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https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/26879
Tipo de documento: | Trabalho de Conclusão de Curso |
Tipo de acceso: | Acesso Aberto |
Título: | Relação entre a expressão de serotonina e mastocitos no colon de pacientes chagasicos portadores e não portadores do mega |
Autor: | Tischler, Natalia Bruna |
Primer orientador: | Freitas, Michelle Aparecida Ribeiro de |
Resumen: | Em 1909, na cidade de Lassance em Minas Gerais, um pesquisador chamado Carlos Chagas descobriu um parasita flagelado no intestino de um triatomíneo, também conhecido como barbeiro. Tal parasita era o protozoário Trypanosoma cruzi. O ciclo biológico do T.cruzi, até então, era restrito a áreas silvestres e incluía apenas mamíferos selvagens, que se infectavam por inoculação feita pelo inseto vetor, ou também, muito comumente, por via oral (ingestão de vetores e/ou outros mamíferos infectados). À medida que o ser humano começou a invadir esses ecótopos, também acabou por ser incluído no ciclo epidemiológico da doença; ademais, as vivendas rurais de péssima qualidade, frutos de perversas relações de produção e de políticas sociais restritivas acabaram por se configurarem em abrigos cômodos para os hemípteros vetores, contribuindo para aumentar o número de casos em humanos (DIAS & BORGES-DIAS, 1979; DIAS & COURA, 1997). A doença causada pelo protozoário apresenta duas fases bem definidas: uma aguda, com duração de dois a três meses aproximadamente, evoluindo para fase crônica. Em torno de 10% das infecções evoluem para formas crônicas com graus variáveis de comprometimento, e estima-se que haja aproximadamente 1,8 a 2,5 milhões de portadores de doença clínica, com cardiopatia e/ou manifestações digestivas (megaesôfago ou megacólon) (SILVEIRA, 2000). A doença de Chagas, em sua complexa patologia, produz desnervação do sistema nervoso entérico, que decorre da perda de axônio motor ou de motoneurônio como um todo, e é considerada por Köberle e colaboradores (1983) como um fator determinante sobre o surgimento das manifestações gastrintestinais da doença de Chagas, além de ser um dos principais fatores patogenéticos da doença. De forma geral, os plexos intramurais são os mais atingidos pelo processo, em virtude de sua localização na parede das vísceras, próximos às camadas musculares parasitadas. Desse processo de desnervação, decorrem alterações motoras que conduzem a dilatações viscerais, notadamente do esôfago e do cólon, caracterizando o megaesôfago e megacólon chagásicos, respectivamente. A destruição de componentes do sistema nervoso entérico (SNE) leva ao desenvolvimento do megacólon, encontrado em 8-10% dos pacientes crônicos com a forma digestiva da doença em áreas endêmicas do Brasil (DIAS et al, 2002). Para Tafuri e colaboradores (1971), pode-se admitir uma progressividade das lesões observadas nos plexos, que se agravam proporcionalmente à duração e ao grau do megacólon; o acúmulo de fezes dilata a luz do órgão, comprimindo a mucosa, de forma a causar uma isquemia e, posteriormente, degeneração, necrose e ulceração da mucosa. Em resposta, tem início um processo inflamatório secundário e independente daquele induzido pela Doença de Chagas, podendo atingir o plexo mioentérico previamente lesado pelo parasito e acelerando o processo de destruição do SNE. No que tange aos processos inflamatórios primário e secundário desencadeados pela Doença de Chagas, a compreensão do papel desempenhado pelas células encontradas nos focos inflamatórios é de suma importância para o entendimento das respostas observadas nos organismos infectados (MARTINS et al, 2015; MEUSER-BATISTA et al., 2011). Apesar dos numerosos estudos de caracterização celular dos focos inflamatórios em pacientes chagásicos, trabalhos sobre algumas das células encontradas nos infiltrados inflamatórios permanecem escassos. Em linhas gerais, os mastócitos são células residentes do tecido conjuntivo, com citoplasma dotado de grânulos metacromáticos, comumente encontradas em segmentos próximos à interface com o meio externo, e nas adjacências de ductos glandulares, vasos sanguíneos e nervos, inclusive em associação com nervos periféricos do trato gastrintestinal (BERTON et al., 2000; BIENENSTOCK et al., 1993, SANTOS et al., 2010). Em situações de lesão tecidual, os mastócitos secretam diversos mediadores inflamatórios, além de terem participação em processos fibróticos e imunológicos diversos (BERTON et al., 2000). Dentre as substâncias liberadas, destacam-se histamina, heparina, serotonina, citocinas diversas, entre outras, apresentando um espectro de mediadores que desencadeiam reação de hipersensibilidade imediata após a ativação celular. Além da baixa quantidade de publicações, a literatura recente acerca da caracterização de focos inflamatórios em pacientes chagásicos envolvendo mastócitos, em sua maioria, apresenta resultados pouco conclusivos, ou até mesmo contraditórios. Ainda assim, é possível encontrar relatos de aumento da quantidade de mastócitos tanto em pacientes portadores de Chagas quanto em experimentos com inoculação dos parasitos em cobaias (PINHEIRO 2000; CALIARI et al., 2002, MEUSER-BATISTA et al., 2008). Em um trabalho com ratos infectados, Almeida e colaboradores (1989), mostraram uma queda nos níveis de acetilcolina e aumento de histamina e mastócitos na parede do estômago. O aumento de níveis de histamina também foi evidenciado em diversos órgãos no trabalho de Pires e colaboradores (1992), indicando que os mastócitos podem desempenhar papel importante no processo inflamatório. Estudos in vitro realizados por Postan e colaboradores (1994) sugeriram relação direta entre a presença de mastócitos e o desenvolvimento de fibrose em cardiomiócitos infectados por T. cruzi. Com base em informações fornecidas pelo nosso laboratório, porém ainda não divulgadas, há suspeitas que o desenvolvimento do megacólon em pacientes chagásicos tem relação com o processo inflamatório decorrente da ação dos mastócitos. Visto que, esses pacientes apresentam uma grande concentração de mastócitos no trato gastrointestinal. Assim, consideramos de extrema relevância analisar e caracterizar a presença dessas células no colón desses indivíduos. As alterações do SNE também influenciam o quadro do mega chagásico, por meio de secreção de substâncias com atividade tanto sobre células inflamatórias quanto sobre neurônios, destacando-se, entre elas, a serotonina, em virtude de sua relevância funcional. A serotonina, ou 5-Hidroxitriptamina (5-HT), é um neurotransmissor da família das aminas biogênicas, caracterizado como sinalizador gastrointestinal. É detectada por diversos receptores, associados a diversas patologias, e tem função de iniciar e propagar reflexos entéricos, além de fazer a sinalização intestino-cérebro. Em torno de 90% da serotonina circulante no organismo é produzida no intestino, tanto por neurônios serotoninérgicos quanto por células neuroendócrinas, por mecanismos dependentes de disponibilidade de triptofano no plasma (COURA & BORGES-PEREIRA, 2012). A serotonina atua sobre diversos receptores em diversas regiões do organismo; no trato gastrintestinal, especificamente, atua nos receptores 5-HT1, 5-HT2, 5-HT3, 5-HT4 e 5-HT7, e pode agir tanto por estimulação colinérgica, levando à contração da musculatura lisa entérica, quanto por ativação de inibidores nitrérgicos, levando ao relaxamento dessa musculatura, o que deixa claro o papel dessa substância na regulação da função gastrintestinal (SIKANDER et al., 2009). Mediante isso, temos a hipótese de que a expressão de serotonina seja um fator contribuinte para a evolução do quadro clínico desses pacientes, o que notemos a necessidade de estudos analíticos e comparativos sobre a presença de serotoninas e sua relação com a doença, de forma a elucidar sobre os mecanismos referentes à manutenção fisiológica do trato gastrointestinal de pacientes chagásicos. Com base no contexto apresentado, o presente trabalho buscou realizar um estudo para verificação da relação entre expressão de serotonina e presença de mastócitos no cólon de pacientes portadores da Doença de Chagas acometidos e não acometidos pelo megacólon. |
Palabras clave: | Parasitologia Doença de Chagas |
Área (s) del CNPq: | CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS::PARASITOLOGIA::PROTOZOOLOGIA DE PARASITOS::PROTOZOOLOGIA PARASITARIA HUMANA |
Idioma: | por |
País: | Brasil |
Editora: | Universidade Federal de Uberlândia |
Cita: | TISCHLER, Natalia Bruna. Relação entre a expressão de serotonina e mastocitos no colon de pacientes chagasicos portadores e não portadores do mega. 2017. 21 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) – Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2019. |
URI: | https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/26879 |
Fecha de defensa: | 8-mar-2017 |
Aparece en las colecciones: | TCC - Enfermagem |
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