hypertension and total cholesterol have been associated to the AMI risk. The M235T AGT genotypes frequencies were similar to each other between the infarcted patients and contrais; the risk of developing AMI was not different between them. There was not ACE genotypes association with the relative risk of developing AMI as well as the AT1R genotypes. Double homozygote combination of the AGT and ACE genes (MMII) has presented less AMI risk (OR = 0.34) and the genotypes combinations that include at least one unfavourable allele (T or D), the risk of presenting AMI was 2.92 times higher. Similar results were found in the AGT - AT1R genes associations with double homozygotes (MMAA) with less risk (OR = 0.38) and the other unfavourable alleles combinations with risk of 2.63 fold greater. In the ACE — AT1R association the risk of double homozygotes was also lower (OR = 0.37) and the other unfavourable alleles combinations have presented risk 2.68 times higher. There was not any positive interaction when the three gene genotypes were associated among themselves. In conclusion there is higher risk of AMI wheneverXVII there is unfavourable alleles gene to gene association and lower risk in the double favourable homozygote association of polymorphisms M235T of AGT, l/D of ACE and A1166C of AT1R. There are several potential molecular mechanisms in CAD, however it is getting more and more evident their interactions in this complex disease of high prevalence and clinicai, economic and social consequences have been quite relevant. The most ambicious goal in preventive Medicine is the establishment of genetic tests in the prevention of myocardial infarction while in clinicai Medicine it is the genetic therapy that will be available to clinicai use the soonest it seems to be. So it becomes an important tool in order that the cardiologist adopts the most adequate treatment for his patient. |
Palavras-chave: | Sistema renina-angiotensina Homeostasia cardiovascular |
Área(s) do CNPq: | CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::GENETICA |
Assunto: | Artérias coronárias Angiotensina Renina Polimorfismo (Genética) |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Editora: | Universidade Federal de Uberlândia |
Programa: | Programa de Pós-graduação em Genética e Bioquímica |
Referência: | ARAÚJO, Messias Antônio de. Polimorfismos de genes do sistema renina-angiotensina na doença arterial coronariana. 2003. 121 f. Tese (Doutorado em Genética e Bioquímica) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2020. DOI http://doi.org/10.14393/ufu.te.2003.11 |
Identificador do documento: | http://doi.org/10.14393/ufu.te.2003.11 |
URI: | https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/29848 |
Data de defesa: | 2003 |
Aparece nas coleções: | TESE - Genética e Bioquímica |
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