UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 
INSTITUTO DE GEOGRAFIA 
 
 
 
 
 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA 
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM GEOGRAFIA E GESTÃO DO 
TERRITÓRIO 
 
 
 
 
 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO 
TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, 
TOCANTINS 
 
 
 
 
 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
UBERLANDIA – MG 
2013 
 MAURICIO ALVES DA SILVA 
 
 
 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO 
TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, 
TOCANTINS 
 
 
 
 
 
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em 
Geografia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) 
como parte dos requisitos para a obtenção do título de 
Doutor em Geografia. 
 
Área de Concentração: Geografia e Gestão do Território. 
 
Orientador: Profº. Dr Jorge Luis Silva Brito 
 
 
 
 
 
 
 
UBERLÂNDIA – MG 
2013 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação na fonte: Janira Iolanda Lopes da Rosa CRB-10/420 
 
 
S581    Silva, Mauricio Alves 
 
Geotecnologia aplicada ao ordenamento territorial do 
município de Porto Nacional, Tocantins. / Mauricio Alves da 
Silva. Uberlândia, MG: UFU, 2013. 
240 p.; il. 
Orientador: Prof. Dr. Jorge Luis da Silva Brito. 
Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Uberlândia, 
Programa de Pós-graduação em Geografia. 
1.  Geografia. 2. Território. 3. Gestão territorial. 4. 
Geotecnologias. I. Título. II. Tocantins. 
 
CDD 910.0398117 
 
 
  
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico a 
Suêmi Kinjo (in memorian), Mariana e Neila.  
 AGRADECIMENTOS 
__________________________________________________________________________________ ______________________________________ 
 
A elaboração de uma tese de doutorado faz parte de uma trajetória permeada por 
inúmeros desafios, incertezas, surpresas, decepções, alegrias e vitórias. Trilhar este 
caminho só foi possível com força de vontade e perseverança indispensáveis em cada 
momento da caminhada, para encontrar o melhor rumo, fazer as melhores opções e tomar 
as melhores decisões. 
Este caminho não é percorrido na solidão. É um trabalho coletivo, embora a sua 
redação e responsabilidade sejam, predominantemente, um ato individual. Várias pessoas 
participaram nesta trajetória, deixando impressa a sua marca. Na impossibilidade de falar 
de todas, às quais expresso a minha gratidão, realço aquelas que merecem maior 
destaque, mesmo correndo risco de cometer injustiça de omitir alguém. Apesar do risco, 
não seria justo furtar-me de algumas lembranças e agradecimentos que, senão pelo agora, 
mas pelo futuro, devem ficar registrados pela sua essencialidade para a conclusão dessa 
etapa de minha vida acadêmica. 
Inicialmente registro o agradecimento especial ao meu orientador, Profº. Dr Jorge 
Luis Silva Brito. Aos Professores que aceitaram a participar da Banca Examinadora 
Profº. Dr. Vanderlei de Oliveira Ferreira – UFU, Profº. Dr. Washington Luiz Assunção – 
UFU, Profª. Drª Odelfa Rosa – UFG e Prof. Dr. Jean Carlos Rodrigues – UFT. 
Aos professores do Curso de Pós-Graduação em Geografia da Universidade 
Federal de Uberlândia, que ministraram suas aulas e eu pude fazer parte: Profº. Dr. Silvio 
Carlos Rodrigues, Profª. Drª Marlene Teresinha de Muno Colesanti, Profº. Dr. Roberto 
Rosa, Profº. Dr. Rosselvelt José Santos, Profº. Dr. João Cleps Junior e Profº. Dr. Antônio 
de Souza Pedrosa. 
Aos colegas de doutorado e o convívio em Uberlândia, Antônio Miranda 
(Mirandinha), Airton Sieben, Aires José Pereira, Marivaldo Cavalcanti da Silva, José 
Manoel Miranda de Oliveira (Mirandão), Marcus Vinicios Benachio e Geraldo Inácio 
Martins. 
Aos colegas do Curso de Geografia da UFT, com destaque aos Professores (a) 
Sandro Sidnei Vargas de Cristo, Denis Ricardo Carlotto, Carolina Machado Rocha Busch 
Pereira e Emerson Figueiredo Leite, este último já de mudança para dar a sua 
contribuição na UFMS. 
 As colegas do Curso de Letras da UFT, as Professoras Maria da Glória Castro 
Azevedo e especial agradecimento a Daniella Corcioli Azevedo Rocha e Kátia Rose 
Oliveira de Pinho.pelo abstract e correção final, respectivamente. 
Aos alunos, em especial aos meus orientandos: Arnon Nunes, Luciana Silva dos 
Santos, bem como o Adriano Dias de Souza Andrade e Mariléia Lacerda que foram 
fundamentais no trabalho com os mapas. 
Especial destaque aos colegas de diretoria do ANDES –SN, que na luta, no 
convívio e nas conversas me permitiram outros olhares sobre a tese, são eles: Professores 
Luis Henrique Schuch, Carlos Alberto Pires, Almir Serra Martins Menezes Filho e Júlio 
Quevedo. 
Aos Colegas e professores da UFMT, Adolfo Eurípedes D‟ Oliveira e Silva, 
Deocleciano Bittencourt Rosa e Luiz da Rosa Garcia Netto. 
Ao professor José Filadelfo da Silva pela amizade e companheirismo.  
À minha família Alves da Silva: Minha Mãe Mauricia pelo amor incondicional de 
mãe responsável pela nossa criação, Meu Pai Pedro (in memoriam), quem entendia que a 
educação era condição essencial para os filhos; Meus irmãos Laércio, Orlando, 
Francisco, Ednéia, Valdir, Antônio, Osvando, Fernando e Edson. 
À família Kinjo que me acolheu na “Casa de Obá”, me aceitaram como família e 
me ensinaram um pouco da cultura japonesa. A matriarca Nobu (in memorian), Seishin 
(Jitchan), Seikichi (in memorian), Keiko, Morio, Mitsuko e Roberto. Também os que na 
infância conviveram comigo Susann, Lie e Daniel. Aos amigos da família Nobuyo e 
Saburo Watanabe. 
À família Souza: Seu Leonidio, Tia Sila, Tia Edelina, Ronaldo, Geminia, 
Leonisio, Alexandra e aos sobrinhos mais novos Murilo, Fabiane, Isabela, Danilo, 
Karolina, Lizandra, Marina e Ramiro. Também aos amigos Tio Assis e Tia Estela. 
Ao finalizar esses agradecimentos não posso furtar-me a mencionar SUÊMI 
KINJO (in memorian), que deixou MARIANA nossa filhota querida e a NEILA minha 
companheira querida nos bons e maus momentos. Não é a toa que dedico esse trabalho a 
essas três mulheres. 
E a Capitu, aquela cachorra preta, da Profª. Maria da Glória, que mudou lá para 
casa, mas infelizmente, foi sacrificada por causa da Leishmaniose que tanto afeta o 
Estado do Tocantins. 
 Na tese de doutorado concluir é tão difícil quanto começar. Para isso, foi 
fundamental a experiência na academia e como docente, é na sala de aula que 
efetivamente me construo.  
Chegar ao final de uma jornada dessa envergadura, a responsabilidade com a 
educação e com o que adquiri até aqui, me impulsionam a novas buscas e realizações, 
tendo como Norte o significado da relevância social na Universidade Pública.  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 RESUMO 
_______________________________________________________________________________ ___________________________ 
 
O presente estudo tem como objeto a Aplicação da Geotecnologia ao Ordenamento 
Territorial do Município de Porto Nacional, TO. A organização territorial do Município 
de Porto Nacional é demarcada pela ocupação do território no Norte goiano, no ciclo do 
ouro, com as entradas e bandeiras adentrando de Sul a Norte pelo País. O comércio via 
fluvial do Pará e Maranhão, a montante do Rio Tocantins e do boi curraleiro, adentrando 
de Leste a Oeste pelo sertão goiano, foram balizadores históricos que orientaram a 
investigação. Ainda, com vista à compreensão da criação do Estado do Tocantins, a partir 
da Constituição de 1988, e, a diminuição da área do município de Porto Nacional, que 
cede espaço para a construção da capital do novo Estado, nessa nova configuração o rio 
se transforma em lago, com a construção da UHE, os trilhos chegam a Porto Nacional e 
os ribeirinhos são reassentados. Estabeleceu-se como objetivo geral da tese analisar a 
evolução do ordenamento territorial do município de Porto Nacional, através do uso de 
geotecnologias, para tanto confirmamos a hipótese do estudo: A geotecnologia é uma 
ferramenta importante para uso da gestão e planejamento para o ordenamento territorial 
dos gestores públicos municipais. Os passos metodológicos que orientaram a pesquisa 
partiram de uma cuidadosa revisão da literatura existente sobre métodos, técnicas e 
aplicações de análises físico-territoriais, e uso de geotecnologia. A base do trabalho está 
centralizada em dados dos órgãos públicos municipal, estadual e federal. No estudo foi 
feito uma análise temporal no período de 1980 até 2013, com intervalo de 5 anos. Essa 
análise foi executada com o auxílio das imagens do sensor MSS, Landsat 2 e do sensor 
TM Landsat 5 e 8, mapas de classificação prévia e cartas topográficas, facilitando assim 
a análise das classes das características de uso e ocupação da Terra. No trabalho de 
laboratório, foi realizada a classificação das imagens. O software SPRING, nas versões 
5.0.1 e 5.1.8 do INPE, foi o instrumento escolhido para possibilitar a construção do 
banco de dados, bem como, para elaboração dos diversos produtos cartográficos 
utilizados na pesquisa. O estudo demonstrou entre outros fatores, que a utilização de um 
sistema integrado pela administração municipal, de gestão urbana e rural que forneça 
apoio à decisão e considere indicadores sociais, físicos-espaciais e econômicos poderá 
contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população.  
Palavras-Chave: Ordenamento do Território. Geotecnologias. Gestão Territorial. Porto 
Nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ABSTRACT 
_________________________________________________________________________________ _________________________ 
 
The following study has as objective the Use of Geotechnology to the Territorial 
Ordering of Porto Nacional City, in Tocantins State – Brazil. The territorial organization 
of Porto Nacional is known as the North Goiano Golden Cycle, with entrances and 
expeditions from the South part of Brazil to the North part. The Pará and Maranhão 
fluvial commerce, the Tocantins River and the Boi Curraleiro Montante, entering from 
East to West through the western part of Goiás, were historic marks used to orient this 
investigation. Moreover, with the objective to understand the Tocantins State creation, 
since the 1988 Brazilian Main Citizens‟ Law and the reduction of Porto Nacional City 
area, that is given to the capital of the new state, the river becomes a lake with the UHE 
building, the City wins the rails of the train and the people that used to live by the 
riverside were moved to another place. We established, as the general objectives thesis to 
analyze the evolution of the territorial ordering of Porto Nacional City, through the use of 
Geotechnologies. Thus, we have confirmed the hypothesis that: Geotechnology is an 
important tool to Government, to use in the Territorial Ordering Planning by public 
employee that work on this area. The methodology used to orient this piece of research 
started from careful methods and techniques literature review, the application of physic-
territorial analysis and the use of Geotechnology. This work basis is centered on data 
from the Federal, the State and the City management organization. During the study it 
was done a temporal analysis in each five years from 1980 to 2013. It was done using the 
images from the sensor Multispectral Scanner Subsystem Landsat 2 and from the sensor 
Thematic Mapper Landsat 5 and 8, and from maps of previous classification and 
topographic letters, facilitating thus the soil use and occupation characteris tics class 
analysis. During the laboratory work it was done the images classification. The SPRING 
Software (versions 5.0.5 and 5.1.8) from INPE was the chosen tool because through the 
use of this it was possible to build a data bank, as well as the elaboration of diverse map 
products used during the study. The research showed, among other factors, that a 
integrated system utilization that is able to provide information to help during the 
decision making and considers social data from urban and countryside areas in the 
physic-spacial and economic aspects is important to contribute to the improvement of all 
citizens‟ life quality. 
Key-words: Territorial Ordering.Geotechnology.Territorial Management. Porto Nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
RÉSUMÉ 
__________________________________________________________________________________________________________ 
 
Ce document vise l'Aplication de la Biotechnologie à la planification territoriale de Porto 
Nacional, To. L'organisation territoriale de la ville de Porto Nacional est délimitée par 
l'occupation du territoire dans le Nord de Goiás, au cycle de l'or, avec les entrées et 
drapeaux entrant du Sud au Nord dans le pays. Le commerce par la voie des rivières du 
Pará et Maranhão, en amont de la rivière Tocantins et du boeuf curraleiro entrant d'Est en 
Ouest par la région forestière de Goiás, ont été pourvoyeur historiques qui ont guidé la 
recherche. Cependant, afin de comprendre la création de l'Éat de Tocantins, dés la 
Constitution de 1988 et la diminution de la ville de Porto Nacional, qui cède l'espace à la 
constitution de la capitale du nouvel État. Dans cette nouvelle zone de configuration la 
rivière se transforme en lac, avec la construction de la UHE, les rails arrivent à Porto 
Nacional et les riverains sont réinstallés. Il a été établi comme un objectif général de la 
thèse, d'analyser l'évolution de la planification territoriale de la ville de Porto Nacional, à 
partir de l'utilisation de géotechniques, au même temps confirmer l'hypothèse de l'étude: 
La géotechnique est un outil important pour l'utilisation dans la gestion et planification 
aux gestionnaires publics municipaux. Les étapes méthodologiques qui ont guidés la 
recherche, ont nées d'une soigneuse révision de la littérature déjà existante sur des 
méthodes, techniques les aplications d'analyses physiques-territoriales et l'utilisation de 
la géotechnique. La base du travail est centrée en données des organes gouvernementaux, 
provinciaux et fédéraux. Dans l'étude a été éffectuée une analyse temporelle dans la 
periode de 1980 à 2013 avec une pause de 5 ans. Cette analyse a été réalisée à l'aide 
d'images du capteur MSS Landsat 2 et capteur TM Landsat 5 et 8, des mapes de 
classifications préparé à l'avance et cartes topographiques, facilitant ainsi l'analyse des 
classes des caracteristiques de l'utilisation et l'occupation des terres. Dans le travail de 
laboratoire a été réalisée la classification des images. Les logiciels de SPRING, dans les 
versions 5.0.1. et 5.1.8 de l'INPE, a été l'instrument choisi à permettre la construct ion de 
base des données, ainsi pour la préparation de divers produits cartographiques utilisés 
dans la recherche. L'étude a montré parmi d'autres facteurs, que l'utilisation municipale, 
urbaine et rurale qui fournit soutian à la décision et considère les indicateurs sociaux, 
physico-spatiale et économique poura contribuer à améliorer la qualité de vie de la  
population. 
Mots-clés: Planification du territoire. Géotechnique. Gestion des terres. Porto Nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
___________________________________________________________________________________ _______________________ 
 
CCIR -    Certificado de Cadastro de Imóvel Rural 
CPRM -    Serviço Geológico do Brasil 
DNPM -  -    Departamento Nacional de Produção Mineral 
DSG -    Diretoria de Serviços Geográficos - Exército 
EMBRAPA -    Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária 
GIS -    Geographic Information System 
GETAT -    Grupo Executivo das Terras do Araguaia-Tocantins 
GO  -    Goiás 
GPS -    Global Positioning System 
IBGE -    Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
IDAGO -    Instituto de Colonização e de Reforma Agrária do Estado de Goiás  
INCRA -    Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária 
INPE -    Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais 
IPHAN -    Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional 
IPTU -    Imposto Territorial Urbano 
ITR -    Imposto Territorial Rural 
ITERTINS -    Instituto de Terras do Tocantins 
MAB -    Movimentos dos Atingidos por Barragens 
MSS -    Multispectral Scanner Subsystem 
MMA -    Ministério do Meio Ambiente 
MT -    Mato Grosso 
NASA -    National Aeronautics and Space Administration 
RURALTINS -    Instituto de Desenvolvimento Rural do Estado do Tocantins 
SAD -    South American Datum 
SEPLAN -    Secretaria de Planejamento 
SIG -    Sistema de Informações Geográficas 
SIRGAS -    Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas 
SNCR -    Sistema Nacional de Cadastro Rural 
SPRING -    Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas 
TM -    Thematic Mapper 
 
 TO -    Tocantins 
UFG -    Universidade Federal de Goiás 
UFT -    Universidade Federal do Tocantins 
UFU -    Universidade Federal de Uberlândia 
UHE -    Usina Hidroelétrica de Energia 
UTM -    Universal Transversa de Mercator 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 LISTA DE FIGURAS 
_________________________________________________________________________________ _________________________ 
 
Figura 1. Fluxograma da Esrutura da Tese.................................................................... 27 
Figura 2. Mapa de Ga-Sur, cidade ao Norte da Babilônia............................................. 49 
Figura 3. Cartas dos indígenas das ilhas de Marshall.................................................... 50 
Figura 4. Cartas Portulanas........................................................................................... 53 
Figura 5. Projeção Cilíndrica Transversa...................................................................... 54 
Figura 6. Sensor TM - Satélite Landsat......................................................................... 60 
Figura 7. Mapa de Localização do Município de Porto Nacional no Estado  
               do Tocantins.................................................................................................. 68 
Figura 8. Mapa Geológico do Município de Porto Nacional, TO.................................. 70 
Figura 9. Mapa Geomorfológico do Município de Porto Nacional, TO......................... 72 
Figura 10. Mapa da Rede de Drenagem do Município de Porto Nacional, TO.............. 73 
Figura 11. Mapa dos Tipos de Solos do Município de Porto Nacional, TO................... 75 
Figura 12. Mosaico das Imagens Orbitais..................................................................... 79 
Figura 13. Roteiro de Trabalho de Campo no Município de Porto Nacional, TO.......... 81 
Figura 14. Pontos de Observações em Trabalho de Campo......................................... 82 
Figura 15. Fluxograma da Metodologia da Classificação das Imagens.......................... 85 
Figura 16. Vielas e Becos em Cuiabá/MT, Contam a História da Mineração................ 96 
Figura 17. Construção Colonial, Cidade de Goiás/GO.................................................. 97 
Figura 18. Natividade/TO, Conserva as construções Antigas........................................ 98 
Figura 19. Mapa da Capitania de Goyaz, 1808............................................................ 102 
Figura 20. Relatório da Expedição ao Jalapão (datilografado).................................... 104 
Figura 21. Gado Curraleiro......................................................................................... 105 
Figura 22. Trecho da Br 153....................................................................................... 109 
Figura 23. Mapa do Município de Porto Nacional de 1800 a 1900. ............................. 110 
Figura 24. Ponte sobre o Rio Tocantins na Área Urbana de Porto Nacional,  
                 TO............................................................................................................. 112 
Figura 25. Mapa do Município de Porto Nacional 1900 - 1988................................... 113 
Figura 26. Construção mais antiga em Porto Nacional, TO......................................... 114 
Figura 27. Casa comercial na rua Ayres Joca, hoje fechada........................................ 115 
Figura 28. Casa de adobe............................................................................................ 116 
Figura 29. Ruas e Becos no Sítio Histórico................................................................. 116 
 Figura 30. Catedral Nossa Senhora das Mercês........................................................... 117 
Figura 31. Colégio Sagrado Coração de Jesus – Porto Nacional, TO.......................... 118 
Figura 32. Mapa do Município de Porto Nacional em 2013........................................ 123 
Figura 33. Evolução Histórica na Área do Município de Porto Nacional, TO............. 124 
Figura 34. Orla do Lago em Porto Nacional, TO......................................................... 127 
Figura 35. Assentamentos e Reassentamentos no Município de PortoNacional, TO.... 131 
Figura 36. Trilhos da Ferrovia Norte/Sul - Porto Nacional, TO.................................. 133 
Figura 37. Obras no Pátio Multimodal de Porto Nacional/Palmas............................... 134 
Figura 38. Primeiro Trem de Minério da FNS, carregado em Porto Nacional,  
                 TO............................................................................................................. 135 
Figura 39. Ponte sobre o lago ligando Palmas a Porto Nacional, TO........................... 140 
Figura 40. Mapa do Uso e Ocupação da Terra do Município de Porto Nacional,  
                 TO - 1985.................................................................................................. 145 
Figura 41. Mapa de Uso e Ocupação da Terra do Município de Porto Nacional, 
                 TO - 1990.................................................................................................. 148 
Figura 42. Mapa de Uso e Ocupação da Terra do Município de Porto Nacional,  
                 TO - 1996.................................................................................................. 150 
Figura 43. Mapa de Uso e Ocupação da Terra do Município de Porto Nacional,  
                 TO – 2000................................................................................................. 152 
Figura 44. Mapa de uso e Ocupação da Terra do Município de Porto Nacional,  
                TO – 2005.................................................................................................. 155 
Figura 45. Mapa de Uso e Ocupação da Terra do Município de Porto Nacional,  
                 TO – 2010................................................................................................. 157 
Figura 46. Mapa de Uso e Ocupação da Terra do Município de Porto Nacional,  
..................TO – 2013................................................................................................ 159 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 LISTA DE GRÁFICOS 
________________________________________________________________________ 
 
Gráfico 1. Densidade demográfica no município de Porto Nacional nos anos de  
1950 e 2010............................................................................................... 125 
Gráfico 2. Distribuição percentual das áreas das classes do uso e ocupação da 
terra do município de Porto Nacional - 1985............................................. 144 
Gráfico 3. Distribuição percentual das áreas das classes do uso e ocupação da 
terra do município de Porto Nacional – 1990............................................ 147 
Gráfico 4. Distribuição percentual das áreas das classes do uso e ocupação da 
terra do município de Porto Nacional – 1996............................................ 149 
Gráfico 5. Distribuição percentual das áreas das classes do uso e ocupação da 
terra do município de Porto Nacional – 2000............................................ 151 
Gráfico 6. Distribuição percentual das áreas das classes do uso e ocupação da 
terra do município de Porto Nacional – 2005............................................ 154 
Gráfico 7. Distribuição percentual das áreas das classes do uso e ocupação da 
terra do município de Porto Nacional – 2010............................................ 156 
Gráfico 8. Distribuição percentual das áreas das classes do uso e ocupação da  
Terra do município de Porto Nacional – 2013........................................... 158 
Gráfico 9. Sintese da Evolução do Uso e Ocupação da Terra do Municipio de 
Porto Nacional – 1985 a 2013................................................................... 162 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 LISTA DE TABELAS 
__________________________________________________________________________________________________________ 
 
Tabela 1. Características das Imagens Orbitais Utilizadas ............................................ 78 
Tabela 2. Classes de uso e ocupação da terra no município de 
Porto Nacional (1985).................................................................................. 143 
Tabela 3. Classes de uso e ocupação da terra no município de 
Porto Nacional (1990).................................................................................. 146 
Tabela 4. Classes de uso e ocupação da terra no município de 
Porto Nacional (1996)...................................................................................147 
Tabela 5. Classes de uso e ocupação da terra no município de 
Porto Nacional (2000).................................................................................. 151 
Tabela 6. Classes de uso e ocupação da terra no município de 
Porto Nacional (2005)....................................................................... ............153 
Tabela 7. Classes de uso e ocupação da terra no município de 
Porto Nacional (2010)...................................................................................156 
Tabela 8. Classes de uso e ocupação da terra no município de 
Porto Nacional (2013).................................................................................. 158 
Tabela 9. Evolução do uso e ocupação da terra no município de 
Porto Nacional entre 1985 a 2013..................................................................161 
Tabela 10. Sintese do uso e ocupação da terra no município de 
Porto Nacional entre 1985 a 2013..................................................................161 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 LISTA DE QUADROS 
________________________________________________________________________ 
 
Quadro 1. Principais sistemas de informações geográfias desenvolvidas no Brasil ........ 63 
Quadro 2. Cartas topográficas ......................................................................... .............. 83 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 SUMÁRIO 
________________________________________________________________________ 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 20 
 
1. O USO DA GEOTECNOLOGIA NAS INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS E AS 
POSSIBILIDADES DE DEMOCRATIZAÇÃO DO ESPAÇO. .................................. 29 
1.1. O meio técnico científico informacional e a formação do território.  .................. 29 
1.2. A Tecnosfera e a Psicosfera no Território. ........................................................ 43 
1.3. Informação, Política e Poder. ............................................................................ 45 
1.4. A Evolução da Cartografia e um Instrumento do Poder sobre o Território.  ....... 48 
1.5. Sensoriamento Remoto: Técnicas e Aplicações ................................................. 58 
1.6. Aplicações do Geoprocessamento. .................................................................... 64 
 
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................. 67 
2.1. Localização e Caracterização da Área de Estudo. .............................................. 67 
2.2. Materiais e Métodos. ......................................................................................... 76 
2.2.1 Levantamento de Material Bibliográfico e Cartográfico............................ 76 
2 2.2. Trabalho de Campo................................................... ...............................80 
2.2.3. Trabalho de Laboratório......................................................... ..................83 
 
3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ORDENAMENTO TERRITORIAL NO MUNICÍPIO 
DE PORTO NACIONAL (1800 A 2013). ..................................................................... 90 
3.1. Ordenamento Territorial de 1800 a 1900. .......................................................... 91 
3.1.1. O Norte Goiano: Do minério a interiorização...........................................91 
3.1.2. Norte Goiano e Suas Origens...................................................................94 
3.2. Ordenamento Territorial de 1900 a 1988. ........................................................ 106 
3.2.1. Porto Nacional: Do minério à interiorização do País..............................106 
3.3. Ordenamento Territorial de 1988 a 2013 ......................................................... 119 
3.3.1. Novo Estado: Velhas Demandas............................................................ 119 
3.3.2. Progresso para Quem?...........................................................................126 
3.3.3. Trilho da Volta: Chegada da Ferrovia e a Organização da Nova Área  
Urbana.................................................................................................. 132 
 
  
4 GEOTECNOLOGIA E A ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO ORDENAMENTO 
TERRITORIAL NO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL (1980 A 2013). ......... 142 
4.1. Ordenamento Territorial (1980). ..................................................................... 143 
4.2. Ordenamento Territorial (1990). ..................................................................... 146 
4.3. Ordenamento Territorial (2000). ..................................................................... 151 
4.4. Ordenamento Territorial (2013). ..................................................................... 158 
4.5. Geotecnologia e o Cadastro Técnico. .............................................................. 162 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 173 
5.1. Recomendações.................................................... ...........................................179 
 
6. REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 182 
 
ANEXO  A ............................................................................................................ 196 
 
ANEXO  B............................................................................................................197 
 
ANEXO  C............................................................................................................ 199 
 
 ________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
INTRODUÇÃO 
_______________________________________________________________________________________________________  
 
Foto:SILVA, mai./2013. 
 
 
 
 
Atos técnicos – dizíamos não são aqueles em que o homem procura 
satisfazer diretamente as necessidades que a circunstância ou a 
natureza o faz sentir, mas precisamente aqueles que levam a 
reformar essas circunstâncias eliminando no possível delas essas 
necessidades, suprindo ou minguando o acaso e o esforço que 
exige satisfazê-las. 
 
 
Ortega y Gasset, 1963. 
 
20 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
INTRODUÇÃO 
 
Desde o início da década de 1960 constata-se um crescente interesse pela análise 
física do território, num olhar abrangente e integracionista. A demanda de recursos, entre 
os quais o espaço-tempo, necessários ao crescimento econômico, as preocupações com a 
defesa da qualidade dos ambientes são motivações que movem o mundo da ciência e da 
técnica, numa perspectiva de intervenção, propondo maior eficiência nas decisões de 
planejamento que se forma na sociedade moderna, uma maneira sofisticada de exercício 
de poderes institucionalizados. 
De acordo com Santos (2008) a tendência do mundo atual, através de seus avanços 
tecnológicos, é uma aceleração cada vez maior dos processos de transformação das 
paisagens naturais em paisagens artificializadas. Consequentemente, a necessidade de 
melhor compreender a dinâmica da natureza tem colocado nas últimas décadas o meio 
ambiente como objeto de estudo em diversas áreas do conhecimento humano. 
Num país de dimensões continentais como o Brasil, dotado de carência de 
informações adequadas para a tomada de decisões sobre os problemas, sobretudo rurais, a 
geotecnologia apresenta-se como uma ferramenta de enorme potencial, principalmente se 
baseado em tecnologias de custo relativamente baixo, em que o conhecimento seja 
adquirido localmente. 
A administração pública, por sua vez, tem exercido pouco seu poder de controle 
sobre a ocupação físico-territorial. As conseqüências se tornam presentes no cotidiano 
municipal, afetando principalmente a qualidade de vida, na forma de problemas sociais  - 
de saúde, segurança, ambientais – com degradação dos recursos naturais, morros, rios, 
vegetação e demais ambientes, razões da demanda. (GARCIA NETTO, 2000). 
Os municípios brasileiros têm como características a complexidade e o dinamismo 
quanto à forma e funções. Essas características evoluem em igual proporção à 
urbanização da população e a modernização do modo de vida. O ritmo de urbanização 
(seja rápido ou lento), tem provocado um processo desordenado de ocupação e uso do 
espaço municipal como um todo, principalmente no que tange a preservação ambiental. 
Em função da adoção de modelos que concorrem para a desorganização dos sistemas 
sócio-econômicos ocasionando principalmente nos municípios pequenos uma 
arrecadação execrável, gerando forte dependência dos repasses estaduais e federais.  
Neste contexto estão os municípios tocantinenses que têm, principalmente, no 
comércio e no turismo (crescente/decadente) um fator suplementar 
21 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
(aceleração/estagnação) da sua economia. Os municípios que integram áreas do entorno 
do lago da Usina Hidroelétrica Luis Eduardo Magalhães - UHE (Lajeado), dentre eles 
Porto Nacional, estão sujeitos a mesma problemática. O objetivo deve ser o de buscar a 
melhoria da qualidade de vida das pessoas. Mesmo porque, essa nova realidade trará 
novas exigências, no sentido de que o Município se organize e passe a desenvolver 
políticas em prol do desenvolvimento sustentável. 
Por outro lado, em pleno século XXI, não será mais possível gerir eficazmente o 
espaço do município como um todo, sem o apoio e a adoção de tecnologias modernas a 
exemplo das geotecnologias. O estágio atual de desenvolvimento tecnológico brasileiro já 
nos permite ter acesso a tecnologias, no entanto, sua difusão para utilização sistemática 
se faz de forma lenta, em função de diversos fatores, como os decorrentes da área social, 
que sugerem que, “a sua adoção, parte de uma visão puramente tecnocrática de gestão” o 
que de certa forma tem barrado esse processo. Paralelo a esse aspecto, deve-se ainda, 
considerar outro fator, de maior relevância quando o assunto é gestão municipal, observa-
se que a administração pública brasileira está distante da realidade de atender a contento 
a população. 
A modernização da administração pública brasileira via implantação de sistemas 
cadastrais de informação e sua utilização efetiva aliada à adoção das tecnologias 
disponíveis, como a informatização e geoprocessamento são dois desafios a serem 
vencidos, sendo mesmo algo imperativo. Esses dois desafios terão um grau de sucesso 
maior se tiverem uma evolução conjunta. 
A nova perspectiva da sustentabilidade ligada às questões ambientais, a crescente 
necessidade de aumento da produção de alimentos, associada ao atual modelo agrícola de 
desenvolvimento, que se baseia na injeção de insumos ao invés de métodos produtivos 
mais eficientes, requer uma nova forma de gestão de uso e ocupação da Terra. A visão 
que restringe a unidade rural apenas a uma unidade de produção, isolada do ecossistema e 
do espaço rural no qual está inserida, não é capaz de dar conta da construção de 
estratégias que conduzam os sistemas de produção agrícola à sustentabilidade. Assim, 
como não é possível pensar ou elaborar projetos ou programas de desenvolvimento rural 
local deixando de lado a realidade sócio-política e cultural dos agricultores que ali vivem 
e produzem. 
O geoprocessamento associado às técnicas atuais de mapeamento (topografia 
convencional, utilização de fotografias aéreas, imagens orbitais, Sistema de 
22 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Posicionamento Global por Satélite - GPS- imagens de vídeo, bem como outras formas 
de aquisição de dados) torna possível a aquisição de mapas temáticos e a quantificação de 
áreas, como por exemplo: áreas de agricultura, pastagem, campo nativo, 
reflorestamentos/florestamentos, desflorestamento, florestas nativas (consideradas de 
preservação permanente), fruticultura, afloramentos rochosos, banhados, áreas sujeitas a 
alagamento, açudes, barragens, áreas erodidas ou em processo de erosão, comprimento de 
estradas e cercas, áreas degradadas, bem como outras formas de utilização.  
Os Sistema de Informações Geográficas- SIGs permitem realizar análises 
complexas ao integrar dados de diversas fontes e criar bancos de dados relacionais. Essa 
base de informações integra atributos espaciais. Com a referida base é possível citar os 
parâmetros do meio físico das zonas rurais e dados não-espaciais, que possibilitam a 
geração de mapas de potencial de uso e ocupação das Terras e de classes de capacidade 
de uso de Terras, propiciando desta maneira a espacialização cartográfica das 
informações e a obtenção de subsídios relevantes para o ordenamento territorial das áreas 
rurais. 
Deste modo a presente investigação se define, tendo como foco, a aplicação da 
geotecnologia ao ordenamento territorial do município de Porto Nacional, estabelecendo 
como objetivo geral analisar a evolução do uso da Terra no município de Porto Nacional 
no período de 1980 a 2013, através do uso de geotecnologias. 
Como objetivos específicos têm-se: 
 Subsidiar o Ordenamento Territorial no município de Porto Nacional; 
 Aplicar a Geotecnologia como Ferramenta de Gestão e Planejamento para 
Ordenamento Territorial; 
 Construir uma análise da evolução histórica do município de Porto Nacional de 
1800 a 2013; demonstrando o processo de transformação dos limites territoriais do 
município de Porto Nacional até os dias atuais; 
 Mapear o uso e ocupação da Terra no município de Porto Nacional entre 1980 a 
2013, por meio das geotecnologias, identificando as principais alterações espaciais que 
contribuiram no ordenamento territorial; 
 Propor para o município de Porto Nacional a criação de uma coordenação de 
informações, a partir de dados municipais, com a finalidade de fomentar as discussões 
acerca da cultura da informação local. 
23 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
A motivação da pesquisa deve-se ao fato do pesquisador constatar a carência de 
dados geográficos e informações sobre o município. Com a falta desses dados físicos, 
socioespaciais atualizados advém as impossibilidades do gestor público implantar 
políticas públicas para o atendimento das demandas sociais. Os dados de que o Município 
de Porto Nacional dispõe são incipientes e as técnicas utilizadas para coleta dos referidos 
dados ainda hoje são rudimentares. 
A investigação pautou-se em inquietações de como encaminhar processos 
decisórios na gestão municipal de forma a possibilitar o aumento da qualidade de vida da 
população, buscando articular os aspectos fundamentais para o bom uso da 
geotecnologia, das ações e das políticas públicas. Com preocupações e certezas 
provisórias a hipótese do estudo foi de que: A geotecnologia é uma ferramenta 
imprescindível de gestão e planejamento para o ordenamento territorial. 
Os passos metodológicos que orientaram a pesquisa partiram de uma cuidadosa 
revisão da literatura existente, definidos a seguir: Embasamento teórico, via revisão 
bibliográfica, sobre métodos, técnicas e aplicações de análises físico-territoriais e uso de 
geotecnologia. As palavras chaves neste sentido foram informação, informatização, 
banco de dados, desenvolvimento municipal, sensoriamento remoto, geoprocessamento, 
cadastro técnico multifinalitário, planejamento e gestão municipal.  
Autores como Milton Santos, Bauman, Brito, Buzai, Ellul, Ianni, Lacoste, Lévy, 
Raffestin, Rosa e Silveira foram alguns que iluminaram os caminhos na construção da 
tese e foram os balizadores determinantes para o diálogo com o objeto do estudo em 
evidência. 
A definição da áreade estudos deu-se pelo Município de Porto Nacional, um dos 
mais antigos do então Norte goiano, referência para o Estado, seja nas decisões políticas, 
culturais e econômicas, bem como toda a transformação físico-territorial.  
A posição geográfica da sede municipal, a influência do rio Tocantins, a criação 
do Estado do Tocantins, a nova capital Palmas, além da implantação da UHE e a chegada 
dos trilhos de ferrovia Norte/Sul a Porto Nacional foram elementos da pesquisa. Juntando 
a esses fatos, contamos com o Campus da UFT, entre outros, com o Curso de 
Bacharelado em Geografia, que deve contribuir para a formação de quadros, que 
orientem ações a conduzir a universalização do conhecimento. A universidade na sua 
essência, precisa dar respostas a comunidade, cumprindo o papel de instituição pública, 
socialmente referenciada. 
24 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Esse movimento e os aspectos sociais, políticos, econômicos, ambientais e 
culturais, aliados à imprescibilidade das técnicas/geotecnologias para o beneficio do 
homem são questões primordiais a esta pesquisa. A caracterização da área de estudo, 
efetivamente,deu-se pela elaboração do inventário de dados cartográficos, fotográficos, 
bibliográficos e censitários existentes sobre Porto Nacional, a nível de Estado e de 
município e do próprio Município. 
A base do trabalho está centralizada em órgãos públicos municipal: Secretarias do 
Município; Estadual: Secretarias de Planejamento, Administração, Agricultura, Instituto 
de Terras do Estado; Assembléia Legislativa; Federal: IBGE e INCRA. 
Com vista ao alcance dos propósitos da investigação e socialização deste trabalho 
a pesquisa ficou constituída em quatro capítulos. 
No Capítulo 1 apresenta-se a discussão sobre o meio técnico científico 
informacional e o planejamento regional, situando o leitor sobre a história da técnica 
ligada a invenção da máquina, discutindo que provavelmente em curto espaço de tempo 
toda máquina não mais funcionará sem o uso da técnica. Ainda que, na evolução da 
técnica que vai desde o meio natural até o casamento da técnica com a ciência, destaque-
se a importância do informacional, que produz a informação e concomitantemente 
funciona a partir da informação. 
O que está posto é o uso da geotecnologia nas informações geográficas e as 
possibilidades de democratização do espaço com apontamentos sobre a evolução da 
cartografia, sua importância histórica e nesse fio condutor na instrumentalização de poder 
e legitimação do território. Demonstrando a base de sustentação em que, nos novos 
moldes da sociedade do conhecimento, ela é determinante e se apresenta como alternativa 
necessária para socialização de dados e informações, sobretudo para as classes menos 
favorecidas economicamente poderem se beneficiar de direitos que historicamente são 
negados. 
No Capítulo 2 foram abordados os procedimentos metodológicos, como base 
fundamental no conjunto do texto. Dedicamo-nos a apresentar essencialmente três 
momentos a constatar: o levantamento bibliográfico, o trabalho de campo e o trabalho de 
laboratório. O levantamento bibliográfico foi fundamental para ter o aporte teórico cuja 
referência essencial é Milton Santos, bem como outros autores supra citados, e ainda os 
dados cartográficos existentes da área do município de Porto Nacional. 
25 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
O trabalho de campo foi executado com o auxílio das imagens dos sensores MSS, 
Landsat 2 e TM, Landsat 5 e 8, mapas de classificação prévia e cartas topográficas, 
facilitando assim a análise das classes das características de uso e ocupação da Terra. 
O trabalho de laboratório, aparece como última etapa, mas não se separa das 
demais porquanto se complementam. Nessa etapa da investigação foi realizada a 
classificação das imagens. O software - Sistema de Processamento de Informações 
Georreferenciadas- SPRING, nas versões 5.0.1 e 5.1.8 do Instituto Nacional de Pesquisas 
Espaciais - INPE foi o instrumento escolhido para possibilitar a construção do banco de 
dados, bem como para elaboração dos diversos produtos cartográficos utilizados na 
pesquisa. 
O Capítulo 3 trata da visão dos contextos social, econômico, político, cultural e 
educacional de Porto Nacional para que se entenda a aplicabilidade das geotecnologias 
no município; apresenta-se a contextualização histórica desde a rota do ouro do 
bandeirantismo que partem do interior paulista, passando pelo Mato Grosso, Goiás, 
chegando ao Norte goiano, hoje Tocantins, até a entrada do boi pelo Oeste baiano que 
contribuiu para a formação dos currais nos cerrados dos sertões.  
As transformações, e os diferentes meios de sobrevivência, destaque-se, que o 
político e o econômico foram presenças fortes na história do minério, do rio, da aviação, 
da construção da rodovia BR 153, da ponte em Porto Nacional e o boi são fatos 
históricos, que antecederam a criação do Estado do Tocantins. 
Com a criação do Estado do Tocantins pela Constituição Federal de 1988 é 
construída a capital, Palmas. Porto Nacional cede parte de sua área para o 
empreendimento, e se configura uma nova fotografia do seu território. A partir de então, 
uma ponte sobre o lago separa a área dos municípios de Porto Nacional e Palmas; surge a 
demanda da formação de outra área urbana distante da sede de Porto Nacional, contudo, 
prevalece o descaso para com a população dessa área urbana no que tange especialmente 
ao saneamento básico, atendimento a saúde, ressaltando que os e equipamentos urbanos 
são inexistentes. A construção da ferrovia Norte/Sul ligada a todos esses fatores e a 
aplicação de geotecnologias em um município que vem de tradições de subsistência com 
cultura amazônica, sobretudo pelo isolamento em que viviam as populações, são 
evidenciadas no capítulo. 
O Capítulo 4 constitui-se pela aplicabilidade das geotecnologias no uso e 
ocupação da terra como registro e subsídio ao planejamento territorial do município de 
26 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Porto Nacional. Optou-se por uma evolução temporal do uso e ocupação da terra 
resultantes das imagens dos sensores MSS Landast 2 e TM Landsat 5 e 8. Foram 
analisados os dados, individualmente para identificação das mudanças em cada classe do 
uso e ocupação da Terra, verificando-se onde teve ganhos e perdas de área em cada 
classe e, posteriormente, comparados em conjunto, examinando para cada data estudada 
os percentuais mapeados e quanto isso representa, em cada período.  
O tratamento dos dados de registro por sensoriamento remoto do município de 
Porto Nacional ocorridos entre as décadas de 1980 a 2013 resultou em mapas temáticos 
de uso e ocupação da terra, sendo apresentados as informações a cada qüinqüênio, com 
vista a subsidiar o planejamento do gestor público com o fim de propiciar uma maior 
agilidade da administração com o que é afeto e, ainda como preocupação da investigação, 
que se possibilite com as tecnologias uma melhor qualidade de vida às pessoas. 
Finalmente apresenta-se as considerações finais que defende a importância do uso 
da geotecnologia para a gestão do município de maneira a conhecer a complexidade do 
espaço municipal e não dar margem a que as pessoas sejam prejudicadas por falta de 
informação. Na era da informação, os órgãos públicos precisam, inclusive, se adaptar as 
demandas para prestarem serviços à população com agilidade e eficiência, no caso 
especifico da gestão pública do município de Porto Nacional, objeto de nosso estudo. 
Considerando as transformações e imposição do econômico no município, com a chegada 
recente da soja, as pequenas áreas começam um processo inverso e o que foi 
desmembrado em outras épocas, sobretudo para divisão entre herdeiros, que receberam 
de herança terras originárias das sesmarias, é importante que se diga, que muitos desses 
registros, encontram-se apenas nos registros paroquiais. Atualmente em função de 
família, herança, por exemplo, começa a se recompor, ou seja, os plantadores de soja 
precisam de grandes áreas, arrendam ou compram os pequenos pedaços e trazem em seu 
bojo a destruição, sem a preocupação com transformações no ambiente. 
A estrutura geral da tese está detalhada em um fluxograma apresentado na figura 
1.
27 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
__________________________________________________________________________________ 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Figura 1. Fluxograma da Esrutura da Tese 
 
 ________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
CAPÍTULO 1 
_________________________________________________________________________________ _________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
“É engenharia aquela arte-ciência que desenvolve a aplicação de 
conhecimentos, quer científicos quer empíricos ou intuitivos, à 
criação e ao aperfeiçoamento de estruturas sociais; ou de formas 
de convivência social: inclusive política ou econômica”.  
 
Gilberto Freire.
29 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
1. O USO DA GEOTECNOLOGIA NAS INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS E AS 
POSSIBILIDADES DE DEMOCRATIZAÇÃO DO ESPAÇO. 
 
No capítulo 1 apresenta-se o homem, o território e o meio técnico científico 
informacional, sua relação com a geotecnologia e as possibilidades de democratização de 
utilização do espaço pelo homem. No esforço de entender a dinâmica da organização 
espacial diante de um mundo globalizado, impulsionado pelas evoluções técnico-
científicas e informacionais fez-se necessário um estudo desse movimento histórico que 
vai desde o mundo natural até o avanço considerável das tecnologias/geotecnologias, que 
devem servir indiscutivelmente para facilitar a vida humana. A configuração do urbano e 
do rural com o uso das tecnologias: espaços específicos, destinados à produção e à 
demanda tecnológica é uma das questões em evidência, no desvendar da formação do 
território. 
Nos valemos do uso da cartografia tratada como técnica de base ao uso da 
geotecnologia para coleta de dados, que gera informações no tempo e no espaço. Esse 
instrumento ao longo dos tempos tratado como instrumento de poder e decisão de poucos, 
inerente a produção da riqueza e do capital. Conclui-se o capítulo tecendo reflexão sobre 
a importância da geotecnologia na contemporaneidade, porém que ela é incipiente no 
cotidiano das pessoas. 
 
1.1. O meio técnico científico informacional e a formação do território.  
 
A produção do espaço mundial compreende-se como um processo econômico e 
político em escala de longa duração. A idéia de mundo mudou ao longo do tempo, em 
consonância com as características sociais e políticas de cada sociedade, considerando o 
acúmulo de conhecimentos científicos e tecnológicos produzidos em diferentes épocas.  
 
O progresso técnico é, também, uma conseqüência da vontade de viver, 
porém a modifica de modo notável. [...] [...] a invenção de uma nova 
arma ou de uma nova ferramenta abre condições para uma vida melhor 
do que a anterior, de obter-se alimentação mais abundante, mais ócio, 
mais segurança e, finalmente, de satisfazer novas necessidades,  antes 
desconhecidas. Quanto mais se desenvolver a técnica, mais a vontade de 
viver transforma-se em vontade de viver melhor. 
Essa vontade caracteriza o homem civilizado. No entanto a técnica não 
modifica somente as relações entre os homens e a natureza, mas também 
as relações dos homens entre si. (KAUTSKY, 1979, p.29). 
 
30 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
A velocidade com que se propaga a informação na atualidade em todos os 
espaços, para o mundo era algo inimaginável até bem pouco tempo. A informação é 
instantânea e se tornou condição para o ser humano desde as atividades rotineiras, até 
aquelas que exigem maior elaboração pelas pessoas. 
Desde que vivia nas cavernas o homem vem retirando da natureza os meios necessários 
à sua sobrevivência e ao seu conforto. Com o passar do tempo aprendeu a produzi-los, mas a 
dependência da natureza não diminui a importância, ao contrário, tornou-se maior em virtude do 
crescimento das necessidades. Nos dias atuais ser bem informado é uma condição de 
sobrevivência, é como comer, precisa ser diário, muitas vezes, também precisa ser voraz 
a todo o momento. 
De acordo com Santos (1977a), cada grupo humano já no começo dos tempos 
inventava, construía seu espaço de vida, inventando técnicas para tirar da natureza os 
elementos necessários à sua própria sobrevivência. As realidades naturais e as dinâmicas 
de sobrevivência apontam condicionamento para evolução distinta das comunidades 
humanas
1
. Quando tudo era meio natural, o homem escolhia da natureza aquelas suas partes ou 
aspectos considerados fundamentais ao exercício da vida, valorizando, diferentemente, segundo 
os lugares e as culturas essas condições naturais que constituíam a base material da 
sobrevivência do grupo. 
A história das relações entre natureza e sociedade em todos os lugares habitados, 
compreende a substituição de um meio natural, dado a uma determinada sociedade, que se 
apresenta cada vez mais artificializado, isto é, sucessivamente instrumentalizado por essa 
mesma sociedade. Em cada fração da superfície da Terra, o caminho que vai de uma situação a 
outra se dá de maneira particular; e a parte do "natural" e do "artificial" também varia, assim 
como mudam as modalidades do seu arranjo. Neste raciocínio, concordamos com Milton 
Santos que nos diz que a evolução da racionabilidade humana propiciou o nascimento de 
um conjunto de meios instrumentais e sociais com os quais o ser humano realiza sua vida 
e ao mesmo tempo, produz e cria o espaço geográfico, a esta evolução, convencionou-se 
chamar de técnica (SANTOS, 1996a). 
 
 
                                                 
1
 Grifo do autor 
31 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Organizando a produção, organizava a vida social e organizava o espaço, 
na medida de suas próprias forças, necessidades e desejos. A cada 
constelação de recursos correspondia um modelo particular. Pouco a 
pouco esse esquema se foi desfazendo: as necessidades de comércio 
entre coletividades introduziam nexos novos e também desejos e 
necessidades e a organização da sociedade e espaço tinha de se fazer 
segundo parâmetros estranhos às necessidades íntimas ao grupo 
(SANTOS, 1994b, p. 5). 
 
O homem já não é o mesmo, ele não sente, não age, não pensa do mesmo modo de 
acordo as épocas de sua história. Para Santos (2008b, p.115) “[...] o processo de aprendizagem 
deve, em primeiro lugar, partir da consciência da época em que vivemos. Salienta o autor que o 
mundo é como ele se define e funciona, de modo a reconhecer o lugar de cada país no conjunto 
da Terra e o de cada pessoa no conjunto da sociedade humana.” 
A história da sociedade está marcada pela interação da natureza, o aprimoramento 
das técnicas e a capacidade do homem modificar o espaço em seu beneficio. A sociedade 
como a natureza tem uma dinâmica que deve ser encarada na perspectiva do tempo e do 
espaço. O homem ocupa um local geográfico em que decide permanecer e sobreviver. 
Suas ações revelam-no ator na própria sobrevivência. 
A partir do final do século XVIII e ao longo de todo o século XIX dá-se a 
mecanização do território. Hobsbawm (1995a, p.198-199) elucida o que aconteceu no mundo 
e os “[...] países do ocidente estabeleceram uma superioridade ainda mais incontestável com seu 
sistema econômico e social, sua organização e tecnologia” como “único modelo” sob pena de 
“ser devorados ou deixados para trás”, o que não foi diferente no Brasil, a condição era a 
mecanização, mesmo nos países “ditos coloniais”2 onde a “modernização” não tenha ocorrido 
com a mesma intensidade, porém, foi inevitável. Hobsbawm (1995b, p.199) afirma que o 
pioneirismo do ocidente era“[...] visto como o de sociedades que geram progresso, e a forma de 
poder e cultura da riqueza, com o „desenvolvimento‟ técnico-científico [...] foi seguido como 
modelo por todos os países. 
O chamado meio técnico substitui o meio natural. Entretanto, atualmente deve-se 
falar em “meio técnico-científico-informacional”, que sobrepõe ao meio geográfico, 
sendo marcado pela presença da ciência, da técnica e da informação nos contínuos 
processos de readaptação do território. (SANTOS, 1996b, p.139). 
                                                 
2
 Grifo do autor. 
32 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Desse modo, para cada período de análise os elementos de um sistema espacial 
são portadores ou conduzidos por uma tecnologia específica e uma determinada 
combinação de componentes de capital e trabalho
3
. “A relação-capital não poderia ser 
mais contraditória, pois é caracterizada por uma dupla cisão no lado do trabalho, e por 
uma duplicação do lado do capital, parasitária da cisão do trabalho. [...]”(MÉSZÁROS, 
2006a, p.712-713). Para Santos (1996c) sempre que ocorre uma mudança tecnológica, 
organizacional, ou social profunda a percepção da realidade também se modifica; a 
condição do trabalho é uma determinante para o desenvolvimento de cada sociedade, no 
tempo e espaço. 
Em Moreira (2007) encontra-se o espaço na história através da organização 
territorial dada pelo homem à relação com o seu meio. Salienta que dois marcos merecem 
destaque por balizarem o início dessa história, atuando desde então como determinantes 
da relação estável do homem com o seu espaço que é marcado pela descoberta do fogo e 
posteriormente pela agricultura. 
A propósito do espaço, Santos (1986) elucida que este deve ser considerado uma 
instância da economia, da sociedade e da cultura ideológica, não devendo ser encarado 
apenas como “um espaço formado por coisas, objetos geográficos naturais e artificiais”. 
O espaço representa todos os processos sociais característicos do momento de uma 
sociedade. É constituído de elementos que devem ser considerados variáveis ou 
dinâmicos, pois mudam de valor de acordo com a história. Em geral, estas variações são 
comandadas pelo modo de produção vigente, sendo que, no lugar em que se encontram 
tem um significado passageiro. O espaço é um sistema complexo e em evolução 
permanente. É resultante de fatores externos e internos que dependem do todo, onde cada 
variável é importante em função do seu papel no contexto e não em função 
especificamente do seu valor. 
O desvendar e a clareza sobre o espaço é o que nos habilita a prosseguir nesta 
análise para entender como se dá a análise regional. Desde o início do século XVIII, a 
análise regional é tratada pela geografia como um sinônimo de geografia regional 
conceituada como um estudo de área distinto dos estudos tópicos, ou seja, era o estudo 
dos conteúdos de uma área, de uma região e não de um segmento qualquer do espaço. No 
                                                 
3
 Capital e trabalho são categorias que mereceriam maior destaque diante de sua importância no contexto,  
porém não são partes essenciais do texto, mas determinantes para que se entenda o movimento histórico 
da presente investigação. 
33 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
final do século, o geógrafo RICHTHOFEN empregou a palavra corologia para designar 
estudos de área, neste sentido a análise regional e corologia são sinônimas. (LOBATO, 
1987, p. 49). 
Na geografia existem duas correntes distintas de entendimento do que seja análise 
regional. Estes se diferenciam pelo fato de terem como ponto de partida a crença de ser a 
região uma entidade concreta e em outra uma criação intelectual. 
Os que entendem que região é uma entidade concreta, como os seguidores de 
nomes expoentes da Geografia como PAUL VIDAL DE LA BLACHE, OTTO 
SCHLÜTER e CARL SAVER, (in: CORRÊA, 1988), de que a região é algo palpável, 
tem história e é facilmente identificável. É tão real, que é denominada com um nome 
próprio. A paisagem é a expressão da sua existência. A outra corrente é a que deriva da 
aceitação de que região é uma criação intelectual, defendida pelos seguidores dos, não 
menos expoentes, IMMANUEL KANT (in MAY, 1970), BUNGE (1966) e 
HARTSHORNE (1937). Para estes, a região é uma criação intelectual, senão, seria 
facilmente reconhecida por todos não havendo as divergências em relação aos seus 
limites e funções, mesmo porque, se ampliarmos a escala sobre um mosaico regional, 
cada uma delas perde a coesão que aparentemente possui.  
Teoricamente, as diferentes percepções do espaço, não importando o quanto de 
subjetividade contenha, devem ser consideradas verdadeiras, embora, na prática não o 
sejam devido à existência de grupos hierarquizados dentro da sociedade. Suas percepções 
logicamente também serão hierarquizadas de modo que algumas são mais importantes e 
mais profundas do que outras, salvo peculiaridades dos níveis locais.  
Na concepção geográfica as diferentes percepções do espaço levaram a análise 
dita regional, que nasce da tentativa de introdução da dimensão espacial nos estudos 
econômicos, uma vez que a localização e a distância de um determinado ponto 
referencial sempre foram variáveis fundamentais no processo locacional da atividade 
antrópica, capazes de gerarem desenvolvimento ou de estagnarem uma região. Tanto é 
que, no final do século XIX, a questão da localização passou a ser crucial às atividades 
capitalistas. As variáveis localização e distância receberam tamanha atenção que durante 
as décadas de 50 e 60 foram o eixo de mobilização, que culminou com a modificação de 
alguns conceitos da economia e da chamada “revolução teorética e quantitativa” entre os 
geógrafos europeus (CORRÊA, 1988). 
34 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Já na década de 1970 os problemas regionais ou os desequilíbrios sócio-espaciais, 
como eram chamados, passaram a ser reinterpretados, mas o quadro de referência 
permanecia o mesmo, ou seja, as teorias tinham como objeto, a acumulação de capital
4
. A 
questão da permanência do capital, como item principal, no contexto regional sempre foi 
objeto de discussão entre os estudiosos, sobretudo, a partir do século XVIII. 
Segundo Corrêa (1988a), para que um estudo seja efetivamente considerado como 
análise regional é necessário que se adote uma destas interpretações de região, não 
importando qual seja. O importante é que se tenha a dimensão que se está trabalhando 
com um segmento da superfície, dotado de uma qualificação diferenciadora em face de 
outros e é essa diferença que estamos interessados em compreender. É necessário que se 
entenda ainda, a origem e a evolução da região e o curso de transformações que 
culminaram na diferenciação, que se considerem os processos e os agentes sociais locais, 
e se questione quais foram as práticas e os conflitos que originaram a região. 
Apesar de entender o caráter intelectual de criação da região, observamos que os 
agentes formadores são concretos, são os proprietários fundiários, os trabalhadores, os 
comerciantes, o Estado, etc... Todos vinculados a interesses diversos e visando a 
acumulação de capital ou reprodução simples do quadro familiar. À medida em que se 
define a ligação entre os interesses diversos, acaba-se por definir também o significado e 
o papel da região no contexto local e nacional. Assim, afirma CORRÊA (1988b), não 
existe um modelo acabado para se fazer análise regional, este pode variar, assim como os 
temas e a sua seqüência. A análise de uma região pode partir do enfoque cidade-campo, 
do processo de transformação econômica, do esvaziamento demográfico, etc. O 
importante é que não se confundam os objetivos. 
Podemos observar que, apesar de existirem algumas variações, a idéia de espaço e 
de região, passa por um conjunto articulado de elementos físicos, históricos e sociais 
                                                 
4
 O significado de capital deve ser entendido neste texto à luz da concepção marxiana, numa perspectiva 
de superação, como pode ser observada em Mészáros (2002b, p.711) “[...] O capital deve ser superado 
na totalidade de relações, caso contrário o seu modo de reprodução sociometabólica, que a tudo domina, 
não poderá ser deslocado mesmo em  relação a assuntos de relativamente menor importância. Isso 
porque o capital „não é uma simples relação, mas um processo, em cujos vários momentos sempre é 
capital. ... a troca não permaneceu inalterada com a colocação formal de valores de troca, mas avançou 
necessariamente para a própria produção ao valor de troca‟ . Este fragmento de texto em Mészáros 
apresenta a nota de número 16, citando Marx “Inicialmente o capital vem da circulação  e, além disso, 
seu ponto de partida é o dinheiro. [...]” “[...] O movimento apenas se apodera do excedente de sua 
produção diretamente útil, e se desenvolve apenas na sua margem.[...]”.  
35 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
construídos. O espaço  em todas as suas nuances e, sobretudo, nas possibilidades de 
superação, de conflitos e contradições das relações capital e trabalho é o espaço urbano. 
A cidade, segundo Lefebvre (2001, p. 85), retrata com clareza a dupla dimensão 
do conceito de  produção. O autor diz que a cidade “é o lugar onde se produzem as obras 
diversas, inclusive, aquilo que faz o sentido da produção: necessidades e prazeres”, e 
também concentra funções ligadas a distribuição e ao consumo dos bens produzidos. O 
principal elemento conceitual do estudo urbano será tratado no capítulo 3. A cidade passa 
a ser mais um palco de demonstrações da superioridade da “vontade humana” sobre o 
ambiente. 
Encontramos em Bertrand (2004), uma preocupação em reabilitar o enfoque de 
paisagem, rotulado no meio geográfico como tradicional. O autor imprimiu ao conceito 
uma noção mais rica, complexa e dinâmica. À noção tradicional de espaço acresceu à 
noção de tempo uma acentuada formalização classificatória e um enfoque ecológico.  O 
homem e suas complexas relações, vivendo e interferindo na natureza. Não podemos negar que 
natureza tem grande importância na vida humana, assim como o homem também é parte 
integrante da própria natureza. 
Historicamente o uso do território se dá de forma seletiva e desigual – revelando a face 
geográfica da desigualdade dada por organizações territoriais e normatizações políticas. A 
globalização
5
 apresenta-se como marco da atualidade, em que Estados-nação alteram suas 
funções, interesses corporativos de empresas nacionais e transnacionais e se sobrepõem aos 
interesses e necessidades coletivos da maioria da população. 
A fragmentação do processo produtivo por diferentes áreas do mundo dissemina e 
maximiza o uso que o capital pode fazer da força de trabalho e dos recursos naturais baratos em 
escala planetária, ao mesmo tempo que dificulta a articulação de trabalhadores normalmente 
representados por entidades operando nos quadros do Estado-nação. 
É preciso que se tenha a dimensão de que: “[...] o Estado é a forma na qual os indivíduos 
de uma classe dominante fazem valer seus interesses comuns e na qual se resume toda 
sociedade civil de uma época, segue-se que todas as instituições comuns são mediadas pelo 
Estado e adquirem através dele uma forma política. [...]” (MARX & ENGELS, 1986, p. 98). O 
                                                 
5
 Ianni (1996, p.11) diz que: “A globalização no mundo expressa um novo ciclo de expansão do 
capitalismo, como modo de produção e processo civilizatório de alcance mundial. Um processo de 
amplas proporções envolvendo nações e nacionalidades, regimes políticos e projetos nacionais, grupos e 
classes sociais, economias e sociedades, culturas e civilizações. Assinala a emergência da sociedade 
global, como uma totalidade abrangente, complexa e contraditória.[...]”.  
36 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
uso do território, que historicamente se dá de forma seletiva e desigual, revela a face 
geográfica da desigualdade, dada por organizações territoriais e normatizações políticas.  
Os primórdios da humanidade através do processo de observação e conhecimento 
do meio e dos fenômenos naturais levou o homem à domesticação de animais e plantas. 
A forma de intervenção leva ao desenvolvimento de técnicas que revolucionaram a 
história da humanidade, alterando profundamente a forma do homem se relacionar com o 
território. 
Com a sedentarização e o desenvolvimento da agricultura, o espaço passa a ser 
humanizado, alterado pelo trabalho humano. Destacando que por um longo período a 
intervenção humana nestes territórios foi pontual, restrita a pequenas áreas. O plantio e a 
colheita eram definidos pelas estações do ano. Os ritmos eram determinados não pelo 
homem e por seu trabalho, mas por fatores externos, independentes de sua vontade, 
prevalecia o tempo da natureza, o meio natural. 
Para Santos (2008c, p. 29) “é sabido que a principal forma de relação entre o 
homem e natureza, ou melhor, entre o homem e o meio, é dada pela técnica. As técnicas 
são um conjunto de meios instrumentais e sociais, com os quais o homem realiza sua 
vida, produz e, ao mesmo tempo, cria espaço”. 
Os atores sociais "produzem o território, partindo da realidade inicial dada, que é 
o espaço. Há, portanto um 'processo' do território quando se manifestam todas as espécies 
de relações de poder, que se traduzem por malhas, redes e centralidades" (RAFFESTIN, 
2001, p. 7). 
A compreensão sobre espaço e território apresenta diferentes perspectivas de 
acordo com a corrente a elas vinculada. Analisando questões vinculadas a 
territorialidade, especialmente a questões brasileiras, Santos (1997a, p. 139) apresenta o 
que chamou de “meio técnico-científico”, ou seja, “o momento histórico no qual a 
construção ou reconstrução do espaço se dará com um crescente conteúdo de ciência e 
técnicas”. Essa fase é atualmente insuficiente, de acordo com o autor, para caracterizar o 
momento vivenciado. Neste sentido, conceitua o “meio técnico-científico-informacional” 
que se superpõe ao meio técnico-científico na medida em que ocorre uma informatização 
do território. Como o próprio autor coloca, o território se informatiza mais, e mais 
depressa que a economia ou que a sociedade. Sem dúvida, tudo se informatiza, mas no 
território esse fenômeno é ainda mais marcante na medida em que o trato do território 
37 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
supõe o uso da informação que está presente também nos objetos. (SANTOS, 1997b, p. 
140). 
Lojkine (2002, p. 137) alerta “[...] a máquina informacional não substitui o 
homem - ao contrário, reclama a sua presença e a interatividade, ampliando e liberando 
não só a sua memória, mas também a sua imaginação criadora.” O sistema inteligente, 
exige a presença do sujeito no dispositivo, se opondo ao sistema técnico que substitui o 
humano. 
As diversas formas de automação e informatização ao mesmo tempo que funções 
humanas são substituídas, novas funções são demandadas seja na supervisão ou mesmo 
na manutenção. 
Ideias como as apresentadas por Milton Santos remetem a novas perspectivas em 
termos de análise do saber geográfico. Em extenso estudo, Buzai (1999) apresenta a sua 
“Geografia Global” situada, dentro da geografia, como um novo campo teórico e 
metodológico de aplicação generalizada. Esta caracterização pressupõe a utilização de 
conceitos e métodos sob ambiente computacional. (Buzai, 1999, p. 183; Buzai, 2000, p. 
25). 
Em outra passagem Buzai reafirma a importância da geotecnologia a serviço do 
homem, sugerindo que um novo paradigma amplia e modifica a capacidade dialética: 
 
Considerando una importante amplitud temática se pondrá el foco 
de atención en los efectos conjuntos que se producen entre el 
contexto sociocultural general y la Geografía de qué forma la 
teoria y metodología de la Geografía han sustentado el desarrollo 
geotecnológico y de qué manera la geotecnologia reinterpreta los 
conceptos geográficos incorporados a fin de brindar nuevas 
capacidades y posibilidades que llevan a uma nueva 
“cosmovisión”, como nuevo paradigma que modifica, enriquece y 
sustancialmente amplia la capacidad dialéctica entre el hombre y 
su entorno.(BUZAI, 2001, p.245). 
 
Compreender as mudanças na área territorial do município tem que considerar os 
atores envolvidos e a indissociabilidade no espaço e no tempo. Neste sentido, tanto o 
espaço quanto o tempo são fundamentais para compreender os processos de reprodução 
dos grupos sociais, das transformações das estratégias produtivas bem como do 
desenvolvimento técnico-científico-informacional presente na organização espacial. 
Milton Santos em seus estudos apresenta que: 
 
38 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
A verdade, porém, é que dificilmente se entenderá a lógica 
espacial das sociedades é preciso levar em conta o papel da 
ciência, da tecnologia e da informação. Pode-se falar de um modo 
geral, na tendência a que o meio geográfico se transforme em um 
meio técnico - científico. As atividades mais modernas, na cidade e 
no campo, passam a exigir adaptações do território, com a adição 
ao solo de acréscimo cada vez mais baseados nas formulações da 
ciência e na ajuda da técnica (SANTOS, 1997c, p. 73). 
 
Como a agricultura continua sendo uma das atividades importantes para o 
desenvolvimento de qualquer país, pois, é ela que de certa forma comanda a organização 
econômica da sociedade. E, de acordo com Prado Jr. (1981) foi devido a esta atividade 
que se assentou à ocupação e exploração da maior e da melhor parte do território 
brasileiro. Então, entende-se a necessidade de compreender os reflexos da evolução do 
conhecimento científico-produção, difusão e adoção sobre os sistemas sócio-produtivos 
presentes no espaço agrário e conseqüentemente o modo de organização e demarcação 
dos territórios nos municípios brasileiros. 
Para atender as demandas da contemporaneidade, sobremaneira, após a segunda 
guerra mundial e intensificada nas décadas de 1960 e 1970, com a revolução verde
6
, o 
território brasileiro passou por um longo processo de transformação da agricultura, com 
isso, foi possível identificar um novo período de inovações dos processos produtivos, 
conhecido como meio técnico científico e informacional, que é apresentado por Lévy: 
 
[...] como uma mudança técnica desestabiliza o antigo equilíbrio 
das forças e das representações, estratégias inéditas e alianças 
inusitadas tornam-se possíveis. Uma infinidade em proveito 
próprio (e em detrimento de outros agentes), até que uma nova 
situação se estabilize provisoriamente, com seus valores, suas 
morais e sua cultura locais. Neste sentido, a mudança técnica é 
uma das principais forças que intervém na dinâmica da ecologia 
transcendental. [...]. (LÉVY, 1993a, p. 16). 
 
Santos (2008b, p. 48) afirma que a percepção do tempo e a produção do espaço se 
dá pela técnica. “A técnica é tempo congelado e revela uma história”. Portanto,  as 
técnicas correspondem a um conjunto de meios instrumentais e sociais com os quais o 
homem realiza sua vida. No entanto, o seu uso sobre o espaço e a difusão das técnicas é 
seletiva. Em um mesmo espaço, coexistem “elementos técnicos provenientes de épocas 
                                                 
6
 A expressão Revolução Verde foi criada em 1966, em uma conferência em Washington. Surgiu com a 
finalidade de aumentar a produção agrícola através do desenvolvimento de pesquisas em sementes, 
fertilização do solo e utilização de tecnologia no campo que aumentassem a produtividade.  
39 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
diversas” (idem, p. 42) resultando numa não homogeneização do(s) espaço(s) e do(s) 
território(s). 
Conforme Santos, (1996c); Santos & Silveira, (2001a) as modernizações só podem 
ser entendidas na análise da totalidade do espaço, ou seja, no conjunto de intenções, de 
ações e dos sistemas de objetos socialmente construídos que se configuram em eventos. 
Esses eventos, por sua vez, são portadores de rupturas, construindo outro período 
histórico, período em que sistemas de ações e sistemas de objetos dão nova configuração 
ao território. 
A passagem do meio geográfico natural (pré-técnico), em que a natureza dominava 
sobre a ação humana para o meio técnico (da Idade Média à Idade Moderna, quando a 
dinâmica dos modos de produção altera o espaço, transformando-o e permitindo-lhe 
maior circulação e fluidez), até chegar ao meio técnico-científico informacional, que se 
dá a partir do pós-guerra, quando a ciência e a tecnologia, articuladas ao contexto 
capitalista globalizante, alteram profundamente territórios e culturas, mudando a natureza 
do espaço geográfico em suas diferentes escalas. 
É a intrínseca relação entre o conceito de circuito espacial produtivo e a ideia de 
movimento que, segundo Santos e Silveira, torna o emprego do termo extremamente 
importante na análise geográfica. Nas palavras dos autores: 
 
A divisão territorial do trabalho pode nos dar apenas uma visão mais ou 
menos estática do espaço de um país. [...]. Mas para entendermos o 
funcionamento do território é preciso captar o movimento, daí a proposta 
de abordagem que leva em conta os circuitos espaciais da produção. 
Estes são definidos pela circulação de bens e produtos e, por isso, 
oferecem uma visão dinâmica, apontando a maneira como os fluxos 
perpassam o território (SANTOS; SILVEIRA, 2001, p.143). 
 
Lévy realizando uma análise sobre as transformações que afetaram os países 
desenvolvidos constata-se que: 
 
[...] Dentre todas as transformações fundamentais que afetaram os países 
desenvolvidos na época atual, ressaltemos o desaparecimento do mundo 
agrícola, o apagamento da distinção cidade/campo e conseqüentemente 
surgimento de uma rede urbana onipresente, um novo imaginário do 
espaço e do tempo sob a influência dos meios de transporte rápidos e da 
organização industrial do trabalho, o deslocamento das atividades 
econômicas para o terciário e a influência cada vez mais direta da 
pesquisa científica sobre as atividades produtivas e os modos de vida. 
[...] (LÉVY, 1997b, p. 16-17). 
 
40 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Calder (1987), discorrendo sobre as fontes de energia entende que o 
aprimoramento das técnicas tem impulsionado o progresso das civilizações, e servido de 
base para as grandes revoluções que ocorreram no mundo. Todavia, como já mencionado 
anteriormente, foi a partir da Revolução Industrial inglesa nos séculos XVIII e XIX, com 
a expansão do conhecimento técnico que se passou a utilizar os recursos naturais para 
fins econômicos sem nenhuma preocupação com sua extinção no futuro. 
As revoluções técnicas intensificaram o desenvolvimento industrial, exigindo o 
aperfeiçoamento das técnicas de trabalho para aumento da produtividade, e acelerando o 
processo de produção e fabricação em série dos produtos industrializados que se fazem 
necessários ao crescimento econômico do país. 
A chamada interiorização que acontece sobretudo, no “Governo militar 
brasileiro”, o cerrado passa a ser “considerado como uma enorme área propicia para o 
desenvolvimento da agricultura moderna” (SANTOS, 2008c, p. 21). 
Ainda, como observa Santos: 
 
A redefinição e a reocupação dos cerrados brasileiros, a partir dos anos 
de 1970, são marcadas por projetos de “desenvolvimento” que 
destacaram a agricultura como fonte de divisas e de equilíbrio, na 
balança de pagamentos. Nesse processo, estão constantemente presentes, 
nos planos de desenvolvimento, preocupações em atrair capital 
estrangeiro. O objetivo desses projetos, para o Centro-Oeste, é 
modernizar a produção agrícola e atingir boa produtividade, no cerrado. 
As políticas governamentais, direcionadas ao cerrado, objetivavam 
transformar, radicalmente, as formas de ocupação dessas Terras. [...] 
(SANTOS, 2008d, p. 22). 
 
O meio informacional teve grande avanço no Brasil com a produção no campo, 
principalmente no cerrado, onde a produção sobressai com a agricultura de precisão 
apoiada nas técnicas. Isso aconteceu na década de 1990, principalmente no planalto dos 
Parecis, no Mato Grosso, onde agricultores trocavam pequenas áreas no Sul do Brasil 
para trabalharem em grandes áreas no Centro-Oeste brasileiro. A procura por Terras em 
áreas considerada de baixo custo, de topografia plana, favorável a mecanização encontra 
no cerrado a grande fronteira agrícola nacional. Essa expansão avança sem a preocupação 
com questões ambientais, tornando seu crescimento acelerado também ligado pela 
ausência de políticas públicas atinentes a essas questões.  
O mundo dos negócios não pode prescindir da tecnologia e, sobretudo, da 
informação. Os acontecimentos são transmitidos em tempo real, as pessoas valem pelo 
41 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
quanto tem de informação, para além do conhecimento, que exige maturação e 
elaboração, dependendo do fator tempo. A informação é aquela que pode fazer com que a 
bolsa de valores renda milhões, ou a falta dela, que se tenha o colapso econômico no 
planeta. Toda essa complexidade é nova, é o mundo em constante transformação e 
adaptação. A popularização da ciência tem sido interpretada também como um 
instrumento para tornar disponíveis conhecimentos e tecnologias que ajudem a melhorar 
a vida das pessoas e que dêem suporte a desenvolvimentos econômicos e sociais. 
É importante registrar que a modernização técnico-científico e informacional do 
território apresenta-se de forma seletiva e heterogênea no que diz respeito aos diferentes usos de 
mecanização automotrizes, insumos agrícolas, uso de tecnologia da informação, como os SIGs, 
GPS, sensoriamento remoto e agricultura de precisão. 
Tratando de território, Santos (1997b, p.139) chamou de “meio técnico-
cientifico”, isto é, “o momento histórico no qual a construção ou reconstrução do espaço 
se dará com um crescente conteúdo de ciência e de técnicas”. Neste sentido o mesmo 
autor conceitua o “meio técnico-científico-informacional”, que se superpõe ao meio 
técnico-científico, a partir da ocorrência de informatização do território. 
No dizer de Santos, o território se informatiza mais, e mais depressa, que a 
economia ou que a sociedade. Mesmo que em todos os espaços possa tudo se 
informatizar, mas no território esse fenômeno é ainda mais marcante na medida em que o 
trato do território supõe o uso da informação, que será presente também nos objetos. 
(SANTOS, 1997). O autor incorpora o termo informacional associado ao termo 
globalização. Apresenta que estamos transitando de uma sociedade industrial para uma 
sociedade informacional, pois, para ele, em que pese esta transição ainda não tenha se 
completado, é, contudo, uma tendência que se afirma a cada dia.  
De acordo com Lévy (2010c) as técnicas trazem consigo projetos, implicações 
sociais e culturais bastante variadas. Salientando que sua presença e uso em lugar e 
épocas determinadas fortificam relações de forças sempre diferentes entre seres humanos.  
Para Bauman (1999a, p. 21) “Dentre todos os fatores técnicos na modalidade, um 
papel particularmente importante foi desempenhado pelo transporte da informação – o 
tipo de comunicação que não envolve o movimento dos corpos físicos ou só o faz 
secundária e marginalmente”. O fenômeno da globalização apontado por Santos, trouxe 
consigo a informação instantânea do dizer de Bauman, técnica e informação que é 
disponível e imediata em todo o planeta. 
42 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Concordando com Ellul quando observa que a técnica no mundo moderno não 
mais repousa na tradição, em sentido estrito. 
 
[...] Tal fato, aliás, distingue profundamente a técnica atual da que podemos 
observar nas civilizações anteriores. É verdade que, em todas as civilizações, a 
técnica viveu como a tradição, quer dizer, por transmissão de processos 
herdados, lentamente amadurecidos, e modificados ainda mais lentamente; 
evoluindo sob a pressão das circunstancias ao mesmo tempo que todo o corpo 
social; criando automatismos, tornando-os hereditários, que progressivamente 
se integraram em cada nova forma da técnica. (ELLUL, 1968, p.13). 
 
Tratando de tecnologia e mudança na sociedade Rattner (1974, p.152-153) afirma 
que ela é útil como ferramenta, para atingir a um fim, “[...]se ampliarmos o conceito para 
abarcar a totalidade dos meios empregados por certo grupo ou sociedade em seus 
esforços de assegurar sua subsistência e reprodução, mudanças em tecnologias tornam-se 
equivalentes às mudanças culturais [...]”, continuando seu raciocínio diz que“ [...] os 
reflexos e repercussões podem afetar os hábitos, costumes e padrões de comportamento, 
como também a própria estrutura social e a distribuição do poder, pela riqueza e do 
prestígio dentro da sociedade.” 
Avanços na área tecnológica ocorrem cada vez mais rápido em todas as esferas da 
sociedade contemporânea e vêm proporcionando novas formas de produção, novos 
padrões de vida, isto é, uma profunda transformação na própria sociedade, denunciando 
urgentes necessidades para a compreensão de diversos fenômenos trazidos por estas 
transformações, e em especial, são os responsáveis por novas características na 
configuração espacial. 
Com o transcorrer da história humana, o espaço geográfico vem sendo construído 
e ganhando cada vez mais objetos artificiais - edificações, ruas e estradas, plantações, 
etc. Mas isso se deu muito lentamente até o surgimento da indústria. Desde então, o meio 
geográfico recebe grande quantidade de infra-estruturas, assunto que será adensado nos 
capítulos subsequentes, a constatar: fábricas, ferrovias, rodovias, telefonia, máquinas na 
agricultura, barragens e usinas hidrelétricas, etc. O meio geográfico tornou-se 
crescentemente artificial, transformando-se em meio técnico. 
No atual período do capitalismo, apresenta-se um novo meio geográfico, adaptado 
às exigências da economia globalizada. Incorporam-se crescentemente ao espaço 
geográfico, objetos que apresentam um conteúdo cada vez mais alto de ciência, técnica e 
informação. Esse novo meio geográfico é chamado de meio técnico-científico-
43 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
informacional e serve para dar suporte à aceleração do fluxo de capitais, mercadorias, 
informações e pessoas. 
O meio técnico-científico-informacional apareceu na área urbana e avança para o 
rural, incorporando a agricultura, a indústria e os serviços. Ele já está internacionalizado, 
e vale ressaltar que os fenômenos sociais, econômicos e culturais mais importantes não 
acontecem isoladamente, porque há uma interdependência entre os diversos lugares do 
planeta, a exemplo da globalização, como já discorrido anteriormente, e será aprofundado 
a seguir na discussão sobre a tecnosfera e a psicosfera no território.  
 
1.2. A Tecnosfera e a Psicosfera no Território. 
 
A tecnosfera é o conjunto de objetos fixos e de fluxos que permitem novas formas 
de organização social e novas noções de rapidez, fluidez, circulação de pessoas, idéias e 
mercadorias, alterando assim a psicosfera, ou seja, o conjunto de idéias, crenças, paixões 
e o lugar da produção dos sentidos, que, segundo Santos (1996a, p. 204), “também faz 
parte do meio ambiente, desse entorno da vida fornecendo regras à racionalidade ou 
estimulando o imaginário”. 
Ao analisar a modernização territorial mediada pelas articulações entre psicosfera 
e tecnosfera e entre sistemas de ações e sistemas de objetos, Santos acrescenta ainda a 
categoria “evento” para o entendimento da modernização.  De acordo com o autor, o 
evento se refere àquele acontecimento que identifica rupturas com idéias e ações. É uma 
ação conjuntural e estrutural do presente que interfere na configuração do território, 
sendo que esse, uma vez (re)construído, passa a orientar intenções e práticas futuras.  
O autor analisa a categoria “evento” como condição do presente, e, por isso 
mesmo, sugerimos que sua análise se aproxime do entendimento da secularização, 
principalmente no que se refere às intenções dos homens, mulheres, empresas e 
instituições em criar coisas e lógicas racionais na construção do espaço, por meio da 
tecnosfera e da psicosfera, sendo aspirações de construção do futuro. Nesse sentido, 
considera-se o planejamento territorial como modernização, um evento que se realiza a 
partir da tecnosfera (sistema dos objetos marcados pelo presente, constituindo um 
exemplo a configuração espacial das metrópoles como lugar de concentração das 
contradições entre riqueza e pobreza) e da psicosfera, como um conjunto de idéias a 
colocar em prática. 
44 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Assim, embora na década de 1990 não tenha havido, por parte do governo federal, 
ações explícitas de planejamento do espaço nacional, podemos considerar a política de 
qualificação profissional como política territorial. A noção de território aqui entendida 
aproxima-se das orientações de Milton Santos, principalmente do conceito de “território 
usado”, que se refere “não ao território em si mesmo, mas ao território usado, de modo a 
incluir os atores sociais” (Santos, 2000, p. 26). A inclusão de atores sociais prevê a 
inserção de todos os atores e não somente dos detentores do poder. E o espaço territorial 
é um espaço: 
[...] sujeito a transformações sucessivas, mas em qualquer momento os 
termos permanecem os mesmos: uma ou mais nações, um estado, um 
espaço. O que interessa discutir é, então, o território usado, sinônimo de 
espaço geográfico. E essa categoria, território usado, aponta para a 
necessidade de um esforço destinado a analisar sistematicamente a 
constituição do território. Como se trata de uma proposta totalmente 
empiricizável, segue-se daí o enriquecimento da teoria. (Santos; Silveira, 
2001, p. 20). 
 
A psicosfera, reino das ideias, crenças, paixões e lugar da produção de um sentido, 
também faz parte desse ambiente, desse entorno da vida, fornecendo regras à 
racionalidade ou estimulando o imaginário. 
 
Ao mesmo tempo em que se instala uma tecnosfera dependente da 
ciência e da tecnologia, cria-se, paralelamente, e com as mesmas bases, 
uma psicosfera. A tecnosfera se adapta aos mandamentos da produção e 
do intercâmbio, e, desse modo, freqüentemente traduz interesses 
distantes; desde, porém; que se instala, substituindo o meio natural ou o 
meio técnico que a precedeu, constitui um dado local, aderindo ao lugar 
como uma prótese [...].(SANTOS 1977b, p. 204). 
 
Santos (1996b) atenta para o fato que a técnica deve ser vista como um fenômeno 
técnico, uma totalidade. Essa mesma noção de técnica é observada por Ellul (1968b, p. 
87): “Não há, pois, nenhuma liberdade de escolha. Encontramo-nos, atualmente, na fase 
da evolução histórica de eliminação de tudo aquilo que não é técnico”.  
É determinante a visão da tecnosfera e da psicosfera que são locais, mas 
constituem o produto de uma sociedade bem mais ampla que o lugar.  Para Freire (1987, 
p. 152),“ação, política, tecnologias, são instrumentos de dinâmica humana capazes de 
atuarem sobre a natureza, aculturando-as, humanizando-a e até conformando-a ou 
adaptando-a a desígnos ou estilos nacionais de vivência, de convivência e de projeção 
sobre o futuro”. 
45 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
A inspiração da tecnosfera e psicosfera têm dimensões amplas e complexas, se 
analisarmos à luz do Brasil não teremos.a visão apenas da psicosfera, da região, do local, 
pois partindo da dimensão ampla também é possível a aproximação com a tecnosfera  e 
visualisar o fenômeno da globalização, em todas as suas faces em detrimento, sobretudo, 
do ser humano enquanto ser social, político, enfim na sua totalidade, com aspirações para 
além do capital, como pode ser observado a seguir nos estudos sobre a cartografia e as 
implicações da informação, da política e do poder. 
 
1.3. Informação, Política e Poder. 
 
O uso da cartografia como técnica de base ao uso da geotecnologia para coleta de 
dados gera informações no tempo e no espaço e é um instrumento de poder e decisão.  
Tratada dentro do campo da Geografia, Lacoste (1989, p. 37) “a geografia é 
claramente percebida como um saber estratégico e os mapas, assim como a 
documentação estatística, que dá uma representação precisa do país são reservados à 
minoria dirigente”. Usado com restrição por grupos sociais dominantes em várias 
sociedades a cartografia neste contexto está a serviço do poder. 
A partir da década de 1980 acontece um impulso na utilização da cartografia, 
acompanhando a informática e avanço no sensoriamento remoto, surgindo assim 
demanda por dados georreferenciados.
7
.A utilização de técnicas cartográficas desperta 
grande interesse às ciências sociais ao revelar possibilidades de controle espacial. Tem se 
desenvolvido com o objetivo de defender interesses políticos e econômicos, além do 
conhecimento sobre a superfície terrestre é uma ferramenta estratégica de gestão e 
ocupação do espaço. 
De acordo com Santos (2001, p. 252) “as formas geográficas, isto é, os objetos 
técnicos requeridos para otimizar uma produção, somente autorizam essa otimização ao 
preço do estabelecimento e da aplicação de normas jurídicas, financeiras e técnicas, 
adaptadas as necessidades do mercado”. Ainda salienta o autor que tais normas são 
criadas em diferentes níveis geográficos e políticos, mesmo assim as normas globais 
tendem a configurar as demais. 
                                                 
7
 Dados Georreferenciados descrevem fenômenos geográficos cuja localização está associad a a uma 
posição sobre/sob a superfície terrestre, com “pontos de controle”.  
46 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Sendo um instrumento de poder, os dados georreferenciados e atualizados geram 
eficácia e eficiência de grande valia para seus detentores, filtrando sua acessibilidade de 
acordo com seus respectivos interesses, independente de sua produção ser custeada por 
recursos privados ou públicos. 
Com a divulgação da tecnologia de geoprocessamento
8
 e com a proliferação do 
Sistema de Informação Geográfica – SIG, a cartografia digital corrobora com a coleta, 
integração, análise e compartilhamento de informações geoespaciais
9
 para tomada de 
decisão, legitimação e controle social sobre um determinado território. 
No acesso a dados cartográficos, observa-se mudanças por meio do uso das 
geotecnologias, como iniciativa de enfrentar problemas locais específicos na melhor 
relação custo benefício. Isto requer ainda apoio público baseado na consciência pública 
do potencial de aplicação das tecnologias espaciais. 
Segundo Raffestin (2011, p.52), “o território não é menos dispensável, uma vez 
que é a cena do poder e o lugar de todas as relações, mas sem a população, ele se resume 
a apenas uma potencialidade, um dado estático a organizar e integrar uma estratégia.”  
Com a divulgação da tecnologia de geoprocessamento e com a proliferação do 
SIG, o aparato tecnológico tem sido popularizado com ajuda da microinformática e ainda 
a cartografia digital vem sendo utilizada por novos atores com a finalidade de produzir 
informações de controle do espaço, bem como gestão do território.  
Tem se notado uma mudança significativa na utilização da cartografia por meio do 
uso das geotecnologias como ferramenta relevante que envolva domínio de território. Já a 
história da humanidade tem demonstrado que representar racionalmente o espaço é uma 
forma de sustentar o poder das classes dominantes. 
A importância desta mudança pode ser compreendida levando-se em conta que, 
como defende Harvey (2005, p. 35), “medidores do tempo e mapas precisos há muito 
valem seu peso em ouro, e o domínio dos espaços e tempos é um elemento crucial na 
busca do lucro”. O processo de mapear nunca foi ideologicamente neutro, sendo 
necessário – desde cedo na história da humanidade – representar racionalmente o espaço 
e o tempo de tal forma que pudessem sustentar o poder das classes dominantes. 
                                                 
8Fitz (2000), define geoprocessamento como a “busca e a realização de levantamentos, análises e 
cruzamentos de informações georreferenciadas visando a realização do planejamento, manejo e/ou 
gerenciamento de um espaço específico”.  
9
 Informações geoespaciais devem possuir atributos que identifiquem a sua origem, sua temporalidade, 
além da precisão e a acurácia do seu atributo geometria.  
47 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Santos (2006c), em A natureza do espaço, mostra que a técnica e a ciência 
facultam ao homem a capacidade de acompanhar o movimento da natureza, graças aos 
progressos da teledetecção e de outras técnicas de apreensão dos fenômenos que ocorrem 
na superfície da Terra. 
As fotografias por satélite retratam a face do planeta em intervalos regulares, 
permitindo apreciar, de modo ritmado, a evolução das situações e, em muitos casos, até 
mesmo imaginar a sucessão dos eventos em futuros períodos. Os radares meteorológicos, 
cada vez mais poderosos e precisos, são colaboradores fundamentais nessa tarefa, porque 
permitem que as previsões se realizem a intervalos ainda menores. Cientistas valem-se 
desses instrumentos de acompanhamento e previsão para aperfeiçoar o conhecimento das 
leis da natureza física, antever o respectivo comportamento e, de posse dessas 
informações, o alcance de uma implementação consequente das atividades econômicas e 
espaciais. 
A capacidade nacional de usar dados geoespaciais transformou-se em condição 
necessária para a tomada de decisões imprescindíveis à elaboração e realização dos 
planos de desenvolvimento pelo governo e pelas empresas privadas. Por outro lado, a 
questão não é apenas de medir o espaço “objetivamente”, como alerta Bauman (1999b, p. 
36) ao fazer uma reflexão histórico-ideológica sobre a “batalha dos mapas”, mas antes ter 
uma noção clara do que deve ser medido. 
A legibilidade do espaço se transformou num dos maiores desafios da batalha do 
Estado moderno e dos grandes capitais pela soberania de seus poderes, controlando o 
cenário no qual seus vários agentes devem atuar. Este processo modernizador travou uma 
constante guerra em nome da reorganização do espaço, que teve no direito de controlar o 
ofício de cartógrafo uma de suas principais batalhas: 
 
O objetivo esquivo da moderna guerra pelo espaço era a subordinação do 
espaço social a um e apenas um mapa oficialmente aprovado e apoiado 
pelo Estado – esforço conjugado com e apoiado pela desqualificação de 
todos os outros mapas ou interpretações alternativos de espaço, assim 
como com o desmantelamento ou desativamento de todas as instituições 
e esforços cartográficos além daqueles estabelecidos pelo Estado, 
licenciados ou financiados pelo Estado. A estrutura espacial que surgiria 
no final desta guerra pelo espaço deveria ser perfeitamente legítima para 
o poder estatal e seus agentes, ao mesmo tempo que absolutamente 
imune ao processamento semântico por seus usuários ou vítimas [...]. 
(BAUMAN, 1999 p. 38). 
 
48 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
A noção de que a técnica – e dentro dela a cartografia – é produzida e vivenciada 
em função de interesses distintos e que tendem ao conflito é tema considerável e, gera 
longo debate. 
Ao discutir a “sociedade tecnológica” ainda em meados do século XX, Ellul 
(1968) já argumentava que a política havia se tornado uma arena para os contenciosos 
entre as rivalidades técnicas num longo processo ideológico. Para Ellul o técnico vê a 
nação diferente do político: para o técnico, a nação nada mais é senão uma outra esfera à 
qual se aplicam instrumentos por ele desenvolvidos. Para Ellul (Ibidem, p. 415 - 416) A 
sociedade se massifica, o homem ainda não está adaptado plenamente a essa nova forma. 
As técnicas do homem têm por fim defender o homem. Mas a primeira defesa é que possa 
viver. Segundo o autor A técnica difunde a revolta de alguns e aplaca assim a sêde de 
milhões. (Ibidem, p.437). 
Nesse aspecto Pinto (2005, p. 158) numa perspectiva crítica e humana 
complementa a linha de raciocínio de Ellul ao afirmar que: 
 
[...] A técnica não só não pode ser pensada sem o homem, como não 
chegará nunca a dominá-lo, [...]. Na verdade, jamais escapa de seu 
poder. A aparência de razão excluída pela concepção alarmista decorre 
do fato real de haver grandes massas humanas espoliadas mediante o 
emprego de procedimentos, instituições ou equipamentos técnicos, mas 
não pela técnica enquanto tal, porque o autor da espoliação identifica-se 
sempre com um grupo ou classe social que se vale dos instrumentos 
técnicos para a satisfação de seus fins. [...]. 
 
O uso da técnica é de fundamental importância neste trabalho. Inclui aqui uma 
linha do tempo, a história da cartografia, a evolução e as técnicas atuais, com o olhar 
crítico e político de que a técnica deve estar a serviço do homem. 
 
1.4. A Evolução da Cartografia e um Instrumento do Poder sobre o 
Território. 
 
A arte de traçar mapas teve início na Grécia, no século VI a.C., a partir de suas 
expedições militares e de navegação foi criado pelos gregos o principal centro de 
conhecimento geográfico do mundo ocidental. 
O mais antigo mapa (figura 2) que se tem conhecimento foi confeccionado na Suméria, 
em uma pequena tábua de argila e representa um Estado. Trata-se de um tablete de argila 
cozida que contém a representação de duas cadeias de montanhas e, no centro delas, um 
49 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
rio, provavelmente o Eufrates. Não se sabe ao certo a sua idade. Calculam os estudiosos 
entre 2400 e 2200 anos antes da era cristã, havendo quem assegure que se origina de 
3800 anos, considerado um dos mapas mais antigos. (OLIVEIRA, 1993). 
 
Figura 2. Mapa de Ga-Sur, cidade ao Norte da Babilônia. 
 
 
 
Ainda conforme Oliveira (1993a), outro tipo de mapa bastante esquemático, 
executado por indígenas do Pacífico, mostra, por meio de hastes de coqueiros e conchas 
da praia, o movimento das ondas e o arquipélago. Ressalte-se que tais indígenas eram 
rigorosamente iletrados (figura 3). 
Para Raisz (1969a, p. 7), “a história dos mapas é mais antiga que a própria história 
isso se pensarmos na história como a documentação escrita sobre fatos passados. A 
confecção dos mapas precede a escrita”. 
Na pré-história a cartografia era usada para delimitar territórios de caça e pesca. 
Os povos primitivos que viviam como guerreiros e caçadores deviam mover-se 
continuamente, muitas vezes o conhecimento das direções e distâncias era questão de 
vida ou morte. 
A necessidade de traçar os itinerários, ainda com o homem primitivo, surge a 
partir do aperfeiçoamento de sua técnica de desenhar ao aguçar sua percepção 
imaginativa de cenas mais variadas do entorno que o cerca.  
50 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
 
Figura 3. Cartas dos indígenas das ilhas de Marshall. 
 
 
No Egito, desde os mais remotos tempos, conforme Heródoto
10
, o acontecer no 
vale do rio Nilo esteve dependente da abundância ou não do seu caudal. Esse 
comportamento histórico na organização social e política desse povo vinculado ao Nilo 
foram determinados pela conduta as águas, que condicionaram também o 
desenvolvimento da cartografia. Durante o tempo que dura a inundação não se navegava 
pela calha do rio mas sim pela planície. Essas inundações que eram periódicas cobriam os 
limites dos campos obrigando, para poder estabelecer ao limites anteriores , a anotar as 
parcelas de Terra em registros cadastrais. 
Segundo Raisz (1969b, p. 10), no Egito, “a medição do terreno começou 
indubitavelmente no grande império do Vale e Delta do Nilo”. Os enormes gastos dos 
faraós e dos sacerdotes eram cobertos principalmente com os impostos sobre as terras. 
Com fins tributários, as propriedades rurais foram medidas, demarcadas seus limites e 
registradas. 
Na Babilônia, os mapas do mundo eram impressos em madeira num disco liso, 
mas foram Eratosthenes de Cirene e Hiparco (século III a.C.) que construíram as bases da 
                                                 
10
 “Pai da história” viveu na Grécia por volta de 484-5 a 420 a.C. 
51 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
moderna cartografia com um globo como forma e um sistema de longitudes e latitudes. 
Ptolomeu desenhava os mapas em papel com o mundo dentro de um círculo, sendo 
imitado na maioria dos mapas feitos até a Idade Média. Foi só com a era dos 
descobrimentos que os dados coletados durante as viagens tornaram os mapas mais 
exatos. 
Os chineses deixaram marcas de grande valor histórico na cartografia oriental. 
Embora não muito divulgado, mantendo certa independência do ocidente. Sabe-se que 
mesmo antes da Europa destacar-se no campo da cartografia, a China já era bastante 
desenvolvida. Em muitos lugares da China foram encontrados documentos bastante 
antigos que comprovam a preocupação dos governantes em mapear riquezas naturais 
daquele país. 
Muitos dos mapas antigos tinham finalidades cadastrais, demarcatórias de 
fronteiras, como documentos burocráticos, planos para conservação das águas, meios 
para fixação de impostos, estratégia militar, reconstrução da Geografia, testemunhos de 
continuidade cultural comprovada pela presença de túmulos, instrumentos de 
adivinhação, predição astrológica de fenômenos celestes e até mesmo proteção contra 
forças sobrenaturais. 
A primeira referência que se fez na literatura chinesa a um mapa data de 227 a.C. 
Especialmente depois do invento do papel (100 anos d.C.) foram confeccionados mapas 
locais de toda a parte do império chinês. (RAISZc, 1969, p. 10). 
Os mapas chineses pertencentes à época primitiva, atingiram certo nível científico 
e princípios cartográficos, tais como: divisões retilíneas; quadriculas para localização dos 
diversos lugares; orientação para indicar a direção exata de um local a outro; indicação 
precisa das distâncias; indicação das altitudes; anotação dos ângulos à direita e à 
esquerda nas curvas das estradas. O emprego da quadrícula foi a origem da rede de 
paralelos e meridianos que os gregos utilizaram mais tarde. Os chineses consideravam a 
Terra como uma superfície plana, tendo a China por centro. 
Devido às diferentes rentabilidades proporcionadas pelas nações militarmente 
ocupadas, seja pela área produtiva, seja pelas atividades econômicas, os antigos romanos 
já usavam uma cartografia associada a um cadastro rudimentar para fins tributários no 
controle das vastas regiões imperiais desde o início da Era Cristã. 
O conhecimento cartográfico da época foi utilizado pelos césares para novas 
operações de conquista em que, muitas vezes, faziam-se descrições das áreas dominadas 
52 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
e devassadas (NASCIMENTO, 2003a). Pode-se dizer que começa então com o avanço 
técnico a utilização da cartografia para fins de dominação de grupos sociais  sobre 
territórios específicos. 
Na Idade Média, a bíblia foi uma fonte de inspiração para o mapeamento face ao 
interesse da Igreja em localizar os lugares mencionados, além do desejo de construir uma 
geografia que pudesse incluir o Éden (Black, 2005a). Os poderes econômico e religioso 
eram forças conjugadas e prevalecentes, de onde provinha o arcabouço ideológico da 
época. Aparece o conceito da Terra plana e circular, circundada de água. Assim, 
elaboram-se mapas circulares em motivos religiosos, tendo Jerusalém no centro do 
mundo, o Paraíso ao Norte e a salvação a Leste originando-se daí o termo “orientação”11. 
Além das produções cristãs européias, são também confeccionados mapas judeus da 
Terra Santa que datam do século XIII ao XV. 
Com o Império Mulçumano no século IX, ressurge um período de crescimento 
intelectual, parte da herança dos gregos assimilada pelos árabes. Os mapas tinham os 
pólos invertidos em relação aos atuais, tendo Meca no centro da projeção, posto que se 
para os europeus ela era uma referência mercantil, para os árabes, era uma referênci a 
religiosa (NASCIMENTO, 2003b). 
É importante observar que os mapas com o Norte acima do Sul hoje nos parecendo 
bastante familiar, somente se torna comum a partir do século XVI com a projeção 
cilíndrica de Mercator. Bem antes dela, nos anos 400, começou a produção cartográfica 
medieval, com os mapas macrobius, que chegou a produzir, mil anos depois, os mapas 
portulanos (figura 4), a partir das grandes descobertas ibéricas. 
Enquanto avanço tecnológico, a expansão islâmica, entretanto, representou um 
maior contato entre as culturas do Oriente e do Ocidente, destacando-se as aplicações de 
raciocínio lógico e o experimentalismo desenvolvidos pelos árabes, em especial para a 
Matemática (álgebra e trigonometria) – fundamentais para os avanços posteriores da 
cartografia ocidental. 
 
 
 
 
                                                 
11
 Para aprofundamento ver: NASCIMENTO, 2005a, p.25. 
53 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Figura 4. Cartas Portulanas. 
 
Organização do autor, dez./2013. 
 
Com a Baixa Idade Média (século XII ao XIV) e o declínio do sistema feudal há 
uma renovação da cartografia. Em 1095, o papa Urbano II conclama a cristandade para 
uma "guerra santa" com o objetivo de libertar as regiões sagradas para os cristãos que 
estavam sob o domínio dos "infiéis" muçulmanos. Esse fato aliado a outros interesses, 
como a cobiça européia de dominar estratégicas cidades do oriente e produtos orientais 
(especiarias) desencadearam o conhecido conflito entre o ocidente e o oriente que durou 
174 anos, as chamadas Cruzadas (um total de oito). Era preciso, então, mapear não 
apenas a relação espacial entre as cidades européias e as cidades santas, como também as 
possíveis rotas entre elas (daí o surgimento dos primeiros “mapas portulanos”)12. 
As Cruzadas promoveram profundas mudanças na sociedade européia, dentre as 
quais o impulsionamento do Renascimento comercial-urbano, sendo este acompanhado 
do fortalecimento de outras cidades, nascimento da burguesia, fortalecimento do poder 
real, mescla dos valores culturais ocidentais e orientais. 
                                                 
12
 Carta náutica, surgida nos fins da Idade Média, que descreve portos marítimos e costas, desenhada sobre 
papiro e caracterizada por teias que representam as linhas de rumo corresponden te às possíveis direções 
indicadas pela bússola. 
54 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Com o Renascimento Cultural e a Reforma Protestante do fim da Idade Média, a 
cartografia assume um novo posto na disputa de poder, associada aos grandes avanços 
científicos, em especial da geodésia e da astronomia, propiciará apoio decisivo às 
grandes expedições marítimas por novas rotas comerciais com o Oriente. 
Com a Reforma no século XVI e, principalmente com o surgimento da imprensa, o 
mapeamento de temas bíblicos tomou nova forma. “Os protestantes buscavam espalhar o 
conhecimento da bíblia, fazendo de sua impressão uma prioridade central e os mapas 
eram a maneira óbvia de comunicar a geografia bíblica e assim estabelecer e ilustrar sua  
verdade” (BLACK, 2005b, p. 36). 
No período da Renascença (1470-1700), surgiram as primeiras idéias sobre 
perspectivas gráficas desenvolvidas por Leonardo da Vinci e outros. Geraldo Mercator
13
 
(1512-1594) construiu globos terrestres e instrumentos, bem como elaborou mapas de 
grande importância para o desenvolvimento da técnica. Sua mais famosa contribuição às 
ciências geodésicas foi sua projeção cilíndrica sobre uma carta plana, embora 
apresentasse distorções, revolucionou a cartografia da época, A projeção de Mercator 
permitiu introduzir outro tipo de projeção muito utilizada em cartografia nos dias atuais a 
UTM, uma projeção cilíndrica transversa secante (figura 5). 
 
Figura 5 - Projeção Cilíndrica Transversa 
 
Organização do autor, dez./2013. 
 
                                                 
13Considerado “pai da cartografia Holandesa”, latinização do seu verdadeiro nome, Gerhard Kremer.  
55 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
As mudanças econômicas, culturais e tecnológicas ocorridas na Europa, a partir do 
século XV, tais como o desenvolvimento da metalurgia, o fabrico do papel e, 
principalmente, a explosão intelectual ocorrida com a Renascença possibilitaram o 
surgimento das primeiras imprensas e com elas, novos incentivos à evolução da 
cartografia. De fato, a invenção da imprensa foi fundamental para a popularização da 
cartografia, pois assim os mapas podiam ser produzidos mais rapidamente e distribuídos 
amplamente. Os produtores de mapas tinham mais mapas, e mapas mais recentes, aos 
quais podiam se referir quando estavam produzindo seus próprios mapas. 
A imprensa também propiciou um caráter comercial à produção cartográfica 
levando à propagação do mapeamento. Surgiram, assim, as primeiras oficinas de 
cartografia na Europa, dedicadas exclusivamente à produção de mapas e fora do aparato 
imperial. Eram oficinas particulares, cujos serviços podiam ser contratados tanto por 
governantes, como por comerciantes interessados em rotas comerciais ultramarinas. 
Ao final do século XVI, os mapas que demarcavam propriedades já estavam bem 
definidos e podiam ser usados nas disputas judiciais como substitutos dos levantamentos 
escritos. Como resultado deste processo surgiu a concepção histórica secular semelhante 
à moderna: sentido e progressão renascentista de eras históricas (indo do período 
clássico, passando pelo medieval e chegando ao moderno), como também o 
correspondente sentido protestante da Igreja (do mesmo modo, inicial medieval-
reformada). Essa maneira de ver a história fundamentou ou motivou o desejo de 
representar o passado de uma maneira cartográfica „objetiva‟ (BLACKc, 2005). 
Assim, os mapas inicialmente, pode-se dizer, “de sabedoria popular”14, resultado 
de “aptidão inata da humanidade”15, quando são ainda muito rudimentares, em diversas 
civilizações. A partir do desenvolvimento das forças produtivas, cruzadas, cidades 
comerciais, mercantilismo e do progresso técnico, percebem-se mudanças. Mapas passam 
a servir a interesses mais ambiciosos, tornando-se ferramentas de poder. Isto ocorre de 
forma não linear, como sugere a existência das oficinas de cartografia, posto que 
propiciaram uma certa popularização dos mapas, ensejando o surgimento de mapas 
históricos, dando clareza e precisão aos textos. 
                                                 
14
 Grifo do autor. 
15
 FERREIRA; SIMÕES, 1986, p. 30 in NASCIMENTO 2003, p.15. 
56 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Alguns autores europeus começaram, então, a escrever a história usando mapas a 
partir de meados do século XVII, relacionando tempo e lugar do passado como uma 
esfera independente e que poderia ser interrogada. Nesta época também mudou a noção 
de visão a partir dos avanços científicos empreendidos pelos holandeses, especialmente 
na ótica, o que ligou os pintores à cartografia holandesa na medida em que ambos 
tentavam a descrição física mais acurada da realidade. 
A confecção de um mapa normalmente começa a partir da redução da superfície 
da Terra em seu tamanho, faz-se a relação do real em mapas que figuram seu tamanho em 
pequena escala. O globo se apresenta como a única maneira de representação exata. A 
transformação de uma superfície esférica em uma superfície plana recebe a denominação 
de projeção cartográfica. 
Cartografia, portanto, é a arte e ciência de graficamente representar uma área 
geográfica em uma superfície plana como em um mapa ou gráfico. Sobre essa questão 
Oliveira (1993b, p.14) afirma que a cartografia “não é uma ciência nem uma arte, mas é, 
sem dúvida alguma um método científico que se destina a expressar fatos e fenômenos 
observados na superfície da Terra, e, por extensão, na de outros astros, como a Lua, 
Marte, etc., por meio de simbologia própria”.  
Para a Associação Cartográfica Internacional (1966)
 16
, a cartografia compreende 
“o conjunto dos estudos e das operações científicas, artísticas e técnicas que intervém a 
partir dos resultados de observação, em vista da elaboração e do estabelecimento de 
mapas, planos e outros modos de expressão, assim como de sua utilização”. 
As inovações trazidas pelo século XX entre elas destaque-se a invenção do avião 
em 1902, pelo brasileiro Alberto Santos Dumont que propiciou as condições do 
desenvolvimento da plataforma mais utilizada no transporte da câmera fotográfica para a 
tomada de fotografias aéreas verticais e oblíquas – fundamentais para a moderna 
cartografia. Poucos anos depois, em 1913, foram construídas câmeras fotográficas 
especiais para tomadas de vistas aéreas, popularizando o uso de avião na fotogrametria já 
na I Guerra Mundial. A guerra aumentou o interesse por mapas políticos e pelo 
mapeamento uma vez que leitores de jornais se tornaram mais familiarizados com 
campanhas e planos de batalha. 
                                                 
16
Associação Cartográfica Internacional, Comissão para a Formação de Cartógrafos; Reunião na 
UNESCO, Paris, abril de 1966. 
57 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Diminuição de custos operacionais nos levantamentos, rapidez no processo de 
geração de cartas e, essencial para a sua credibilidade, precisão e acurácia com controles 
matemáticos e cálculos de erros de posicionamento, compatíveis com a fotogrametria 
tradicional garantem uma fidelidade ao produto final, comparável às técnicas tradicionais 
da restituição aerofotogramétrica. 
Desse modo, o mercado de geotecnologias vem buscando outras formas de 
conquistar clientes com ciclo de geração mais rápido de produtos cartográficos, 
mantendo a qualidade técnica compatível com as onerosas e demoradas restituições 
aerofotogramétricas analógicas ou digitais. Isto inclui o fornecimento de imagens de 
satélite de alta resolução espacial e mapeamentos temáticos baseados em processamento 
digital de imagens orbitais, tanto para o setor público municipal (cadastro de áreas 
urbanas), como para o setor privado (agricultura de precisão, reflorestamentos para fins 
comerciais e mineração, dentre outras áreas). 
Esta evolução, entretanto, ainda tem sido assentada em altos custos financeiros 
para as regiões menos desenvolvidas, o que a torna restritiva para a maior parte da 
sociedade. O Estado, particularmente na escala local, assume assim um papel crucial para 
a dinâmica do mercado de geotecnologias, tornando-se um dos clientes mais cobiçados 
pelas empresas do setor. Como forma de conquistar esse segmento, as empresas 
desenvolvem soluções que tornam a ferramenta ainda mais atraente para o gestor público 
local, dentre as quais modelos focados na elevação da arrecadação de impostos. 
Dessa forma, gestores públicos encontram justificativa convincente para o elevado 
investimento que precisa ser realizado para a aquisição do serviço. Trata-se assim de um 
mercado em que os altos custos envolvidos requerem a participação do Estado para poder 
se realizar, especialmente em países e regiões menos desenvolvidos. 
Entretanto, as geotecnologias em si não estão resumidas a tais ferramentas de 
custos vultosos. Com a popularização da microinformática, especialmente a partir da 
década de 1980, associada a programas computacionais cada vez mais sofisticados para a 
área de mapeamento temático, além de equipamentos (microcomputadores, impressoras, 
plotters, scanners e receptores GPS, dentre outros) cujos preços passam a ser acessíveis 
para número maior de usuários das chamadas geotecnologias. A produção geotecnológica 
hoje pode chegar a grupos sociais outrora inimagináveis. De fato, até bem recentemente, 
apenas os atores sociais economicamente mais fortes e politicamente mais poderosos 
podiam usufruir o privilégio da produção cartográfica. 
58 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
O progresso técnico, mesmo motivado pela produção de riqueza capitalista, gerou 
ferramentas de cartografia que podem ser manipuladas em microcomputadores cuja 
difusão ampla e, muitas vezes livre por meio da internet, têm contraditoriamente 
proporcionado oportunidades relevantes para que grupos sociais historicamente mais 
frágeis consigam produzir conhecimento sobre sua existência, cultura e território. Neste 
sentido, vem permitindo construir novas perspectivas de poder para esses grupos sociais. 
Em contrapartida, comunidades como as acima mencionadas são mais que simples 
objeto da cartografia produzida por outros, pois estão produzindo cartografia a partir de 
seus próprios interesses, por vezes até participando de coleta de dados cartográficos com 
os novos instrumentos disponíveis, como o GPS, ou o sítio Google Earth. Hoje há várias 
fontes disponíveis a baixo custo, em comparação com o enorme aparato técnico, logístico 
e financeiro. 
Não podemos negar que tudo está ligado em grandes estratégias comerciais 
globais, mesmo para aqueles dados “gratuitamente” disponibilizados. Se a cartografia 
sempre foi um instrumento de poder, ela hoje cumpre perfeitamente seu papel no mundo 
globalizado. Mas efeitos não esperados da evolução das tecnologias têm viabilizado sua 
utilização de formas não antecipadas pelo mercado, proporcionando utilizações bem 
distintas da simples geração e apropriação privada de riqueza por poucos agentes 
econômicos. 
 
1.5. Sensoriamento Remoto: Técnicas e Aplicações 
 
De acordo com Rosa (2009a, p. 13), embora as técnicas de sensoriamento remoto 
datem de 1859 com a descoberta do processo fotográfico, só por volta da década de 1970 
foram incorporado à linguagem científica. As técnicas foram amplamente utilizadas 
durante a primeira e segunda guerras no planejamento de missões com fins militares. 
Com destaque apenas para fotografias aéreas obtidas à média e baixa altitude.  
Segundo Moreira (2004, p. 160), os satélites de telecomunicações são utilzados 
para a transmissão mundial de informações telefônicas e televisivas. Sendo estes os 
primeiros a serem colocados em órbita e são hoje os mais sólidos em se tratando de uso 
comercial do espaço. 
O uso de satélites para obter dados dos recursos naturais da Terra, teve início na 
década de 1970, conforme apontou Rosa (2009b, p. 13), quando o homem colocou em 
59 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
órbita o primeiro satélite capaz de registrar informações sobre a superfície do planeta. 
Surge então uma nova era para o conhecimento e o entendimento das reais dimensões e 
de seus recursos naturais renováveis e não-renováveis. 
Para Novo (1989a, p. 10), ao definir o sensoriamento remoto como sendo a 
tecnologia que permite a aquisição de informações sobre objetos sem contato físico entre 
eles, reconhece-a como muito ampla. Ligando o desenvolvimento vinculado ao avanço da 
astronomia, o termo, sensoriamento remoto, é associado à aquisição de medidas nas quais 
o ser humano não é parte essencial do processo de detecção e registro de dados.  
Os princípios físicos do sensoriamento remoto, de acordo com Rosa (2009c, p. 
17), devem ser destacadas em duas fases, a aquisição de dados, que compreende os 
processos de detecção e registro de informações, outra fase ligada a utilização/análise dos 
dados relacionados ao tratamento e a extração de informações dos dados coletados. Para 
a coleta dos dados a distância da Terra, o sensor deve estar acoplados a plataformas 
(aviões, satélites, etc.). Para Novo (1989b, p. 52), um sistema sensor pode ser definido 
como qualquer equipamento capaz de transformar alguma forma de energia em um sinal 
passível de ser convertido em informação sobre o ambiente.  
Ainda de acordo com Novo (1989c, p. 52), os sistemas sensores podem ser 
classificados quanto a fonte de energia em sensores passivos que detectam a radiação 
solar refletida ou a radiação emitida pelos objetos da superfície. Dependem, portanto, de 
uma fonte de radiação externa para que possam operar. Os sistemas fotográficos são 
exemplo de sistemas sensores passivo. Os sensores ativos são aqueles que produzem sua 
própria radiação. Os radares são exemplo de sistema ativo, uma vez que produzem a 
energia radiante que irá interagir com os objetos da superfície.  
Os sistemas sensores podem ser também classificados em função da região do 
espectro em que operam. Desta maneira podemos encontrar sensores que operam na 
região óptica do espectro e que se caracterizam pela utilização dos componentes ópticos.  
Quanto a resoluções, Rosa (2009d, p. 58) identifica quatro domínios tais como: 
resolução temporal, que compreende a repetividade que o sistema sensor possui na 
obtenção de dados dos alvos; resolução radiométrica que está relacionada a capacidade 
de um sistema sensor em detectar e registrar diferenças de reflectânciae/ou emitância dos 
elementos da paisagem; resolução espectral que se refere a caracterização dos alvos em 
função da largura. (figura 6). 
 
60 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Figura 6. Sensor TM - Satélite Landsat. 
 
Adaptação do autor, dez./2013. 
 
De acordo com Crósta (1992, p. 12), o processamento digital de imagens de 
sensoriamento remoto trata especificamente das técnicas utilizadas para identificar, 
extrair, condensar e realçar a informação de interesse para determinados fins, a partir 
muitos dados que usualmente compõem essas imagens. 
Câmara, Davis e Monteiro demonstram que as características importantes de 
imagens de satélite são: 
 
O número e a largura de bandas do espectro eletromagnético 
imageadas (resolução espectral), a menor área da superfície 
terrestre observada instantaneamente por cada sensor (resolução 
espacial), o nível de quantização registrado pelo sistema sensor 
(resolução) radiométrica) e o intervalo entre duas passagens do 
satélite pelo mesmo ponto (resolução temporal). (CÂMARA, 
DAVIS e MONTEIRO, 2001a, p. 17). 
 
Classificação de imagens digitais de satélite é o processo de assinalar pixels às 
classes. Usualmente, cada pixel é tratado como uma unidade individual composta de 
valores em várias bandas espectrais. Pela comparação de um pixel a outros pixels de 
identidade conhecida, é possível agrupar aqueles cujas reflectâncias espectrais são 
semelhantes em classes mais ou menos homogêneas. Estas classes formam regiões sobre 
um mapa ou imagem de forma que, após a classificação, a imagem digital seja 
61 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
apresentada como um mosaico de parcelas uniformes, em que cada uma é identificada 
por uma cor ou símbolo. 
O uso das geotecnologias tem contribuído para estudos das mais diferentes áreas, 
oferecendo assim diversas informações. No entanto, essas informações podem ser 
trabalhadas de maneira mais ágil e precisa, contribuindo para os avanços das pesquisas 
como planejamento, gestão, manejo, entre outros aspectos ligados à estrutura do espaço 
geográfico. 
A partir das décadas de 1950 e 1960, surge a necessidade de sistematização de 
grandes quantidades de dados, cada vez maiores e mais variados , denominando-se de 
SIGs. Esses sistemas de informações começam a ser aprimorados, revelando-se como 
importante instrumento para os planejadores e profissionais que realizavam trabalhos 
com informações referenciadas. 
A evolução das geotecnologias como geoprocessamento, Sistema de Informações 
Geográficas - SIGs, sensoriamento remoto, cartografia digital foi de suma importância 
para a geografia, porquanto o seu uso torna-se essencial, especialmente para os geógrafos 
que podem aprimorar e obter bons resultados em seus trabalhos.  
Desde a última década do século XX muitas aplicações na Internet foram 
desenvolvidas utilizando-se de ferramentas para a publicação on line de mapas e dados 
georreferenciados para os mais diversos objetivos e sob as mais diversas formas e 
tecnologias. Os mapas digitalizados invadiram não só áreas ligadas a planejamento, meio 
ambiente e segurança, mas também setores mercadológicos, além de outros nichos de 
atuação, como por exemplo: Os softwares de Geographic Information System – GIS 
geram um impacto visual capaz de chamar a atenção de profissionais de várias áreas e as 
empresas, públicas e privadas, interessadas em atrair clientes, estão rapidamente aderindo 
ao sistema. Hoje se verifica que há uma indiscutível tendência para a integração das 
geotecnologias para o ambiente da rede mundial proporcionada pela internet. 
As demandas em conhecer e pesquisar o espaço geográfico, e a necessidade de 
aprimoramento das técnicas na atualidade exigem a detenção da informação e uso de 
novas tecnologias. Nesse sentido, o avanço dos SIGs torna-se conjunto de 
geotecnologias, destinados a coleta e tratamento de informações espaciais denominados 
de geoprocessamento. 
Dentre as geotecnologias estão os Sistema de Informações Geográficas - SIGs, 
cartografia digital, sensoriamento remoto por satélites, Global Positioning System-GPS, 
62 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
aerofotogrametria, geodésia, topografia convencional e outros. Nestes termos o 
geoprocessamento pode ser definido: 
 
[...] como sendo o conjunto de tecnologias destinadas a coleta e 
tratamento de informações espaciais, assim como o desenvolvimento de 
novos sistemas e aplicações, com diferentes níveis de sofisticação. Em 
linhas gerais o termo geoprocessamento pode ser aplicado a 
profissionais que trabalham com processamento digital de imagens, 
cartografia digital e sistemas de informação geográfica. Embora essas 
atividades sejam diferentes elas estão intimamente interrelacionadas, 
usando na maioria das vezes as mesmas características de hardware, 
porém software distinto. (ROSA; BRITO, 1996, p. 7). 
 
O geoprocessamento como processamento informatizado de dados 
georreferenciados é uma ferramenta .a serviço de várias áreas do conhecimento. De 
acordo com Câmara, Davis e Monteiro: 
 
O termo Geoprocessamento denota a disciplina do conhecimento que 
utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da 
informação geográfica e que vem influenciando de maneira crescente as 
áreas de Cartografia, Análise de Recursos Naturais, Transportes, 
Comunicações, Energia e Planejamento Urbano e Regional. As 
ferramentas computacionais para Geoprocessamento, chamadas de 
Sistemas de Informação Geográfica (GIS1), permitem realizar análises 
complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de 
dados geo-referenciados. (CÂMARA, DAVIS e MONTEIRO, 2001b, 
p.18). 
 
Segundo Rosa e Brito (1996), o SIG é uma das tecnologias que está inserida no 
conceito mais amplo de geoprocessamento, o qual envolve um conjunto de tecnologias 
formado pelos SIGs, cartografia digital, pelo processamento digital de imagem e pelos 
bancos de dados. 
Ressalte-se que a base de dados reúne vários arquivos que podem se 
complementar e nunca a repetição das informações. Para sua eficiência, depende 
necessariamente da centralização e sistematização dos dados. Assim, um ambiente SIG 
precisa da integração das bases de dados de diversas fontes. Imprescindivel é o banco de 
dados sistematizados e georreferenciados.  
Câmara, Davis e Monteiro citam os principais SIGs, desenvolvidos no Brasil, os 
quais apresentamos no quadro 1: 
 
63 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Quadro 1 - Principais Sistemas de Informações Geográfias Desenvolvidas no Brasil. 
Nome do 
SIGs e 
responsável 
Características principais 
 
SAGA – 
UFRJ 
SAGA (Sistema de Análise Geo-Ambiental), desenvolvido Laboratório 
de Geoprocessamento do Departamento de Geografia da UFRJ, sob a 
orientação do professor Jorge Xavier, possui capacidade de análise 
geográfica e vem sendo utilizado com sucesso com veículo de estudos e 
pesquisas. 
MaxiDATA 
AEROSUL 
Setor de informática da empresa de aerolevantamento AeroSul criou, 
nos anos 80, um sistema para automatizar os processos cartográficos, 
constituindo ou em parceria com empresa MaxiDATA, lançando o 
MaxiCAD, software largamente utilizado no Brasil, principalmente em 
aplicações de mapeamento por computador. Recentemente, lançaram o  
DBMapa que permiti a junção de bancos de dados relacionais a 
arquivos gráficos MaxiCAD, produzindo uma solução para "desktop 
mapping" para aplicações cadastrais. 
SAGRE 
TELEBRÁS 
Sistema Automatizado de Gerência da Rede Externa (SAGRE), 
desenvolvido pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da 
Telecomunicações Brasileiras S.A –TELEBRÁS, iniciado em 1990, é 
construído por uma base de ambiente de um SIG (VISION) com um 
banco de dados cliente-servidor (ORACLE), possui um significativo 
desenvolvimento e personalização de software. É um exemplo de 
aplicação do geoprocessamento no setor de telefonia.  
SITIM/SGI 
INPE 
Em 1984, o Instituto Nacional de Pesquisas Espacias - INPE 
estabeleceu um grupo específico para o desenvolvimento de tecnologia 
de geoprocessamento e sensoriamento remoto. De 1984 a 1990 a 
Divisão de Processamento de Imagens -DPI desenvolveu o Sistema de 
Tratamento de Imagens - SITIM e o Sistema de Informações 
Geográficas - SIG, para ambiente PC/DOS. Foi um suporte de grande 
relevância para importantes pesquisas ambientais, como por exemplo, o 
levantamento dos remanescentes da mata atlântica brasileira, 
cartografia fito-ecológica de Fernando de Noronha, mapeamento das 
áreas de risco para plantio para toda a egião sul do Brasil, entre outros. 
SPRING  
INPE 
Em 1991, o Instituto Nacional de Pesquisas Espacias-INPE desenvolve 
o Sistema para Processamento de Informações Geográficas-SPRING, é 
um software, que comporta um banco de dados geográficos de segunda 
geração para ambientes UNIX e Windows com as seguintes 
características: Opera como um banco de dados geográfico sem 
fronteiras e suporta grande volume de dados (sem limitações de escala, 
projeção e fuso), mantendo a identidade dos objetos geográficos ao 
longo de todo banco; administra tanto dados vetoriais como dados 
matriciais (“raster”), e realiza a integração de dados de sensoriamento 
remoto em um SIG, opção altamente atrativa na área de 
geoprocessamento, pois passa a ser considerado um software de 
domínio público, podendo ser adquirido pela Internet 
(“http://www.dpi.inpe.br/spring”), bastando se cadastrar no sítio do 
INPE 
64 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
1.6. Aplicações do Geoprocessamento. 
 
É notório que o geoprocessamento possui uma aplicação interdisciplinar, não 
sendo apenas aplicado nos estudos da ciência geográfica, mas também em outras 
disciplinas para estudos de fenômenos ambientais e urbanos, outra característica 
importante é o baixo custo quanto as vastas informações que poderemos obter com o 
geoprocessamento. 
O Geoprocessamentos pode ser aplicado em diversas áreas:  
- Planejamento Regional e Planejamento Urbano - grande quantidade de dados 
(cadastros técnicos multifinalitários), projetos de bairros, distritos, gestão municipal, 
controle da expansão urbana, IPTU e outros. 
- Saúde Pública - mapear áreas de endemias, agindo diretamente nos locais onde 
ocorrem, doenças comuns x paciente, entre outros. 
- Sistemas de navegações – controle de trafego aéreo, dados de navegação interna, cartas 
náuticas, rotas, estruturas de rota e outros;  
- Modelos de simulação de Redes - em estradas, hidrovias, rotas (distribuição e coleta), 
água, energia elétrica, esgoto, e outros. 
- Identificação de recursos minerais - avaliação de recursos minerais e exploração 
mineral; 
- Análise e visualização de dados - acesso e visualização de mapas, união e integração 
de banco de dados, mapas e imagens; 
- Mapas de terreno - Topográfico modelo numérico de terreno (MDT) declividade, 
geomorfologia, geologia, pedologia e outros; 
- Mapeamento temático - socioeconômico, demográfico, uso da Terra, evolução urbana, 
entre outros; 
- Planejamento Estratégico de Negócios - mapeamento de fatores críticos do sucesso de 
um negócio em que se consideram onde estão os clientes, onde estão os fornecedores, 
onde estão os concorrentes, entre outros, de forma a permitir às empresas agirem e 
decidirem com informações muito mais precisas sobre seus negócios, originando assim 
os estudos de geografia de mercado. 
- Planejamento Rural - são várias as aplicações das geotecnologias para a agricultura. O 
uso de imagens de satélites e softwares específicos permitem monitorar e prever safras; 
esse domínio de informações permite o planejamento e uso do solo, gestão de bacias 
65 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
hidrográficas e tratamento de curvas de nível para plantio e detecção de praga, estudos de 
áreas agriculturáveis, controle da produção e gastos, informações das culturas em 
produções. 
- Agricultura de Precisão - que consiste em fazer uso de equipamentos GPS e sistemas 
GIS permitindo o tratamento e análise de dados coletados no campo.  
- Estudos Ambientais – planejamento ambiental, gerenciamento controle de atividades 
em espaços naturais protegidos, monitoramento dos recursos naturais renováveis, 
monitorar o desmatamento, queimadas, erosão, áreas que necessitem de proteção 
ambiental, utilizando as imagens de satélites e radares, inventário florestal com 
gerenciamento e levantamento de solos florestais e outros. 
A geotecnologia é de fundamental importância nos estudos ambientais, podendo 
compreender as transformações em uma escala espaço/temporal, pois permite 
monitoramento das atividades, dando suporte para o planejamento e detecção de 
mudanças ocorridas na área em estudo. Os avanços tecnológicos permitem que os 
mapeamentos sejam feitos com maior qualidade, precisão cartográfica e maior detalhes, 
em um curto espaço de tempo. 
O geoprocessamento aplicados em diversas áreas, necessita da organização de 
dados em sistemas de bancos inter-relacionados, que permitam o cruzamento desses 
dados. A facilidade de consulta para fins variados, e a atualidade e confiabilidade dos 
mesmos, é a grande perspectiva da administração municipal. Esses bancos de dados, 
fazendo parte de um sistema integrado como o Cadastro Técnico Multifinalitário ou não, 
se dividem normalmente em dois grandes grupos que são: bancos de dados gráficos 
(cartas, gráficos, símbolos) e bancos de dados alfa-numéricos (textos descritivos, tabelas, 
quadros, listas). 
A análise de dados é um procedimento de entendimento de determinada 
problemática que Conforme Ferrari (1991),“Análise é a transformação dos dados brutos, 
oriundos da pesquisa, em tabelas, quadros, gráficos, curvas, etc. de modo que estes 
passem a representar seus problemas em seus múltiplos aspectos”.  
Em última instância a natureza do geoprocessamento devido a sua amplitude, pode 
proporcionar sobretudo a tomada de decisões acertadas, com os dados georreferenciados. 
 
 ________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
CAPÍTULO2 
________________________________________________________________________ 
 
 
Foto: Silva, dez/2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A corporatização do território, com a destinação prioritária de 
recursos para atender às necessidades geográficas das grandes 
empresas, acaba por afetar toda a sociedade, já que desse modo a 
despesa pública ganha um perfil largamente desfavorável à 
solução de problemas sociais e locais.” 
 
 
 
 
Milton Santos (2001, p. 336)
67 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
 
Neste capítulo dedicado aos procedimentos metodológicos apresenta-se 
essencialmente três momentos a constatar: o levantamento bibliográfico e de dados 
cartográficos existentes da área do Município de Porto Nacional seguida do trabalho de 
campo e do trabalho de laboratório. 
Entender a dinâmica da organização espacial diante de um mundo globalizado, 
impulsionado pelas evoluções técnico-científicas e informacionais configuram os 
objetivos desta tese. Os chamados espaços inteligentes imersos em um meio técnico, 
científico e informacional ganham destaque na busca pela percepção do espaço 
contemporâneo. Onde se estruturam? Onde surgem? Quem controla? São algumas 
interrogações que foram respondidas. Dentre várias respostas possíveis, apresentamos 
uma proposta de entendimento da configuração do urbano e o rural com o uso das 
tecnologias, espaços específicos, destinados à produção e à demanda tecnológica. 
 
2.1. Localização e Caracterização da Área de Estudo. 
 
A área de estudo abrange o município de Porto Nacional no Estado do Tocantins. 
Sua situação geográfica compreende entre os paralelos 09º 59‟ 21" e 11º 06‟ 31" de 
latitude Sul e os meridianos 48º 07‟ 54" a 48º 52‟ 07" de longitude Oeste de Greenwich , 
com uma área de 4.449,89 km² representando 1.60% do Estado; a população total do 
Município era de 44.991 de habitantes, de acordo com o Censo Demográfico do IBGE 
(2010). 
Situado na parte central do Estado do Tocantins, faz parte da microrregião 
homogênea de Porto Nacional, onde abrange os Municípios de Brejinho de Nazaré; 
Silvanópolis; Monte do Carmo; Porto Nacional; Palmas; Aparecida do Rio Negro; 
Lajeado; Tocantínia; Pedro Afonso; Bom Jesus do Tocantins e Santa Maria do Tocantins, 
conforme divisão regional do IBGE em 1989. O acesso é possibilitado partindo de 
Palmas, capital do Estado, pela TO-050, em direção Sul, da qual a sede do Município 
dista 65 km. Faz seus limites com os municípios, ao Norte, Miracema do Tocantins, ao 
Sul, Ipueiras e Silvanópolis, a Leste, Palmas e Monte do Carmo, a Oeste, Paraíso do 
Tocantins, Pugmil, Nova Rosalândia, Oliveira de Fátima, Fátima e Brejinho de Nazaré. 
(figura 7). 
68 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
 
69 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Fundado no início do século XIX, Porto Nacional esteve diretamente ligado 
histórica e culturalmente ao Rio Tocantins. Ao longo do século XIX e XX, a principal via 
de acesso era o Rio Tocantins. Embarcações navegavam pelo Rio Tocantins 
transportando mercadorias entre Porto Nacional e Belém no Pará. Na década de 1970, 
com a construção da BR-153, o fluxo de pessoas e mercadorias passou a ser por via 
terrestre. Foi uma das principais cidades do então Norte goiano, antes da divisão do 
Estado de Goiás. 
O município teve a base econômica ancorada no turismo com as praias ao longo do 
rio. Com a construção da Usina Hidroelétrica Luis Eduardo Magalhães, na cidade de 
Lajeado, o município passou a sofrer a influência do lago. A divisão administrativa é 
composta pela sede municipal, a cidade de Porto Nacional, e pelos distritos de 
Pinheirópolis e Luzimangues. 
Os aspectos geológicos, de acordo com Montalvão et al. (1981a), mostram que a 
área do município de Porto Nacional está embasada pelo complexo goiano, sobreposto 
pela Formação Pimenteiras, que aparece às margens esquerda do Rio Tocantins, 
sequenciada por cobertura sedimentar tércio-quaternário. 
O complexo goiano constitui uma faixa de direção aproximadamente de N-S. 
Acredita-se que existem unidades formadas em épocas distintas, que vão do pré-
cambriano inferior ao superior, e quando forma relevo montanhoso encontra-se capeado 
por sedimentos paleozóicos da Bacia do Parnaíba. Também ocorre extenso lajeiro de 
rocha de composição granodiorítica, de granulação grosseira, tendo como principal 
característica a presença de grandes cristais de álcalifeldspato retangulares.  
A Formação Pimenteiras ocorre de forma contínua, sendo a unidade 
litoestratigráfica mais expressiva da Bacia do Parnaíba, data da era paleozóica, período 
devoniano, sendo representada pela litologia de siltitos, siltitos foliáceos ferruginosos, 
subordinados a folhelhos escuros. 
A cobertura sedimentar tércio-quaternária está representada pelos sedimentos 
areno-argilosos, predominantemente inconsolidados e parcialmente laterizados, de 
granulação média a fina. Registra a ocorrência de cangas lateríticas, além dos siltitos, 
arenitos finos e grosseiros. “Suas origens estão relacionadas aos  processos de 
Pediplanação terciário-quaternários, provavelmente provenientes dos arqueamentos „pós-
cretácicos‟ do embasamento cristalino”.(BARBOSA et alii, 1966 apud MONTALVÃO et 
al., 1981b, p.143). (figura 8). 
70 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
 
71 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
A figura 8 Mapa Geológico do Município de Porto Nacional, TO, apresenta 
os conjuntos litológicos representado pelos depósitos sedimentares inconsolidados e o 
embasamento em estilos complexos e ainda o conjunto geotônico, aqui representado 
pelas faixas orogênicas. Os dados são obtidos do SEPLAN – TO/ DEZ (2012), neste 
estudo considerado mapa geológico do Município. 
Conforme Mamede, Ross e Santos (1981), o município de Porto Nacional está 
inserido nas unidades geomorfológicas de planalto residual do Tocantins e depressão do 
Tocantins. A unidade planalto residual do Tocantins gerou formas estruturais tabulares e 
dissecadas ao sofrer diferentes tipos de erosão. Este planalto está representado por dois 
compartimentos do relevo: a Serra Malhada Alta ou das Cordilheiras à Oeste e as serras 
Santo Antônio, João Damião, São Roque e do Saco, estas últimas situadas na parte Sul. 
A serra Malhada Alta ou das Cordilheiras, representada por relevo residual, acha-
se separada do bloco principal (Serra do Lageado e do Carmo) pelo Rio Tocantins e sua 
respectiva depressão. Constitui uma superfície aplainada, de topo parcial ou totalmente 
coincidente com a estrutura geológica, limitada por escarpas e retrabalhada por processos 
de pediplanação. A litologia está relacionada aos arenitos devonianos repousantes 
diretamente sobre as rochas de dissecação aguçadas, constituindo relevo de topo contínuo 
e aguçado, com diferentes ordens de grandeza e de aprofundamento de drenagem 
separados geralmente por vales em forma de “V”, apresentando dissecação muito fraca a 
fraca. 
A unidade depressão do Tocantins apresenta como forma erosiva uma superfície 
pediplanada elaborada por processos de pediplanação, cortando litologias pré-cambrianas 
do complexo goiano e devonianas da bacia do Parnaíba. Representa o amplo vale do Rio 
Tocantins a 200-300m de altitude. (figura 9). 
Na figura 9 Mapa Geomorfológico do município de Porto Nacional – TO, 
apresenta as unidades geomorfológicas formados por depressão, planaltos e serras. Os 
dados foram obtidos da SEPLAN – TO/ DEZ (2012), neste estudo considerado mapa 
geomorfológico do Município. 
A rede de drenagem no município é composta por rio e córregos afluentes da bacia 
hidrográfica do Rio Tocantins, onde a área do município é seccionada de Sul para Norte. 
(figura 10), ver também anexo A. 
 
 
72 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
73 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
 
 
74 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Oliveira, Souza e Vieira (1981) descrevem que no município de Porto Nacional os 
solos encontrados são os latossolos vermelho-amarelo distrófico e mostram-se bastante 
representativos, acentuadamente drenados, com características concrecionárias, textura 
argilosa, ocorrendo em relevo suave ondulado, associado a solos concrecionários 
distróficos indiscriminados com argila de baixa atividade, apresentando textura média, 
ocorrendo em relevo suave ondulado e ondulado. Incluem-se, também, os latossolos 
vermelho-escuro distrófico, concrecionário, com textura argilosa. 
O horizonte Bw ocupa posição superficial no perfil de solos, sendo desenvolvido 
em materiais minerais cujos constituintes revelam avançado estágio de intemperização, 
com alteração completa dos minerais primários, intensa dessilisificação e 
desalcalinização, com concentração residual os intensa dessilisificação e 
desalcalinização, com concentração residual de sesquiócidos de ferro e de alumínio, 
minerais de argila 1:1, areia de quartzo e outros minerais resistentes. 
Quanto ao tipo de solo latossolo vermelho amarelo argiloso são profundos, bem 
drenados, com horizontes Bw, apresentando perfis com sequência de horizontes A, B, C, 
subdivididos em A1, A3, B1, B2w, B3w e C. (figura 11). 
No mapa da figura 11 está representado os tipos de solo encontrados no município a 
constatar: Cambissolos, Gleissolos, Latossolos, Neossolos e Plintossolos.  
A vegetação é representada por dois tipos de vegetação primária, a primeira a 
Arbórea Aberta com e sem floresta de galerias, que em geral ocupa as posições dos 
interflúvios suave traço ondulado, representando uma vegetação incompleta com pouca 
proteção de superfície de terreno. As representantes encontradas principalmente como 
floresta de galeria são: pindaíba (Xilopia sp), ipê amarelo (Tabebuia sp), itaúba 
(Physocalymma sp), jatobá (Hymeneae sp), quaruba (Vochysia sp) e jacareúba 
(Callophylum brasiliensis), lixeira (Curatela americana) e caraíba (Tabebuia caraiba). 
O segundo tipo de vegetação é o de Savana Arbórea Densa, que garante aos solos 
que a sustentam não apenas proteção, bem como a melhoria das condições pedológicas, 
por meio de deposição de vegetais. Alguns representantes: lixeira (Curatela americana), 
pau terra (Qualea grandíflora), faveiro (Dimorphandra mollis), barbatimão, 
(Stryphomodendron barbatiman), angico preto (Piptadenia macrocarpa) e sucupira 
(Browdichia virgiloides). Podem ser encontradas espécies frutíferas a exemplo do pequi 
(Caryocar brasiliesis), murici (Byrsonima) e do cajuí (Anacardium Humile). 
75 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
__________________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
 
 
76 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Assim, a vegetação no município de Porto Nacional apresenta espécies rasteiras, 
subarbustivas, arbustivas e arbóreas, compondo associações que refletem a tolerância e 
respostas gerais ou seletivas às condições oferecidas pelo ambiente.  
Em geral existem relações muito próximas entre o solo e a vegetação que lhe é 
natural. Relações essas, sensíveis às alterações decorrentes do desmatamento, pastoreio, 
fogo ou manejo do solo. A vegetação natural é um ponto de referência que permite 
avaliar e interpretar as alterações de condições que as terras em uso ou desuso sofrem. 
 
2.2. Materiais e Métodos. 
 
Os materiais e métodos bem como os procedimentos metodológicos da pesquisa 
consistem em um conjunto de etapas intelectuais e técnicas dispostas sistematicamente 
que visou elucidar as hipóteses e alcançar os objetivos da pesquisa. 
Quando se trata de ordenamento territorial há a necessidade de reconhecer as 
características do território, objeto de análise. Muitas destas características podem ser 
tratadas determinando a forma como ocorre o processo de organização ao longo do 
tempo, incluindo as características socioeconômicas e culturais da população . 
O método de pesquisa combinado com geotecnologias potencializaram a produção 
de mapas em formatos de temas e periódicos. Os procedimentos metodológicos utilizados 
foram divididos em três fases complementares. A primeira foi o levantamento 
bibliográfico e de dados cartográficos existentes da área do município de Porto Nacional. 
A segunda fase consistiu no trabalho de campo. A terceira correspondeu ao trabalho de 
laboratório, com tratamento de dados e elaboração de mapas temáticos do município, 
com as classes se uso e ocupação da terra. 
 
2.2.1. Levantamento de Material Bibliográfico e Cartográfico. 
 
A pesquisa teve início com o levantamento do material bibliográfico, base de 
sustentação de toda investigação, cartas topográficas na escala 1: 100.000, imagens 
orbitais, imagens SRTM e mapas pré-existentes e, fundamentalmente, dados 
cartográficos da área de estudo, aqui compreendida como o município de Porto Nacional. 
Foi feito um estudo criterioso sobre todas as produções realizadas referente a 
geotecnologia e ao ordenamento territorial, para tanto foram consultados livros, banco de 
dados referentes a teses, artigos e mapas para sustentação teórica da pesquisa e usadas 
77 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
bases de dados secundários, que colaboraram na realização no banco de dados 
geográficos e na caracterização do município objeto de estudo. 
Entre os materiais cartográficos obtidos estão às cartas topográficas, mapas 
temáticos, imagens de satélites que serviram de base para a confecção de mapas e demais 
produtos cartográficos. 
Como base cartográficas foram utilizadas cartas topográficas elaboradas pelo DSG 
na escala 1:100.000, referência horizontal DATUM CÓRREGO ALEGRE. Cartas 
topográficas essas, que estão representadas os elementos naturais da porção da superfície 
terrestre. 
O município de Porto Nacional abrange parcialmente 6 cartas topográficas: 
Paraíso do Norte (SC-22-Z-B-II / MI 1643), ano de 1977; Vila Canela (SC-22-Z-B-III / 
MI 1644) ano de 1977; Fátima (SC-22-Z-B-V / MI 1709), ano de 1977; Porto Nacional 
(SC-22-Z-B-VI / MI 1710) ano de 1977; Brejinho de Nazaré (SC-22-Z-D-II / MI 1771), 
ano de 1977; Santa Rosa (SC-22-Z-D-III / MI 1772), ano de 1977; todas executadas pelo 
DSG. 
A partir das imagens orbitais do satélite LANDSAT 5 e 8, sensor Thematic 
Mapper (TM), com resolução espacial de 30 metros nas bandas 3, 4 e 5, para cobrir o 
município de Porto Nacional, foi elaborado um mosaico órbita/pontos 222/067 e 068. As 
imagens foram obtidas em 21/06/1985, 26/01/1990, 05/07/1996, 17/08/2000, 14/07/2005, 
28/07/2010 e 17/05/2013, no catálogo de imagens do INPE (2013), (figura 12); junto a 
SEPLAN foram adquiridos arquivos cartográficos vetoriais em escala 1:100.000
17
. 
Foram selecionadas as imagens nas datas para compor um mosaico no interstício 
de 5 anos, desde a década de 1980 a 2013, período demarcado de relevante transformação 
na área do município de Porto Nacional considerada no estudo. 
As imagens de sensoriamento remoto contribuiram significativamente para o 
mapeamento sistemático do uso e ocupação da Terra, identificando as alterações 
ocorridas nas diversas classes do referido uso e ocupação da Terra, estabelecidas para a 
pesquisa. 
                                                 
17
 Disponível em <http://www.seplan.to.gov.br/seplan/br/index2.php?area=download&id_m=153>. Acesso 
em: nov./2013. 
78 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Utilizou-se o software SPRING
18
 5.1.8 e 5.2.1 para as operações de 
processamento digital de imagens, registro e realce e também para as operações de 
segmentação, classificação e mapeamento. 
Na Tabela 1 apresentada pode-se observar as imagens utilizadas na confecção dos 
mapas com as características dos sensores. 
 
Tabela 1 - Características das Imagens Orbitais Utilizadas. 
 
Satélite 
/Sensor 
Data de 
aquisição 
Região 
Espectral 
Resolução. 
Espectral 
Resolução 
Espacial 
Resolução
Temporal 
Área Resolução 
Radiomé 
trica 
Landsat 2  
Sensor 
MSS 
21/06/1885 Verde 
Vermelho IR 
Próximo 
IR Próximo 
0,5 a 0,6 μm 
0,6 a 0,7 μm 
0,7 a 0,8 μm 
0,8 a 1,1 μm 
80m 18 dias 185 
km  
6 bits 
Landsat 5 
Sensor TM 
(Thematic 
Mapper) 
26/01/1990 
05/07/1996 
17/08/2000 
14/07/2005 
28/07/2010 
Vermelho 0,63-0,69 μm 30 m 16 dias  185 
km 
8 bits 
Infra 
Vermelho 
Próximo 
0,76-0,90 μm      
Infra 
Vermelho 
Médio 
1,55-1,75 μm     
Landsat 8- 
TM 
(Thematic 
Mapper) 
17/05/2013 Verde 0.52-0.59 μm 23,5 m 24 dias  141 
km 
7 bits  
Vermelho 0.62-0.68 μm 
Infravermelh
o Próximo  
 
0.77-0.86 μm 
Organização: SILVA, Nov./2013. 
 
Na figura 12 um exemplo dos mosaicos de composição colorida 5(R); 4(G); 3(B) 
das imagens do sensor TM/Landsat 5, datadas respectivamente de 21/06/1985; 
26/01/1990; 05/07/1996; 28/07/2010, com limites do município de Porto Nacional. 
 
                                                 
18
 O SPRING é um projeto do INPE/DPI (Divisão de Processamento de Imagens). Tem como um dos 
objetivos principais: Construir um sistema de informações geográficas para aplicações em agricultura, 
floresta, gestão ambiental, geografia, planejamento urbano e regional, entre outras áreas afins. Enfatiza -se 
que o Spring é um software brasileiro para Sistemas de Informações Geográficas, de acesso livre.  
79 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Figura 7. Mosaico das Imagens Orbitais. 
 
Organização: SILVA, nov./2013. 
 
Foram feitos também o download no sítio da National Aeronautics and Space 
Administration – NASA (https://zulu.ssc.nasa.gov/mrsid/), de imagens geocover no 
formato Mrsid, as quais serviram como referência para registrar/georreferenciar às 
imagens de satélite Landsat 5 da área do município, objetivando efetuar a correção 
geométrica das mesmas. 
As cenas geocover possuem resolução espacial de 14,5 metros e são 
ortorretificadas, tendo referência espacial e precisão planimétrica para a escala de 
1:100.000 na execução do registro das cenas Landsat 5. Em seguida, o material 
cartográfico foi organizado em um banco de dados geográfico utilizando o software 
SPRING, nas versões 5.0.1 e 5.1.8, o qual permite a integração, o armazenamento, e as 
operações em SIG do referido material. 
O banco de dados criado permite a elaboração de vários projetos distintos e 
independentes, podendo ser integrados quando necessário. Como padrão para todos os 
80 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
projetos foi escolhido o sistema de gerenciamento de banco de dados dBASE, devido a 
capacidade de gerenciar grande quantidades de dados. 
 
2.2.2. Trabalho de Campo 
 
Com o objetivo de avaliar e constatar a exatidão e veracidade da classificação 
prévia foi realizada a etapa de trabalho de campo
19
, em que foi percorrido todo o 
município, com o apoio de um receptor de GPS
20
 e de uma câmera fotográfica; 
equipamentos que proporcionaram que as áreas visitadas fossem classificadas e 
apontadas como áreas de: vegetação natural, pastagens, áreas de cultura temporárias, 
áreas de cultura permanente, áreas de silvicultura, área urbana e corpos d‟água. Ainda, 
detectar as mudanças atuais no ambiente. 
O trabalho de campo foi executado com o auxílio das imagens do sensor TM, 
Landsat 5, mapas de classificação prévia e cartas topográficas, facilitando assim a análise 
das classes das características de uso e ocupação da terra. 
A base cartográfica foi utilizada na delimitação da área do município e trabalho de 
campo, juntamente com uso de um receptor de GPS de navegação e imagens de orbitais 
recentes. 
Vale ressaltar que esse trabalho foi fundamental para o reconhecimento e 
verificação da verdade terrestre e do mapeamento prévio, em que se visitou diversos 
lugares com características e resultados distintos de classificação. Enfatiza-se que o 
município foi percorrido em toda sua extensão, com o olhar no objeto da pesquisa. 
Na figura 13 demonstra-se o trajeto realizado no trabalho de campo, no município 
de Porto Nacional. No referido percurso foi demarcado e registrados pontos observados 
em campo. 
 
 
 
 
                                                 
19
 No trabalho de campo é fundamental o treino da observação, pois os registros e as interpretações é que 
permitem à compreensão do ambiente. 
20
 O GPS é um sistema de abrangência global e seu uso facilita as atividades que necessitam de 
posicionamento sobre a superfície da Terra, demarcada em forma de coordenadas.  
81 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Figura 8. Roteiro de Trabalho de Campo no Município de Porto Nacional, TO. 
 
Organização: SILVA, 2013. 
82 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Constata-se na figura 14, um mosaico com retrato dos pontos observados. O ponto 
P1 representa parte da área urbana do distrito de Pinheirópolis. No ponto P3 constata-se a 
área de pastagens em relevo elevado as margens da TO 255. O ponto P5 apresenta um 
plantio de árvores de desflorestamentos, as margens da TO 454. Observa-se no ponto P6 
um trecho em curva da TO 454, e em suas margens áreas ocupadas com lavoura de soja.  
A rodovia TO 454, passa atualmente por um processo de pavimentação, em 
virtude das extensas lavouras de soja. O agronegócio pressiona para as condições 
favoráveis com vista ao escoamento dos produtos, que necessariamente deverão chegar 
ao parque intermodal da ferrovia Norte/Sul, quando ela estiver em operação , e o que se 
anuncia como grande empreendimento já com adiantadas obras é uma beneficiadora de 
soja a aproximadamente 50km do parque multimodal. 
 
Figura 9. Pontos de Observações em Trabalho de Campo. 
 
Organização: SILVA, dez./2013. 
 
 
83 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
2.2.3. Trabalho de Laboratório 
 
O Laboratório de Geoprocessamento
21
 (LABGEOP), do Curso de Geografia do 
Campus de Porto Nacional da Universidade Federal do Tocantins foi utilizado para 
realização dessa etapa da pesquisa, em que se fez necessário a classificação das imagens. 
O software SPRING, nas versões 5.0.1 e 5.1.8 do INPE foi o instrumento 
escolhido para possibilitar a construção do banco de dados, bem como, para elaboração 
dos diversos produtos cartográficos utilizados na pesquisa.  
A base cartográfica do município de Porto Nacional foi confeccionada a partir dos 
dados obtidos das cartas topográficas do DSG, na escala 1:100.000, todas com referência 
horizontal ao DATUM CÓRREGO ALEGRE, editadas no ano de 1977, apresentadas no 
quadro 2. 
Quadro 2. Cartas Topográficas. 
 
Paraíso do Norte 
SC-22-Z-B-II 
MI 1643 
Vila Canela 
SC-22-Z-B-III 
MI 1644) 
Fátima 
SC-22-Z-B-V 
MI 1709 
Porto Nacional 
SC-22-Z-B-VI 
MI 1710 
Brejinho de Nazaré 
SC-22-Z-D-II 
MI 1771 
Santa Rosa 
SC-22-Z-D-III 
MI 1772 
Fonte: DSG. 
Na etapa de Processamento Digital de Imagens - PDI foram aplicadas técnicas 
para facilitar a extração de informações contidas nas imagens de todos os anos estudados. 
As técnicas dividiram-se em atividades de pré-processamento e processamento. O 
Processamento Digital de Imagens é usado com o fim de melhorar o aspecto visual de 
certas feições estruturais e para fornecer outros subsídios para a sua interpretação, 
inclusive gerando produtos que possam ser posteriormente submetidos a outros 
processamentos. 
                                                 
21
 Considere-se que no trabalho de laboratório utilizou-se de diversos materiais a exemplo de arquivos de 
fotos aéreas, imagens de satélites, mapas temáticos de geologia, pedologia, geomorfologia, vegetação, uso 
da terra entre outros. 
 
 
84 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Foram feitos também downloads no sítio da National Aeronautics and Space 
Administration– NASA (https://zulu.ssc.nasa.gov/mrsid/), de imagens geocover no 
formato Mrsid, as quais serviram como referência para registrar/georreferenciar às 
imagens de satélite Landsat 5 da área do município, objetivando efetuar a correção 
geométrica das mesmas. 
As cenas geocover possuem resolução espacial de 14,5 metros e são 
ortorretificadas, tendo referência espacial e precisão planimétrica para a escala de 
1:100.000 na execução do registro das cenas Landsat 5. Em seguida, o material 
cartográfico foi organizado em um banco de dados geográfico utilizando o software 
SPRING, nas versões 5.0.1 e 5.1.8, o qual permite a integração, o armazenamento e as 
operações em SIG do referido material. O banco de dados criado permite a elaboração de 
vários projetos distintos e independentes, podendo ser integrados quando necessário.  
Foi realizado na etapa do pré-processamento o recorte nas imagens da área do 
município e a correção geométrica. Todas as cenas foram arquivadas em pastas distintas, 
variando por data de imageamento, ficando assim em cada pasta as bandas 3, 4, 5 
espectrais. 
O processamento foi empregado visando realçar as informações relativas à 
cobertura vegetal. Para isso foram efetuadas a produção de composições coloridas 
(RGB), realce de imagens, operações aritméticas (NDVI) e classificação para gerar os 
mapas temáticos. 
De acordo com Medeiros (2004) dados de satélite podem conter um contraste 
espectral de baixa qualidade visual, deste modo, as composições coloridas, o realce de 
imagem e as operações aritméticas são procedimentos aplicados para melhorar a 
qualidade visual das mesmas. 
As imagens processadas foram submetidas à segmentação utilizando o software 
SPRING, nas versões 5.0.1 e 5.1.8. O método escolhido foi o de crescimento de regiões.  
Nesse método a imagem é dividida em regiões levando em consideração uma 
análise pontual para cada pixel. A partir daí os pixels foram agrupados com valores de 
similaridade inferiores ao limiar igual a 10 para todas as imagens com composição 
colorida RGB 4NDVI3, sendo fragmentadas em subimagens, e reagrupadas em seguida, 
com o limiar de agregação para uma área mínima igual a 10 pixels.  
De várias aproximações testadas, os valores de similaridade 10 e de área mínima 
de 10 pixels foi o resultado mais homogêneo. A composição colorida RGB facilitou a 
85 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
homogeneização da reflectância do espectro eletromagnético, possibilitando uma melhor 
separação dos segmentos, e melhorando a precisão do mapeamento.(figura 15). 
 
Figura 10. Fluxograma da Metodologia da Classificação das Imagens. 
 
 
 
Após esta etapa, efetuou-se uma classificação supervisionada por região baseada 
na definição de áreas de treinamento para as seis classes temáticas: áreas de vegetação 
natural; pastagens; cultura temporária; cultura permanente, áreas urbanas e corpos 
d‟água, definidas na etapa do modelo de dados. Para realizar a classificação, usou-se o 
algoritmo "Classificador por histograma", implementado no software SPRING, nas 
versões 5.0.1 e 5.1.8, que adquire amostras de treinamento para estimar a probabilidade 
86 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
dos agrupamentos (clustering) para as classes determinadas pelo analista, onde ao final, 
todas as regiões da imagem ficaram associadas a uma classe definida. 
Foram levados em consideração na seleção das amostras de treinamento os 
critérios de fotointerpretação relacionados em seus elementos fundamentais, em seguida 
foi feito trabalho de campo para observar os elementos encontrados nas imagens: textura 
de relevo e drenagem, que se dispõem na superfície da imagem definindo estruturas e 
formas, e matizes de cores, relacionados ao padrão de resposta espectral dos principais 
alvos da superfície terrestre (MEDEIROS et al, 2005). 
Por fim, foram verificadas as informações geradas na classificação supervisionada 
por região e realizado um mapeamento prévio da vegetação associando áreas de 
vegetação natural, pastagens, áreas de cultura temporárias, áreas de cultura permanente, 
áreas de silvicultura, área urbana e corpos d‟água. 
Mapa simplificado dos tipos de solos foi confeccionado através do software 
SPRING, nas versões 5.0.1 e 5.1.8, cuja definição e levantamentos das informações dos 
solos tiveram como referência preliminar a classificação da Empresa Brasileira de 
Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA (1999), o mapa de solos do Brasil da 
EMBRAPA/IBGE(2001) na escala 1:5.000.000 e o mapa de solos do Tocantins editado 
pela SEPLAN (2008) em escala equivalente a 1: 250.000. 
O mapa geológico foi confeccionado com uso do software SPRING, nas versões 
5.0.1 e 5.1.8, tendo como refência o Serviço Geológico do Brasil - CPRM (DNPM), 
disponíveis em formato shape file do Estado do Tocantins. O mapa da rede de drenagem 
está plotado as principais sub-bacias afluentes do rio Tocantins entre as margens direita e 
esquerda dentro da área do município de Porto Nacional. 
Foram confeccionado sete mapas de uso e ocupação da Terra para os anos de 
1985, 1990, 1996, 2000, 2005, 2010 e 2013. Para confecção destes, utilizou-se o software 
SPRING nas versões 5.1.8 e 5.2.1, em português, a partir do qual criamos um banco de 
dados geográfico e importamos as imagens dos satélites supracitados, compondo cada 
uma, um plano de informação. Estes, por sua vez, foram registrados a partir de uma cena 
Landsat Geocover-NASA. A referência empregada neste trabalho para a definição das 
classes temáticas dos diferentes elementos identificados nas imagens baseia-se manual 
técnico do IBGE (2006). 
Cabe dizer que a definição das nomenclaturas das classes de uso e ocupação da 
terra deve reunir as diferentes atividades humanas exercidas dentro da área de estudos de 
87 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
maneira clara e precisa. O IBGE (2006) define as nomenclaturas das classes de acordo 
com as práticas humanas do local de estudo, fazendo uma distinção entre água e Terra. O 
primeiro dos dois elementos (água) é dividido em “corpos d‟água continentais” e “corpos 
d‟água costeiros”, o segundo elemento (Terra) apresenta divisão basicamente em: áreas 
antrópicas, que por sua vez estão subdivididas em agrícolas e não agrícolas, e áreas 
naturais, que são divididas entre florestal e campestres. As classes temáticas mapeadas 
são: 
 Pecuária Intensiva, que segundo IBGE (2006) é caracterizada pelo sistema de 
criação de uso de pastagens plantadas, manejo mais evoluído, como rotação de 
pastos, irrigação e melhoramento genético. Agricultura, caracterizada 
principalmente por culturas temporárias como a soja, milho e milheto na 
entressafra; 
 Curso d‟água referem-se aos corpos d‟água naturais e artificiais que não são 
de origem marinha, tais como rios, canais, lagos e lagoas de água doce, 
represas, açudes, etc. segundo IBGE 2006; 
 Área urbana, que segundo o IBGE 2006, compreendem por áreas de uso 
intensivo, estruturadas por edificações e sistema viário, em que predominam as 
superfícies artificiais não-agrícolas. Estão incluídas nesta categoria as cidades, 
vilas, áreas de rodovias, serviços e transporte, energia, comunicações e 
terrenos associados, áreas ocupadas por indústrias, complexos industriais e 
comerciais e instituições que podem em alguns casos encontrar-se isolados das 
áreas urbanas. As áreas urbanizadas podem ser contínuas, onde as áreas não-
lineares de vegetação são excepcionais, ou descontínuas, onde as áreas 
vegetadas ocupam superfícies mais significativas. 
Em virtude da área do município em estudo abranger as orbitas 67 e 68 dos 
satélites Landsat, foram feitos os mosaicos destas cenas. Executou-se a operação de 
segmentação em todas as imagens citadas com o software SPRING. A segmentação de 
uma imagem é destacada por Oliveira e Silva (2005) como uma importante etapa na 
análise de imagens de sensoriamento remoto. Os autores explicam que o processo de 
segmentação consiste em subdividir uma imagem em regiões homogêneas, considerando 
algumas de suas características intrínsecas, como, por exemplo, o nível de cinza dos 
pixels e a textura que melhor representam os objetos presentes na cena. O resultado do 
88 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
processo de segmentação está diretamente relacionado a imagem analisada e os limiares 
de similaridade e área. 
A definição do limiar de similaridade é considerada por Oliveira e Silva (2005) 
uma etapa fundamental no processo de segmentação, pois interferem diretamente na 
precisão do produto final. O tamanho da área é outra importante etapa no processo de 
segmentação, na qual se considera o tamanho mínimo das regiões que serão 
individualizadas pelo algoritmo. Os autores colocam que os valores de limiares permitem 
ao usuário controlar o resultado da segmentação de uma forma interativa, dependendo de 
seu objetivo e região em estudo. A classificação ISOSEG adotada é um algoritmo de 
agrupamento de dados não supervisionado implementada no SPRING e aplicada sobre o 
conjunto de regiões que foram caracterizadas por seus atributos estatísticos como média e 
matriz de covariância, na fase de extração de regiões (MOREIRA, 2011). 
Assim para os mapas confeccionados foram definidos os parâmetros de teste para 
identificar o melhor limiar de similaridade a ser utilizado, sendo que para cada imagem 
foram feitos testes diferentes, proporcionando no mapeamento a facilidade de 
identificação das classes de uso e cobertura da Terra analisadas (áreas de vegetação 
natural, culturas temporárias,culturas permanentes, pastagens, área urbanizada e curso 
d‟água). 
Optou-se pelo limiar do Teste 4 após analisarmos visualmente através da 
sobreposição por acoplagem da imagem segmentada com a composição colorida das 
bandas utilizadas para sua geração. Verificou-se uma imagem com poucos polígonos, 
mais limpa e polígonos com áreas bem definidas. Após a imagem ser classificada 
utilizando o ISOSEG com limiar de aceitação de 95%, analisando os mapas temáticos 
através de sobreposição por acoplagem, nota-se que precisavam ser feitos alguns ajustes 
nos mapas obtidos, portanto, escolheu-se fazer uma edição matricial, pois permite 
trabalhar diretamente no plano matricial, ou seja, na matriz de pixels em vez de no plano 
vetorial. Com isso, o processo de edição no mapa temático foi mais rápido porque 
eliminou as operações de ajuste de linhas e poligonização, como é feita na edição 
vetorial, (MOREIRA 2011). Analisando visualmente através da sobreposição por 
acoplagem a imagem com o mapa temático classificado com máxima verossimilhança 
verificou-se que o mapa obteve um resultado satisfatório com este classificador ao invés 
do ISOSEG. 
 ________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
 
 CAPÍTULO 3 
________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
Foto: SILVA, nov./2013 
 
 
Assim como cada ser humano tem sua personalidade, seu caráter 
próprio, cada rio tem também, uma personalidade que caracteriza.  
 
 
 
 
 
 
Lysias Rodrigues (1945) 
 
90 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
3. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ORDENAMENTO TERRITORIAL NO 
MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL (1800 A 2013). 
 
Neste capítulo apresenta-se a evolução histórica do ordenamento territorial do 
município de Porto Nacional, optou-se por um recorte desde os anos 1800 até o ano de 
2013. 
O estudo inicia com a história da rota do ouro desde o interior paulista, passando 
pelo Estado de Mato Grosso até o Estado de Goiás (norte goiano), na atualidade, o Estado 
do Tocantins. A intenção da trajetória histórica referenciada no século XVIII e o que foi 
marcando a época, a exemplo do gado curraleiro, visa, sobretudo, a elucidar como se 
processou o desenvolvimento no passado para que seja possível estudar o presente e se 
situar no futuro. 
O município de Porto Nacional faz parte dessa rota ligada diretamente ao Rio, 
neste caso o Rio Tocantins, que era a via de acesso para o transporte de mercadorias que 
contornavam a costa brasileira, e escoamento do ouro para os Estados do Maranhão e 
sobretudo, do Pará, produtos esses, que ao chegarem em Belém eram levadas para 
Portugal. 
Deffontaines
1
 in Valverde e Dias (1967) em seus estudos expressam essa 
dimensão do rio como único acesso ao centro do país: 
 
Há, ao longo dos afluentes amazônicos, verdadeiras gargantas vegetais, 
estreitos e sinuosos desfiladeiros entre paredes de árvores. O homem 
aproveitou essas ranhuras aquáticas para avançar para o interior da 
massa arborescente; não existem outros caminhos além dos rios; tôda a 
penetração humana, tôda a circulação se efetua por êles... Fora do rio o 
homem está perdido, soTerrado, sem possibilidade de se orientar sob as 
frondes das árvores, sem pontos de referência. Numerosas são as 
expedições que perderam o rumo no deserto florestal, mais perigoso 
talvez do que o deserto árido. (VALVERDE e DIAS, 1967a, p.323). 
 
Ainda, para os autores, a mata amazônica permitiu a penetração até o interior do 
País, pela vasta rede navegável, “ por outro lado isolou quase totalmente essa região do 
resto do Brasil, embora adjacente a êste, porque os trechos encachoeirados dos afluentes 
e subafluentes interrompiam a continuidade da navegação.” , principalmente, nas bacias 
do Tocantins que davam acesso ao Planalto Central. 
                                                 
1
 “A Floresta a Serviço do Homem no Brasil”, Bol. Geogr., III, nº 28, jul.1945, p.561.  
91 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Porto Nacional, município referência do então norte goiano, se o rio inicialmente 
era o único elo de ligação com o resto do País, nos idos de 1960 contava com linhas 
aéreas, após a estrada e o asfalto, a Br 153 e, por fim, a ferrovia Norte/Sul. 
 
3.1. Ordenamento Territorial de 1800 a 1900. 
 
3.1.1. O Norte Goiano: Do minério a interiorização. 
 
A informação nem sempre está dissociada dos “mandos”2 do poder e muito menos 
da produção, apropriação e gestão do excedente. Em se tratando da organização 
geopolítica deve ser tratada como conseqüência da própria dinâmica do desenvolvimento 
e não de forma estática e definitiva. Diante dessa ótica, Costa (1982, p. 41) afirma como 
três fases distintas na administração política e social no Brasil: período colonial, período 
imperial e período republicano. Sendo que cada época exigiu diferentes assentamentos 
territoriais. 
De Holanda identifica o início do período colonial no Brasil:  
 
As tentativas de colonização, relacionadas com a ação particular dos 
chamados donatários das capitanias hereditárias, parecem ter sido feitas 
à custa de um pequeno contingente de povoadores que resumiam até 
certo ponto a sociedade portuguesa da época. Donatários, governadores-
gerais, jesuítas, senhores de engenho e contratadores de diamante, 
tiveram sempre que fazer vistas grossas no tocante à seleção dos 
pequenos contingentes humanos que concordaram em atravessar o 
grande oceano em minúsculas caravelas. (DE HOLANDA, 1985a, p.68). 
 
Vale salientar que a falta de mão de obra era resolvida com adoção da mão de obra 
escrava, forçando a transplantação do elemento negro para os focos de trabalho recém-
criados no Brasil. Ainda segundo De Holanda (1985b, p. 69),“a verdadeira colonização 
se iniciou com a fundação de vilas e cidades em pontos privilegiados da costa brasileira, 
as primeiras ligadas à iniciativa dos donatários e as últimas erigidas pela ação direta da 
administração portuguesa. Tais aglomerados pioneiros redundaram na criação de 
pequenas áreas agrícolas, em seus arredores, destinados ao abastecimento imediato das 
populações. 
De acordo com Prado Junior, referindo-se a vinda da família real para o Brasil: 
                                                 
2
 Grifo do autor. 
92 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
 
[...] em 1808 veio dar à nossa emancipação política um caráter que a 
singulariza no processo histórico da independência das colônias 
americanas. Todas elas, mais ou menos pela mesma época, romperam os 
laços de subordinação que as prendiam às nações do Velho Mundo. Mas, 
enquanto nas demais a separação é violenta e se resolve nos campos de 
batalha, no Brasil é o próprio governo metropolitano quem, premido 
pelas circunstâncias, embora ocasionais, que faziam da colônia a sede da 
monarquia, é o governo metropolitano quem vai paradoxalmente lançar 
as bases da autonomia brasileira. (PRADO JUNIOR 1985a, p. 45). 
 
Para Prado Junior (1985b, p. 45) a vinda da corte “em última análise, representa 
muito mais uma hábil manobra da diplomacia britânica”. Interessava sobremaneira o 
comércio com o Brasil, que: O primeiro ato do regente [...] foi franquear os seus portos 
ao comércio das “nações amigas”, leia-se, a Inglaterra. (p. 46). 
Um dos movimentos importantes, sobretudo da corte portuguesa e os interesses da 
InglaTerra na então colônia – Brasil foi também mais tarde no período imperial, motivo 
de rompimentos, como pode ser observado a seguir no período que se segue, denominado 
de período imperial. 
O período Imperial no Brasil
3
, que tem como marco a independência do Brasil e 
vai até a proclamação da república, é marcado por profundas transformações que vão 
desde a carta institucional de 1824 e as crises econômicas no primeiro reinado até o auge 
do café no segundo reinado. 
                                                 
3
O período imperial no Brasil vai do ano de 1822 até 1889, desde a Independência às margens do Riacho 
Ipiranga no dia 07 de setembro, com o grito de independência de D. Pedro, a 15 de novembro de 1889, 
data da Proclamação da República, com o fim da Monarquia e início da República presidencialista. 
O império foi dividido em duas grandes fases: O primeiro reinado inicia em 1822 e finaliza -se com a 
abdicação de D. Pedro I em 1831, inicia-se ai o período regencial e nesse ano o Segundo reinado que 
perdura até a proclamação da república. 
Vale dizer que no primeiro reinado em 1824 é imposta uma carta institucional, que desagradou os 
brasileiros e o primeiro reinado se caracteriza pela disputa entre duas forças políticas no Brasil, uma do 
partido brasileiro como oposição ao partido português que vai até 1831 e a partir daí o Brasil vai ser 
governado por brasileiros. Período marcado ainda pela Confederação do Equador e pela Guerra da 
Cisplatina. 
Entre o primeiro reinado e o segundo reinado temos o período regencial que vai de 1831 a 1840, di vido 
basicamente em dois períodos que foi o Avanço liberal e o Regresso conservador. Tanto o primeiro 
reinado como o da regência é um período de profunda econômica no Brasil.  
No segundo reinado, sobretudo a partir de 1840 a cafeícultura era o produto de excelência no país e essa 
estabilidade econômica é garantida pelo trabalho escravo. Fatos como: Tarifa Alves Branco – taxação 
dos produtos importados/alta do preço dos importados (1844), Bill Aberdeen – Direito aos navios 
ingleses interpelarem todos os navios que estivessem traficando escravos (1845), Lei Eusébio de Queirós 
– fim do tráfico negreiro (1850) e ainda a Lei de Terras - acesso a Terra somente comprando-a. Para frear 
o acesso as Terras aos imigrantes e aos escravos, que elevou tremendamente o preço das Terras. 
93 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
A terceira fase denominada de republicana, a República
4
 sucede o período 
denominado de Império que se inica em 1889 e vigora até hoje. Em 15 de novembro de 
1889 é proclamada a República no Brasil. 
No período que compreende a data da proclamação da república até 1930, essa 
fase da história, é denominada de República Velha apresenta-se como continuidade do 
império e o café continua sendo o “carro chefe”5 da economia do país, com as grandes 
extensões de Terra e as grandes plantações podem ser constatados em Edgard Carone: 
 
O cafezal é um dos elementos de produção desta acumulação capitalista 
na agricultura: outros também são fundamentais. A terra apropriada para 
agricultura, estendendo-se por áreas infinitas, é básico para a formação 
de grandes latifúndios. À medida que avançam as grandes plantações, 
contínuas oscilações de preço tornam impossível a existência da pequena 
produção: esta não se sustenta diante da incerteza de preços e crédito. De 
outro lado, a terra sofre continuamente os efeitos da valorização e da 
especulação. Daí apresentar a agricultura duas constantes: o latifúndio e 
a monocultura. Devido ao capitalismo excessivo, e a outros fatores [...], 
tudo funciona na base do café, com um mínimo de diversificação: o 
cereal existe abundantemente durante a formação do cafezal [...]. A 
fazenda só mantém o imprescindível [...] para sua sobrevivência. A 
monocultura é conseqüência do latifúndio cafeeiro.[...] (CARONE, 
1978a, p.32). 
 
Esse período é marcado sobremaneira por inúmeros acontecimentos no país, 
valendo mencionar a Constituição de 1891, a primeira constituição republicana e a 
segunda do Brasil, dentre outros eventos como a república das oligarquias
6
, a política do 
café com leite
7
, a política dos governadores
8
, Convênio de Taubaté
9
, bem como a crise da 
república velha
10
, a opção nesse espaço foi de situar no tempo com acontecimentos 
marcantes desse período da história do Brasil. 
                                                 
4
1 A coisa pública. 2 O Estado no sentido geral, seja qual for a forma de governo. 3 A comunidade dos 
cidadãos. 4 Forma de governo em que o povo exerce a sua soberania por intermédio dos seus delegados e 
representantes e por tempo fixo. 5 O Estado que governa deste modo. Definição disponível em: 
<http://www.dicio.com.br/republica/>. Acesso em 12 abr. 2013, às 00h. 
5
 Grifo do autor. 
6
 Presidentes do Brasil que implementaram políticas visando favorecer especialmente os fazendeiros de 
café. 
7
 Café (paulista) e leite (mineiro). 
8
 Troca de favores políticos entre governadores e presidente.  
9
 Governo beneficiava os cafeicultores em momento de crise, comprando o café quando os preços estavam 
baixos e o produto era estocado, desta forma só era comercializado quando estivesse em alta. Assim, o 
principal produto de exportação garantia que os cafeicultores tivessem lucro garantido.  
10
 Eleição para presidência do país, de acordo com o revezamento de São Paulo e Minas Gerais (política 
do café com leite), sendo a vez de assumir um político de Minas, sendo que o governo de Washington 
Luís indicou um paulista para sucessão, rompendo com as oligarquias hegemônicas dominantes. Formou -
se a aliança liberal, visando lançar a presidência Getúlio Vargas e Prestes foi eleito. Sob a liderança de 
94 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Avançando consideravelmente no tempo chegamos nessa linha histórica na 
ditadura militar
11
 ocorrida nos paises da América Latina, bem como no Brasil. Em 
meados de 1985, a democracia começa a ser instalada no país, em um processo que se 
consolida até a atualidade. 
Como foi tratado no capítulo 1, o poder e a política foram elementos presentes na 
formação da cultura e identidade do povo nortense, no caso o goiano. O esforço em 
caracterizar os principais acontecimentos desde a colônia, o império até a república bem 
como a ditadura militar instalada na década de 1960, considerando o fim da ditadura na 
década de 1980, propicia que se entenda no estudo, as transformações que se chega no 
ano de 2013, e formação do Tocantins. 
 
3.1.2. Norte Goiano e Suas Origens. 
 
Além de representar a história da ocupação do Norte goiano, hoje Tocantins, no 
período aurífero no século da mineração, como pode ser constatado até os dias de hoje, 
porquanto nunca cessou o garimpo. No intuito de desvendar uma das rotas da mineração 
no interior do Brasil se faz necessário uma breve contextualização histórica das entradas 
e bandeiras pelo interior do país. Tocantins, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais foram 
visitados pelas bandeiras paulistas desde fins do século XVII em pequenas e grandes 
expedições. O percurso inicia-se pelo Mato Grosso, que desempenhou papel 
importantíssimo na fixação das fronteiras brasileiras, chegando ao Tocantins e Porto 
Nacional foco do estudo. 
Enquanto a parte ocidental do Mato Grosso foi inicialmente explorada pelos 
espanhóis, que a atingiram partindo de suas feitorias do Rio da Prata, toda a zona oriental 
                                                                                                                                                        
Getúlio Vargas, políticos da Aliança Liberal desencadeiam a revolução de 1930. Dá-se o fim da república 
velha e o início da era do Governo Vargas. 
11
 Ditadura Militar, onde os militares governam o Brasil. Período de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela 
ausência de democracia, repressão, etc. Em Visentini (2013, p.58) “ Em 2 de abril de 1964 o deputado 
Ranieri Mazzili, Presidente da Câmara assumiu a presidência, enquanto o Supremo Comando da 
Revolução (integrado pelos comandos das três armas) decretava o Ato Institucional nº 1, dando poderes ao 
Executivo para expurgar as principais instituições do país, eliminando o „populismo do cenário político. 
Um congresso expurgado elegeu presidente um dos líderes golpistas, o General Humberto Castelo Branco 
(recém-promovido a marechal), que no dia 15 tomou posse da presidência  no novo cargo. Castelo Branco 
deu garantias de breve retorno à normalidade democrática e apresentou a plataforma da „revoluç ão 
redentora‟: ordem e paz social (eliminação do „perigo comunista‟), combate a corrupção e retomada do 
crescimento por meio do estímulo ao capitalismo privado. 
Ao longo dos meses seguintes, configurou-se o „golpe no golpe‟, pois as Forças Armadas assenhoraram-se 
do poder, [...]”. 
95 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
foi devassada e conquistada pelos bandeirantes. Raposo Tavares, partindo de São Paulo e 
avançando nos sertões pelos rios Paraguai e Guaporé, chegando até o Amazonas , balizou 
nossas fronteiras muito além da "ficção geográfica" que foi o meridiano de Tordesilhas.  
No processo de colonização do Brasil, a organização de expedições pelo interior 
teve objetivos diversos. A busca por metais e pedras preciosas, o apresamento de 
indígenas, a captura de escravos africanos fugitivos e o encontro das drogas do sertão
12
 
foram alguns dos aspectos que permeiam a motivação desses deslocamentos. Em suma, 
as expedições pelo interior do território estiveram divididas entre a realização das 
entradas e bandeiras
13
. 
As entradas envolviam a organização do governo português na realização de 
expedições que buscavam a apresamento de índios e a prospecção de minérios. Chegando 
ao século XVII, momento em que o açúcar vivia uma acentuada crise e o governo 
português se recuperava do domínio espanhol, as autoridades coloniais incentivaram tais 
ações exploratórias na esperança de descobrirem alguma outra atividade econômica capaz 
de ampliar os lucros da Coroa. Além da ação oficial, a exploração do território colonial 
aconteceu pelos interesses em obter riquezas, buscar metais preciosos e capturar 
escravos. Conhecidos como bandeirantes, essas figuras do Brasil Colonial irrompiam 
pelos sertões ultrapassando os limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas e saíam, 
geralmente, das regiões de São Paulo e São Vicente. 
No Mato Grosso os paulistas que seguiram o itinerário e, por acaso, ao prearem 
índios nos sertões dos cuiabás, toparam com ricas jazidas de ouro de aluvião, criaram no 
Arraial de Bom Jesus de Cuiabá, uma das bases de unidade nacional, hoje becos e vielas 
do centro histórico demarcam a época do garimpo (figura 16). Com o estabelecimento do 
roteiro dos rios Tietê, Paraná, Pardo, Coxim, Taquari, Paraguai e São Lourenço, através 
do qual as frotas de canoas, denominadas "monções", abasteciam as minas de Cuiabá, a 
fronteira brasileira se expandiu para oeste, indo se fixar no Guaporé (LEITE [s.d.], p. 17). 
Descobertas as Minas Gerais de um lado e as minas de Cuiabá de outro, no século 
XVII, uma idéia renascentista (a de que os filões de metais preciosos se dispunham de 
                                                 
12
 Termo que se refere a determinadas especiarias do sertão brasileiro na época das entradas e bandeiras. 
13
 Foi a partir do século XVII que as Terras do interior do Brasil passaram a ser rotineiramente exploradas. 
O desbravamento e povoação dessas Terras foram iniciados por expedições pioneiras chamadas de 
Entradas e Bandeiras. As Entradas geralmente eram expedições oficiais, ou seja, eram organizadas pelo 
governo da autoridade colonial. Já as Bandeiras tinham motivação particular, isto é, eram organizadas por 
colonos. Disponível em: <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil>. Acesso em: 02 nov. 
2013. 
96 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
forma paralela em relação ao equador) iria alimentar a hipótese de que, entre esses dois 
pontos, também haveria do mesmo ouro. 
Assim, foram intensificadas as investidas bandeirantes, principalmente paulistas, 
em território goiano, que culminariam tanto com a descoberta, quanto com a apropriação 
das minas de ouro dos índios goiases, que seriam extintos mais rapidamente que o 
próprio metal. Onde habitava a nação Goiá, Bartolomeu Bueno da Silva fundaria, em 
1727, o Arraial de Sant‟ Anna. 
 
Figura 1. Vielas e Becos em Cuiabá/MT, Contam a História da Mineração . 
Foto:SILVA, dez /2011. 
 
Pouco mais de uma década depois, em 1736, o local seria elevado à condição de 
vila administrativa, com o nome de Vila Boa de Goyaz
14
. Nesta época, ainda pertencia à 
Capitania de São Paulo. Em 1748, foi criada a Capitania de Goiás, a Casa de Fundição, 
em 1750, e o Palácio que levaria seu nome (Conde dos Arcos).  
Com o quase esgotamento do ouro, em fins do século XVIII, Vila Boa teve sua 
população reduzida e precisou reorientar suas atividades econômicas para a agropecuária, 
                                                 
14
 Atualmente cidade de Goiás/GO, até foi capital do Estado de Goiás. O município foi reconhecido em 
2001 pela UNESCO como sendo Patrimônio Histórico e Cultural Mundial por sua arquitetura barroca 
peculiar, por suas tradições culturais seculares e pela natureza exuberante que a circunda.  
97 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
mas ainda assim cultural e socialmente sempre esteve sintonizada com o que acontecia no 
Rio de Janeiro, então capital do Império. Daí até o início do século XX, as principais 
manifestações seriam de arte e cultura, com saraus, jograis, artes plásticas, literatura, arte 
culinária e cerâmica - além de um ritual único no Brasil, a Procissão do Fogaréu, 
realizada na Semana Santa. Na arquitetura fica o registro dos casarões (figura 17). 
 
Figura 2. Construção Colonial, Cidade de Goiás/GO. 
Foto: NEILA NUNES, dez./ 2011. 
 
Na rota do ouro de aluvião encontra-se Natividade que teve suas origens em 1734, 
durante a expansão da atividade mineradora do começo do século XVIII, no centro-oeste 
brasileiro, considerado um dos maiores arraiais da Capitania de Goiás, ocupando o 
segundo lugar em importância na extração de ouro, sendo sede da “Comarca do Norte” 
entre 1809 a 1815. Grande parte do centro da cidade ainda conserva as construções da 
época de “ouro”. 
O Brasil no ciclo do ouro é entendido no estudo quando os bandeirantes saem do 
Sudeste, a princípio para aprisionamento de índios para o trabalho na lavoura no Sudeste 
e descobrem o minério passando ser o grande feito. 
Palacin (2008) diz que a descoberta do minério trouxe o surgimento dos 
povoamentos que apresentam-se irregular e instável, sem nenhum planejamento. Onde há 
98 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
ouro, “ali surge uma povoação”, quando esgota-se, os mineiros mudam-se e a povoação 
“não raras vezes”15 chega a desaparecer. 
O que passou a chamar ciclo do ouro teve o período de apogeu e que liga 
diretamente ao espaço hoje área de estudo desta tese. Aqui considerado como rota da 
mineração, partindo do interior paulista em direção ao Sul o País, e posteriormente em 
direção a montante a bacia platina, até a descoberta das minas do Sutil, no antigo arraial 
de Bom Jesus, hoje capital do Mato Grosso, Cuiabá. Na busca pelo minério surge a 
cidade de Goiás, antiga capital de Goiás, no Centro Oeste brasileiro. Ainda no interior do 
país aparece ouro em Arraias e Natividade, agora no sertão
16
 goiano, mais tarde Norte 
Goiano, hoje Estado do Tocantins. (figura 18). 
 
Figura 3. Natividade/TO, Conserva as construções Antigas. 
Foto: SILVA, Mar./2009 
 
 
 
Prado Junior aponta que vários fatores determinaram a dispersão do povoamento 
no interior do país: 
                                                 
15
 Grifo do autor. 
16
 Lugar, fora do Sul e Sudeste, considerado distante.  
99 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
O primeiro é a extensão da costa que coube a Portugal na partilha de 
tordesilhas, o que obrigou, para uma ocupação e defesa eficientes, 
encetar a colonização simultaneamente em vários pontos dela. Foi tal o 
objetivo da divisão do território em capitanias, o que de fato, apesar do 
fracasso do sistema, permitiu a coroa portuguesa a posse efetiva do 
longo litoral. 
Concorrem em seguida, para a expansão interior, dois fatores essenciais: 
o bandeirismo preador de índios e prospector de metais e pedras 
preciosas, que abriu caminho, explorou a Terra e repeliu as vanguardas 
da colonização espanhola concorrente; mais tarde, a exploração das 
minas descobertas sucessivamente a partir dos últimos anos do séc. 
XVII, e que fixou núcleos estáveis e definitivos no coração do 
continente (Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso). (PRADO JUNIOR 
1986c, p. 37). 
 
É notória a corrida do ouro pelo interior do Brasil, sobretudo no final do século 
XVIII, bandeirantes, aventureiros portugueses com a força do escravo enfrentaram toda 
sorte de intempéries, bem como o inóspito interior do país a procura do minério amarelo. 
Nesta linha de pensamento comprova-se a escravidão com um papel preponderante na 
história colonial do Brasil, atesta Freire (2005): 
 
Quando em 1532 se organizou econômica e civilmente a sociedade 
brasileira [...]. [...] A base, a agricultura; as condições, a estabilidade 
patriarcal da família, a regularidade do trabalho por meio da escravidão 
[...]. 
Formou-se na América tropical uma sociedade agrária na estrutura, 
escravocrata na técnica de exploração econômica, híbrida de índio – e 
mais tarde de negro – na composição. Sociedade que se desenvolveria 
defendida menos pela consciência de raça [...]. (FREIRE, 2005, p. 65). 
 
As áreas pertencentes a Províncias de Goiás, então desmembradas da Capitania de 
São Paulo, passaram por diversos processos, principalmente no tocante ao poder 
decisório, onde as representações eram feitas pelo Governador da Capitania. Vale 
salientar que a abrangência de áreas, aí referindo à extensão do espaço físico, aparece o 
isolamento, principalmente a dificuldade na comunicação. Os acessos precários e meios 
de locomoção incipientes dão conta das dificuldades da época. Corrobora Cavalcante, 
quando afirma: 
 
 
[...] na economia de mineração, assentava-se basicamente na disposição 
geográfica longitudinal do Estado que, dada a precariedade das vias de 
comunicação terrestres e fluviais, limitava qualquer tentativa de 
aproximação em vista da enorme distância entre as regiões Norte e 
100 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Centro-Sul de Goiás. Tal afastamento incomodava tanto em relação às 
expectativas de arrecadação fiscal da “Fazenda real” quanto às do lucro 
individual dos mineiros do Norte. (CAVALCANTE, 2003a, p.23). 
 
Os representantes da Coroa designados para se estabelecer nestas localidades, 
ocupados em seus afazeres administrativos, muito tem influências nas demandas e 
decisões na organização e ocupação nos espaços locais como é apresentado por Palacin e 
Morães (2008a, p. 21) “O Rei concedeu a licença, mandando que o governador desse um 
regimento à bandeira. Todos os gastos da expedição corriam por conta dos organizadores, 
que, em troca, receberiam vantagens nas novas minas que descobrissem e os principais 
cargos políticos da região”. 
Ainda de acordo Palacin e Morães (2008b, p. 23) durante duas primeiras décadas 
da mineração quase todo o território de Goiás foi percorrido e vasculhado pelas bandeiras 
que, durante o tempo da seca, procuravam novos “descobertos” de ouro e só surgiram 
arraiais e se fixaram populações onde o ouro foi encontrado. Salientam ainda os autores 
que o povoamento determinado pela mineração do ouro é um povoamento irregular e 
instável, sem nenhum planejamento, sem nenhuma ordem. 
Durante o século XVIII, o povoamento de Goiás estava demarcado em três zonas, 
embora com relativa densidade. A primeira zona situava-se no centro-sul, com vários 
arraiais
17
, sendo o principal centro de comunicação. Uma segunda zona estava situada na 
porção centro-norte, onde a sede administrativa pertencia à correição do Norte. Já a 
terceira zona correspondia a todo o Norte da capitania
18
 abrangendo extensas áreas entre 
o Rio Tocantins e os chapadões nos limites com a Bahia (figura 19). Nestas áreas 
também encontram-se alguns povoados dispersos a saber: Arraias, São Félix, Cavalvante, 
Natividade e Porto Real (Porto Nacional) que era o arraial mais setentrional. (PALACIN 
e MORÃES, 2008d, p. 23-24). 
A expansão pode ser caracterizada pelo crescimento natural e migratório da 
população pelo avanço das atividades agropastoris por meio “[...] da formação de 
engenhos, de sítios e de fazendas, e pela política de povoamento do governo, que 
                                                 
17
Povoados 
18
A área em que se situava Goiás pertencia à Capitania de São Paulo, sendo considerado, inicialmente, um 
território de minas inserido na Capitania de São Paulo. Somente vinte anos após sua descoberta, a Corte 
portuguesa tornou Goiás independente de São Paulo, elevando à categoria de Capitania. Com esse título 
Goiás permaneceu até a Independência, quando Goiás se tornou Província. (PALACÍN e MORÃES, 
2008c, p. 49). 
101 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
consubstanciou na construção e implantação de presídios
19
 e aldeias”. (SOUZA e 
CARNEIRO, 1996a, p. 34). 
Segundo Apolinário (2000a, p. 37), um dos piores infortúnios padecidos pelos 
aventureiros que tentavam estabelecer nos arredores das minas, não só da região Norte, 
mas em toda a capitania de Goiás, foi a falta constante de alimentos. Relata a autora que 
não havia maiores preocupações em plantar roças para subsistência. A terra interessava 
na medida em que fornecia o rico minério. 
Ainda para Apolinário (2000b, p. 38) autoridades governamentais também 
reforçavam o pouco interesse pela plantação para subsistência, justificando a 
preocupação com a produtividade das minas, procurando impedir o desenvolvimento de 
outras atividades econômicas que viessem a ocupar a força de trabalho escravo. 
Porto Nacional
20
, beneficia-se dessa época, pelo arraial localizar-se diretamente 
próximo as minas, na margem direita do Rio Tocantins, onde o rio é utilizado como meio 
de transporte para o comércio dos gêneros necessários às minas. Corroborando com essa 
idéia, Apolinário (2000c, p. 38) diz que: “Os comerciantes é que saíram lucrando com a 
grande procura de gêneros de primeira necessidade. Os produtos vendidos nas minas 
eram inflacionados, deixando uma grande margem de lucros. As áreas mineradoras 
estimulavam o desenvolvimento de um complexo comercial que atraia regiões 
circunvizinhas”. 
Oliveira destaca que as interligações eram via fluvial e picadas que possibilitavam 
o deslocamento das tropas: 
 
Embora pareça predominar a idéia de que as populações ribeirinhas do 
Tocantins viviam isoladas por causa das dificuldades de comunicação, 
na verdade o contato sempre existiu-tanto entre as cidades próximas 
quanto com a capital do Pará. Os rios tiveram papel preponderante  como 
meio de comunicação, mas via terrestre também foi muito importante 
principalmente com o nordeste, por meio de tropas. (OLIVEIRA, 2010, 
p. 81). 
Figura 4 - Mapa da Capitania de Goyaz, 1808. 
 
                                                 
19
 „Presídios‟ eram colônias construídas pelo governo para fixação dos moradores na região. A produção 
nessas colônias era coletivo, coordenada pelo comandante, como isenção de impostos.  
20
 Um dos núcleos habitacionais mais desenvolvidos que serviam diretamente ao comércio como 
entreposto. (SOUZA e CARNEIRO, 1996b) 
102 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
 
Fonte: PALACIN E MORÃES, 2008. 
 
Além dos bandeirantes paulistas que percorreram o Norte Goiano, para a captura 
de índios destinados a ser escravizados. Mesmo antes de serem descobertas as minas 
auríferas, outras entradas oriundas da Amazônia, como também de outras partes do Brasil 
contribuíram para o desbravamento da região. Sem grandes obstáculos naturais, o 
território goiano oferecia-se aberto a penetração pelo Leste, partindo de São Paulo, ou 
também do Rio de Janeiro e Bahia, e, pelo norte remontando à corrente dos rios 
amazônicos. (PALACIN, 1994, p. 16). 
Após o período áureo do ouro, a economia transita para a atividade agropastoril. A 
capitania de Goiás transita para um declínio em sua produção. De acordo com Chaul 
(1997a, p. 28), as razões apresentadas para entender o declínio da mineração em Goiás, 
estão as técnicas rudimentares de extração e exploração das jazidas (ouro de aluvião), a 
falta de braços para uma exploração mais intensa das minas, a carência de capitais e uma 
103 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
administração preocupada apenas com o rendimento do quinto
21
. Assim, todo o potencial 
da capitania era canalizado para a exploração do ouro, o que encarecia, cada vez mais, os 
bens de primeira necessidade. Por sua vez, as autoridades proibiam qualquer atividade 
que viesse a retirar mão-de-obra das minas. 
Conforme aponta Chaul (1997b, p. 86) [...] não resta outra opção aos mineiros 
senão a ocupação das áreas próximas aos antigos centros mineradores. Apossaram-se das 
terras, requereram sesmarias
22
 e procuraram legalizá-las – valendo mais a posse do que a 
lei -, com o intuito de desenvolver uma agricultura básica que alimentasse a si e aos seus.  
Para Palacín e Morães (2008e, p. 142), em todo o estado
23
 continuava a grande 
propriedade rural, o latifúndio. Isto em decorrência ainda do sistema de sesmarias 
provenientes do tempo colonial e continuado durante o Império. Os autores salientam os 
escassos mercados de uma economia monetária
24
 onde era fortalecido o latifúndio, e só 
grande fazendas vendiam seus excedentes, sobretudo gado, levado pelos tropeiros à 
Bahia ou Minas Gerais. 
Embora autores como Palacin, Palacin e Morães e Chaul apresentem em seus 
estudos que o fator econômico agropastoril inicie com a escassez do ouro, o boi e os 
currais estiveram presentes na economia e se deslocaram pelo sertão conforme Souza e 
Carneiro (1996c, p. 32) “[...] a economia agropecuária surgiu desde cedo, graças a 
enorme disponibilidade de Terras, primeiro como subsistência, atendendo a expansão da 
mineração e mais tarde como único meio de sobrevivência”. O boi entra principalmente 
no Norte goiano pelos chapadões a Oeste da Bahia, sendo os currais e o vaqueiro 
também, personalidades na formação do Norte goiano. 
De acordo com orelatório datilografado (figura 20), da Expedição ao Jalapão, 
datado de 1943
25
: 
 
Figura 5. Relatório da Expedição ao Jalapão (datilografado). 
                                                 
21
 O quinto, segundo a Ordenação do Reino, era uma decorrência do domínio do Rei sobre o subsolo. 
Como senhor do Reino –direito senhorial -, o rei tinha o direito exclusivo e inalienável a todos os metais; 
não querendo fazer a exploração diretamente, cedia a seus súditos este direito, exigindo em tro ca o quinto 
do metal fundido e apurado, a salvo de todos os gastos. (PALACÍN, 2001, p.59).  
22
 Aos requerentes de sesmarias tinham algumas regras a serem seguidas: Cultivo da área concedida por 
dois anos; Ao longo de um ano, a sesmaria deveria ser titulada. Porém poucos, foram os que cumpriram as 
exigências, pois era grande a abundância de Terra e muito pouco controle. 
23
 Em 1889, com a proclamação da república, a província passou a ser o estado de Goiás. 
24
 Dinheiro que era destinado a compra de sal, armas, pólvora, chumbo além de outras coisas 
imprescindíveis à vida e não produzidas na própria fazenda.  
25
 Opção pela figura no original, deveu-se para que se visualize o fragmento do manuscrito de 1943. 
104 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Fonte: IBGE, 1943. 
 
Para Chaul (1997c, p. 87) predominava a criação do gado bovino “curraleiro” ou o 
cognominado “pé duro”, espécie adaptada ao sistema de criação goiana. O gado zebu 
penetrou no sul de Goiás em 1875. Tiveram destaque as raças gyr e guzerath, as quais 
através de cruzamentos, originou o chamado “Indubrasil”26. Espalhado por quase todo o 
estado, o gado era diferenciado pelo capital nele investido. As taxas de valor para venda  
variavam nos mercados consumidores de Minas e São Paulo. Sendo o “curraleiro” com 
valor de 50% menor que o gado cruzado. Vale salientar que essa raça “curraleiro”, ainda 
hoje é criado no estado do Tocantins, nos campos do Jalapão. (figura 21). 
 
 
 
Figura 6. Gado Curraleiro. 
                                                 
26
 É uma raça 100% brasileira, formada a partir do cruzamento de gir, guzerá e nelore, em 1930. Neste 
período, podiam ser vistos pelo país inteiro. Na década de 1940, o indubrasil chegou a  representar até 80% 
do rebanho nacional. Disponível em <http://pecuaria.ruralbr.com.br/genuinamente-brasileiro-gado-
indubrasil-apresenta-dupla-aptidao-e-docilidade>. Acesso em:17  abr. 2013. 
105 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
 
Organização: SILVA, nov./2013. 
 
Valverde e Dias elucidam a questão do gado curraleiro
27
: 
 
“No meio das savanas artificiais e dos pastos queimados vagam reses 
sem destino, tendo algumas certas porcentagens de cruzamento zebuínas, 
mas conservando a maioria o sangue curraleiro, dos estoques 
introduzidos nos tempos coloniais. O gado é criado à solta, pelo sistema 
do livre pastoreio (“open range”), o que prejudica, além de outros 
inconvenientes adiante apontados, o raceamento dos plantéis”. 
(VALVERDE E DIAS, 1967b, p. 230). 
 
Ainda de acordo com Valverde e Dias (1967c, p. 230 e 231), os vaqueiros são 
remunerados pelo regime de “sorte ou partilha28”, com contratos verbais, vigorando pelo 
prazo de um ano. Observam ainda, os autores que entre os rústicos fazendeiros e a classe 
dos vaqueiros não havia distância social significativa, pois esse grupo tinha amplas 
possibilidades de ascender à classe dos criadores, tão pronto reúna pequeno plantel e se 
instale em terras mais distantes. 
Palacín e Morães (2008f, p. 142) pontuam que no ano de 1920 o Censo que 
abrangeu 40% da totalidade do Estado, constatou a existência de 16.000 propriedades. 
                                                 
27
 Gado curraleiro existindo no Jalapão – TO e no Estado do Piauí sendo difundida a criação por meio da 
Associação Brasileira dos Criadores de Gado Curraleiro Pé-Duro (ABCPD). A ABCPD estima que 
existam três mil exemplares da raça no Brasil. A referida Associação tem sua sede em Teresina – PI e o 
gado curraleiro é reconhecido pelo Ministério da Agricultura como raça brasileira.  
Cabe a referência a origem do nome Boi Curraleiro – A terra era tomada e não tinha sede, era construído o 
curral, daí os donos dos currais e dos bovinos, também conhecidos como curraleiros. 
28
 É a maneira em que os vaqueiros eram remunerados pelos vaqueiros, segundo o qual, após um rodeio 
por ano, faz-se o sorteio dentro de um chapéu, atribuindo ao vaqueiro uma cria a cada 4 crias, caso fosse 
gado “ pé duro”, se fosse azebuado, o vaqueiro passaria a ter direito a uma, à cada 5 crias.  
106 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Destas, somente 2.500 – isto é, 15 % - tinham menos de 40 hectares. A extensão média 
das propriedades recenseadas era de 1.344 hectares (280 alqueires). 
O Norte goiano foi se constituindo, primeiro pelo ouro, segundo pela necessidade 
de interiorização e finalmente quando são diminuídas as possibilidades do ouro, seja pela 
proibição do governo, seja pela escassez do minério, no reinventar da sobrevivência; o 
gado “[...] representou um papel histórico importante porque evitou, após a decadência da 
mineração, o total despovoamento e a falência econômica de Goiás, funcionando como 
elemento de fixação do homem e da ocupação de novas parcelas do território 
goiano”.(DOLES, 1989 in SOUZA e CARNEIRO, 1996d, p.42), inclusive de ascensão 
social e sinônimo de poder.
29
 Continuando nossa trajetória chegamos a Porto Nacional, 
que será tratada amiúde no item que se segue. 
 
3.2. Ordenamento Territorial de 1900 A 1988. 
 
3.2.1. Porto Nacional: Do minério à interiorização do País.  
 
Fundado no início do século XIX, o Município de Porto Nacional esteve 
diretamente ligado histórica e culturalmente ao Rio Tocantins. Sua origem deve-se à 
navegação pelo rio Tocantins que, no fim do século XVIII, fazia a ligação entre o centro 
de mineração Pontal, que originou Porto Nacional. A instalação do destacamento militar 
encarregado da vigilância da navegação também incentivou o povoamento por volta de 
1738. 
Com a chegada de religiosos da Missão Dominicana ao Brasil, em 1886, vindos da 
Europa, o arraial Bom Jesus do Pontal é tido como o tempo da civilização e da cultura, 
marcado pela chegada dos primeiros padres dominicanos que cuidaram da “educação da 
mocidade e da edificação da catedral de Nossa Senhora das Mercês.”(FERREIRA, 1958). 
De Pontal em referência a sinuosidade do rio Tocantins,o povoamento ganhou o 
nome de Porto Real (no Reino), Porto Imperial na época (do Império). A sede municipal 
                                                 
29
 O desenvolvimento da agropecuária em Goiás no século XIX possibilitou a organização e o cresci mento 
das vilas, onde o fazendeiro era o representante do poder econômico e político, consolidando as bases do 
coronelismo que marcou, no período o alicerce da política brasileira. (SOUZA e CARNEIRO, 1996e, 
p.41). 
Ibidem, p. 58. Sendo Goiás considerado um Estado periférico, durante a Primeira República, gozando de 
autonomia, por indiferença, a organização do poder no Estado vai decorrer da conjuntura política, 
econômica e social dos grupos envolvidos na política estadual.  
107 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
só recebeu foros da Cidade por efeito da Resolução Providencial nº 333, de 13 de julho 
de 1861 com a denominação de Porto Imperial e, por último Porto Nacional sob o regime 
(republicano). De Porto Real, em virtude de Decreto Lei Estadual nº 21, de 7 de março de 
1890, a cidade recebeu a denominação de Porto Nacional. 
Embora a mineração tenha sido fator de desbravamento e povoamento no atual 
Estado do Tocantins, os rios foram elementos essenciais para o desenvolvimento da 
região Norte. Como observou Rodrigues, após a proclamação da república foi Porto 
Imperial elevada à categoria de cidade com a designação de Porto Nacional que:  
 
Colocada em ótima situação, Pôrto Nacional (sic) progride ràpidamente 
(sic), exercendo poderosa influência no progresso da região tocantinia, 
sendo o centro da linha base da marcha para o oeste da civilização. Seu 
aeroporto suas estradas carroçáveis para Tocantínia, Barreiras (Bahia), 
Natividade e Palma, os garimpos de cristal, a mineração do ouro, enfim 
os mil e um fatôres (sic) que regem seu progresso, sobretudo suas 
escolas, deixam entrever o desenvolvimento vertiginoso que há de ter 
muito breve. (RODRIGUES, 1945a, p. 110). 
 
Fato relevante acontecido a partir do século XVIII, quando foi suspensa a 
proibição de navegação pelo Rio Tocantins, datada de 1737, que teria ocorrido ainda no 
auge da mineração, por dificuldades da coroa em controlar a evasão do ouro em pó.  Tal 
fato marca o início de um intenso direcionamento cultural, comercial e migratório com o 
Norte do país. Até a década de 1950, o vale do Tocantins constituía o principal eixo em 
torno do qual surgiram importantes núcleos populacionais, destacando-se além de Porto 
Nacional, Pedro Afonso e Tocantinópolis. Porto Nacional apresenta desde sua fundação 
uma relação direta com o minério, criação de gado extensiva e o comércio através do Rio 
Tocantins, por onde chegavam os gêneros necessários para subsistência nas áreas 
auríferas. 
Com a decadência do ouro, o município concentra-se na atividade agropastoril. 
Porto Nacional foi por longo tempo a referência no então Norte goiano, em função de 
posição estratégica, localizada a margem direita do Rio Tocantins, e que foi utilizado 
como rota de deslocamento e comércio com Maranhão e Pará, principais centros 
consumidores. As atividades econômicas eram sustentadas, principalmente pelo comércio 
e a facilidade de transporte via fluvial, pois o transporte via terrestre, na época era 
praticamente inexistente. Durante aproximadamente dois séculos o município 
108 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
permaneceu usufruindo apenas do rio e de parcas picadas utilizadas para o transporte em 
mulas. 
Encravado no centro do país, Porto Nacional, em 1932 tem início a construção do 
campo de aviação, com a inauguração datada de 1935, na qual concorriam 3 linhas aéreas 
diárias, entre elas a do Correio Aéreo Nacional - CAN, como única possibilidade de 
comunicação com o resto do País. Com a implantação do campo de aviação, o transporte 
passa a ser por via aérea, sobretudo a carne, para abastecer os mercados de Belém, saem 
de Cristalândia e de Porto Nacional. 
O que até então era realizado pelo rio onde enxergar as árvores, seu caule e copa 
eram dimensões a serem observadas a partir do rio, agora essas copas de árvores para 
alguns privilegiados, passa a ser do alto, onde a mata fechada permitia apenas a visão 
superior das árvores. Oportunamente salienta-se que até os dias atuais Porto Nacional 
possui escola de aviador, o primeiro aeroclube fundado no Brasil (1955), formando 
proporcionalmente o maior número de pilotos do país. 
Esse processo é fundamental para entender o poder e papel político regional que 
Porto Nacional tem desempenhado desde sua fundação, já que com o decorrer do século 
XIX, foi se constituindo como a capital do Norte goiano. A essa função administrativa 
podemos acrescentar o papel econômico como principal centro urbano desse território, 
especialmente considerando a oferta de serviços no Norte goiano. Conforme Cavalcanti: 
 
Com relação à participação do Norte goiano nos diferentes níveis do 
poder nos últimos anos da república velha, percebe-se que as elites 
políticas que compunham a representação federal, Câmara e Senado 
tinham sua origens nas cidades que graças ao rio Tocantins, 
desenvolveram a atividade comercial, com a exportação de gado e sub-
poduto para os Estados limítrofes, o que lhes facultava premazia na 
região. O destaque fica para Porto Nacional, Pedro Afonso, Boa Vista, 
Arraias e Natividade. (CAVALCANTI, 1996, p. 126). 
 
Com o objetivo da reconstrução histórica do município de Porto Nacional, 
compreendendo que não acontece linearmente, mas como processo histórico e político e 
se mostra na vida de seu povo, com todas as possibilidades e contradições desse 
processo. A referência é a década de 1960 e a efervescência nacional, posto que no Norte 
do país começa a construção da estrada que ligaria o Sul com o Norte. Seu traçado 
beneficiaria diretemente a margem esquerda do Rio Tocantins.  
109 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
A abertura da BR-153 acontece na década de 1960, ainda no governo militar, no 
momento da ocupação do interior do país. Foi um marco importante para a interiorização 
do país, em especial do Norte de Goiás, atual Tocantins, dando início a novos 
povoamentos, constituindo-se novas relações na comunicação, no comércio, na política, 
nas relações de poder, efetivamente no modo de viver das pessoas. (figura 22)  
 
Figura 7. Trecho da Br 153. 
 
 
 
Porto Nacional por sua posição estratégica, a margem do rio, passa a sofrer 
concorrência a partir de então, do meio de transporte terrestre. Sua condicionante 
geográfica e importante a época, a margem direita do rio, passa a partir da abertura da Br 
153 para outros municípios que são mais favorecidos, visto que a estrada corta alguns 
deles.  
Em termos de territórios municipais, Porto Nacional constituía um dos maiores 
municípios da Província de Goiás, com 40.300 km
2
, à época com 29.329 habitantes
30
.  
A figura 23 registra a área de abrangência do municípo de Porto Nacional desde 
sua criação até 1900. 
                                                 
30
  Dados que poderão ser constatados nos registros do IBGE de 1950. 
110 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Figura 8. Mapa do Município de Porto Nacional de 1800 a 1900. 
 
Organização do autor,dez./ 2013. 
111 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
A dinâmica de ocupação e as atividades econômicas ligada à agricultura e à 
pecuária fomentaram a criação de novos municípios nesse vasto território, sempre a 
procura de pastos mais distantes, já que o gado era criado de forma extensiva. 
Com a criação dos municípios de Cristalândia, Pium, Formoso do Araguaia, 
Gurupi, Silvanópolis, Brejinho de Nazaré e Ponte Alta do Tocantins, municípios que 
foram criados posteriormente, os quais também sofreram novas divisões. 
Neste sentido, ao mesmo tempo em que o município de Porto Nacional perdia área 
com a emancipação de novos municípios, principalmente na linha da BR- 153, 
continuava com influência de poder político. Era condição estratégica de 
desenvolvimento, sobretudo, para o comércio beneficiado em outras épocas pela 
localização às margens do rio, agora, de certa forma afastada aproximadamente 45 km da 
BR-153. Com a construção da BR-153, concentrando o fluxo de pessoas e mercadorias, o 
transporte passou a ser via terrestre. 
É comum associar a BR-153 nominando-a de Belém-Brasília, na verdade isso já 
está no consciente coletivo, porém de acordo com Costa (1985, p. 30) a verdadeira 
Belém-Brasília é a BR 010, saindo de Brasília- DF, rumando ao Norte pela margem 
direita do rio Tocantins. Constata-se, ainda, que a referida rodovia apresenta grande 
trecho de sua extensão sem pavimentação. 
A ponte sobre o rio Tocantins (figura 24), é outro ponto de destaque e no 
movimento que produz as transformações em Porto Nacional no ano de 1979, 
inaugurando marco importante de sua história, com outras possibilidades de acesso e 
circulação de pessoas e mercadorias. Além de sua construção monumental para a época, 
modifica o cotidiano das pessoas, que começaram a contar com mais uma possibilidade 
de acesso tanto para os que chegavam, bem como os que se iam ao encontro da BR-
153.“Porto passa então a interligação com o progresso”31. 
Para além das transformações, no decorrer dos tempos, Porto Nacional permanece 
atualmente ligada ao rio, que não mais transporta mercadorias e riquezas como no 
passado, porém utiliza suas praias como um foco de atração turística. 
 
 
Figura 9. Ponte sobre o Rio Tocantins na Área Urbana de Porto Nacional, TO. 
                                                 
31
 Grifo do autor 
112 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
 
 
Foto: SILVA, dez/2012. 
 
O rio Tocantins com a construção da usina hidroelétrica Luis Eduardo Magalhães 
na cidade de Lajeado, apresenta-se com uma nova configuração, não mais “Rio”, agora 
“Lago”, que será tratado especialmente no item Progresso para quem? 
Como já dito, a importância de Porto Nacional, uma das principais cidades do 
então norte goiano e na divisão do Estado do Goiás, constituindo-se o Estado do 
Tocantins na Constituição de 1988, o município foi protagonista, sendo dividido seu 
território cedendo parcela da área para a capital do Estado, que ora se constituía.  
As áreas dos municípios de Silvanópolis, Fátima, Oliveira de Fátima e Pugmil 
pertenciam a Porto Nacional. A área destinada aos municípios se dá no entorno, como se 
o encolhimento das mesmas se desse pela área de fora. Com esse novo desenho é 
preservado a área urbana de Porto Nacional, incluindo o patrimônio histórico, mas 
também proporcionando a criação de outros povoamentos. 
A figura 25 é ilustrativa e determinante para que se compreenda e se localize 
geograficamente o município de Porto Nacional no ano de 1988. Com o advento da 
constituição de 1988 e a criação do mais novo Estado da Federação, o município de Porto 
Nacional perde área na reconfiguração, criação e emancipação de municípios. 
 
Figura 10. Mapa do Município de Porto Nacional 1900 - 1988. 
 
113 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
 
Fonte: Organização do Autor, dez./2013. 
114 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Porto Nacional por ser um município oriundo do século XIX, mantém parte do 
sítio urbano, com características arquitetônicas que representam a história e reportam a 
mineração, ao gado e ao comércio pujante que existia. 
O comércio às margens do rio Tocantins fez de Porto Nacional uma das cidades 
mais prósperas do Norte. 
A cidade que hoje se mostra é uma cidade que traz em seu bojo a cultura de um 
povo que convive com o velho e o novo, em harmonia contraditória, pois percebe-se 
sobretudo, pelas construções comerciais, que muito serviram outrora, hoje são deixadas 
para trás na perspectiva de novos espaços, ou ainda, as construções que são adaptadas 
para atenderem as novas demandas. 
Registra-se que o imóvel mais antigo da cidade de Porto Nacional, localiza-se no 
centro histórico, próximo a Catedral
32
 hoje tombado pelo IPHAN, adaptado as demandas 
do setor de serviços, como pode ser verificado na placa de identificação.(figura 26). 
 
Figura 11. Construção mais antiga em Porto Nacional, TO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Foto: NEILA NUNES, nov./2013 
 
                                                 
32
 Denominação da Igreja de Nossa Senhora das Mercês  
115 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Construções que serviam ao comércio, hoje com as “portas fechadas”33ainda 
resistem ao tempo, localizadas no setor central, contrastando com a arquitetura do novo, 
que se impõem na nova área comercial. (figura 27). 
O conjunto arquitetônico histórico localizado hoje as margens do lago, foi 
importante ponto de comércio nos séculos XIX e XX, acolhendo aos que chegavam e 
proporcionando a possibilidade dos que desejavam partir. Ressalte-se que com a 
expansão do sítio urbano na atualidade, o comércio é deslocado gradativamente para 
novas áreas, o antigo dá lugar ao novo. 
 
Figura 12. Casa comercial na rua Ayres Joca, hoje fechada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Foto: SILVA, dez/2012 
 
Outra construção que mereceu atenção no espaço central do sítio urbano (figura 
28), retrata uma residência construída com tijolos de adobe,
34
 nota-se que nas portas e 
janelas são usados materiais da construção civil atual, demonstrando a ligação com as 
tradições e o modo simples de viver, que por força das circunstâncias, convive com o 
contemporâneo. 
 
                                                 
33
 Grifo do autor, para dizer que está desativada.  
34
Os tijolos de adobe são compostos de Terra, esterco fresco de vaca ou cavalo, palhada e água.  
116 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Figura 13. Casa de adobe. 
 
 
Foto: SILVA, dez/2012. 
 
Retratado na figura 29 os becos e ruas estreitas, onde a tração animal era o meio 
de transporte da época, no detalhe rua padre Paulo (A) e rua do Cabaçaco (B), áreas do 
sítio histórico. 
 
Figura 14. Ruas e Becos no Sítio Histórico. 
 
Foto: SILVA, nov./2013. - Organização do autor, dez./2013. 
 
117 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Como são comuns na colonização brasileira comunidades se formarem em local 
que possibilitasse a subsistência, e a água é um fator determinante para a sobrevivência, 
Porto Nacional não foi diferente, já que se insere as margens do rio Tocantins, 
configurado como porto de entrada e saída de pessoas e mercadorias. 
No setor central da cidade, o comércio do ouro e da carne do século XIX deu lugar 
na atualidade ao comércio de produtos e serviços diversificados. É notável que as antigas 
construções datadas do período colonial são substituídas por novas instalações para 
atender as demandas do comércio local hodierno. 
Fruto da influência da igreja católica ergue-se uma igreja (figura 30) na parte alta, 
com suas portas voltadas para o rio, hoje lago. 
Outro monumento histórico localizado nos arredores da Catedral é o Caetanato
35
, 
prédio secular ligado a igreja, que inicialmente funcionou como pensionato de estudantes 
e posteriormente foi sede do Colégio Sagrado Coração de Jesus. O referido monumento 
localiza-se na rua do Cabaçaco, importante referência no sítio histórico tombado pelo 
patrimônio histórico. 
 
Figura 15. Catedral Nossa Senhora das Mercês. 
 
Foto: SILVA, dez./2012. 
 
                                                 
35
 Denominação dada em homenagem a Dona Caetana, proprietária do pensionato, que funcionou no local, 
por muitos anos abrigando estudantes. 
118 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Ainda é possível constatar que além da igreja era preciso construir a escola
36
 que 
“educaria com os preceitos religiosos”37, escola essa oriunda de padres dominicanos que 
vieram da França. 
 A figura 31 registra o monumento do Colégio Sagrado Coração de Jesus, no setor 
central da cidade, conhecido como colégio das irmãs. 
Atualmente Porto Nacional é a quarta cidade do Estado em importância 
econômica e populacional, possui 54 escolas municipais e estaduais
38
, um Campus da 
Universidade Federal do Tocantins - UFT, funcionando 4 cursos (Biologia, Geografia, 
Letras e História) com aproximadamente 1200 alunos, bem como instituições 
particulares, do ensino fundamental ao superior. 
 
Figura 16. Colégio Sagrado Coração de Jesus – Porto Nacional, TO. 
 
Foto: SILVA, nov./2013 
 
Porto Nacional através dos tempos foi se moldando, readequando-se as demandas 
de sua população, recebendo migrantes e imigrantes oriundos dos mais diversos recantos 
do Brasil, bem como de outros países.  
 
 
                                                 
36
 Suntuosidade observada na construção e arquitetura, materiais esses que chegavam nos lombos de burro 
e posteriormente por via aérea. 
37
 Grifo do autor. 
38
Disponível:http://cidades.ibge.gov.br/xtras/temas.php?lang=&codmun=171820&idtema=2&search=toca
ntins|porto-nacional| ensino-matriculas-docentes-e-rede-escolar-2009>. Acesso em nov.2013. 
119 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
3.3. Ordenamento Territorial de 1988 a 2013 
 
3.3.1. Novo Estado: Velhas Demandas. 
 
A história evidencia que a divisão do espaço, demarcação do território, já 
abordado no capítulo 1, sempre apresentou-se de forma contraditória como elucida 
Marilena Chauí, referindo-se a nação, e o quanto essa configuração é nova, que para o 
estudo se transpôs para o Estado: “A boa e bela comunidade é a nação ou a pátria. Na 
medida em que, a partir do século XIX, o Estado aparece definido geopoliticamente, isto 
é, por suas fronteiras territoriais, passa-se a falar em Estado nacional, [...]”(CHAUI, 
2013a, p. 76). 
Entender a constituição de um novo estado federativo pressupõe a 
contextualização em que tempo ele é criado e como se dá essa configuração, para que se 
compreenda como um estado tão novo traz em si, não só as velhas demandas mas a 
consonância com o que acontece no país e resto do mundo, porquanto: 
 
[...] a implantação do estado mínimo, porque não teria poderio sobre a 
economia (as empresas públicas são privatizadas) nem atribuições 
sociais (educação, moradia, saúde, transporte, lazer, meios de 
comunicação), reduzindo-se ao papel de regulador dos conflitos de 
interesses sociais por meio das leis, [...]. Essas propostas foram 
acolhidas politicamente nas sociedades do hemisfério norte, cujo poder 
se espalha pelo restante do globo terrestre e impõe essa forma de 
sociedade para todas as demais (a chamada globalização). (CHAUI, 
2013b, p. 82). 
 
O fenômeno da globalização, já definido no capítulo 1, torna os países sem 
fronteiras e conforme explicitado por Teodoro (2011) “esse projeto de desenvolvimento 
global” “[...] apresenta, todavia, como pilares fundamentais, por um lado, uma estratégia 
de liberalização e de privatização dos meios de produção e, por outro, a afirmação do 
axioma das vantagens competitivas, [...]”. É nesse contexto que é criado o Estado do 
Tocantins, na Constituição de 1988, chamada também de Constituição Cidadã. 
Publicada, através do artigo 13 do Ato das disposições constitucionais transitórias 
da Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, a criação do Estado do 
Tocantins. O marco histórico para esse acontecimento destaca Silva (1982, p. 79) foi a 
“publicação do alvará de 18 de março de 1809, em que estabelecia uma divisão entre a 
Comarca do Sul e Comarca do Norte dentro da província de Goiás”.  
120 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Rodrigues (1945) cita o padre Luis Gonçalves dos Santos nas suas Memórias do 
Reino do Brazil (sic) que: 
 
Havendo o Principe Regente Nosso Senhor mandado crear (sic), pelo 
Alvará de 18 de Março de 1809, huma (sic) nova Comarca na Capitania 
de Goiaz, denominada Comarca de S. João das duas Barras, 
determinando que o Ouvidor podesse residir no Arraial de Natividade, 
enquanto não fosse possivel (sic) a sua residência na referida Villa das 
duas barras que se está fundando no confluente dos grandes rios 
Tocantins e Araguaya; conhecendo-se depois convir melhor ao Real 
serviço, e bem dos povos daquella (sic) Comarca crear-se huma (sic) 
Villa na barra do rio da Palma, para nelle ficar existindo a residencia do 
Ouvidor, e ser para o futuro a Cabeça da Comarca, tanto porque, sendo 
mais central, he (sic) mais commoda (sic) para a administração da 
justiça como por estar em huma situação mais proxima aos districtos 
(sic) de mais população, e igualmente vantajosa para a navegação dos 
rios, e communicação interior do paiz (sic), Houve por bem Sua Alteza 
Real, mandar, pelo Alvará de 25 de fevereiro (1814) se levantasse outra 
Villa no sitio da barra do rio Palma, que desembóca no Parannan (sic), 
ficando com a denominação de Villa de S. João da Palma, á qual será a 
Cabeça da Comarca do Norte da Capitania de Goiáz, e concedêo (sic) á 
mesma Villa todos os previlegios, e prerogativas (sic), de que gozão 
(sic) todas as mais Villas deste Estado. 
Outrossim Foi Sua Alteza Real servido Franquear a isenção de dizimos, 
e decima a qualquer pessoa que edificar casa na Villa, ou estabelecer de 
novo fazenda no seu Termo. (RODRIGUES, 1945b, p. 108). 
 
De acordo com Cavalcante (2003b, p. 21), na “primeira metade do século XVIII”, 
questões econômicas já manifestavam oposições do Norte ao Centro-Sul de Goiás. Isso 
aconteceu em razão de ser determinado pela administração local “um imposto de 
capacitação às minas do Norte mais elevado que o das minas dos Goyazes”. Sendo usado 
como justificativa, pois “as minas do Norte eram mais ricas do que as do Centro-Sul”, e 
“naquele local, a arrecadação de imposto de mineração era inferior ao das minas dos 
Goyazes”. 
Para Luis Palacin a razão da revolta dos mineiros foi que: 
Os mineiros do Norte revoltaram-se contra esta medida que julgavam 
injusta e, quando o Superintendente se dirigiu à região, ameaçaram 
passar-se em marcha ao Maranhão. A região a esta discriminação, talvez 
um pouco arbitrária, causou a primeira cisão, nunca de toda reparada, na 
consciência de unidade do território de Goiás (PALACIN, 1990, p. 11). 
 
O sentimento separatista ficou marcado também como momento para uma série de 
reivindicações. As questões econômicas tiveram sempre presente nas intenções de 
redivisão do Estado. Outra preocupação estava ligada a disposição geográfica 
longitudinal do Estado, e dada às precariedades das vias de comunicação terrestre e 
121 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
fluvial visto que limitava qualquer tentativa de aproximação em vista da enorme distância 
entre as regiões Norte e centro-sul de Goiás. 
A criação do estado do Tocantins é marcada por contradições que vão desde a luta 
de um povo por melhores condições de vida, até mesmo a intenção de frear o êxodo do 
Norte para o Sul, como pode ser constatado em Cavalcante que se referindo a criação do 
Estado do Tocantins salienta que no aspecto social foi considerada uma possibilidade 
racional de estancar “o êxodo dos nortenses rumo às cidades do sul, evitando a formação 
de favelas em cidades, como Goiânia, Anápolis e Brasília”. (CONORTE, 1987; in 
CAVALCANTE 2003, p. 195). 
Autores como Palacin, Moraes, entre outros descrevem a ligação de Goiás às 
minas de ouro com o Norte goiano, Silva (1996) faz uma reflexão sobre a ocupação e 
colonização do atual Estado do Tocantins e afirma que foi a pecuária criada extensiva a 
responsável pela divisão do Estado, sobretudo o boi “pé duro” entrando a partir de 
Pernambuco passando pelo Piauí. Para o autor, “Foram os curraleiros do Tocantins – e 
não os mineradores de ouro - que deram os primeiros sinais de independência do Norte 
de Goiás, com a criação da comarca da Palma, em 1809. [...]” (SILVA, 1996, p. 25). 
Corrobora os autores com a idéia que tanto o minério como a atividade agropastoril 
foram determinantes na ocupação do Norte goiano, contribuindo assim para a divisão do 
Estado. 
Vale salientar a forte ligação do então Norte goiano com o Norte e Nordeste do 
país, com destaque para o Pará e o Maranhão. Não é também por acaso que a ligação com 
a Capital feita via fluvial pela costa brasileira até Belém, no Pará, e posteriormente a 
montante pelos Rios Tocantins e Araguaia. Isto também explica a influência comercial 
feita via fluvial e posteriormente aéreo (carne) da criação do gado nos sertões do 
Tocantins
39
. 
O marco de referência foi 1988, com a divisão do Estado de Goiás os municípios 
de Araguaína, Gurupi e Porto Nacional disputaram oficialmente sediar a capital do 
Estado. Foi criado o governo provisório com sede na cidade de Miracema do Norte, 
atualmente Miracema do Tocantins. Posteriormente são desapropriadas áreas na 
localidade do povoado de Canela, então Município de Porto Nacional, e destinada à 
construção de Palmas capital do Estado do Tocantins. 
                                                 
39
 Grifo do autor. 
122 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Na criação do Estado haviam aspirações a que Porto Nacional pudesse sediar o 
Governo, considerando o título de berço da cultura nortense. Apesar da capital do Estado 
não ter sido edificada na sede do município de Porto Nacional, “forças com poder 
político”40 fizeram com que a capital se instalasse na área do município de Porto 
Nacional. 
Com a criação do Estado do Tocantins, o município desempenha importância 
estratégica, inclusive nas questões de poder político e decisório na construção da nova 
capital. Muitas foram às conseqüências e demandas do comércio e serviços para a nova 
frente aberta no Estado. 
As expectativas com relação ao novo Estado era de que questões que por muito 
tempo não puderam ser resolvidas, a partir da criação dessa mais nova unidade da 
federação teriam outro trato a exemplo da regularidade fundiária e dos assentamentos, 
principalmente do conhecimento do poder público (Goiás) sobre o que seria dividido e 
transformado em novo estado. 
Na figura 32 tem-se o registro da configuração da área do Município de Porto 
Nacional, após a divisão do Estado, criado pela Constituição Federal de 1988. 
A figura 33 resgata a evolução histórica da área do município de Porto Nacional 
quando ainda município do Norte Goiano, desde os idos de 1800 que de acordo com 
Ferreira (1958) entre os municípios goianos Porto Nacional era o que possuía a maior 
extensão territorial, com 40.300 km2
 
o que correspondia a 6, 46% do Estado de Goiás. 
Na época Porto Nacional mesmo na condição de município, era maior que os 
Estados de Alagoas e Sergipe. A figura dá a dimensão quando percebe-se a área em 2013. 
Fica evidente a redivisão na formação de novos municípios, fruto de reorganização da 
área, no gráfico 1 pode-se comparar a densidade demográfica no município de Porto Nacional 
nos anos de 1950 e 2010, de acordo com dados do .censo do IBGE. 
Os mapas demonstrados nas figuras 32 e 33 dão a dimensão do quanto o município 
passou ao longo do tempo por transformações territoriais, que fizeram com que se apresentasse 
atualmente com uma área reduzida, se comparado seus limites territoriais, quando era província 
de Goiás. 
Figura 17. Mapa do Município de Porto Nacional em 2013. 
 
                                                 
40
 Grifo do autor. 
123 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
 
Fonte: Organização do autor, dez./2013. 
Figura 18. Evolução Histórica na Área do Município de Porto Nacional, TO. 
124 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
  
Organização e edição: SILVA, dez./2013. 
Gráfico 1. Densidade demográfica no município de Porto Nacional nos anos de 1950 e 
2010. 
 
125 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
 
Fonte: IBGE (Censo: 1950; 2010). 
 
Com a criação do Estado do Tocantins, Porto Nacional cedeu a área para a 
construção da capital Palmas. Atualmente, o território municipal apresenta uma área de 
4.449.92 km², com uma população de 40.146 ha
41
. 
No que tange à regularidade fundiária e aos assentamentos, tendo em vista a 
seleção dos homens sem terra da região, o Departamento de Terras do futuro Estado terá 
condições de começar bem estruturado um cadastro técnico das propriedades, tanto 
daquelas já regularizadas anteriormente pelo IDAGO
42
, INCRA, GETAT
43
 (ver anexo B), 
como daquelas que serão objetos de futuras mediações, conforme veicula o jornal O 
Popular
44
 um ano antes da criação do Estado do Tocantins. È visível a fragilidade do 
poder público no que refere a conhecimento de dados físicos referentes ao Norte goiano. 
Cavalcante referindo-se ao Norte goiano propõe como condição a serem 
consideradas que: 
 
 
 
Até a primeira metade dos anos 70, o discurso favorável ao norte goiano 
procurava apenas inseri-lo no mercado nacional e internacional. Para 
tanto, seria necessário medidas urgentes, como regularização de títulos 
                                                 
41
 Dados do IBGE – Censo: 1950; 2010. 
42
 Recriado em 17 de abril de 1995. 
43
 GETAT - DECRETO-LEI Nº 1.767, DE 1º DE FEVEREIRO DE 1980 - Cria grupo executivo para 
regularização fundiária no Sudeste do Pará, Norte de Goiás e Oeste do Maranhão, e dá outras 
providências. Documento pode ser conferido na íntegra, no anexo B. 
44
 (O popular- 22/05/1987, in CAVALCANTE, 2003, p.195). 
126 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
de Terras; abertura de créditos e financiamento; manutenção de obras de 
infra-estrutura, por exemplo, a BR-153 e sua ligação com a margem 
direita do rio Tocantins; e, ainda, a construção de ponte sobre esse rio na 
altura da cidade de Porto Nacional. (CAVALCANTE, 2003d, p.107). 
 
A construção da ponte, como já explicitado, foi considerada um marco, 
inaugurando novas possibilidades para o acesso à margem direita do rio. Porém, o novo 
Estado se configurou com as velhas demandas, continuando com as velhas práticas no 
que se refere a necessidade de uma identidade para esse novo, que carecia se firmar e dar 
respostas aos anseios de uma população que outrora havia empreendido muitas lutas  em 
prol de sua independência. 
 
3.3.2. Progresso para Quem? 
 
Neste item a preocupação é discutir como o estado e a iniciativa privada se 
confundem quando se trata de ganhos e lucros. Nosso foco é as pessoas e o que 
efetivamente é dimensionado considerando suas histórias e necessidades. Nos reportamos 
a construção da usina UHE e a apontar o quanto as pessoas foram relegadas a um plano 
que não o primeiro, em nome do progresso. 
Marilena Chaui em “O ser humano é um ser social” dá suporte e elucida a 
categoria progresso como produto da ideologia liberal: 
 
[...] Na ideologia liberal, a petrificação é obtida por meio de uma idéia 
que parece contradizê-la, a de progresso. Ora, essa ideia possui um 
sentido preciso, qual seja, o passado contém em germe o presente, e este, 
o futuro, de maneira que o futuro ou a transformação já estão dadas 
desde o início, e a totalidade do tempo está dominada (ou paralisada). 
Por seu turno, a ideologia neoliberal, assentada sobre a compressão 
espaço temporal, a atopia e a acronia, descarta qualquer relação com o 
tempo, uma vez que sua temporalidade dada pela velocidade de imagens 
efêmeras e fugazes, é desprovida de passado e de futuro, reduzida ao 
aqui e agora. E a forma mais espetacular de petrificação temporal se 
encontra na ideologia totalitária, uma vez que ela pretende que a 
sociedade, una e indivisa, teria propiciado o almejado fim da história. 
(CHAUI, 2013c, p.101)  
 
127 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
As formas impostas pelo capitalismo selvagem
45
, de que é preciso urgência, de 
que os grandes empreendimentos são sinônimos de progresso, de que o presente é 
realmente importante e o patrimônio e referência de uma população desde o início da 
ocupação do norte goiano, como já tratado anteriormente, deixa de existir, de um rio que 
se torna lago, servindo a partir de então para poucos privilegiados. 
Além da condicionante do sítio urbano de Porto Nacional às margens direita do rio 
Tocantins, tinha nas águas e areias de suas margens a opção do lazer. Existe ainda, o 
saudosismo por parte de quem usufruiu das belas praias do rio, cujo acesso foi facilitado 
pela BR 153, possibilitando desde então o deslocamento de pessoas que desfrutavam das 
águas e belezas da localidade, bem como da contribuição para o comércio local. 
O poder público responsável pelo gerenciamento dos recursos naturais e a 
iniciativa privada com vista no lucro, selaram parcerias visando as medidas de 
compensação, no que se refere aos prejuízos ao ambiente e mudanças na estrutura, o que 
pode ser constatado na figura 34, na orla na área urbana, que foi revitalizada pela 
empresa, apenas até mediações da Catedral (A) e na continuação da avenida que se 
transforma em rua, sem nenhuma benfeitoria (B), contribuindo para que se perceba um 
quadro que não pode ser apreciado por sua beleza. 
 
Figura 19. Orla do Lago em Porto Nacional, TO. 
 
Foto: SILVA, nov./2012 – Organização do autor, dez./2013. 
                                                 
45
 Termo criado, segundo Cardoso (2005, p.21), por Florestan Fernandes na década de 1970, e que se 
tornou uma referência em vários espaços ocupados por políticos e acadêmicos.  
128 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Percebe-se em que a sociedade é chamada a participar, acreditando que pode 
mudar os rumos dos acordos selados e indiscutivelmente, força de ganho para o capital. 
Nessa seara são chamadas as audiências públicas, reuniões de convencimento, com vista 
a sucesso do que já foi pactuado anteriormente entre o poder público e a iniciativa 
privada nos acordos de gabinete. 
Para entender a constituição de estado, as relações de poder e capital ismo 
recorremos a Mandel (1982a, p. 333), “O Estado é produto da divisão social do trabalho. 
Surgiu da autonomia crescente de certas atividades superestruturais, mediando a 
produção material, cujo papel era sustentar uma estrutura de classe e relações de 
produção [...]”. O autor elucida ainda, que o “Estado é mais antigo que o capital, e suas 
funções não podem ser derivadas diretamente das necessidades da produção e da 
circulação de mercadorias. [...]” (ibidem, p. 335). 
Mesmo ou para além do estado ser mais antigo que o capital, no dizer de Mandel, 
esse estado que deveria zelar pelo público, não o faz, visto que o que se constata na 
atualidade é que há uma clara combinação entre os interesses do estado e a iniciativa 
privada, traduzindo-se em acordos financeiros, já que estão aí incluídas empresas 
nacionais e internacionais, que se juntam em nome de diversos fatores, mas no caso em 
estudo, o preponderante é o econômico e o lucro. 
Ernest Mandel sobre o estado burguês, revela que: 
 
[...] o Estado burguês se distingue de todas as formas anteriores de 
dominação de classe por uma peculiaridade da sociedade burguesa que é 
inerente ao próprio modo de produção capitalista: o isolamento das 
esferas pública e privada da sociedade, que é conseqüência da 
generalização sem igual da produção de mercadorias, da propriedade 
privada e da concorrência de todos contra todos. [...] MANDEL, 1982c, 
p.336) 
 
Em nome do “progresso”46 e com aval do Estado, juntamente com a iniciativa 
privada é construída a usina UHE - Luis Eduardo Magalhães no leito do rio Tocantins, no 
município de Lajeado, propagando que o Estado do Tocantins, conhecido também como 
o estado das águas, viria a ser conhecido como produtor de energia. 
A implantação da UHE e a formação do lago trazem em seu bojo a importância da 
geração de energia elétrica, a partir de recursos hídricos, e, o “discurso” da produção 
                                                 
46 Grifo do autor. 
129 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
dessa energia para o bem estar das pessoas, atrelado ao “discurso” da geração de 
emprego e renda para o município. 
A construção da UHE demandou uma reestruturação física na área do referido 
município bem como em mais seis municípios a montante e a jusante da barragem. 
Essa reestruturação afetou também o modo de vida das pessoas e principalmente 
os ribeirinhos que conviviam como o rio. Entre os municípios que sofreram diretamente a 
influência estão a jusante os municípios de Miracema do Tocantins e Tocantínea, a 
montante os municípios de Lajeado, Palmas, Porto Nacional, Brejinho de Nazaré e 
Ipueiras. 
Fatos esses marcados pelo debate e correlação de forças, sobretudo no interior dos 
movimentos sociais, com destaque para o Movimento dos Atingidos por Barragens- 
MAB, que trabalhou com os ribeirinhos não só do município de Porto Nacional, mas dos 
demais municípios atingidos pela formação do lago. 
A população que vivia do rio e foram diretamente atingidas com a formação do 
lago, são agora reassentados, não mais as margens do rio Tocantins, agora lago, alguns 
deles na periferia da cidade. Os reassentamentos implantados pela INVESTCO (empresa-
consórcio responsável pela construção da Usina Hidroelétrica Luis Eduardo Magalhães, 
“Lageado”, no Rio Tocantins) no município de Porto Nacional, a constatar: Flôr da Serra, 
Pinheirópolis, Olericultura e Luzimangues, este último será dado especial atenção, 
quando tratarmos da ferrovia Norte-Sul. 
Os ribeirinhos que viviam a beira do rio, tirando seu sustento e o das suas famílias 
do rio, controlados pela força da natureza, na produção de seus espaços, suas culturas, 
suas crenças e tradições são, então, expulsos em nome do progresso
47
. A partir de então, 
colocados em espaços distantes daquele que não é o seu mundo, seu lugar. Os 
reassentados receberam seu lote/casa longe do rio e precisam se reinventar quanto a sua 
sobrevivência, pois aos que não conseguirem se manter minimamente, será porque não 
quiseram ou não tiveram competência para gerir as dádivas ofertadas pela empresa.  
Um contrato de uma instituição privada com o aval do Estado é o elo entre o que 
foi sua vida e o novo, atividades que eram rotineiras na relação com o rio, não são mais 
possíveis, pois seja na periferia sem infra–estrutura ou na em áreas rurais, o que resta são 
                                                 
47 Tratado no início desse item: Progresso para quem? 
130 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
as readaptações, de um “não-lugar”. De onde foram arrancados ficou a dor e a saudade, 
no novo lugar, não tem apego afetivo. 
De um novo lugar é mais fácil sair até porque sem as condições mínimas de 
sobrevivência, o capital se impõe, e do que era mínimo pode ser adquirido por outros, e 
quase que inevitavelmente será vendido, e aquela família é mais uma das candidatas a 
disputarem a miséria da periferia da cidade. 
O rio que se torna lago não serve mais, nem mesmo para atividades rotineiras, 
como se banhar em suas águas, que dirá retirar o sustento. Nessa nova configuração, 
estão as margens do lago, as chácaras, os “píer”, as lanchas, enfim o que pode ser 
adquirido por poucos. Agravante: o povo tocantinense paga uma das energias mais caras 
do país, amplamente denunciado pelos meios de comunicação no Estado. 
Os movimentos sociais foram protagonistas contrários a criação do lago, de outro 
lado o poder público que deveria se impor em prol do lucro “[...] o Estado brasileiro foi 
sempre dominado por interesses privados.” “[...] isso caracteriza o Estado capitalista em 
geral [...]” (COUTINHO, 2012, p. 126). De acordo com as demandas do capital que se 
impõe, não importa o bem estar das pessoas e todos os prejuízos causados aos seres 
humanos. 
Atualmente o lago formado e os prejuízos acarretados, que vão desde os danos as 
pessoas no que tem de mais íntimo, aos prejuízos ambientais incalculáveis é como se 
tudo se resolvesse a partir de agora, com outra perspectiva como se “no final tudo se 
resolve”48 e ninguém mais discute as perdas, e tudo o que foi negado as pessoas é como 
que esquecido, pois tudo que está posto é necessário e irrevogável. 
Destaque para Planos de Assentamento oficial ocorrido no município de Porto 
Nacional, sendo realizado pelo INCRA, em número de onze: P. A. Capivara, P. A. Terra 
Prometida, P. A. Pau D‟arco, P. A. Almecegas, P. A. Bom Sucesso, P. A. São Salvador, 
P. A. Retiro e P. A. Santo Antônio implantados na margem esquerda do rio Tocantins, já 
o. P. A. São João, P. A. Zé Pereira e P. A. Matão foram implantados na margem direita 
do rio. (figura 35). É preciso mencionar que todos os assentamentos supra citados, tem 
pelo menos uma característica comum, dentre as várias que poderiam ser enumeradas, as 
condições de infra-estrutura são precárias, sobretudo em espaços rurais mais distantes do 
centro urbano. 
                                                 
48
 Grifo do autor. 
131 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Figura 20. Assentamentos e Reassentamentos no Município de Porto Nacional, TO 
 
 
Organização e edição: SILVA, nov./2013. 
132 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
De acordo com a Lei Complementar nº 05/06, publicada em 04/10/2006, que 
dispõe sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de Porto Nacional, 
 
SEÇÃO III - Da Circulação Hidroviária 
 
Art. 40. A circulação hidroviária tem como objetivo o 
aproveitamento do lago formado pela UHE Luís Eduardo 
Magalhães para o transporte hidroviário municipal e 
intermunicipal de passageiros e carga. 
Parágrafo único. O Poder Executivo municipal deverá elaborar 
estudos para a implementação da circulação hidroviária. 
 
No Plano Diretor consta a construção da circulação hidroviária, o poder executivo 
é o responsável pela elaboração de estudos e implementação de circulação hidroviária no 
aproveitamento do lago. O lago é uma realidade e a solução de todos os problemas! Será 
a solução dos problemas? 
 
3.3.3. Trilho da Volta: Chegada da Ferrovia e Organização de Nova 
Área Urbana. 
 
As riquezas do Norte goiano que saiam via fluvial, agora têm outras demandas até 
porque ao pensar a UHE não foi construída infra-estrutura para o uso dos transportes pelo 
rio. Isto terá sido previsto? As demandas por infra-estrutura pelo interior do país são 
antigas. 
Os meios de transporte e deslocamento da produção, desde sempre esteve ligado 
ao Brasil, com sua extensão territorial. O modelo de transporte adotado vem sendo 
discutido desde a época de Capitanias, quando a chegada da ferrovia era disputada e 
muitas vezes festejada, ajudando a formar aglomerados urbanos, hoje cidades. A 
referência é para Goiás que chegou o trem e na visão da época, foi um dos motivos que o 
Sul de Goiás desenvolveu-se mais que o Norte Goiano. 
Os Governos fizeram suas escolhas, quando definiram os tipos de indústria que 
seriam implantados no Brasil, bem como a abertura de rodovias e ferrovias pelo in terior 
do País, entre elas a primeira, a BR 153, e a segunda inaugurada muitas vezes, por meio 
de trechos. Nessa descontinuidade levou-se mais de duas décadas para construir pouco 
mais de 500 km da ferrovia Norte-Sul, pois a ferrovia nestes rincões não era prioridade, 
como estratégia para a interiorização. 
133 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Desde o governo Sarney até o segundo mandato do Governo Lula é que são 
realizadas inaugurações de trechos incompletos e o Tocantins, mais precisamente o 
município de Porto Nacional, recebeu finalmente os trilhos da ferrovia. Destaque para o 
ponto de apoio intermodal já construído, (figura 34) que começa implementar a infra-
estrutura para sustentar tal empreendimento. 
A Ferrovia Norte-Sul iniciada em 1987, cujos trilhos chegam a Porto Nacional 28 
anos depois do início de sua construção. Paralela a BR - 153 e ao leito do rio Tocantins, 
já entregue
49
 à iniciativa privada desde 2007, por um período de 30 anos. Quando 
concluída, possuirá a extensão de 4 155,6 km e seccionará os estados do Pará, Maranhão, 
Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e 
chegará ao Rio Grande do Sul. 
Na figura 36 observa-se um trecho dos trilhos da ferrovia Norte–Sul, ainda em 
construção. Trecho esse no pátio multimodal, com várias linhas de acesso. 
 
Figura 21. Trilhos da Ferrovia Norte/Sul - Porto Nacional, TO 
 
 
Foto: SILVA, dez./2013. 
A carga principal prevista será a soja embarcada em Porto Franco no Maranhão e 
em Colinas no Tocantins. Além do etanol e combustíveis que sairão de Porto Nacional, 
Tocantins com destino a São Luis no Maranhão. 
                                                 
49
 concessão 
134 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
O pátio multimodal (figura 37) está sendo implantado no distrito de Luzimangues, 
município de Porto Nacional, e deve ser ponto de referência para o transporte de cargas. 
O etanol que sairá de Porto Nacional, advirá de uma usina de biodiesel implantada no 
distrito industrial de Porto Nacional, inaugurada ainda no governo Lula, e  que funciona 
com dificuldades, por falta de matéria prima. 
A figura 38 apresenta uma locomotiva com a faixa de inauguração da chegada da 
ferrovia no municipío de Porto Nacional (A), ao fundo (B), empreendimentos no pátio 
multimodal e canteiro de obras, cuja a implantação, está sendo realizada às margens da 
TO - 080, próximo a sede do distrito de Luzimangues em Porto Nacional, TO. 
 
Figura 22. Obras no Pátio Multimodal de Porto Nacional/Palmas. 
 
 
 
De Açailândia, Maranhão ao pátio multimodal de Palmas/Porto Nacional, 
Tocantins são 729 km de estrada de ferro. Segundo o Ministério dos Transportes
50
 “os 
trilhos da ferrovia Norte-Sul vão reduzir o custo dos transportes, o consumo de 
combustíveis, os pesados ônus de manutenção do modal rodoviário e os índices de 
acidentes nas estradas. [...] o Pátio de Porto Nacional, situado a 25 km de Palmas, com 
uma extensão de 5.498m² e com acesso à BR-153, vai fomentar o transporte ferroviário 
no país e servir de base para distribuição e coleta de outros produtos”. 
                                                 
50
 Disponível em: <http://www.transportes.gov.br/>. Acesso em agosto de 2013. 
135 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
 
Figura 23. Primeiro Trem de Minério da FNS, carregado em Porto Nacional, TO. 
 
Organização do autor, dez./2013. 
 
Cabe a pergunta: A ferrovia chega a Porto Nacional ou a Palmas? 
Cortando a área do município de Porto Nacional, a ferrovia passa próxima ao 
reassentamento Luzimangues, hoje, distrito de Luzimangues. oriundo do aglomerado de 
atingidos pela formação do lago da UHE Luis Eduardo Magalhães, mencionado na 
seção“Progresso para quem?” 
Surgem nas proximidades do pátio multimodal, especulações imobiliárias com 
loteamentos fora de sede no município de Porto Nacional, crescem sem infra-estrutura 
mínima, apesar da legislação prever as condições favoráveis ao cidadão e ao seu modo de 
vida, o que se observa na prática é o total descaso do poder público.  
Mesmo que Luzimangues usufrua por exemplo, do plano diretor de Porto Nacional 
enquanto possibilidade de atenção do poder público, constata-se que na prática direitos 
dos homens e mulheres que residem naquele espaço, são negados. 
Dimensionar que o município na sede urbana conta com infra-estrutura de 
saneamento básico, incluindo rede de esgotos, coleta de lixo, etc, o que em Luzimangues 
essa infra-estrutura é precária, apesar de garantida no Plano Diretor de Desenvolvimento 
Sustentável de Porto Nacional: 
136 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Cabe ressaltar que o plano diretor de Porto Nacional
51
, neste espaço parte desse 
documento, e poderá ser conferido na íntegra no anexo C, Lei Complementar nº 05/06 
Publicada em 04/10/2006 que dispõe sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de 
Porto Nacional: 
SEÇÃO IV – DO SANEAMENTO AMBIENTAL 
Art. 13. A garantia do saneamento ambiental de qualidade, com oferta 
dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem 
pluvial, limpeza urbana e coleta de lixo a toda a população, dar-se-á 
mediante: 
I - oferta de abastecimento de água tratada a todos os domicílios; 
II - ampliação da rede coletora de esgotamento sanitário a todos os 
bairros da sede municipal, à sede de Luzimangues e dos povoados de 
Escola Brasil e Nova Pinheirópolis; 
III - tratamento adequado de todo o esgoto coletado;  
IV - promoção da reciclagem e valorização do tratamento dos resíduos 
sólidos; 
V - implantação definitiva do aterro sanitário. 
SEÇÃO VIII-  DA ESTRUTURAÇÃO DO ESPAÇO URBANO 
Art. 17. A organização de um espaço urbano de qualidade, com o 
ordenamento territorial e urbanístico das sede do Município, do Distrito 
de Luzimangues e dos povoados, regulamentando o uso e ocupação do 
solo urbano, estruturando o sistema viário e melhorando o tratamento 
paisagístico de forma a compor um conjunto de espaços naturais que 
garanta a qualidade de vida de seus habitantes e visitantes, mediante: 
I - valorização dos espaços já consolidados da cidade com 
revitalização do núcleo original; 
II - eliminação da segregação sócio-espacial inter bairros; 
III - proibição da ocupação de áreas de interesse ambiental;  
IV - qualificação dos espaços urbanos das áreas ainda não assistidas. 
 
Como observado anteriormente o Plano Diretor prevê na Seção IV e VIII, da 
questão ambiental e organização do espaço urbano, mas o que se observa na realidade é o 
não cumprimento pelo poder público das metas traçadas, revelado pelo descaso para com 
as pessoas que vivem no distrito de Luzimangues. 
 
CAPÍTULO IV - DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO,  
Art. 25.  O ordenamento territorial do Município será efetivado 
mediante: 
I - o macrozoneamento; 
II - a estruturação das vias de circulação de veículos e pedestres; 
III - a preservação do patrimônio histórico e cultural; 
                                                 
51
 Art. 2º O Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de Porto Nacional, como instrumento básico da 
política de desenvolvimento e de expansão urbana do município, deve ser observado pelos agentes 
públicos e privados, com vistas a promover uma atuação integrada desses agentes em prol do 
desenvolvimento municipal. 
137 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
SEÇÃO I  -  DO MACROZONEAMENTO 
Art. 26. Entende-se por macrozoneamento a divisão do território 
municipal em áreas integradas, denominadas macrozonas, objetivando 
promover seu ordenamento, assim como o planejamento e a adequada 
implementação das linhas estratégicas e programas de ações definidos 
pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de Porto Nacional.  
Art. 27. Ficam instituídas as seguintes macrozonas: 
I - Macrozonas Urbanas (MU); 
II - Macrozona de Proteção Ambiental (MA) 
III - Macrozona Rural (MR) 
Art. 28. As Macrozonas Urbanas são áreas efetivamente destinadas a 
concentrar as funções urbanas com o objetivo de: 
I - otimizar os equipamentos urbanos e comunitários instalados; 
II - orientar o processo de expansão urbana; 
III - condicionar o crescimento urbano à capacidade dos equipamentos 
urbanos e comunitários. 
§ 1º Nos termos estabelecidos no caput deste artigo, são Macrozonas 
Urbanas: 
I - sede do Município, como Macrozona Urbana 1 - MU 1; 
II - Distrito de Luzimangues, como Macrozona Urbana 2 - MU 2; 
III - Distrito Agro-Industrial de Porto Nacional, criado pela Lei 
Municipal n º 1.308, de 12 de agosto de 1991, modificada pela Lei n º 
1.305, de 12 de junho de 1992, como Macrozona 3 - MU 3; 
IV - povoado Escola Brasil, como Macrozona 4 - MU 4; 
V - povoado Nova Pinheirópolis, como Macrozona 5 - MU 5. 
§ 2º A transformação do solo rural em urbano, na definição das 
Macrozonas Urbanas, dependerá de prévia audiência do Instituto 
Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, nos termos 
estabelecidos pelo Art. 53 da Lei Federal n.º 6.766, de 19 de dezembro 
de 1979. 
SEÇÃO II-  DIREITO DE SUPERFÍCIE 
Art. 48. Nos termos estabelecidos pelo Estatuto da Cidade, o proprietário 
de imóvel urbano poderá conceder a outrem o direito de usufruir da 
superfície do imóvel por tempo determinado ou indeterminado, mediante 
escritura pública registrada no Cartório de Registro de Imóvel.  
§ 1º Esse direito abrange a utilização do solo, subsolo e do espaço aéreo. 
§ 2º A concessão, a transferência e a extinção do direito de superfície 
deverá respeitar o que estabelece a legislação federal. 
Art. 49. A transferência do direito de superfície pode ser utilizada com o 
fim de regularização fundiária ou para uso do subsolo ou do espaço 
aéreo para equipamentos urbanos. 
 
Foi realizada a opção de neste espaço apresentar partes do Plano Diretor de 
Desenvolvimento Sustentável de Porto Nacional para que se entenda a competência da 
legislação, porém em termos de cumprimento o que se observa é que precisa de ações 
efetivas do poder público para que se cumpra o que é de direito da população. E ainda a 
138 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Lei Municipal n º 1.332, de 16 de dezembro de 1991
52
 (ver anexo C), encontra-se na 
íntegra o documento em evidência), e a seguir o capítulo II, Do uso do solo, no artigo 12, 
que apresenta a regulamentação específica aos termos de ocupação de Luzimangues, 
como pode ser observada a seguir: 
 
CAPÍTULO II - DO USO DO SOLO 
Art. 12. Macrozona Urbana 2 – UM 2, correspondente ao Distrito de 
Luzimangues, dividida nas seguintes Zonas de Ocupação: 
I – Zona de Ocupação Prioritária – ZOP, onde serão permitidas as 
categorias de uso do solo habitacional nas subcategorias HB 1 e HB 2; 
comercial e de prestação de serviços, nas subcategorias CS 1 e CS 2; 
II – Zona de Ocupação Secundária – ZOS, onde serão permitidas as 
categorias de uso do solo habitacional na subcategoria HB 1 e HB 2; 
comercial e de prestação de serviços, nas subcategorias CS 1 e CS 2; 
III – Zona de Ocupação Restrita – ZOR, onde serão permitidas as 
categorias de uso do solo habitacional nas subcategorias HB 1 e HB 2; e 
de desenvolvimento agrícola; 
IV – Zona de Administração da Ocupação Restrita – ZAOR, onde serão 
permitidas as categorias de uso do solo habitacional nas subcategorias 
HB 1 e HB 2, comercial e de prestação de serviços, nas subcategorias CS 
1 e CS 2; 
V – Zona de Ocupação Industrial – ZOI, onde serão permitidas as 
categorias de uso do solo IN 1 e IN 2; 
VI – Zona de Proteção Ambiental – ZPA. 
§ 1
o
. Os índices urbanísticos dos loteamentos inseridos nas zonas de 
ocupação restrita serão determinados pelos memoriais descritivos dos 
respectivos loteamentos, não podendo: 
I-ter taxa de ocupação superior a 20 % (quinze por cento); 
II- ter coeficiente de aproveitamento superior a 0,4 (zero vírgula três) 
vezes a área do lote; 
III- ter lotes inferiores a 4.000,00 m2 (quatro mil metros quadrados); IV- 
ter testada menor que 25m (vinte e cinco metros); 
V- ter os afastamentos entre a edificação e as divisas inferiores a 5m 
(cinco metros); 
 § 2° As restrições constantes deste artigo são extensivas aos 
empreendimentos denominados condomínios horizontais e loteamentos 
fechados, cuja área equivalente não poderá ser inferior a 4.000,00 m2 
(quatro mil metros quadrados). 
§ 3
o
Somente será permitido o desenvolvimento de microparcelamento 
fora da Zona de Ocupação Prioritária quando esta tiver atingido 
ocupação mínima de 70% (setenta por cento) de sua área 
microparcelada, salvo na Zona de Ocupação Industrial, por interesse 
relevante da administração pública, devidamente motivado. 
§ 4
o
 Na extensão confrontante com a cota 212m do lago formado pela 
UHE do Lajeado, excetuando-se o trecho entre o Córrego Capivara e 
                                                 
52
 Lei Complementar nº 06/2006. Dispõe sobre o uso e a ocupação do solo nas Macrozonas Urbanas do 
Município de Porto Nacional. 
 
139 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Córrego Caracol, descrita e delimitada nos memoriais constantes do 
Anexo, será mantida uma faixa de Proteção Permanente com projeção 
horizontal de, no mínimo, 100m (cem metros) de largura, além da faixa 
de preservação permanente exigida por legislação federal pertinente, 
será reservada uma faixa adicional não edificante com largura mínima de 
15m (quinze metros), em projeção horizontal, a partir da qual deverá ser 
reservada uma faixa não edificante com projeção horizontal de, no 
mínimo, 45m (quarenta e cinco metros) de largura, que deverá ser 
utilizado para sistema viário, passeio público, gramado para passagem 
de pedestres, ciclovias ou estacionamento de veículos. 
§ 5
o
 Para adoção do limite de preservação fixado no parágrafo anterior, 
será admitida a supressão da vegetação nativa necessária, desde que 
comprovada e justificada a viabilidade ambiental, mediante aprovação 
do órgão ambiental competente, com anuência prévia do órgão ambiental 
municipal competente, atendendo-se ao disposto no art. 4°, § 2°, da Lei 
n. o 4.771, de 15 de setembro de 1965 - Código Florestal. 
§ 6
o
. Os imóveis situados na Zona de Ocupação Prioritária, localizada na 
Macrozona 2, deverão ser loteados no prazo de 5 (cinco) anos da entrada 
em vigor da presente lei, atendidos os reaquisitos legais, podendo o 
Poder Público Municipal, depois desse prazo, utilizar-se dos 
instrumentos legalmente previstos para implementação da política de 
desenvolvimento sustentável, na forma legal. 
 
Nos desmembramentos de área do município de Porto Nacional para a construção 
de Palmas capital do Estado, foram desmembradas áreas nas margens direita do rio 
Tocantins. Deste modo a capital do Tocantins está separada de áreas do município de 
Porto Nacional pelo lago da UHE. Neste contexto o que separa e aproxima os municípios 
é a Ponte da Amizade e da Integração Fernando Henrique Cardoso (figura 39), desta não 
mais a ponte de Porto Nacional, mas sim, a ponte que separa os dois municípios, sobre o 
lago da UHE com 8 km de extensão, considerado o complexo ponte e aterro sobre o lago, 
ao fundo área urbana de Palmas. 
Atravessando a ponte para a margem direita a população residente do 
reassentamento de Luzimangues, hoje distrito de Luzimangues no município de Porto 
Nacional encontra a capital do Estado com toda a infra-estrutura de uma capital, nos seus 
25 anos de juventude, condizente a atender aos seus aproximados 200 mil habitantes. 
Chegaram os trilhos e toda uma infra-estrutura as margens do rio, passando ao 
lado também de uma população onde são negados todos os direitos às condições mínimas 
de sobreviver com dignidade. Equipamentos urbanos, a exemplo de hospitais, comércio, 
lazer, enfim praticamente inexistente na localidade, o deslocamento para sede do 
município de Porto Nacional dista a aproximadamente 70 Km. 
Figura 24. Ponte sobre o lago ligando Palmas a Porto Nacional, TO. 
 
140 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
 
Foto do autor, dez./2013 
 
Os trilhos no município já são realidade, mas também distantes da sede, e o que os 
aproxima e também separa do município de Palmas e da capital, é, a ponte sobre o lago. 
O minério descia o Rio Tocantins de barco rumo ao Norte, hoje faz processo 
contrário em retorno pela ferrovia Norte-Sul, mas ainda só trilhos! 
Que horas chega o trem? Assim continua a reorganização territorial do município 
de Porto Nacional. 
 CAPÍTULO 4 
________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Foto do autor, nov./2013 
 
 
A civilização tecnicista não é uma civilização do trabalho mas do 
consumo e do “bem estar”. O trabalho deixa, para um número 
crescente de indivíduos, de incluir os fins que lhe são próprios, e 
torna-se um meio de consumir, de satisfazer as “necessidades” 
cada vez mais amplas. 
 
 
 
 
 
 
 
Georges Friedmann, 1968
142 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
4 GEOTECNOLOGIA E A ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO ORDENAMENTO 
TERRITORIAL NO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL (1980 A 2013). 
 
As geotecnologias são ferramentas essenciais na coleta base de dados e na 
preparação de dados para fins de ordenamento territorial. 
Os avanços das tecnologias de coleta de dados espaciais, com destaque para as 
imagens orbitais, aumentam a disponibilidade do volume de informações espaciais com 
resoluções acuradas e a custos acessíveis. É notório que o SIG auxilia na execução de tarefas 
através da integração de informações em um banco de dados georreferenciados, além de 
possibilitar a geração de diagnósticos, um banco de dados georreferenciados pode ser 
utilizado na simulação de processos que ocorrem no espaço do município, seja ele urbano ou 
rural, para a tomada de decisão no planejamento territorial. 
O mapa é uma representação em escala compatível de base de dados geográficos que 
possibilitam auxiliar nas decisões nas gestões públicas. 
Para atender o ordenamento territorial do município de Porto Nacional que é 
apresentado neste capítulo, optou-se por mostrar a evolução temporal do uso e ocupação 
da Terra de 1980 até 2013. Para tanto, foram utilizadas imagens do sensor remoto MSS 
Landsat 2, sensor remoto TM Landsat 5 e 8, bandas 3, 4 e 5, órbita 222, pontos 67 e 68, 
selecionadas em datas específicas nas décadas de 1980, 1990, 2000 e 2013. Os mapas da 
classificação do uso e ocupação da Terra resultantes do tratamento das imagens foram 
analisados individualmente, para identificação das mudanças em cada classe do uso e 
ocupação da Terra, verificando-se onde ocorreu ganhos e/ou perdas de área em cada 
classe e, posteriormente, comparados em conjunto, examinando para cada data estudada 
os percentuais mapeados e quanto isso representa em cada período.  
A evolução quantitativa do uso e ocupação da Terra no município de Porto 
Nacional pode ser verificada nos gráficos 2; 3; 4; 5; 6; 7; e 8 que mostram a dinâmica da 
evolução em períodos de cinco anos, a partir do ano de 1985. Esta evolução, também 
pode ser vista, de forma espacializada em conjunto e individualmente nos mapas das 
figuras 40; 41; 42; 43; 44; 45 e 46 para os anos de 1985; 1990; 1996; 2000; 2005; 2010 e 
2013 respectivamente. 
A consequente divisão das áreas requer novo mapeamento, objetivando não apenas 
identificar limites, mas disponibilizar aos administradores e à sociedade o conhecimento 
dos elementos necessários ao planejamento e orientação do melhor aproveitamento 
econômico das propriedades de suas áreas de interesse. 
143 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Para o Poder Público a utilização do mapeamento dos mais variados temas de uma 
área, servirá como suporte para a extensão rural, mostrando a importância de um 
planejamento espacial do uso da Terra e a rentabilidade econômica dos diferentes tipos 
de uso. 
4.1. Ordenamento Territorial (1980). 
 
Para a representação da década de 1980 foram selecionadas imagens do ano de 
1985. O mapa de uso e ocupação da Terra no município de Porto Nacional foi 
confeccionado a partir do tratamento de imagens orbitais Landsat 2, sensor MSS, órbita 
222 e pontos 67 e 68, registrada no dia 21 de juho de 1985, com o uso do software 
SPRING. Estabeleceu-se as seguintes classes de uso e ocupação seguindo o padrão do 
IBGE: corpos d‟água; vegetação nativa; pastagem; área urbana e área de cultura 
temporária.  
Partindo do tratamento das imagem foi confeccionado o Mapa de Uso e Ocupação 
da Terra demonstrados na figura 40. Na tabela 2 que representa as informações do Mapa 
de Uso e Ocupação da Terra percebe-se que as áreas de pastagens e vegetação natural do 
município é significativamente maior em relação as áreas de culturas temporárias. Esses 
dados foram obtidos de imagens na década de 1980 e, coincide, com a ocupação do Norte 
goiano pela criação do boi de forma extensiva. 
Os corpos d´ água, também registrados estão relacionados a lagoa, lagos, estes 
ainda natural, rede de drenagem e área úmidas com afloramento superficial.  
 
Tabela 1. Classes de uso e ocupação da terra no município de Porto Nacional 
(1985). 
 
CLASSES ÁREA OCUPADA 
(Km
2
) (%) 
Corpos d‟água 39,88 0,89 
Cultura temporária  149,19 3,35 
Pastagem 3.104,20 69,77 
Vegetação natural 1.156,62 25,99 
TOTAL 4.449,89 100 
Organização: SILVA, 2013 
No gráfico 2 observa-se os percentuais das classes mapeadas para o ano de 1985. 
Constata-se uma predominância maior de área de pastagem, representando 70% da área 
144 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
do município de Porto Nacional. Constata-se ainda, que em 1985 a vegetação natural 
representava 26%, as áreas de pastagens 70%, seguidos da área de cultura temporária e 
corpos d‟água totalizando 4%. 
 
Gráfico 2. Distribuição percentual das áreas das classes do uso e ocupação da terra do 
município de Porto Nacional - 1985. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
145 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
__________________________________________________________________________________ 
 
Figura 25. Mapa do Uso e Ocupação da Terra do Município de Porto Nacional, TO - 1985 
 
 
146 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
4.2. Ordenamento Territorial (1990). 
 
Para a representação da década de 1990 foram selecionadas imagens do ano de 
1990 e 1996. O mapa de uso e ocupação da Terra no município de Porto Nacional foi 
confeccionado a partir do tratamento de imagens orbitais Landsat 5, sensor remoto TM, 
órbita 222 e pontos 67 e 68, registrada no dia 26 de janeiro de 1990 e 05 de julho de1996 
respectivamente. Com o uso do software SPRING, estabeleceu-se as seguintes classes de 
uso e ocupação seguindo o padrão do IBGE: corpos d‟água; vegetação nativa; pastagem; 
área urbana e área de cultura temporária. 
A tabela 3 representa as informações do Mapa de Uso e Ocupação da Terra 
demonstrado na figura 41, com os percentuais das classes de uso e ocupação da Terra no 
ano de 1990. Neste período aparece uma redução na área de pastagem em relação ao 
qüinqüênio anterior, onde os percentuais foram de 63% e 67% das áreas de pastagens, 
respectivamente. Já as classes que representam a vegetação natural apresentaram 33% e 
28% nos respectivos anos, um aumento da área nesse período. As classes de cultura 
temporária aparecem com 3% e 4% respectivamente, nos anos avaliados. Os corpos 
d‟água somam 1%. 
 
 
Tabela 2 – Classes de uso e ocupação da terra no município de Porto Nacional 
(1990). 
 
CLASSES ÁREA OCUPADA 
(Km
2
) (%) 
Corpos d‟água 47,08 1,05 
Cultura temporária  135.75 3,05 
Pastagem 2.815.99 63,3 
Vegetação natural 1.451.07 32,6 
TOTAL 4.449,89 100 
Organização: Silva, 2013. 
 
 
 
 
 
 
147 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
 
Gráfico 3. Distribuição percentual das área das classes do uso e ocupação da terra do 
município de Porto Nacional – 1990. 
 
 
 
 
 
O Mapa de Uso e Ocupação da Terra demonstrados na figura 42, seus dados estão 
representados na tabela 4 e foi gerado o gráfico 4, representando as informações do Mapa 
de Uso e Ocupação da Terra para o ano de 1996 representando valores das classes em 
porcentagem. 
 
Tabela 3. Classes de uso e ocupação da terra no município de Porto Nacional (1996). 
 
CLASSES ÁREA OCUPADA 
(Km
2
) (%) 
Corpos d‟água 40,3 0,9 
Cultura temporária  170,37 3,82 
Pastagem 3.005,05 67,55 
Vegetação natural 1.234.17 27,73 
TOTAL 4.449,89 100 
Organização: SILVA, 2013. 
 
 
 
148 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
__________________________________________________________________________________________ 
 
Figura 26. Mapa de Uso e Ocupação da Terra do Município de Porto Nacional, TO - 1990. 
 
 
149 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Os corpos d‟água estão relacionados a lagoa, lagos, rede de drenagem e área 
úmidas com afloramento superficial. Distribuem-se na área de pesquisa alcançando cerca 
de 1%. 
 
Gráfico 4. Distribuição percentual das áreas das classes do uso e ocupação da terra do 
município de Porto Nacional – 1996. 
 
 
 
A área urbana
53
 comprende a sede do município, onde está a maior parte da infra 
estrutura urbana e equipamentos urbanos. Comprende ainda aglomerados urbanos nos 
distritos de Pinheirópolis, Escola Brasil e Luzimangues, sendo esse último grande área de 
loteamento fora da sede do município, justificada, pelo acesso e distância da área urbana 
da capital, Palmas. 
 
 
                                                 
53
 A área urbana de Porto Nacional, pode ser conferida no Capítulo 3, item 3.3.2 – Progresso para Quem? 
150 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
__________________________________________________________________________________ 
 
Figura 27. Mapa de Uso e Ocupação da Terra do Município de Porto Nacional, TO - 1996. 
 
 
151 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
4.3. Ordenamento Territorial (2000). 
 
O uso e ocupação da Terra no município de Porto Nacional, analisado através do 
Mapa de uso e ocupação da Terra, confeccionado a partir tratamento de imagens orbitais 
Landsat 5, sensor TM, órbita 222 e pontos 67 e 68, registrada nos dias 17 de agosto de 
2000 e 14 de julho de 2005 e 28 de julho de 2010. Com o uso do software SPRING, 
estabeleceu-se as seguintes classes de uso e ocupação seguindo o padrão do IBGE: 
corpos d‟água; vegetação nativa; pastagem; área urbana e área de cultura temporária.  
No Mapa de Uso e Ocupação da Terra demonstrados na figura 43 as informações 
dados estão representados na tabela 5. 
O gráfico 5 representa os percentuais das classes de Uso e Ocupação da Terra. As 
áreas de pastagens apresentam um aumento significativo em relação a década de 1990. 
As áreas de vegetação natural também sofrem redução, aparecendo a cultura temporária 
com aumento de 1%. 
Tabela 4. Classes de uso e ocupação da terra no município de Porto Nacional (2000). 
 
CLASSES ÁREA OCUPADA 
(Km
2
) (%) 
Corpos d‟água 38,02 0,85 
Cultura temporária  249 5,59 
Pastagem 3.371,78 75,79 
Vegetação natural 791,09 17,77 
TOTAL 4.449,89 100 
Organização: Silva, 2013. 
 
Gráfico 5. Distribuição percentual das áreas das classes do uso e ocupação da terra do 
município de Porto Nacional – 2000. 
 
 
 
 
 
 
 
 
152 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Figura 28. Mapa de Uso e Ocupação da Terra do Município de Porto Nacional, TO – 2000. 
 
 
153 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
As informações do Mapa de Uso e Ocupação da Terra, figura 44 estão 
apresentadas na tabela 6. As áreas de pastagens sofreram redução neste período e 
aumento na área de vegetação natural. Os corpos d´água aparecem com aumento 
significativo, período esse que coincide com o fechamento das comportas e formação do 
lago artificial da UHE, com o represamento do rio Tocantins. 
 
Tabela 5. Classes de uso e ocupação da terra no município de Porto Nacional 
(2005). 
 
CLASSES ÁREA OCUPADA 
(Km
2
) (%) 
Corpos d‟água 354,06 7,95 
Cultura temporária  236.77 5,32 
Pastagem 1.907,13 42,85 
Vegetação natural 1.951.93 43,88 
TOTAL 4.449,89 100 
Organização: SILVA, 2013. 
 
Os corpos d‟água estão relacionados a lagoa, lagos, rede de drenagem e área 
úmidas com afloramento superficial. Distribuem na área de pesquisa alcançando cerca de 
8%. Neste total também está inserido o lago artificial formado pela construção da Usina 
Hidroelétrica Luis Eduardo Magalhães.
54
. 
As informações encontradas no gráfico 6, as áreas de vegetação natural aparecem 
com 44%, porém maior que as áreas de pastagens que somaram 43%. Observa-se que 
nesse período coincidiu com o represamento do rio Tocantins para a formação do lago. 
Pressupõe-se que pode ter havido um mascaramento nos dados, com o tratamento das 
imagens. Ainda, que as áreas que nos períodos anteriores apareciam com pastagens, no 
período da formação do lago, pode ter contribuído para representar áreas de vegetação 
natural. 
 
 
 
                                                 
54
 Sobre a UHE pode ser conferido no Capítulo 3, item 3.3.2 - Progresso para Quem? 
154 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Gráfico 6. Distribuição percentual das áreas das classes do uso e ocupação da terra do 
município de Porto Nacional – 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
155 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Figura 29. Mapa de Uso e Ocupação da Terra do Município de Porto Nacional, TO – 2005. 
 
 
156 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Na Tabela 7 estão registradas as informações contidas no Mapa de Uso e 
Ocupação da Terra no município de Porto Nacional, figura 45. Informações essas 
adquidas a partir a partir dos dados da imagens de 28 de julho de 2010. 
 
Tabela 6. Classes de uso e ocupação da terra no município de Porto Nacional 
(2010). 
CLASSES ÁREA OCUPADA 
(Km
2
) (%) 
Corpos d‟água 349,14 7,84 
Cultura temporária  458,91 10,31 
Pastagem 2.495,05 56,08 
Vegetação natural 1.146,79 25,77 
TOTAL 4.449,89 100 
Organização do autor, nov.2013. 
 
No gráfico 7, as áreas de cultura temporária apresentam aumento de 5%, e passou 
a representar 10% da área total do município. Observa-se que nesse aumento constatado 
denota-se uma divisão entre as áreas das classes, que nas análises do ano de 2005 
estavam ocupadas com pastagens e vegetação natural.  
 
Gráfico 7. Distribuição percentual das áreas das classes do uso e ocupação da terra 
do município de Porto Nacional – 2010. 
 
 
 
157 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
__________________________________________________________________________________ 
 
Figura 30. Mapa de Uso e Ocupação da Terra do Município de Porto Nacional, TO – 2010. 
 
 
158 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
4.4. Ordenamento Territorial (2013). 
 
Para a representação da década de 2013 foram selecionadas imagens do ano de 
2013. O mapa de uso e ocupação da terra no município de Porto Nacional foi 
confeccionado a partir do tratamento de imagens orbitais Landsat 8, sensor TM, órbita 
222 e pontos 67 e 68, registrada no dia 17 de maio de 2013, com o uso do software 
SPRING. Estabeleceu-se as seguintes classes de uso e ocupação seguindo o padrão do 
IBGE: corpos d‟água; vegetação nativa; pastagem; área urbana e área de cultura 
temporária.  
O Mapa de Uso e Ocupação da Terra no município de Porto Nacional, figura 46, 
registrado e analisado através da tabela 8, mostra que as áreas de cultura temporária 
aparecem com 8%, as áreas de pastagens com 60%, a vegetação natural 24% e corpos 
d´água permanecem em 8%. 
 
Tabela 7. Classes de uso e ocupação da terra no município de Porto Nacional (2013). 
CLASSES ÁREA OCUPADA 
(Km
2
) (%) 
Corpos d‟agua 349,21 7,84 
Cultura temporária  376,03 8,45 
Pastagem 2.656,51 59,71 
Vegetação natural 1.068,14 24 
TOTAL 4.449,89 100 
Organizaçãodo autor, nov.2013. 
 
Gráfico 8. Distribuição percentual das áreas das classes do uso e ocupação da terra do 
município de Porto Nacional - 2013. 
 
159 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Figura 31. Mapa de Uso e Ocupação da Terra do Município de Porto Nacional, TO - 2013. 
 
160 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
As informações da evolução do Uso e Ocupação da Terra no Município de Porto 
Nacional está apresentado nas tabelas 9 e 10. Tais informações representam a área do 
município distribuído por classes de uso e ocupação, as quais as áreas são representadas 
em Km
2 
e em percentual. As referidas informações estão apresentadas nas décadas de 
1980 a 2013. 
O gráfico 9 registra a síntese da evolução do uso e ocupação da Terra no 
município de Porto Nacional entre as décadas de 1980 a 2013. 
Fica demarcado nesse período a maior representatividade com uso em pastagens, e 
neste mesmo período as áreas com vegetação natural tem sua menor representação. 
Percebe-se ainda que no ano de 2005, as áreas ocupadas com pastagens ficaram próximas 
ao tamanho das área ocupadas com a vegetação natural.  
Embora com períodos de aumento e retração, as áreas ocupadas com pastagens no 
município de Porto Nacional tem se mostrado representativas, desde a década de 1980, 
período de início da análise temporal. Constata-se o crescimento gradativo nas áreas de 
cultura temporárias desde a década de 1980. As áreas com vegetação natural que se 
demostrou representativa no ano de 2005, nos anos seguintes vem sendo reduzidas.  
A monocultura da soja embora esteja presente em vários municípios do Estado do 
Tocantins, em Porto Nacional é uma realidade recente, aparece na retirada do cerrado em 
áreas planas. A marca desse empreendimento é visível não só na retirada das árvores 
como nos grandes silos e indústrias que são implantados para beneficiamento dessa 
leguminosa. 
O município dos que aqui estão, assiste, a chegada da monocultura da soja, é o 
agronegócio em franca expansão. 
Vale salientar que a área urbana do município passa por transformações que vão, 
desde, produtos e serviços, a exemplo da instalação de grandes lojas e/ou construção 
civil, pois, os que chegam precisam se instalar. Os investimentos no campo de uma 
cultura mecanizada, no cultivo da soja no município vem acontecendo por pessoas 
oriundas do Norte de Mato Grosso, principalmente da cidade de Sorriso, município 
atualmente com maior destaque na produção de soja no Brasil. 
 
 
 
 
161 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
Tabela 8. Evolução do uso e ocupação da terra no município de Porto Nacional entre 1985 a 2013. 
 
 
Classes 
temáticas 
Landsat 2 Landsat 5 Landsat 8 
ANO 1985 ANO 1990 ANO 1996 ANO 2000 ANO 2005 ANO 2010 ANO 2013 
Km
2
 % Km
2
 % Km
2
 % Km
2
 % Km
2
 % Km
2
 % Km
2
 % 
Corpos d‟água 39,88 0,89 47,08 1,05 40,30 0,90 38,02 0,85 354,06 7,95 349,14 7,84 349,21 7,84 
Cultura 
temporária 
149,19 3,35 135.75 3,05 170,37 3,82 249,00 5,59 236.77 5,32 458,91 10,31 376,03 8,45 
Pastagem 3.104,20 69,77 2.815.99 63,30 3.005,05 67,55 3.371,78 75,79 1.907,13 42,85 2.495,05 56,08 2.656,51 59,71 
Vegetação 
natural 
1.156,62 25,99 1.451.07 32,60 1.234.17 27,73 791,09 17,77 1.951.93 43,88 1.146,79 25,77 1.068,14 24,00 
TOTAL 4.449,89 100 4.449,89 100 4.449,89 100 4.449,89 100 4.449,89 100 4.449,89 100 4.449,89 100 
Organização do autor, nov./ 2013. 
 
Tabela 9. Síntese do uso e ocupação da terra no município de Porto Nacional entre 1985 a 2013. 
 
 
CLASSES 
TEMÁTICAS 
 
ANO 1985 ANO 1990 ANO 1996 ANO 2000 ANO 2005 ANO 2010 ANO 2013 
ÁREA (km
2
) ÁREA (km
2
) ÁREA (km
2
) ÁREA (km
2
) ÁREA (km
2
) ÁREA (km
2
) ÁREA (km
2
) 
Corpos d‟água 39,88 47,08 40,30 38,02 354,06 349,14 349,21 
Cultura Temporária 149,19 135,75 170,37 249,00 236,77 458,91 376,03 
Pastagem 3.104,20 2.815,99 3.005,05 3.371,78 1.907,13 2.495,05 2.656,51 
Vegetação Natural 1.156,62 1.451,07 1.234,17 791,09 1.951,93 1.146,79 1.068,14 
        
TOTAL 4.449,89 4.449,89 4.449,89 4.449,89 4.449,89 4.449,89 4.449,89 
Organização: SILVA, nov./2013 
162 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Gráfico 9. Síntese da Evolução do Uso e Ocupação da Terra no Município de Porto 
Nacional – 1985 a 2013. 
 
 
Organização: SILVA, nov./ 2013. 
 
4.5. Geotecnologia e o Cadastro Técnico. 
 
Para desvendar a nova sociedade da informação e os novos fenômenos sociais que 
surgem, por conta das grandes transformações socioculturais trazidas pelos avanços 
gerados pelas tecnologias de informação e comunicação, é preciso que se compreenda o 
processo tecnológico que dita novas necessidades e valores, transformando o cotidiano 
das pessoas e impondo novas exigências nas relações do ser humano com o meio.  
O grande desafio é compreender o homem na sociedade informacional em um 
mundo caracterizado por constantes transformações, que segundo Castells (2000), surgiu 
nos anos 70. 
Devido a importância de contextos históricos específicos das trajetórias 
tecnológicas e do modo particular de interação entre a tecnologia e a 
sociedade, convém recordarmos [...]. Todas têm algo de essencial em 
comum: embora baseadas principalmente nos conhecimentos já 
existentes e desenvolvidas como uma extensão das tecnologias mais 
importantes, essas tecnologias representaram um salto qualitativo na 
difusão maciça da tecnologia em aplicações comerciais e civis, devido a 
sua acessibilidade e custo cada vez menor, com qualidade cada vez 
maior. (CASTELLS, 2000, p. 64). 
 
A geotecnologia consolida as técnicas de coleta de dados, pois a preocupação com 
a demarcação e registro dos limites das terras, já apontavam os Egípios, associa-se aos 
163 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
impostos. Os primeiros exemplos de registros públicos oficiais de direito, privilégios e 
obrigações relacionadas à terra datam de 3000 a.C., nos primeiros assentamentos 
agrícolas nos vales dos rios Nilo, Tigre e Eufrates, (RAISZ, 1969d, p. 10).  
Demontra Prado Junior (2006) no período colonial a importância na ocupação das 
terras, principalmente no interior do país. Também percebemos que isso ocorre nos 
interesses dos mandos do poder e do capital e principalmente nos interesse do avanço dos 
interesse agrícolas e a modernização da agricultura em conivência, quando não 
financiado pelo governo. 
De acordo com Carone (1978b, p. 17) a tentativa de adotar medidas em favor da 
pequena propriedade sempre fracassa. Desde 1887, já era solicitada a adoção da Lei 
Torrens
55
, sem obter êxito. Posteriormente, por ocasião da proclamação da república, no 
Governo Provisório do Marechal Deodoro da Fonseca, o então Ministro da Fazenda e 
“braço direito”56 do Presidente da República, Rui Barbosa, entre todos os atos que 
expediu no novo regime, tenta adotar a Lei Torrens, mas sua regulamentação não se 
realiza, apesar das inúmeras tentativas de regulamentação da terra: 
 
[...] No Brasil, o Homestead
57
 é apresentado como complementação à lei 
de 1850. Vários projetos relativos a este assunto são discutidos, sem, 
contudo, nada resultar de positivo. No primeiro, em 1893, pedem-se 
restrições a penhora da casa do devedor, no ano de 1895, acentua-se a 
isenção da penhora de seguro do chefe de família, da casa e do terreno 
de até 48 hectares. Entre 1896 e 1897, debate-se a nova proposição, em 
que se acrescenta, além da isenção de penhora por dívidas, o direito do 
cidadão de requerer um lote de 50 hectares de Terra da União, situadas 
na fronteira; a condição era o interessado morar nestas Terras e cultivá-
las por 5 anos, só então havendo a transmissão do título definitivo. O 
projeto é rejeitado. Em 1903, abre-se a sua mais longa defesa: é 
apresentado anteprojeto com maior riqueza de exigências, permanecendo 
o item sobre isenção de penhora por dívidas, agora, porém, como direito 
de o beneficiário obter somente 25 hectares. (CARONE, 1978c, p. 18). 
 
                                                 
55
 Esta foi promulgada pela primeira vez na Austrália, em 1858, e posteriormente na Argentina. Permite 
que qualquer indivíduo dirija uma “petição à autoridade do registro, juntando seus títulos de domínios  e 
uma planta do imóvel, com a respectiva descrição”. Pub lica-se o edital. Se no prazo de seis meses não 
houver contestação, é expedido o título de propriedade. 
56
 Grifo do autor 
57
 Esta lei fora introduzida primeiramente nos Estados Unidos e depois na Argentina. Ela concede a 
cidadãos americanos e a estrangeiros interessados em naturalizar-se 160 ares de Terras públicas que 
devem ser cultivadas e habitadas pelo compromitente; depois de cinco anos, o agricultor recebe o título 
definitivo de propriedade, gozando estas Terras isenção de penhora e vendas forçadas, mesmo antes da 
entrega do referido título. 
164 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Ainda segundo Carone
58
, o referido pré-projeto fica parado até 1910, quando é 
apresentado outro substituto no Senado Federal. Na sequência, outras duas medidas 
foram tentadas e também não obtiveram sucesso, foi fracassado o imposto sobre a renda e 
o territorial. Nesse patamar, os impostos indiretos recaiam, sobretudo, nas classes 
agrárias, pois estavam ligados diretamente ao café, o açúcar, etc. 
Em 1890, Rui Barbosa apresenta em um relatório a necessidade do País não poder 
prescindir da tributação. Em 1915, o presidente Wenceslau Brás decreta o imposto, 
porém através de medida provisória e incidiu somente sobre atividades urbanas.  
No ano de 1922, Artur Bernardes, institui o imposto, com a intenção de atingir as 
rendas industriais, comerciais e agrícolas. Ainda assim, as classes rurais, escapam dessa 
tributação. No que se refere ao imposto territorial, somente tiveram caráter estadual. 
Iniciativas, no estado de Pernambuco, de realizar um levantamento do cadastro 
imobiliário rural, visando preparar para sua taxação e o esforço de criar o imposto 
territorial no Rio de Janeiro, visando diminuir a tributação sobre o café, também se 
mostraram infrutíferas como constata-se em Carone (1978) a seguir: 
 
[...] A partir de 1992, Barbosa Lima tenta realizar em Pernambuco um 
levantamento do cadastro imobiliário rural, como preparativo para sua 
taxação. Em 1898, Alberto Torres pensa em diminuir a tributação sobre 
o café, que está em crise, e criar imposto territorial no Estado do Rio: 
apesar de o projeto passar pela Assembléia, isto resulta em nada. A 
partir de 1920, Washington Luís, por razões fiscais, quer obrigar os 
fazendeiros a fazerem o levantamento de suas propriedades, mas a 
medida não se concretiza. (CARONE 1978e, p. 19). 
 
O domínio da Terra no Brasil, antes da chegada dos europeus no século XVI, era 
unicamente marcado pela posse de determinados territórios pelos povos indígenas. 
Gradativamente esse cenário foi modificando-se até a propriedade se tornar como nos 
dias atuais, domínio e controle privado. 
Em se tratando de propriedade, Locke (1991, p. 229) diz que o que fez o homem 
passar da comunidade primitiva para a propriedade individual foi o trabalho. Para ele é 
por meio do próprio trabalho que o homem usufrui da terra, cultiva-a, deixa fértil e 
frutífera, lhe confere valor. Portanto é justo que trabalhe numa determinada porção de 
                                                 
58
 Ibid.(d) 
165 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
terra comum, adquira o direito de usufruir dela com todos os dados e os benefícios a ela 
relacionados, excluindo os outros do usufruto, o que de fato constitui a propriedade.  
Ao abordar a análise do processo de ocupação e demarcação das terras no Brasil, 
deve-se observar o momento político e histórico, juntamente com o conteúdo das  leis e 
suas respectivas consequências para a sociedade, associados às questões levantadas pela 
população e movimentos sociais, além de normas e procedimentos técnicos trazidos pelas 
leis para ordenar o território. 
Percebe-se que ao longo da história o poder público de alguma forma sempre 
tentou formas de controle do espaço, para isso sempre precisou da informação, seja para 
cobrança de impostos seja para o controle do território. O que denota uma necessidade de 
conhecer, isso na atualidade por meio das inúmeras possibilidades proporcionada pelas 
tecnologias marca um novo tempo e de condição para que o espaço seja ordenado, não 
pode prescindir das tecnologias. 
No estado do Tocantins maior parte dos municípios não possui em seus quadros 
uma equipe técnica responsável pela organização territorial da área. É de 
responsabilidade dessa equipe os esclarecimentos da importância da implantação e do 
aperfeiçoamento do sistema cadastral. Ainda, outra dificuldade nas gestões públicas é o 
tempo necessário para a obtenção de resultados na implantação do cadastro. Os gestores 
públicos mostram-se preocupados com os levantamentos de dados, mas dificilmente estes 
dados estão sistematizados e preparados para atualização constante. 
Conforme Carneiro (2003, p. 64), a maioria dos registros cadastrais existente foi 
desenvolvida por tecnologia convencional. A modernização da tecnologia de 
gerenciamento territorial, baseada na tecnologia da informação para mapeamento 
cadastral e registro territorial, consiste na construção de metodologia que serão postas em 
prática gradualmente. 
Para Loch (1990), o cadastro técnico para ser multifinalitário deve atender ao maior 
número de usuários possíveis, o que exige que se criem produtos complexos, e 
tecnologias que os tornem acessíveis para qualquer profissional que necessite de 
informações ao nível de propriedade. 
Para Soares (1988, p. 72) “a democratização da informação não decorre de uma 
opção estritamente técnica, como quer o pensamento tecnocrático dominante. Ela é uma 
opção política. De nada adianta a existência de uma tecnologia que permita a 
democratização se, politicamente essa opção não existe”. 
166 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
O atual sistema cadastral do município de Porto Nacional apresenta-se defasado, 
se considerarmos as facilidades com o avanço da tecnologia disponível nos dias atuais. 
Os dados são analógicos e de pouca confiabilidade, pois se trata de bases cartográficas 
em papel overlay, atualizadas a nanquim. Dados esses arquivados no ITERTINS, órgão 
do governo responsável pela regularização fundiária do Estado. 
Nos arquivos e banco de dados
59
 da prefeitura municipal a situação não é 
diferente. O sistema de arrecadação de IPTU é informatizado, no que se detecta que 
existe apenas o cadastro alfanumérico, ligado diretamente a arrecadação de impostos e 
taxas, já a planta cadastral ainda é manuseada em papel.  
O INCRA, órgão do governo federal, também presente no estado, está diretamente 
ligado as questão fundiárias do estado, presente nas desapropriações e assentamentos, 
ligados a reforma agrária. 
Constata-se que tanto os órgãos federais quanto os estaduais, mesmo tratando das 
mesmas atribuições dentro do estado do Tocantins, tem uma certa divergência em seu 
banco de dados. A exemplo da ausência de informações sobre áreas como os 
reassentamentos dos atingidos pela barragem da UHE, cujo lago formou-se a partir da 
construção da barragem no município de Lageado-TO, e extendeu-se por áreas de sete 
municípios a montante do Rio Tocantins. 
A Lei nº 10.267, sancionada em 28 de agosto de 2001, pelo então Presidente 
Fernando Henrique Cardoso, instituiu a obrigatoriedade do georreferenciamento dos 
imóveis rurais e estipulou o prazo de 10 anos para os proprietários se adequarem a 
mesma. A obrigatoriedade do georreferenciamento
60
e a certificação no INCRA de todos 
os imóveis rurais brasileiros, “em especial os que apresentarem situações de transferência 
de titularidade, desmembramento, parcelamento ou remembramento de imóveis rurais.” 
A partir da lei do “georreferenciamento”61, como é conhecida, alteraram-se as formas de 
levantamento e cadastro imobiliário no País. 
                                                 
59
 Da prefeitura – informações que geram o carnê do IPTU. 
60
 A palavra: “geo” significa Terra e referenciar = tomar como ponto de referência, localizar, situar, ou 
seja: georreferenciar é situar o imóvel rural no globo terrestre e estabelecer um “endereço” para este 
imóvel, definindo a sua forma, dimensão e localização por meio de métodos de levantamento topográfico, 
descrevendo os limites, características e confrontações, através de memorial descritivo, que deve conter as 
coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais georreferenciadas ao Sistema 
Geodésico Brasileiro. (art. 176, § 4º, da Lei 6.015/75, com redação dada pela Lei 10.267/01).  
61
 O georreferenciamento de imóveis rurais é a medição da área em questão e a descrição das 
características, limites e confrontações. A obtenção das coordenadas dos pontos de controle pode ser 
realizada em campo (a partir de levantamentos topográficos, GPS – Sistema de Posicionamento Global), 
167 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Com o georreferenciamento e certificação, a referida Lei busca a regularização 
definitiva dos registros imobiliários, referenciando-os ao Sistema Geodésico Brasileiro 
através da identificação de suas coordenadas (geográficas ou cartesianas), diminuindo o 
risco de duplicidade de documentos sobre a mesma área, contribuindo para uma melhor 
espacialização e conhecimento da configuração da estrutura fundiária brasileira. 
O georrefereciamento fundamenta-se na utilização de técnicas matemáticas e 
computacionais para o tratamento de dados e informações geográficas, juntamente com 
dados textuais descritivos. Consiste, em um primeiro momento, na coleta de informações 
e dados primários (coordenadas), no tratamento desses dados através de softwares de 
geoprocessamento, com a finalidade de tornar as coordenadas coletadas em campo 
conhecidas em um sistema de referência, o qual possibilita a localização exata dos dados 
ou fenômenos em análise e potencializa a sua representação através de cartografias.  
O INCRA desenvolveu a Norma Técnica para georreferenciamento de Imóveis 
Rurais em 2003 e atualizou-a em 2010, na perspectiva de orientar e normatizar o 
processo de demarcação, medição e georreferenciamento de imóveis rurais. A referida 
norma apresenta as etapas e critérios a serem seguidos para o georreferenciamento e 
certificação dos imóveis rurais
62
. 
Ainda é preciso mencionar como parte importante neste processo, o memorial 
descritivo e a planta do imóvel rural elaboradosa partir do resultado do processo de 
georreferenciamento. A apresentação destes documentos permite que se obtenha a forma, 
a dimensão e a localização exata do imóvel rural. O memorial é o documento em que se 
apresenta o imóvel rural sob a forma de descrição, relatando o perímetro, os 
confrontantes, os vértices e a área do imóvel. Já a planta tem o objetivo de proporcionar 
uma visão detalhada do imóvel rural, demonstrando de forma visual os seus limites, suas 
confrontações e sua área. Na planta são também apresentados os azimutes e distâncias 
entre todos os vértices do imóvel, juntamente com os seus respectivos códigos 
                                                                                                                                                        
ou ainda por meio de mesas digitalizadoras, ou outras imagens ou mapas (em papel ou digitais) 
georreferenciados ao sistema geodésico brasileiro (SGB), com precisão posicional fixada pelo INCRA 
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).  Disponível em 
<http://www.mda.gov.br/Terralegal/pages/georreferenciamento>. Acesso em: 01 jun. 2013. 
62
 A Certificação do Imóvel Rural foi criada pela Lei 10.267/01. O processo é feito exclusivamente pel o 
Incra. Este documento é exigido para toda alteração de área ou de seu (s) titular (es) em Cartório (de 
acordo com os prazos estabelecidos no Dec. Nº 5.570/05) e corresponde à elaboração de uma planta 
georreferenciada do imóvel. Disponível em <http://www.incra.gov.br/index.php/estrutura-
fundiaria/regularizacao-fundiaria/certificacao-de-imoveis-rurais>. Acesso em: 01 jun. 2013. 
168 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
identificadores indicados na representação dos vértices ou, senão, em um quadro 
contendo os vértices com suas respectivas coordenadas UTM. Então o ITR para a ser 
declaratório e o proprietário é obrigado a declarar sua produção ao governo federal, 
sendo assim gerado o valor do imposto. 
A tentativa do cadastro já havia se iniciado na velha república. Os proprietários 
deveriam fazer o levantamento de suas propriedades e informar ao governo, porém, 
somente há pouco mais de uma década, com a exigência da lei, é que efetivamente 
começaram a aparecer as mudanças, mesmo que ainda longe de uma regularização 
efetiva. 
O avanço das tecnologias permite otimizar os custos para se gerar informações 
físico-espaciais, envolvendo banco de dados gráficos e alfanuméricos. Esta redução de 
custos compreende todo o espectro desde os levantamentos de campo até os recursos da 
informática para gerar dados secundários derivados do levantamento de campo.  
Como a gestão territorial exige o conhecimento do espaço de interesse com a sua 
devida análise temporal, novamente percebe-se a necessidade do conhecimento 
cartográfico da área de interesse. Considerando este exposto, fica claro que se torna 
difícil falar em gestão territorial sem ter as medições confiáveis daquele espaço em 
análise, passíveis de correlações no decorrer do tempo confrontando os temas de 
interesse e as mudanças a nível pontuais. 
No tocante a essa mudança de procedimentos, por isso, merece destaque a 
introdução do geoprocessamento. Isto não é apenas devido à coleta de informações 
através dos sistemas orbitais com imagens de alta resolução que tem proporcionado um 
maior detalhamento dos alvos terrestres mas, principalmente, na análise espacial de tais 
informações e no fornecimento de uma base de dados concreta como suporte à tomada de 
decisões aos gestores públicos. 
O planejamento rural apresenta-se como uma alternativa que visa, sobretudo, 
dotar a economia futura local de recursos monetários em todos os períodos do ano, com 
produção agrícola diversificada a partir da definição dos sistemas ambientais em que são 
consideradas a estrutura, composição, dinâmica e interrelações de seus componentes, 
procurando sempre estabelecer o equilíbrio e a dinâmica do sistema global.  
Cabe enfatizar que o cadastro georreferenciado dos imóveis rurais defindo pela lei 
Lei 10.267/2001, demarcando os limites físicos das propriedades rurais, é uma das 
informações básicas para que se conheça a estrutura fundiária das propriedades rurais. 
169 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Entretanto, a construção dessa informação enfrenta muitas dificuldades. No Brasil, ainda 
não existe um cadastro completo, atualizado e acessível desses imóveis. O INCRA, 
responsável pela certificação do georreferenciamento de imóveis rurais, ainda não possui 
essa informação organizada e os registros nos cartórios de imóveis apresentam 
deficiências. 
A análise urbana visa fazer compreender um espaço urbano através da definição 
de suas características físicas, sociais, econômicas e político-administrativas. Quanto 
maior o grau de detalhamento dessa análise, maior é o grau de compreensão da realidade, 
e maior é o leque de utilização dessa informação. 
O marco jurídico importante foi a aprovação do Estatuto da Cidade (Lei Federal nº 
10.267/01) para a efetivação do cumprimento da função socioambiental das cidades e das 
propriedades urbanas, consolidando o Plano Diretor como instrumento básico da política 
de desenvolvimento e expansão urbana dos municípios brasileiros. O art. 40, parágrafo 2º 
estabelece que esse instrumento deve englobar a área do município como um todo, 
abrangendo as zonas urbanas e rurais. Tal orientação implica envolver as propriedades 
rurais, ao menos aquelas em locais estratégicos, na fase de leitura socioterritorial do 
município e na definição de propostas para o Plano Diretor. 
Portanto, as técnicas e ferramentas de geoprocessamento permitem auxiliar na 
gestão do território urbana, visto que a possibilidade de utilização de dados pode 
contribuir com a gestão pública que, por sua vez, necessitam de informações organizadas 
para seus empreendimentos. Proporcionando a integração de diferentes órgãos e 
incentivando a troca de informações, evita-se a duplicidade ou mesmo o sub-
aproveitamento de esforços desnecessários na atual conjuntura vivida pelo país.  
Na maior parte dos municípios não possui em seus quadros uma equipe técnica 
responsável pela organização territorial da área. É de responsabilidade dessa equipe os 
esclarecimentos da importância da implantação e do aperfeiçoamento do sistema 
cadastral. Ainda outra dificuldade nas gestões públicas é o tempo necessário para a 
obtenção de resultados na implantação do cadastro. Os gestores públicos estão sempre 
preocupados nos levantamentos de dados, dados esses que raramente estão sistematizados 
e preparados para atualização constante. 
Conforme Carneiro (2003, p. 64), a maioria dos registros cadastrais existente foi 
desenvolvida por tecnologia convencional. A modernização da tecnologia de 
gerenciamento territorial, baseada na tecnologia da informação para mapeamento 
170 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
cadastral e registro territorial, consiste na construção de metodologia que serão postas em 
prática gradualmente. 
Gerenciar um cadastro precisa que este esteja organizado e mantenha sua 
atualização. Para o órgão responsável pela regularização fundiária do estado esperam-se 
dados cadastrais atualizados, utilizando-se da tecnologia. O que dizer se esses dados 
estão em forma analógicas e o mosaico ainda atualizado em papel overlay
63
 e trabalhado 
em nanquim? 
Os mapas e o acompanhamento via imagens aéreas ou de satélites permitirão aos 
municípios identificar as culturas praticadas em cada propriedade, de modo a estimar e 
aferir a produção agrícola comercializada. 
Em uma economia em crescimento é importante ter o total conhecimento dos 
recursos da terra. E, segundo Loch (1993), os mapas são o melhor meio de obtenção, 
registro e análise deste conhecimento e são indispensáveis para se obter uma eficácia no 
planejamento do desenvolvimento e uso dos recursos da terra. 
Toda propriedade tem um documento, seja escritura, muito das vezes com registro 
em cartório, onde consta o memorial descritivo da área. Caso não tenha o mapa, a partir 
do memorial descritivo é importante a plotagem da área. Mapas e croqui são importantes 
para os trabalhos de campo. A visualização prévia mostra-se importante para a 
preparação dos trabalhos de campo, ou seja, é possível planejar em gabinete como serão a 
sequência e o desempenho dos trabalhos a serem executados no campo. 
No levantamento de campo na área do perímetro do município devem ser 
coletados pontos, a partir de um recorte de imagem de alta resolução, os quais podem 
identificar objetos que serão reconhecidos em campo. Propiciando abstrair várias 
coordenadas, as quais serão identificadas e conferidas em campo. Esse levantamento do 
campo será necessário para o controle da imagem. Mesmo a imagem sendo 
georreferenciada, faz-se os levantamentos e coletas no campo. 
Retomando ao município de Porto Nacional, ressalte-se que sua área sofreu várias 
alterações, considerando a era do minério quando a capitania de Goiás foi desmembrada 
da Capitania de São Paulo. Nesse período a área do atual município de Porto Nacional, 
então Porto Real, tinha influência e era representativa no Norte da Capitania, por 
                                                 
63
 Tipo de papel onde os mapas são elaborados em nanquim, e próprios para ser copiados em papel 
heliográficos. 
171 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
localização geográfica estratégica, área de comércio e comunicação com área mais 
distante e de interesse econômico. Neste contexto a área territorial de abrangência, 
também é significativa, pois a capitania apresentava um vazio demográfico. 
Conforme Valverde e Dias (1967d, p. 231) “as grandes propriedades e o sistema 
pastoril extensivo tornam as áreas de cerrados verdadeiros vazios demográficos”. Era o 
contexto onde se encontrava o boi curraleiro e por consequência, a formação dos currais. 
A partir dai, vários desmembramentos e surgem novos aglomerados urbanos que 
posteriormente buscam a independência política com a emancipação. 
Podemos considerar várias etapas na delimitação da área do município de Porto 
Nacional, quando estabelecida pelos órgãos oficiais, que na maioria das vezes eram feitas 
pelo “poder” da influência local. 
A área territorial atual do município foi delimitada a partir da criação do Estado 
do Tocantins. A área territorial do Município de Palmas, também é desmembrada da área 
do Município de Porto Nacional, quando é delimitada uma área de seu território para a 
construção da capital. Outro aspecto determinante na construção desse novo espaço foi a 
necessidade de retirada de moradores das margens do rio Tocantins, e o processo de se 
transformar o rio em lago. 
 
 ________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 5 
________________________________________________________________________ 
 
 
 
 
 
Organização do autor, dez./2013. 
 
 
 
 
 
Pode parecer estranho falar de „movimento social‟ quando se 
trata de um fenômeno habitualmente considerado como „técnico‟.  
 
 
 
 
 
 
 
 
Pierre Lévy, 2010.
173 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O propósito desta pesquisa foi apreender sobre a geotecnologia como 
determinante na coleta de dados, na análise das alterações espaciais e ao subsídio do 
ordenamento territorial. Para tanto, acreditávamos no início desta e confirmamos que o 
domínio da técnica, aliada a disposição desses meios é determinante para a tomada de 
posição do gestor público. 
O ordenamento do território do município de Porto Nacional está diretamente 
ligado ao processo histórico da ocupação do Norte goiano. Entradas e Bandeiras que 
propiciaram a exploração do ouro, vieram do Sul para o Norte da então capitania de 
Goyas. Por outro lado, as atividades agropastoris ocupa de Leste para Oeste na busca do 
pasto para a criação extensiva do curraleiro. 
A posição estratégica da atual sede do município foi fator preponderante na 
entrada da ocupação na direção Norte e Sul adentrando via fluvial a montante do rio 
Tocantins. Essa ocupação criou características peculiares entre o Norte e o Sul da então 
capitania de Goyas. As demandas da população por infra-estruturas eram evidentes, 
porém as dificuldades do Norte eram mais acentuadas devido a distância do poder 
decisório. Reconstruir a história da ocupação do município demandou entender a 
diversidade de pessoas que ocuparam o sertão goiano e construíram uma identidade 
cultural local. 
A aplicação da geotecnologia proporcionou trabalhar com dados coletados a partir 
da década de 1980 que demonstram o uso e ocupação da Terra no então Norte goiano, 
onde está localizado o município de Porto Nacional. 
Os dados coletados propiciaram visualizar a partir da década de 1980, a 
temporalidade do uso e ocupação da terra, registrado a cada 5 décadas, bem como o 
registro das atividades econômicas na área do município evidenciando a área de uso para 
atividades agropastoris diretamente proporcional ao uso da técnica que o homem 
dispunha em cada período. 
A ocupação da terra sempre esteve ligado ao conhecimento e evolução do uso da 
técnica. O homem inicia ocupando o espaço nativo e vai expandindo a propriedade com a 
pecuária extensiva. Com a evolução da tecnologia e aprimoramento da produção 
demandada pelo capital, ele abre novas frentes para atender tais demandas que 
174 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
proporciona a entrada e desmatamento abrindo indiscriminadamente áreas e 
transformando as áreas de vegetação. 
Recorrer ao passado principalmente com dados disponíveis não corresponde à 
prática atual do poder público. A partir do histórico da ocupação, com tecnologia, é 
possível nos dias de hoje sair do imediatismo recorrente da administração municipal e 
realizar um planejamento nos moldes que atenda a preservação do ambiente e vegetação 
nativa, agropastoril e água. 
O estudo demonstrou que os órgãos públicos, sobretudo a prefeitura municipal não 
se utiliza de tecnologias para o fazer cotidiano dos trabalhos atinentes a gestão. Os 
equipamentos são escassos, os dados sobre o município são incipientes. Vale enfatizar, 
que como foi apontado no presente estudo, o que está disponível de dados, e aparece 
como organizado é o sistema de cobrança do imposto predial. Nestes termos, apontar 
como organização é algo que merece ser esclarecido, pois o município cobra as taxas do 
imposto, mas aparentemente sem um registro sistematizado. Há de se evidenciar que na 
procura nos órgãos públicos, na coleta de dados para a pesquisa o que fica evidente que 
está organizado é o IPTU, feito manualmente, por uma pessoa que conhecia a todos e a 
cidade, essa pessoa veio a óbito, e atualmente um “segundo conhecedor” passa os dias 
estudando com o fim de desvendar o que foi interrompido com a morte do outro servidor. 
É comum, na procura de dados ouvir“hi rapaz, quem sabia disso era o fulano”, muitas 
informações não passam daí, pela falta do registro. É um verdadeiro garimpo a procura 
de informações na era tecnológica. 
Na concretização desta pesquisa constata-se que tecnologias de coleta de dados 
cadastrais não estão disponíveis na prefeitura municipal, enfatizando que o único 
documento encontrado foi o plano diretor que apresentamos no capítulo 3. 
Constatam-se as carências das mais diversas naturezas que vão desde a falta de 
conhecimento da administração municipal sobre o município, potencialidades e até 
mesmo áreas, o que é histórico, pois antes da concepção do novo Estado, Goiás já dava 
sinais de que o conhecimento sobre o Norte goiano era incipiente, e continua no 
município de Porto Nacional após 25 anos, alheio ao uso e apropriação das tecnologias, 
bem como o número reduzido de servidores concursados. 
Percebe-se-se ainda, a indefinição de métodos de trabalho e carência de recursos 
humanos especializados na área. É preciso que se busque uma mudança de cultura para 
que se enxergue a geotecnologia que estamos propondo, e, que os órgãos públicos não 
175 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
podem prescindir, como pré-requisito indispensável para aumentar a eficácia da 
intervenção, via planejamento e gestão municipal. 
Um dos objetivos desta tese é levar a cultura da informação e da informatização 
como forma de subsidiar as ações e gestão das políticas públicas no município, e ainda, 
propor para o município de Porto Nacional a criação de uma coordenação de 
informações, a partir de dados municipais. 
Entendemos que seja papel da universidade apresentar esse debate, que estamos 
nos propondo a realizar a partir da sensibilização e proposição para o curso de Geografia, 
que juntamente com os órgãos públicos municipais e sociedade civil organizada, 
desenvolva outra dinâmica no serviço público municipal e coleta para registro desses 
dados, com a finalidade de fomentar as discussões acerca da cultura da informação local . 
Na busca de conhecer e apontar alternativas de melhorias para o município foi 
feito o mapeamento do uso e ocupação da terra do município de Porto Nacional através 
de técnicas de sensoriamento remoto e a identificação das principais alterações espaciais 
por meio das geotecnologias no período de 1980 a 2013, que contribuiram no 
ordenamento territorial e a demonstração do processo de transformação dos limites até os 
dias atuais. 
As técnicas de coleta de dados utilizadas na tese e deverá ser apresentado para a 
gestão municipal, com o fim de demonstrar que com soluções simples e baratas é 
possível apropriar-se de informações que são caras ao município. Que de posse desses 
dados poderá, inclusive, disponibilizar dados e informações espaciais como subsídio a 
gestão territorial do município de Porto Nacional. 
No tocante a essa mudança de procedimentos, merece destaque a introdução do 
geoprocessamento. Isto não é apenas devido à coleta de informações através dos sistemas 
orbitais com as imagens de alta resolução, que tem proporcionado um maior 
detalhamento dos alvos terrestres, mas, principalmente, na análise espacial de tais 
informações e no fornecimento de uma base de dados concreta como suporte à tomada de 
decisões. 
No município de Porto Nacional soma-se um agravante técnico para a análise 
físico-territorial, atualização permanente e gestão eficiente de informações, a 
complexidade natural do meio, devido ao fato de ser um espaço altamente diversificado e 
dinâmico, depende do monitoramento, o que pode ser realizado através de SIGs, 
adequadamente estruturados e implementados. Ainda requer métodos que proporcione 
176 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
diagnosticar, analisar e prognosticar possíveis problemas podendo efetuar um 
monitoramento, atualizar informações e apoiar planejamentos físico-territorial, 
compreensão e acompanhamento da evolução dessa realidade. 
Outra preocupação do estudo foi discutir a partir do uso de geotecnologias um 
cadastro territorial fundiário e ambiental como base ao planejamento e gestão do espaço 
físico municipal, como alternativa para o município que é a criação do cadastro técnico. 
Este consiste no inventário completo das propriedades, contendo as características do 
imóvel, a representação gráfica e ou espacial em consonância com os registros de 
imóveis. 
A importância da utilização das geotecnologias para implantação do cadastro 
territorial fundiário do município de Porto Nacional como subsídios de ações e políticas 
públicas, no âmbito local e regional. É necessário constituir a “cultura” do cadastro, haja 
vista, a relevância para as tomadas de decisão do gestor público. 
O cadastro georreferenciado dos imóveis rurais defindo pela lei Lei 10.267, de 28 
de agosto de 2001, mapeando as características das propriedades rurais, é uma das 
informações básicas para que se conheça a estrutura fundiária rural. Entretanto, a 
construção dessa informação enfrenta muitas dificuldades, o que foi constatado no estudo 
que mesmo no país, ainda não existe um cadastro completo, atualizado e acessível dos 
imóveis. O INCRA, que é o órgão responsável pela certificação do georreferenciamento 
de imóveis rurais, ainda não possui essa informação organizada e os registros nos 
cartórios de imóveis apresentam deficiências, pois novamente, os dados são 
fragmentados e a procura para o pesquisador torna-se quase que inviável. 
Desse modo, defendemos que o município necessita também promover política de 
desenvolvimento urbano. O Plano Diretor deve ser entendido como um instrumento de 
desenvolvimento local sustentável, com normas voltadas a abranger a totalidade do seu 
território, compreendendo a área urbana e rural.  
O que constatamos é que é um dos poucos documentos organizados e disponíveis. 
A revisão para o referido plano é prevista a cada dez anos, efetivamente questões básicas 
e essenciais que estão ali contempladas na prática não são cumpridas. Exemplo disso foi 
o gestor municipal cobrado pelos moradores do distrito de Luzimangues, sobre o 
saneamento básico, abertura de ruas, se queixavam que estão no “meio do mato”, sem 
segurança, enfim, e o gestor concedeu uma entrevista na tv local, se posicionando que as 
177 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
reivindicações não eram pertinentes, argumentando que era responsabilidade das 
empresas que executavam os empreendimentos/loteamentos. 
A população reclama de necessidades urgentes e primárias, porém sem conhecer a 
legislação, dificulta a cobrança incisiva, no sentido de que o gestor público solucione 
problemas que são fundamentais para o ser humano. Percebe-se, inclusive, a falta de 
informações do gestor sobre o município e também basicamente do plano diretor. 
É preciso ainda, publicizar as técnicas e ferramentas de geoprocessamento que 
permitem auxiliar na gestão do território visto que a possibilidade de utilização de dados 
pode contribuir com a gestão pública. Proporcionando a integração de diferentes órgãos e 
incentivando a troca de informações, entre os mesmos, evita-se a duplicidade e esforço 
desnecessário na coleta de dados. 
A administração municipal precisa fornecer apoio à decisão, para isso deve 
considerar indicadores sociais, ambientais, físicos-espaciais e econômicos, ainda, a 
consciência de que o planejamento do espaço é essencial para atender as demandas 
sociais que crescem a cada dia. O controle de uso e ocupação da Terra é de suma 
importância para evitar conflitos e preservar o ambiente.  
Na carência de informações adequadas para a tomada de decisões sobre os 
problemas, sobretudo, percebe-se o geoprocessamento como um instrumento de enorme 
potencial, principalmente se baseado em tecnologias de custo relativamente baixo, em 
que o conhecimento seja adquirido localmente. 
Na avaliação física de uma área é frequente a ausência de mapas com as 
propriedades delimitadas e individualizadas. A forma de parcelamento e ocupação das 
propriedades, as características do relevo, do solo e das culturas recomendadas não estão 
disponíveis. Os elementos para planejamento urbano e rural, tributação, reforma agrária, 
implantação de infra-estrutura, projetos de engenharia não são conhecidos, o que dificulta 
as possibilidades de uma gestão pública que favoreça a população.  
Estamos convencidos que o uso das geotecnologias possibilita diagnósticos 
precisos, cujo conteúdo seja fiel e retrate a realidade, objeto de atuação e possibilitador  
de processar, no seu bojo, as atualizações e mudanças com o transcorrer do tempo. A 
ausência de dados, instala uma situação que impossibilita o real conhecimento da 
estrutura fundiária do município. Dados esses que deveriam ser obtidos mensuradamente, 
inclusive com delimitação das divisas dos imóveis rurais, consignados por intermédio de 
confecção de peças técnicas determinantes e exatificadoras como planta, memorial 
178 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
descritivo e cálculo analítico de área, cabendo atualmente a designação de imóvel rural 
georreferenciado, face a precisão alcançada na identificação dos seus limites  
Outro fator que foi motivo de preocupação na pesquisa, apesar de não ser o foco 
principal do estudo, mas preponderante para que se entenda o reordenamento territorial e 
o uso das tecnologias,é, como os sete municípios atingidos pela construção da usina 
UHE, se relacionam com o lago e como se dá a possibilidade de troca informações no 
sentido de que se alcance o desenvolvimento regional, no que constatamos a existência 
de um fórum denominado, “fórum do lago”, que discute os problemas do lago e destacam 
a preocupação com o meio ambiente, porém incipiente para toda gama de problemas 
enfrentados, sobretudo pelos que foram desalojados com a construção da usina. 
A carência de dados geográficos e informações sobre o município precisa ser 
superada, a falta desses dados físicos, sócioespaciais, como já foi mencionado reiteradas 
vezes, geram impossibilidades do gestor público implantar políticas públicas para o 
atendimento das demandas sociais, pois os dados de que o município de Porto Nacional 
dispõe são incipientes e as técnicas de coleta dos referidos dados utilizadas, ainda hoje 
são rudimentares. 
O que se espera que a internet possa ser um instrumento ideal para fomentar a 
democracia. Com os dados disponibilizados, resultariam em fácil acesso às informações 
políticas através desse veículo de comunicação. 
A informática, como vem sendo utilizada, não democratiza a informação. Na 
realidade a desseminação dos computadores pela nossa sociedade está muito mais 
voltados para a centralização das informações e o controle dos indivíduos, do que para a 
difusão e a democratização da informações, some-se a isso a existência na Prefeitura de 
ínfimo aparato tecnológico, sobretudo, computadores. 
Reforça-se, ainda, o engajamento maior por parte da comunidade universitária, 
que detém o conhecimento. Nesse sentido, o Campus de Porto Nacional, da Universidade 
Federal do Tocantins tem um papel importante na formação da consciência dos usos da 
tecnologia cada dia mais aberta a sociedade, colocando a disposição dos gestores, para 
que possam tomar decisões mais acertadas em prol de realmente proporcionarem a 
população e, sobretudo, os menos favorecidos, melhor qualidade de vida. 
Esta investigação, por fim, se pretende não esgotada, mas aponta para novas 
possibilidades de pesquisa, com abordagens que privilegiam o enraizamento da discussão 
179 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
sobre a importância da apropriação das geotecnologias no poder público, sobretudo, o 
municipal, objeto de nossa pesquisa. 
 
5. 1. Recomendações. 
 
A presente tese identificou “lacunas” no que se refere à atuação dos órgãos 
públicos, sobretudo, no que tange aos serviços prestados a população bem como no 
gerenciamento das atividades que são de responsabilidade do poder público. A partir do 
histórico da ocupação, com tecnologia, é possível nos dias de hoje sair do imediatismo 
recorrente da administração municipal e realizar um planejamento nos moldes que atenda 
a zona urbana e a zona rural do município. 
Cabe esclarecer, que as recomendações aqui elencadas, não se apresentam em 
ordem de prioridade, pois a constatação é de que todas são de primeira ordem. Vale dizer 
ainda, que não se pretendeu esgotar neste estudo os aspectos que nomeamos aqui como 
“lacunas”, e, por razões metodológicas, para o melhor entendimento, optou-se por 
apresentar a Prefeitura e a Universidade e posteriormente o Campus de Porto Nacional.  
O discernimento de que a responsabilidade de viabilizar essas ações, traduzidas 
aqui em recomendações, são inteiramente do pesquisador, que mobilizará os agentes 
condutores para as mudanças, como pode ser verificado, que se enfatiza essa 
responsabilidade, no item que trata do Campus da UFT. 
 
ï‚· Que a Prefeitura Municipal de Porto Nacional: 
 
a) Invista na formação de seu quadro de pessoal, para o desempenho das atividades; 
b) Realize concurso público de provas e títulos para prover as lacunas que não são 
preenchidas, principalmente, no interstício de 4 anos; 
c) Componha uma equipe técnica responsável pela organização territorial;  
d) Invista em programas e softwares, com o fim de agilizar os serviços e dispor de 
um banco de dados, da realidade do município; 
e) Invista em tecnologia, para realizar o trabalho do dia a dia, a exemplo de 
aquisição de computadores e seus componentes, para o simples atendimento ao público; 
f) Utilize para a análise físico-territorial o monitoramento, o que pode ser realizado 
através de SIGs; 
180 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
g) Utilize o Plano Diretor como um instrumento de desenvolvimento local 
sustentável com normas voltadas a abranger a totalidade do seu território, 
compreendendo a área urbana e rural; 
h) Necessita promover a política de desenvolvimento urbano, bem como a rural;  
i) Reconheça a importância do cadastro georreferenciado dos imóveis rurais, 
mapeando as características das propriedades rurais, como uma das informações básicas 
para que se conheça a estrutura fundiária na area rural; 
j) Incentive a troca de informações e a integração de diferentes órgãos públicos, 
evitando-se a duplicidade ou mesmo o sub-aproveitamento de esforços desnecessários 
nos referidos órgãos, que apresentam diferentes formas de gerar a informação e se 
embasam em diferentes premissas para gerar dados; 
k) Publicize as técnicas e ferramentas de geotec que permitem auxiliar na gestão do 
território rural, visto que a possibilidade de utilização de dados contribuirá com a gestão 
pública que, por sua vez, necessita de informações organizadas;  
l) Conscientize-se de que o planejamento do espaço é essencial para atender as 
demandas sociais que crescem a cada dia. 
 
 À Universidade Federal do Tocantins – UFT 
 
A importância de um Campus da Universidade Federal, com um Curso de 
Geografia, (Bacharelado e Licenciatura) em um Estado, que ora constrói sua identidade, 
em um dos cento e trinta e nove (139) Municípios, denominado de Porto Nacional. Essa 
Universidade que é criada com o compromisso do desenvolvimento do Estado e, que 
precisa dar respostas a essa população.  
Entendemos que seja papel da universidade apresentar o debate sobre as 
geotecnologias, a partir sensibilização e proposição para o curso de Geografia, que 
juntamente com os órgãos públicos municipais e sociedade civil organizada, concretize 
outra dinâmica no serviço público municipal de coleta e registro de dados, com a 
finalidade de fomentar as discussões acerca da cultura da informação local.  
As recomendações a seguir são de responsabilidade e propósito do autor do 
estudo, na condição de docente e responsável pela sensibilização dos responsáveis pela 
gestão, com o intuito da transformação e melhorias, que são, sobretudo, de urgência 
social. 
181 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
ï‚· Que o Campus de Porto Nacional: 
 
a) Proponha para a gestão municipal a criação de uma coordenação de informações, 
a partir de dados municipais; 
b) Leve a cultura da informação e da informatização como forma de subsidiar as 
ações e gestão das políticas públicas no município, demonstrando que com soluções 
simples e baratas é possível apropriar-se de informações que são determinantes ao 
município; 
c) Que a posse desses dados poderá, inclusive, disponibilizar dados e informações 
espaciais como subsídio a gestão territorial do Município de Porto Nacional; 
d) Trabalhe para uma mudança de cultura com vista a vislumbrar a geotecnologia 
que os órgãos públicos não podem prescindir, como pré-requisito indispensável para 
aumentar a eficácia da intervenção do poder público, via planejamento e gestão 
municipal; 
e) Apresente a importância da utilização das geotecnologias para implantação do 
cadastro territorial fundiário do município de Porto Nacional, como subsídios de ações e 
políticas públicas no âmbito local e regional; 
f) Destaque para asgeotecnologias, que não serve apenas à coleta de dados através 
dos sistemas orbitais com as imagens de alta resolução, que proporciona um maior 
detalhamento dos alvos terrestres, mas, principalmente, na análise espacial de tais 
informações e no fornecimento de uma base de informações, como suporte à tomada de 
decisões. 
Estamos convencidos que o uso das geotecnologias possibilita diagnósticos 
precisos, cujo conteúdo seja fiel e retrate a realidade, objeto de atuação e possibilitador 
de processar, no seu bojo, as atualizações e intervenções necessárias em todas as ações na 
gestão pública municipal. 
Somos cientes de que para as mudanças almejadas acontecerem, precisa de muito 
trabalho, pois estamos nos referindo a uma mudança, inclusive, de cultura, e sabedores 
que não ocorre do dia para a noite. 
 
 
 
182 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
6. REFERÊNCIAS 
 
APOLINÁRIO, Juciene R. Escravidão Negra no Tocantins Colonial: Vivências 
escravistas em Arraias (1739-1800), Goiânia: Kelps, 2000. 
 
BAUMAN, Zygmunt. Globalização: As conseqüências humanas. Tradução de Marcus 
Penchel, Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999. 
 
__________________. A Sociedade Individualizada: Vidas contadas e histórias 
vividas. Tradução de José Gradel, Rio de Janeiro: Zahar , 2008. 
 
__________________. Modernidade Líquida. Tradução de Plínio Dentzien, Rio de 
Janeiro: Zahar, 2001. 
 
BERTRAND, Georges. Paisagem e geografia física global. Esboço metodológico. 
Revista RA’ E GA, Curitiba: Editora UFPR, n. 8, p. 141-152, 2004. 
 
BLACK, Jeremy. Mapas e História: construindo imagens do passado. Tradução de 
Cleide Rapucci, Baurú, Edusc, 2005. 
 
BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Programas Urbanos. 
Reabilitação de Centros Urbanos, Brasília, 2005. 
 
BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Programas Urbanos. 
Regularização Fundiária, Brasília, 2005. 
 
BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Programas Urbanos. Plano 
Diretor Participativo, Brasília, 2005. 
 
BRASIL, Ministério do Exército. Departamento de Engenharia e Comunicações. 
Diretoria de Serviços Geográficos (DSG). Paraíso do Norte, Folha SC-22-Z-B-II / MI 
1643. Brasília, 1977, 1 carta planialtimétrica, color, Escala 1: 100.000.  
 
183 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
BRASIL, Ministério do Exército. Departamento de Engenharia e Comunicações. 
Diretoria de Serviços Geográficos (DSG). Vila Canela, Folha SC-22-Z-B-III / MI 1644. 
Brasília, 1977, 1 carta planialtimétrica, color, Escala 1: 100.000.  
 
BRASIL, Ministério do Exército. Departamento de Engenharia e Comunicações. 
Diretoria de Serviços Geográficos (DSG). Fátima, Folha SC-22-Z-B-V / MI 1709. 
Brasília, 1977, 1 carta planialtimétrica, color, Escala 1: 100.000. 
 
BRASIL, Ministério do Exército. Departamento de Engenharia e Comunicações. 
Diretoria de Serviços Geográficos (DSG). Porto Nacional, Folha[ SC-22-Z-B-VI / MI 
1710. Brasília, 1977, 1 carta planialtimétrica, color, Escala 1: 100.000. 
 
BRASIL, Ministério do Exército. Departamento de Engenharia e Comunicações. 
Diretoria de Serviços Geográficos (DSG). Brejinho de Nazaré, Folha SC-22-Z-D-II / 
MI 1771. Brasília, 1977, 1 carta planialtimétrica, color, Escala 1:1 00.000. 
 
BRASIL, Ministério do Exército. Departamento de Engenharia e Comunicações. 
Diretoria de Serviços Geográficos (DSG). Santa Rosa, Folha SC-22-Z-D-III / MI 1772. 
Brasília, 1977, 1 carta planialtimétrica, color, Escala 1: 100.000.  
 
BRASIL. Ministério da Fazenda. Projeto CIATA – Manual do Cadastro Imobiliário. 
1980. 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 182 e 183.  
 
BUZAI, Gustavo Daniel. Geografia global el paradigma geotecnológico y el espacio 
interdisciplinario en la interpretación del mundo del siglo XXI. Buenos Aires: Lugar 
Editorial, p. 245 - 2001. 
 
CALDER. R. Conquistar o fogo e subjugá-lo foi a primeira vitória épica do homem. 
Revista Ciência Hoje, São Paulo, volume 5, nº 29, p. 31-38. 
 
184 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
CÂMARA, G.; DAVIS, C.; MONTEIRO, A. I. A Ciência da Geoinformação. São José 
dos Campos - SP, INPE, 2001. 
 
CARDOSO, Miriam Limoeiro. Sobre a teorização do capitalismo dependente em 
Florestan Fernandes. In: FÁVERO, Osmar (org.). Democracia e educação em Florestan 
Fernandes. Campinas: Autores Associados/Niterói: EduFF, 2005, p. 7- 40. 
 
CARNEIRO. Andrea Flávia Tenório. Cadastro Imobiliário e Registro de Imóveis.  
Instituto de Registro Imobiliário do Brasil. Ed. Sergio Antonio Fabris. Porto Alegre, 
2003. 
 
CARONE, Edgar. A república velha. (instituições e classes sociais), 4ª edição, Rio de 
Janeiro/ São Paulo: DIFEL, 1978. 
 
CASTELLS, Manuel. La galaxia internet: reflexiones sobre internet, empresa y 
sociedad. Barcelona: Plaza & Janés Editores, 2001. 
 
__________________ A sociedade em rede. A era da informação: economia, sociedade 
e cultura. Tradução Roneide Venâncio Majer, São Paulo: Paz e Terra, Vol. 1, 2000. 
 
__________________ A questão urbana. Tradução de Arlene Caetano, 4ª ed., Rio de 
Janeiro: Paz e Terra, 1983. 
 
CAVALCANTE, Maria do Espírito Santo R. As elites políticas e o discurso separatista 
do norte goiano nas primeiras décadas do século XX. Estudos – Revista da Universidade 
Católica de Goiás, vol 23, Goiânia, jul. - dez., 1996, p. 225 a 229. 
 
______________. O Discurso Autonomista do Tocantins. Goiânia: Ed. da UCG, 2003. 
 
CHAUI, Marilena. O ser humano é um ser social. São Paulo: Martins Fontes, 2013. 
 
CHAUL, Nasr F. Caminhos de Goiás: da construção da decadência aos limites da 
modernidade, Goiâna: Ed. da UFG, 1997. 
185 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
COSTA, Célio. Fundamentos para a criação do Estado do Tocantins. Goiânia: Lider, 
1982. 
 
____________. O Estado do Tocantins: uma geopolítica de desenvolvimento. Goiânia, 
Lider, 1985. 
 
CORRÊA. R. L. Algumas considerações sobre análise regional. In: REVISTA 
BRASILEIRA DE GEOGRAFIA, ANO 49, 04. Fundação IBGE/Ministério do 
Planejamento. Rio de Janeiro/RJ.1988. Págs. 47 a 53. 
 
COUTINHO, Carlos Nelson. Contra a Corrente: ensaios sobre a democracia e 
socialismo. 2ª ed., São Paulo: Cortez, 2012. 
 
CRÓSTA. Álvaro Penteado. Processamento Digital de Imagens de Sensoriamento 
Remoto. Campinas – SP, IG/Unicamp, 1992. 
 
HOLANDA, Sergio B de. História geral da civilização brasileira. I. A Época Colonial, 
7ª ed., Rio de Janeiro/São Paulo, 1985. 
 
ELIAS, Denise. Globalização e agricultura. São Paulo: Edusp, 2003. 
 
ELLUL, Jacques. A técnica e o desafio do século.Tradução de Roland Corbisier, Rio de 
Janeiro: Paz e Terra, 1968. 
 
______________. Mudar de Revolução: O inelutável proletariado. Tradução de Herbert 
Daniel e Cláudio Mesquita, Rio de Janeiro: Rocco, 1985. 
 
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos (Rio de Janeiro, RJ). Sistema 
brasileiro de classificação de solos. – Brasília: Embrapa Produção de Informação; Rio 
de Janeiro: Embrapa solos, 1999. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.  
 
FERRARI. Célson. Curso de planejamento municipal integrado – Urbanismo, 7ª ed., 
São Paulo: Pioneira, 1991. 
186 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
FERREIRA, Jurandyr Pires. Enciclopédia dos municípios brasileiros. Rio de Janeiro: 
IBGE, Volume XXXVI, 1958. 
 
FITZ, Paulo Roberto. Geoprocessamento sem complicação. São Paulo: Oficina de 
Texto, 2008. 
 
FREYRE, Gilberto. Homens, engenharias e rumos sociais. Rio de Janeiro: Record, 
1987. 
 
________________. Casa Grande & Senzala. 50ª ed. São Paulo: Global, 2005. 
 
FRIEDMANN, Georges. 7 Estudos sobre o homem e a técnica. Tradução de Antônio 
Eduardo Vierira de Almeida e Eduardo de Oliveira e Oliveira, São Paulo, 1968.  
 
GARCIA NETTO, Luiz da R. Organização de dados e informações com vistas a 
elaboração de estratégias para o desenvolvimento do centro-norte 
matogrossense/Brasil. Florianópolis, Tese de Doutorado. CTC – Departamento de 
Engenharia de Produção e Sistemas – Curso de Pós-Graduação/UFSC. 2000. 
 
HAESBAERT, Rogério. “Gaúchos” no Nordeste: modernidade, des-territorialização e 
identidade. Tese de Doutorado em Geografia. São Paulo: FFLCH-USP, 1995. 
 
____________________. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à 
multiterritorialidade. 2º. edição, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. 
 
HARVEY, David. A produção do espaço capitalista. São Paulo: Annablume, 2005. 
 
_______________. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança 
cultural. São Paulo: Loyola, 1994. 
 
_______________. Espaços de esperança. São Paulo: Loyola, 2004. 
 
187 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
HOBSBAWM, Eric J. Era dos extremos: O breve século XX: 1914 - 1991. Tradução 
Marcos Santarrita. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 
 
IANNI, Octavio. Teorias da globalização, 13º ed., São Paulo: Brasiliense, 2006. 
 
_______________. A idéia de Brasil moderno. São Paulo: Brasiliense, 1992. 
 
_______________. Origens agrárias do estado brasileiro. São Paulo: Brasiliense, 
1984. 
 
_______________. A era do globalismo. 2ª ed., Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 
1997. 
 
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica. Manual técnico de uso da terra. 
Rio de Janeiro, 2010. 
 
_____ Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual Técnico de Pedologia. Rio 
de Janeiro, 2006. 
 
KAUTSKY, Karl. O Caminho do poder. São Paulo: Hucitec, 1979. 
 
LACOSTE, Yves. A Geografia: Isso serve, em primeiro lugar para fazer a guerra. 
Tradução de Maria Cecília França, Campinas – SP: Papirus, 1989. 
 
LEFEBVRE, Henri. Espaço e política. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2008. 
 
_________________. A revolução urbana. Tradução de Sérgio Martins, Belo 
Horizonte: Editora da UFMG, 1999. 
 
_________________. A Cidade do Capital. Tradução: Maria H. R. Ramos; Marilena 
Jamur. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. 
 
188 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: O futuro do pensamento na era da 
informática. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Editora 34, 1997. 
 
____________. Cibercultura. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: 
Editora 34, 2010. 
 
LEITE, Luis Philippe Pereira. Três Sorocabanos no Arraial de Mato Grosso nos seus 
primórdios. São Paulo: Editora Resenha Tributária Ltda, [s.d.]. 
 
LOCH, Carlos. Cadastro técnico rural multifinalitário - Como base à organização 
espacial do uso da Terra nível de propriedade rural, Curitiba, Dissertação de mestrado, 
1993. 
 
____________ Monitoramento global e integrado de propriedades rurais - a nível 
municipal, utilizando técnicas e sensoriamento remoto. Florianópolis: Editora da UFSC, 
1990. 
 
____________ Cadastro técnico rural multifinalitário como base à organização 
espacial do uso da Terra. Florianópolis: UFSC, 1993. Tese para professor titular. 
 
LOCKE, John. Segundo Tratado do Governo Civil. 5ª ed. São Paulo: Ed.Nova Cultural, 
1991. 
 
LOJKINE, Jean. A revolução informacional. Tradução de José Paulo Netto, 3ª ed., São 
Paulo: Cortez, 2002. 
 
MAMEDE, L; ROSS, J. L. S.; SANTOS, L. M. Geomorfologia. In: BRASIL, Ministério 
das Minas e Energia. Secretaria – Geral, Projeto RADAMBRASIL, folha SC-22, 
Tocantins, Rio de Janeiro, 1981, p.197-248. 
 
MANDEL, Ernest. O capitalismo tardio. Tradução Carlos Eduardo Silveira Matos, 
Régis de Castro Andrade e Dinah de Abreu Azevedo. 2ª ed., São Paulo: Nova Cultural, 
1982. (Os Economistas). 
189 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
MARX, Karl. O capital: critica da economia política: o processo global da produção 
capitalista. Volume IV, T. 1. São Paulo: Nova Cultural, 1988. 
 
MARX, E.; ENGELS, F. A ideologia alemã. 5ª ed., São Paulo: Hucitec, 1986. 
 
MEDEIROS, Cleyber Nascimento de. Geoprocessamento na gestão municipal: 
mapeamento do meio físico e socioeconômico do município de Parnamirim- RN. 
Dissertação de Mestrado (Programa de Pós-Graduação em Geociências), Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, Natal – RN, 2004. 
 
MÉSZÁROS, István. Para além do capital. Tradução Paulo Cezar Castanheira e Sérgio 
Lessa. São Paulo: Boitempo, 2006. 
 
MONTALVÃO, Raimundo Montenegro Garcia de. et al. In: BRASIL. Ministério das 
Minas e Energias. Secretaria Geral. Projeto RADAMBRASIL. Folha SC. 22 Tocantins. 
Rio de Janeiro: 1981. p. 21 – 196. 
 
MOREIRA, Maurício Alves. Fundamentos do sensoriamento remoto e metodologias 
de aplicação. 2ª ed., Viçosa- MG: UFV, 2004. 
 
MOREIRA, Ruy. Pensar e ser em geografia: ensaio de história, epistemologia do 
espaço geográfico. São Paulo: Contexto, 2007. 
 
NASCIMENTO, Alvacy Lopesdo. A evolução do conhecimento geográfico: da 
antiguidade à era da globalização, Maceió: EDUFAL, 2003. 
 
NOVO, Evlin M. L. de Morães. Sensoriamento remoto: Principios e aplicações. São 
Paulo: Blucher, 1989. 
 
OLIVEIRA, A. B.; SOUZA, L. F. P.; VIEIRA, P. C. Pedologia. In: BRASIL, Ministério 
das Minas e Energia. Secretaria – Geral, Projeto RADAMBRASIL, folha SC-22, 
Tocantins, Rio de Janeiro, 1981, p.249-292. 
 
190 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
OLIVEIRA, Ceurio. Curso de cartografia moderna, 2 ed., Rio de Janeiro: IBGE, 1993. 
 
OLIVEIRA, Maria de F. Portos do sertão: Cidades ribeirinhas do rio Tocantins. 
Goiânia: Editora da PUC Goiás, 2010. 
 
OLIVEIRA, J. C.; SILVA, J. M. F. Influência da segmentação no processo de 
classificação por região. INPE, 2005. 
 
PALACIN, Luís. O século do ouro em Goiás: 1722 - 1822, estrutura e conjuntura numa 
capitania de Minas. 4ª ed., Goiânia: Editora da UCG, 1994. 
 
______________. Coronelismo no extremo norte de Goiás: O Padre João e as três 
revoluções de Boa Vista. São Paulo: Loyola, 1990. 
 
PALACIN, Luís, Moraes, Maria Augusta de Sant'ana. História de Goiás, 7ª ed., Goiânia: 
Editora da UCG - Vieira, 2008. 
 
PEREIRA, Gilvandro S. Expedição ao Jalapão: Relatório do engenheiro Gilvandro 
Simas Pereira, IBGE, 1943, datilografado. 
 
PINTO. Álvaro Vieira. O Conceito de tecnologia. Rio de Janeiro: Contraponto, Vol. I e 
II, 2005. 
 
PRADO JUNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 
1986. 
 
_____________________ História econômica do Brasil. São Paulo, Brasiliense, 1986. 
 
____________________ Evolução política do Brasil. Colônia e Império, 14ª ed., São 
Paulo: Brasiliense, 1985. 
 
RAFFESTIN, Claude. Por uma geografia do poder. Tradução de Maria Cecília França. 
São Paulo: Khedyr, 2001. 
191 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
RAISZ, Erwin. Cartografia geral. Tradução de Neide M. Schneider, Rio de Janeiro: 
Científica, 1969. 
 
RANZANI, Guido. Manual de levantamento de solos. 2º ed., São Paulo: Edgard 
Blücher, EdUSP, 1969. 
 
________________. Carta de solos dos municípios de Porto Nacional e Ipueiras. 
Palmas – TO: Unitins, 1996. 
 
RATTNER. Henrique. Planejamento Urbano e Regional. São Paulo. Editora Nacional, 
1974. 
 
RODRIGUES, Jean Carlos. Estado do Tocantins: política e religião na construção do 
espaço de representação tocantinense. São Paulo: Blucher, 2010.  
 
RODRIGUES, Lízias A. O Rio do Tocantins, Rio de Janeiro: IBGE (Conselho Nacional 
de Geografia), 1945. 
 
ROMERO, Daniel. Marx e a técnica: um estudo dos manuscritos de 1861-1863. São 
Paulo: Expressão Popular, 2005. 
 
ROSA, Roberto; BRITO, Jorge. L. Introdução ao geoprocessamento: Sistema de 
Informação Geográfica. Uberlândia: UFU, 1996. 
 
ROSA. Roberto. Introdução ao sensoriamento remoto. 7ª ed.,Uberlândia: EDUFU, 
2009. 
 
SANTOS, Ana Cláudia Ventura dos; SILVA, Mauricio Alves da; CRISTO, Sandro 
Sidnei Vargas de. Estudo de indicadores de riscos ambientais da sub-bacia 
hidrográfica do Ribeirão do Carmo –Porto Nacional (TO). Geografia/Associação de 
Geografia Teorética, Rio Claro, Vol. 36, nº 1, p. 179 – 191, jan/abr. 2011. 
 
192 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
SANTOS, Milton & SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do 
século XXI. 15ª. edição, Rio de Janeiro: Record, 2011. 
 
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4ª ed., São 
Paulo: EDUSP, 2008. 
 
_______________.Técnica, espaço, tempo: Globalização e meio técnico-científico-
informacional, 3ª ed., São Paulo: Hucitec, 1997. 
 
_______________. Por uma outra globalização: Do pensamento único à consciência 
universal. Rio de Janeiro: Ed. Record, RJ. 2000. 
 
_______________. Espaço e método, São Paulo: Nobel, 1997. 
 
_______________.A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: 
Hucitec, 1996. 
 
_______________. Técnica espaço tempo: Globalização e meio técnico-científico-
informacional. São Paulo: Hucitec, 1994. 
 
_______________. Por uma geografia nova. São Paulo: Hucitec, 1986. 
 
_______________. O espaço dividido: os dois circuitos da economia urbana dos países 
subdesenvolvidos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979. 
 
________________. Sociedade e espaço: a formação social como teoria e como método. 
Boletim Paulista de geografia, nº 54, 1977. 
 
SEPLAN – SECRETARIA DE PLANEJAMENTO DO TOCANTINS. Atlas do 
Tocantins – subsídios ao palnejamento da gestão territorial. Palmas (TO):  SEPLAN, 
ago/2003. 
 
193 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
SILVA, Ana Lúcia. A revolução de 30 em Goiás, São Paulo, USP, Tese de 
Doutorado,1982. 
 
SILVA, Lígia Osório. Terras devolutas e latifúndio: efeitos da Lei de 1850. Campinas: 
Unicamp, 2008. 
 
SILVA, Mauricio Alves da. Diagnóstico sócio-ambiental do município de Vera- Mato 
Grosso/Brasil. Florianópolis, UFSC, 1999. 
 
SILVA, Otávio Barros da. Breve história do Tocantins e sua gente: Uma luta secular. 
Araguaina: Federação das Indústrias do Estado do Tocantins, Brasília: Solo, 1996. 
 
SOARES, Angelo dos S. O que é informática. São Paulo: Brasiliense, Coleção 
Primeiros Passos, 1988. 
 
SOJA, Edward. W. Geografias pós-modernas. A reafirmação do espaço na teoria social 
crítica. Trad. Vera Ribeiro. 2ª ed., Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. 
 
SOUZA, Cibele de; CARNEIRO, Maria Esperança F. Retrospectiva Histórica de 
Goiás: da Colônia a Atualidade. Goiânia: Cultura Goiana, 1996. 
 
SPÓSITO, Maria. E. B. Capitalismo e urbanização. 2ª ed., São Paulo, Hucitec, 1991. 
 
SPÓSITO, Eliseu, S. Geografia e filosofia: contribuição para o ensino do pensamento 
geográfico. 1ª ed., São Paulo: UNESP, 2003. 
 
TEODORO, Antônio. A educação em tempos de globalização neoliberal: os novos 
modos de regulação das políticas educacionais. Brasília: Líber Livro, 2011.  
 
TOCANTINS, Secretaria de Planejamento. Atlas do Tocantins. Cobertura e Uso da 
Terra - 1996. Palmas - TO, 2008. p. 50-51. 
 
194 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
VALVERDE, Orlando; DIAS, Catharina. V. A rodovia Belém-Brasília: Estudo de 
geografia regional. Rio de Janeiro: Vozes, 1967. 
 
VISENTINI, Paulo Fagundes. A projeção internacional do Brasil: 1930 – 2012. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2013. 
 
WEBER, Max. Economia e sociedade. Tradução Regis Barbosa e Karen E. Barbosa. 
Brasília: UnB, 1999, Volume 1/2. 
 
Endereços Eletrônicos 
 
BANCO DE DADOS GEOMORFOMÉTRICOS DO BRASIL. TOPODATA: folha na 
articulação 10s_495. São José dos Campos – SP: BRASIL, Disponível em: 
http://www.dsr.inpe.br/topodata/acesso.php. Acesso em dez. 2012. 
 
BRASIL. Código Civil. Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 25 ago. 
2009.  
 
BRASIL. Estatuto da Cidade: guia para implementação pelos municípios e cidadãos. 2. 
ed. Brasília: Câmara dos Deputados/Coordenação de Publicações, 2002. Disponível em: 
<http://www.senado.gov.br/sf/publicacoes/estatuto/estatutodacidade.pdf>. Acesso em: 25 
ago. 2009.  
 
BRASIL. INPE. Ministério da Ciência e Tecnologia. Instituto Nacional de Pesquisas 
Espaciais. 1997. Disponível em: <http://www.inpe.br/>. Acesso em: 25 ago. 2009.  
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de informática do SUS (DATASUS). 
Indicadores e Dados Básicos (IDB). 2007. Disponível em: 
<http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/idb2007/c01.htm>. Acesso em: 25 ago. 2010.  
 
BRASIL Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA. Disponível em: 
<http://concursoparqueolimpicorio2016.iabrj.org.br/documentos/pqo-
legislacao/AMBIENTAL/09-2006_Res_CONAMA_369.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2012. 
 
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Resolução CONAMA. Disponível em: 
<http://concursoparqueolimpicorio2016.iabrj.org.br/documentos/pqo-
legislacao/AMBIENTAL/09-2006_Res_CONAMA_303.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2012.  
 
195 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
BRASIL. DECRETO No 23.793, de 23de janeiro de 1934. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1930-1949/d23793.htm. Acesso em: 24 abr. 
2012.  
 
BRASIL. Ministério do Transportes. Principais obras:Ferrovia Norte-Sul. Disponível 
em <http://www.transportes.gov.br/obra/conteudo/id/36518>. Acesso em 02 jun. 2012. 
 
BRASIL INCRA. Certificação de imóveis rurais. Disponível em: 
<http://www.incra.gov.br/index.php/estrutura-fundiaria/regularizacao-
fundiaria/certificacao-de-imoveis-rurais>. Acesso em 01 jun. 2013. 
 
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Agrário. Georreferenciamento. Disponível 
em <http://www.mda.gov.br/Terralegal/pages/georreferenciamento>. Acesso em: 01 
jun.2013. 
 
BRASIL. IBGE. Ensino - Matículas, Docentes e rede escolar 2009.Disponível 
em<http://cidades.ibge.gov.br/xtras/temas.php?lang=&codmun=171820&idtema=2&sear
ch=tocantins|porto-nacional|ensino-matriculas-docentes-e-rede-escolar-2009>. Acesso 
em nov. 2013. 
 
BRASIL Ministério de Minas e Energia Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais:  
Diretoria de Geologia e Recursos Minerais Departamento de Recursos Minerais 
Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - Informe de Recursos Minerais. 
Disponível em: http://www.cprm.gov.br/opor/pdf/carvaorssc.pdf.  Acessado em: 14 09 
2013. 
 
COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS. Carta geológica do Brasil 
ao milionésimo: folha SC 22 Tocantins. Brasília, DF: CPRM, 2004. Disponível em: 
http://www.cprm.gov.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=298&sid=26. 
Acesso em dez. de 2013. 
 
SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E DA MODERNIZAÇÃO DA GESTÃO 
PÚBLICA. Base de dados Geográficos-atualização 2012: Geomorfologia e Pedologia. 
Tocantins,Palmas.Disponível em: 
http://wwwseplan.to.gov.br/seplan/Publicaçoes/to_base_dados_atualizaçao_jun2012/. 
Acesso em: nov. de 2013.  
  
 
 
 
 
 
 
196 
GEOTECNOLOGIA APLICADA AO ORDENAMENTO TERRITORIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO NACIONAL, TOCANTINS 
________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
 
ANEXO  A 
 
Organização do autor, out./2013. 
197 
ANEXO  B 
 
 
Senado Federal 
Subsecretaria de Informações 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
DECRETO-LEI Nº 1.767, DE 1º DE FEVEREIRO DE 1980. 
Cria grupo executivo para 
regularização fundiária no Sudeste do 
Pará, Norte de Goiás e Oeste do 
Maranhão, e dá outras providências. 
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o artigo 
55, item I, da Constituição, 
DECRETA: 
Art. 1º É criado o Grupo Executivo das Terras do Araguaia-Tocantins (GETAT), 
com a finalidade de coordenar, promover e executar as medidas necessárias à 
regularização fundiária no Sudeste do Pará, Norte de Goiás e Oeste do Maranhão, nas 
áreas de atuação da Coordenadoria Especial do Araguaia-Tocantis, criada na forma do 
disposto no artigo 1º do Decreto-lei nº 1.523, de 3 de fevereiro de 1977. 
Art. 2º O GETAT, subordinado à Secretaria-Geral do Conselho de Segurança 
Nacional, será constituído de 6 membros, sendo um representante daquela Secretaria-
Geral, como presidente; um Procurador da República; um representante do Instituto  
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), e os demais, representantes dos 
Estados do Pará, Goiás e Maranhão, todos designados pelo Presidente da República.  
Parágrafo único. Os representantes dos Estados serão indicados pelos respectivos 
Governadores. 
Art. 3º Para os efeitos deste Decreto-lei, a Coordenadoria Especial do Araguaia-
Tocantins fica subordinada ao GETAT, sem prejuízo de sua vinculação administrativa ao 
INCRA. 
Art. 4º Para o cumprimento de sua finalidade e com o apoio dos órgãos públicos  
federais, estaduais e municipais, fica o GETAT investido nas competências conferidas ao 
INCRA em decorrência do disposto nos artigos 11 e 97 da Lei nº 4.504, de 30 de 
novembro de 1964, e no artigo 6º da Lei nº 4.947, de 6 de abril de 1966.  
Art. 5º O GETAT fica autorizado a aceitar doações de Terras em favor da União e 
delas dispor para promover a regularização fundiária prevista no artigo 1º.  
198 
ANEXO  B 
 
 
Senado Federal 
Subsecretaria de Informações 
 
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Art. 6º Para efeito da regularização fundiária de que trata este Decreto-lei, ficam 
dispensadas de licitação as alienações de imóveis rurais de até 500 (quinhentos) hectares.  
Parágrafo único. As alienações serão feitas com expedição de título definitivo de 
domínio. 
Art. 7º O Poder Executivo adotará as medidas necessárias à imediata instalação, 
organização e funcionamento do GETAT. 
Art. 8º As despesas decorrentes deste Decreto-lei correrão à conta de dotações 
consignadas no orçamento da União. 
Art. 9º Este Decreto-lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as 
disposições em contrário. 
 
Brasília, 1º de fevereiro de 1980; 159º da Independência e 92º da República. 
JOÃO FIGUEIREDO 
Angelo Amaury Stábile 
Danilo Venturini 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO  C 
199 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Lei Complementar nº 07/2006     Publicada no Placar em: 
Data _____/_____/_____ 
 
Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano do Município de Porto Nacional. 
 
O Prefeito Municipal de Porto Nacional - TO, faço saber que a Câmara Municipal 
aprovou e eu sanciono a seguinte Lei Complementar: 
CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 
Art. 1º Esta Lei Complementar, fundamentada na Lei Federal nº 6.766/79, estabelece 
normas para o parcelamento do solo para fins urbanos no município de Porto Nacional. 
§ 1º O parcelamento do solo para fins urbanos poderá ser feito mediante loteamento, 
desmembramento ou condomínio urbanístico. 
§ 2º Mais de uma modalidade de parcelamento podem ser utilizadas, simultaneamente, na 
mesma gleba ou parte dela, atendidos os requisitos desta Lei. Complementar  
Art. 2º Os parcelamentos para fins urbanos só poderão ser aprovados se localizados nas 
Macrozonas Urbanas, de acordo com os limites e parâmetros fixados por esta Lei 
Complementar.  
Art. 3º O projeto de parcelamento deve ser elaborado com base nas disposições desta Lei 
Complementar considerando: 
I - a valorização do patrimônio paisagístico, ecológico, turístico, artístico,  histórico, 
cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou espeleológico;  
II - a previsão da execução das obras necessárias em seqüência que impeça a instauração 
de processo erosivo e seu desenvolvimento; 
III - a reposição da camada superficial do solo nas áreas que forem Terraplenadas, com 
plantio de vegetação apropriada. 
Art. 4º Considera-se loteamento a divisão de glebas em lotes destinados à edificação, 
com abertura de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, 
modificação ou ampliação de vias públicasou logradouros públicos existentes.  
Parágrafo único. Em função do uso a que se destinam são os loteamentos classificados 
nas seguintes categorias: 
ANEXO  C 
200 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
I - loteamentos para uso residencial: são aqueles em que o parcelamento do solo 
destina-se à edificação para atividades predominantemente residenciais, nelas incluídas 
as chácaras de recreio e condomínios urbanísticos, e de atividades complementares ou 
compatíveis com essas; 
II - loteamentos para uso industrial: são aqueles em que o parcelamento do solo 
destina-se predominantemente à implantação de atividades industriais e de atividades 
complementares ou compatíveis com essas; 
III - loteamentos para urbanização específica: são aqueles realizados com o objetivo de 
atender à implantação de zonas especiais de interesse social destinadas 
predominantemente à moradia de população de baixa renda e sujeita a regras específicas 
de parcelamento, uso e ocupação do solo; 
IV - loteamento fechado: microparcelamento de glebas urbanas nas mesmas condições do 
inciso anterior, mas dotado de muro ou cerca divisória no todo ou em parte de seu 
perímetro; 
Art. 5 Considera-se desmembramento a divisão de lotes em outros que não implique na 
abertura de novas vias públicas ou logradouros públicos nem no prolongamento, 
modificação ou ampliação das existentes.  
Parágrafo único.Quando se tratar de desmembramentos destinados à implantação de 
equipamentos comunitários, indústrias ou comércio, desde que a gleba faça frente para 
rodovia oficial, quando situada fora do perímetro das Macrozonas Urbanas, tomadas as 
garantias necessárias no ato da aprovação do desmembramento, a porção destinada às 
finalidades descritas no presente parágrafo será automaticamente declarada integrante de 
Macrozona Urbana inclusive para efeitos tributários, à exceção do remanescente que 
continuará na condição de imóvel rural. 
Art. 6º Considera-secondomínio urbanístico a divisão de gleba ou lote em frações ideais, 
correspondentes a unidades autônomas destinadas à edificação e áreas de uso comum dos 
condôminos, que não implique na abertura de logradouros públicos nem na modificação 
ou ampliação dos já existentes, podendo haver abertura de vias internas de domínio 
privado. 
ANEXO  C 
201 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
§ 1
o
Condomínio horizontal: é a divisão da gleba urbana, sob forma de instituição de 
condomínio junto ao Cartório de Registro de Imóveis, desde que previamente aprovado o 
projeto urbanístico pelo órgão municipal competente. 
§ 2
o
Será admitida a edificação em condomínios urbanísticos por unidades autônomas, na 
forma da alínea “a” do Art. 8º da Lei Federal n.º 4.591, de 16 de dezembro de 1964.  
Art. 7º Para os efeitos desta Lei Complementar são adotadas as seguintes definições: 
I - alinhamento: é a linha divisória estabelecida entre lote e logradouro público;  
II - área total: é aquela abrangida pelo parcelamento, com limites definidos por documento 
público do registro de imóveis; 
III - área líquida: é a obtida subtraindo-se da área total as áreas públicas e outras áreas 
destinadas a integrar o patrimônio do Município; 
IV - áreas de uso público: aquelas referentes ao sistema viário, à implantação de 
equipamentos comunitários, a espaços livres de uso público e a outros logradouros 
públicos; 
V - área equivalente: é à parte da área bruta da gleba equivalente a cada condômino, 
excluídas as áreas de preservação permanente, calculada pela seguinte fórmula: AE = AG 
: NC; onde AE = Área Equivalente; AG = Área da Gleba; NC = Número de Condôminos;  
VI - autoridade licenciadora: o Poder Público municipal responsável pela concessão da 
licença urbanística do parcelamento ou do projeto de consolidação e regularização 
urbanístico-ambiental que integra a regularização fundiária; 
VII - calçada: é a parte pavimentada de uma via de pedestres;  
VIII - ciclovia: é via destinada à circulação de ciclistas; 
IX - coeficiente de aproveitamento: é o índice pelo qual se deve multiplicar a área do 
lote para se obter a área máxima de construção permitida no mesmo;  
X - chácara de recreio: é o lote com grandes áreas, destinado a habitação unifamiliar, 
no qual será permitida a existência de duas habitações, uma principal e outra secundária;  
XI - equipamentos comunitários: são equipamentos públicos de educação, cultura, 
saúde, esporte, lazer, administração pública e similares;  
ANEXO  C 
202 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
XII - equipamentos urbanos: são os equipamentos públicos de abastecimento de água, 
serviços de esgoto sanitário, energia elétrica, coleta de águas pluviais, rede telefônica, 
rede de fibra ótica e outras redes de comunicação, iluminação pública e similares;  
XIII - espaço livre de uso público: é a área de terreno de propriedade pública e de uso 
comum do povo, destinada à circulação, recreação, lazer ou outra atividade ao ar livre;  
XIV - empreendedor: é o proprietário do imóvel a ser parcelado, que responde pela 
implantação do parcelamento. 
XV - faixa de domínio: é a área pública destinada a implantar e manter vias e equipamentos, 
definida entre alinhamentos prediais; 
XVI - fração ideal: é o índice da participação abstrata e indivisa de cada condômino nas 
coisas comuns do condomínio, expresso sob forma decimal, ordinária ou percentual; 
XVII - gleba: é uma área de Terra, com localização e configuração definidas, que não 
resultou de processo regular de parcelamento do solo para fins urbanos;  
XVIII - habitação secundária: é aquela isolada da edificação principal, sendo 
acessória à primeira; 
XIX - infra-estrutura básica: são os equipamentos urbanos de escoamento das águas 
pluviais, iluminação pública, redes de esgotamento sanitário e abastecimento de água, de 
energia elétrica pública e domiciliar e as vias de circulação de pedestres e veículos, 
pavimentadas ou não; 
XX - largura do lote: é a dimensão tomada entre duas divisas laterais e, no caso de lote 
de esquina, entre a frente de maior comprimento e uma divisa lateral, ou entre duas 
frentes, quando houver somente uma divisa lateral; 
XXI - licença ambiental: é o ato administrativo pelo qual o órgão competente do Sistema 
Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) estabelece as condições e restrições de 
natureza ambiental que devem ser obedecidas pelo empreendedor para implantar, alterar, 
ampliar ou manter parcelamento do solo para fins urbanos e para proceder à 
regularização fundiária; 
XXII - licença urbanística: é o ato administrativo pelo qual a autoridade licenciadora 
estabelece as condições e restrições de natureza urbanística a serem obedecidas pelo 
ANEXO  C 
203 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
empreendedor para implantar, alterar ou ampliar parcelamento do solo para fins urbanos 
e para proceder à regularização fundiária; 
XXIII- logradouros públicos: são os espaços de propriedade pública e de uso 
comum do povo, destinados a vias de circulação de pedestres e veículos, e os espaços 
livres de uso público; 
XXIV - lote: é a unidade imobiliária destinada à edificação resultante de 
parcelamento devidamente aprovado e inscrito nos Serviços de Registro de Imóveis, 
competentes, servido pelo menos de infra-estrutura básica; 
XXV - profundidade do lote: é a distância entre a testada do lote e a divisa de fundo;  
XXVI - quadra: é um terreno circundado por vias públicas, resultante de 
parcelamento do solo para fins urbanos; 
XXVII - regularização fundiária: é o conjunto de medidas jurídicas, urbanísticas, 
ambientais e sociais que visem adequar assentamentos preexistentes, informais ou 
irregulares, às conformações legais, de modo a garantir o direito a cidades sustentáveis e 
o pleno desenvolvimento das funções sociais da propriedade urbana; 
XXVIII - remembramento: é a junção de dois ou mais lotes para formar uma única 
unidade imobiliária; 
XXIX - testada ou frente de lote: é a divisa do lote junto à via oficial de circulação 
pública; 
XXX - taxa de ocupação máxima do lote: é o percentual da área do lote que pode receber 
edificação; 
XXXI - unidade autônoma: é a unidade imobiliária destinada à edificação resultante 
de condomínio urbanístico realizado nos termos desta Lei Complementar;  
XXXII - vias de circulação: são o conjunto de espaços destinados à circulação de 
pedestres e veículos que determina o espaço disponível ao trânsito e ao acesso a lotes 
urbanos, definidos no âmbito do projeto de parcelamento; 
XXXIII - via de pedestre: é aquela destinada à circulação de pedestres. 
XXXIV -índices urbanísticos: são os fatores que determinam a ocupação, a área 
construída, os afastamentos, as divisas, a área do lote, os usos, e outros que sejam 
necessários para disciplinar à configuração dos lotes e das edificações neles inseridas; 
ANEXO  C 
204 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
 
CAPÍTULO II - DOS REQUISITOS URBANÍSTICOS E AMBIENTAIS PARA O 
PARCELAMENTO 
 
Art. 8º Sem prejuízo das exigências gerais da legislação federal, estadual e das 
exigências específicas estabelecidas no âmbito do licenciamento do empreendimento 
perante os órgãos competentes, os parcelamentos devem atender à ordem urbanística 
expressa no conjunto de leis municipais, que incluem o Plano Diretor de 
Desenvolvimento Sustentável de Porto Nacional, a Lei Complementar de Uso e 
Ocupação do Solo nas Macrozonas Urbanas do Município de Porto Nacional, bem como 
aos seguintes requisitos: 
I - as áreas destinadas a uso público ou a uso comum dos condôminos devem ser 
diretamente proporcionais à densidade de ocupação, bem como, nos termos das normas 
específicas, assegurar a acessibilidade de pessoas com deficiência ou restrição de 
mobilidade; 
II - as novas vias de circulação devem articular-se com o sistema viário adjacente, 
existente ou projetado, harmonizar-se com a topografia local e garantir o acesso público 
aos corpos d‟água e demais áreas de uso comum do povo;  
III - os equipamentos urbanos e o sistema viário devem ser implantados pelo 
empreendedor; 
IV - no loteamento ou desmembramento não poderá resultar terreno encravado, sem 
saída direta para via de circulação ou logradouro público. 
Art. 9º O percentual de áreas de uso público nos loteamentos e condomínios urbanísticos, 
excluído o sistema viário, deve ser de, no mínimo, 15% (quinze por cento).  
§ 1º As áreas de uso público destinadas aos equipamentos comunitários ou de uso 
institucional deverão respeitar as seguintes condições:  
I - 50% (cinqüenta por cento) da área deverão ser em terreno único, com declividade 
inferior a 15% (quinze por cento); 
ANEXO  C 
205 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
II - nos 50% (cinqüenta por cento) restantes, não serão computadas as esquinas de 
terrenos em que não possa ser inscrito um círculo de 20,00m (vinte metros) de diâmetro e 
as áreas classificadas como de proteção ambiental. 
§ 2º Os canteiros associados a vias e os dispositivos de conexão viária com área inferior a 
30,00m² (trinta metros quadrados) serão computados como parte da rede viária e não 
como áreas livres.  
§ 3º As áreas destinadas a uso público em condomínios urbanísticos devem estar situadas 
fora do perímetro fechado do condomínio urbanístico e podem, a cri tério da autoridade 
licenciadora, situar-se em outro local dentro da mesma Macrozona Urbana. 
§ 4º Ficam dispensados da reserva de percentual de áreas destinadas a uso público os 
desmembramentos que resultem em até 10 (dez) lotes.  
§ 5º A reserva de percentual de áreas destinadas a uso público em desmembramentos 
pode ser exigida apenas para a implantação de equipamentos comunitários que não 
configurem logradouro público e será definida pela respectiva licença urbanística.  
Art. 10. Deverão ser respeitados os parâmetros, definições e limites referentes às Áreas 
de Preservação Permanente, nos termos estabelecidos pela legislação federal e estadual, 
em especial as referentes a reservatórios artificiais e ao regime de uso do seu entorno.  
§ 1º Nas Áreas de Preservação Permanente não poderão ser construídas edificações 
públicas ou privadas. 
§ 2º O órgão responsável pelo licenciamento ambiental do empreendimento pode 
estabelecer exigências específicas em relação às Áreas de Preservação Permanente, 
incluindo faixas maiores do que as fixadas pela legislação, em decorrência do respectivo 
plano de bacia hidrográfica ou para assegurar o cumprimento dos objetivos da Área de 
Preservação Permanente. 
§ 3º As Áreas de Preservação Permanente podem ser deduzidas da área total da gleba ou 
lote, para efeito de cálculo do percentual previsto no Art. 9º.  
§ 4º As Áreas de Preservação Permanente que integrem lote ou unidade autônoma 
resultante de parcelamento podem ser computadas na área total do referido lote ou 
unidade autônoma para aplicação do coeficiente de aproveitamento e definição da área 
máxima a construir. 
ANEXO  C 
206 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
§ 5º A autoridade licenciadora pode exigirreserva de faixa não edificável destinada à 
implantação dos equipamentos urbanos. 
§ 6º Se necessária, a reserva de faixa não-edificável vinculada a autovias e linhas de 
transmissão deve ser exigida no âmbito do respectivo licenciamento ambiental, 
observados critérios e parâmetros que garantam a segurança da população e a proteção do 
meio ambiente, conforme estabelecido nas normas técnicas pertinentes. 
§ 7º A faixa de domínio público das rodovias e ferrovias deve garantir a segurança da 
população e a proteção do meio ambiente, conforme estabelecido nas normas técnicas 
pertinentes, sendo definida no âmbito do respectivo licenciamento ambiental. 
Art. 11. Não será permitido o parcelamento do solo para fins urbanos em locais:  
I - alagadiços ou sujeitos a inundações, antes de tomadas as providências para 
assegurar a proteção e o escoamento das águas; 
II - que tenham sido aTerrados com lixo ou material nocivo à saúde pública, sem que sejam 
previamente saneados; 
III - com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento);  
IV - sujeitos a deslizamentos de Terra ou erosão, antes de tomadas as providências 
necessárias para garantir a estabilidade geológica e geotécnica; 
V - onde a poluição ambiental comprovadamente impeça condições sanitárias 
adequadas, sem que sejam previamente saneados; 
VI - que integrem Unidades de Conservação da Natureza de que trata a Lei n.º 9.985, 
de 18 de junho de 2000, incompatíveis com esse tipo de empreendimento; 
VII - em terrenos que não tenham acesso direto a via ou logradouros públicos;  
VIII - onde for técnica ou economicamente inviável a implantação de infra-estrutura 
básica, serviços públicos de transporte coletivo ou equipamentos comunitários; 
IX - onde houver proibição para esse tipo de empreendimento em virtude de normas de 
proteção do meio ambiente ou do patrimônio paisagístico, ecológico, turístico, artístico, 
histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou espeleológico. 
§ 1º A autoridade licenciadora deve especificar os estudos técnicos a serem apresentados 
pelo empreendedor, necessários à comprovação da observância dos condicionantes 
derivados deste artigo. 
ANEXO  C 
207 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
§ 2º. Deverão também ser respeitadas as normas estabelecidas pelo Código Florestal, Lei 
Federal n.º 4.471/65, alterada pela Lei n.º 7.803/89. 
Art. 12. O lote mínimo terá uma área de 360,00m² (trezentos e sessenta metros 
quadrados), com frente de 12,00m (doze metros). 
§ 1º Quando o lote destina-se à categoria industrial, a área mínima será de 800,00m² 
(oitocentos metros quadrados), com frente de 20,00m (vinte metros).  
§ 2º Os lotes para habitações de interesse social, terão área mínima de 250,00m
2 
(duzentos e cinqüenta metros quadrados), com frente de 10,00m (dez metros). 
§ 3º Os lotes nas zonas especiais de interesse social a área do lote será estabelecida pela 
legislação específica. 
Art. 13. Os loteamentos e desmembramentos destinados ao uso deatividades de 
produção, transformação, estocagem e armazenamento de bens e produtos industriais 
deverão: 
I - prever locais adequados para o tratamento dos resíduos líquidos provenientes da 
atividade industrial, antes de esses serem despejados em águas interiores, superficiais e 
subterrâneas; 
II - manter, em seu contorno, anéis verdes de isolamento capazes de proteger as áreas 
circunvizinhas contra possíveis efeitos residuais e acidentais. 
CAPÍTULO III - DA ELABORAÇÃO DOS PROJETOS DE PARCELAMENTO 
Art. 14. A execução de qualquer parcelamento do solo para fins urbanos, no âmbito do 
Município, depende de aprovação da autoridade licenciadora. 
Art. 15. A autoridade licenciadora somente procederá à aprovação de projetos de 
parcelamento do solo para fins urbanos depois de cumpridas pelos interessados as 
seguintes etapas: 
I - apresentação da respectiva Licença Ambiental, nos termos da Resolução do 
CONAMA n.º 237, de dezembro de 1997 e da Lei Estadual n º 261, de 20 de fevereiro de 
1991, regulamentada pelo Decreto n.º 10.459, de 08 de junho de 1994;  
II - apresentação de projeto contemplando as diretrizes expedidas oficialmente pela 
autoridade licenciadora e elaborado nos termos da presente Lei Complementar; 
ANEXO  C 
208 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
III - juntada de documentos, em conformidade com as instruções da presente Lei 
Complementar. 
Art. 16. Antes da elaboração do projeto de parcelamento, o empreendedor deverá 
solicitar à autoridade licenciadora que indique as diretrizes urbanísticas básicas para o 
parcelamento, apresentando, para este fim, requerimento acompanhado de planta da gleba 
ou lote e outros documentos, nos termos estabelecidos pela presente Lei Complementar.  
§ 1º A planta da gleba ou lote referida no caput deste artigo deverá ser elaborada na 
escala de 1:1.000, com curvas de nível de metro em metro, contando com a indicação de:  
I - divisas; 
II - benfeitorias existentes; 
III - árvores, bosques, florestas, Áreas de Preservação Permanente, nos termos 
estabelecidos pelo Código Florestal e da Resolução do CONAMA n.º 303/2002;  
IV - equipamentos urbanos e comunitários existentes na área e adjacências;  
VI - locais sujeitos à inundação; 
VII - vias de circulação vizinhas, em todo o perímetro, com a locação exata das vias e a 
distância dos parcelamentos próximos, mesmo não adjacentes à área;  
VIII - apresentação do levantamento das edificações existentes; 
IX - locação de eventuais formações rochosas não caracterizadas como Área de 
Preservação Permanente. 
§ 2º Todos os documentos e plantas deverão ser assinados pelo empreendedor, ou seu 
representante legal, e por profissional legalmente habilitado para o projeto, com 
a respectiva Anotação de Responsabilidades Técnica (ART) para cada etapa do projeto.  
§ 3º A autoridade licenciadora indicará na planta, com base nos documentos fornecidos 
pelo requerente: 
I - os logradouros públicos existentes, projetados e propostos pelo Plano Diretor de 
Desenvolvimento Sustentável de Porto Nacional que compõem o sistema viário do 
Município relacionados com o parcelamento pretendido e que deverão ser respeitados;  
II - as Áreas de Preservação Permanente;  
III - as normas da Lei Complementar de Uso e Ocupação do Solo nas Macrozonas 
Urbanas do Município de Porto Nacional; 
ANEXO  C 
209 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
IV - as áreas para equipamentos comunitários, inclusive quanto a sua localização;  
V - a relação das obras e equipamentos urbanos a serem projetados e executados pelo 
proprietário. 
IV - as áreas institucionais a serem municipalizadas. 
§ 4º Após o recolhimento das taxas devidas, deverão ser apresentadas pela autoridade 
licenciadora as diretrizes do parcelamento, em prazo não superior a trinta dias úteis, 
contados da data do protocolo, descontados os dias gastos para complementação da 
informação externa ou correção dos dados. 
§ 5º As diretrizes expedidas vigorarão pelo prazo máximo de seis meses, a partir de sua 
expedição, podendo ser revalidadas, sem ônus para o solicitante, até o prazo de um ano. 
§ 6º As diretrizes urbanísticas básicas expedidas não implicam aprovação do projeto de 
parcelamento pela autoridade licenciadora. 
§ 7º A autoridade licenciadora deve indeferir a solicitação de diretrizes, declarando a 
impossibilidade de implantação do empreendimento, nos casos previstos no Art. 11 e 
com base na análise dos seguintes fatores: 
I - a adequabilidade do empreendimento ao Plano Diretor de Desenvolvimento 
Sustentável de Porto Nacional; 
II - a situação jurídica da gleba ou lote. 
Art. 17. O projeto de parcelamento, atendendo à regulamentação definida nesta Lei, 
Complementar, deverá vir instruído com os seguintes elementos: 
I - planta geral do parcelamento, em papel e meio digital, na escala de 1:1000, com 
cópias assinadas pelo proprietário e pelo profissional habilitado, contendo: 
a) curvas de nível de metro em metro; 
b) orientação magnética e verdadeira; 
c) no caso dos parcelamentos sob forma de loteamentos a subdivisão das quadras em 
lotes, com as respectivas dimensões, áreas, numerações e nomenclatura das vias e 
logradouros públicos; 
d) no caso dos parcelamentos sob forma de condomínios urbanísticos a indicação das 
unidades autônomas, com as respectivas dimensões e numeração; 
e) indicação dos usos previstos; 
ANEXO  C 
210 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
f) dimensões lineares e angulares do projeto, raios, tangentes e ângulos centrais de 
curvas, pontos de tangência, eixos de vias e cotas de nível; 
g) perfis longitudinais, na escala 1:1000, e transversais, na escala 1:100, de todas as vias 
de circulação; 
h) vias de circulação de veículos com a respectiva hierarquia nos termos estabelecidos 
pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de Porto Nacional e por esta Lei 
Complementar; 
i) indicação do ponto de interseção de tangentes localizadas nos ângulos de curva e vias 
projetadas; 
j) faixas de domínio, servidões e outras restrições impostas pela legislação municipal, 
estadual ou federal; 
l) indicação em planta, com definição de limites e dimensões, das áreas que passarão ao 
domínio do Município; 
m) planilha de caminhamento da gleba; 
n) demais elementos necessários à perfeita e completa elucidação do projeto.  
II - memorial descritivo e justificativo do projeto contendo, obrigatoriamente: 
a) a denominação, área, situação, limite e confrontações da gleba ou lote;  
b) quadro de dimensões e áreas dos lotes, bem como das praças, das áreas institucionais e 
do número total dos lotes; 
c) a descrição sucinta do parcelamento, com as suas características gerais e indicação da 
finalidade do parcelamento e dos usos previstos; 
d) as condições urbanísticas do parcelamento e as limitações que incidem sobre os lotes e 
unidades autônomas e suas diretrizes fixadas; 
e) a indicação das áreas públicas que passarão ao domínio do Município no ato do 
registro do parcelamento; 
f) a indicação da área útil das quadras e respectivos lotes; 
g) a enumeração dos equipamentos urbanos, comunitários e dos serviços públicos ou de 
utilidade pública já existentes no parcelamento e adjacências;  
ANEXO  C 
211 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
h) no caso de condomínio urbanístico, as condições urbanísticas do empreendimento e as 
limitações que incidem sobre as unidades autônomas e suas edificações devem refletir -se 
integralmente na convenção de condomínio. 
III - projeto completo, detalhado e dimensionado, do sistema de escoamento de águas 
pluviais indicando a declividade de coletores, as bocas-de-lobo e os dissipadores de 
energia nas margens dos cursos de água, com as cópias devidamente assinadas pelo 
proprietário e pelo responsável técnico, acompanhadas do respectivo original em papel e 
meio digital; 
IV - projeto completo do sistema de coleta de esgoto sanitário, obedecidas as normas e 
os padrões fixados pela concessionária, que o aprovará, com as cópias devidamente 
assinadas pelo proprietário e pelo responsável técnico, acompanhadas do respectivo 
original em papel e meio digital; 
V - projeto completo do sistema de alimentação e distribuição de água potável e respectiva 
rede e, quando necessário, projeto de captação e tratamento, obedecidas as normas e os 
padrões fixados pela concessionária, que o aprovará, com as cópias devidamente 
assinadas pelo proprietário e pelo responsável técnico,acompanhadas do respectivo 
original em papel e meio digital;  
VI - projeto completo do sistema de distribuição de eletricidade e sistema de iluminação 
pública, obedecidas as normas e os padrões da concessionária, que deverá aprovar o 
projeto, com as cópias devidamente assinadas pelo proprietário e pelo responsável 
técnico, acompanhadas do respectivo original em papel e meio digital;  
VII - projetos de meio-fio e sarjetas, de pavimentação das vias e definição das cotas de 
soleira das edificações, com as cópias devidamente assinadas pelo proprietário e pelo 
responsável técnico, acompanhadas do respectivo original em papel e meio digital;  
§ 1º A documentação do projeto enviado para aprovação constará, ainda, de: 
I - certidão da matrícula da gleba ou lote, expedida pelo Serviço de Registro de 
Imóveis competente, certidão de ônus reais e certidão negativa de débitos municipais, todos 
relativos ao imóvel a ser loteado;  
ANEXO  C 
212 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
II - modelo de contrato de compromisso de compra e venda dos lotes, a ser depositado no 
Serviço de Registro de Imóveis, contendo os equipamentos urbanos exigidos, prazo de 
conclusão de serviços, bem como a denominação do parcelamento;  
III - cronograma físico de execução dos serviços e obras dos equipamentos urbanos, 
contendo, pelo menos: 
a) a indicação de todas as obras e serviços a serem executados pelo empreendedor;  
b) o período e o prazo de execução de cada obra e serviço. 
IV - comprovante de pagamento de emolumentos e taxas; 
V - Licença Ambiental; 
VI - uma via das diretrizes urbanísticas fornecida pela autoridade licenciadora.  
§ 2º Não se exige cronograma físico para desmembramentos que não resultem em mais 
de 10 (dez) parcelas. 
§ 3ª Aplicam-se ao remembramento, no que couber, as disposições relativas ao 
parcelamento. 
SEÇÃO I - DAS NORMAS ESPECÍFICAS PARA PROJETOS DE PARCELAMENTO SOB 
A FORMA DE CONDOMÍNIOS URBANÍSTICOS 
Art. 18. Os condomínios urbanísticos são constituídos por unidades habitacionais 
isoladas, agrupadas, geminadas ou superpostas.  
Art. 19. As áreas destinadas a uso público em condomínios urbanísticos devem estar 
situadas fora do perímetro fechado do empreendimento. 
Art. 20. O condomínio urbanístico somente poderá ser implantado em lotes com área 
mínima de 1.000,00m² (mil metros quadrados)e máxima de 10.000,00m² (dez mil metros 
quadrados), devendo ainda atender às seguintes disposições:  
I - a quota de terreno por unidade habitacional, obtida pela divisão entre a área total 
do lote e o número de unidades habitacionais a construir, deverá ser igual ou superior a 
100,00m² (cem metros quadrados); 
II - a taxa de ocupação máxima será de 0,5 (cinco décimos) e o coeficiente de 
aproveitamento de 0,7 (sete décimos); 
ANEXO  C 
213 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
III - para cada unidade habitacional deverá ser prevista pelo menos uma vaga de 
estacionamento dentro da área do lote, podendo ser aceita vaga de estacionamento em 
superfície ou subterrânea; 
IV - o acesso às unidades habitacionais deverá ser feito através de via de circulação de 
pedestres ou de veículos, interna ao empreendimento. 
V - nos casos de unidades superpostas, a escadaria de acesso poderá atender mais de 
uma unidade; 
VI - serão aplicadas as exigências de recuo de frente, lateral e de fundos correspondentes à 
zona em que será construído o condomínio urbanístico, para o lote como um todo; 
VII - no mínimo 15% (quinze por cento)da área do condomínio urbanístico deverá ser 
mantida permeável; 
VIII - a frente do lote poderá ser murada com uma altura até 2,00m (dois metros), vazada 
em 70% (setenta por cento); 
IX - todas as unidades habitacionais do condomínio urbanístico deverão ter altura 
máxima de 8,00m (oito metros). 
Parágrafo único. Define-se como altura máxima, para efeito desta Lei, a medida entre o 
ponto mais alto da cobertura e a cota de soleira, excetuando-se os volumes necessários à 
instalação de caixa de água ou casa de máquinas. 
Art. 21. O condomínio urbanístico destina-se exclusivamente à implantação de unidades 
habitacionais, não sendo admitida a instalação de outros usos.  
Art. 22. O condomínio urbanístico só poderá ser implantado em lotes que tenham frente 
e acesso para vias oficiais de circulação com largura igual ou superior a 12,00m (doze 
metros).  
Art. 23. O projeto do condomínio urbanístico deverá indicar: 
I - arborização e tratamento paisagístico das áreas comuns não ocupadas por edificações; 
II - drenagem das águas pluviais; 
III - sistema de coleta, tratamento de esgotos; 
IV - instalação para disposição de lixo, no interior do lote, junto à via pública;  
V - não interromper a continuidade do sistema viário; 
ANEXO  C 
214 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
VI - existir, ao longo de todo o perímetro fechado, uma via pública com 12,00m (doze 
metros) de largura, no mínimo, com espaço livre de recuo com largura de 5,00m (cinco 
metros), medidos a partir do alinhamento predial, que será computado como área pública 
não edificável. 
Art. 24. Os espaços de uso comum, as áreas de estacionamento e as vias internas de 
circulação de veículos e pedestres serão considerados bens de uso exclusivo do 
condomínio urbanístico, sendo sua manutenção de responsabilidade do conjunto de 
moradores. 
SEÇÃO II - DAS NORMAS ESPECÍFICAS PARA PROJETOS DE PARCELAMENTO 
SOB A FORMA DE CHÁCARAS DE RECREIO 
Art. 25. Os parcelamentos do solo para formação de chácaras de recreio devem atender 
ao disposto nesta Lei Complementar.  
Art. 26. .As chácaras de recreio terão como área mínima 2.500 m² (dois mil e quinhentos metros 
quadrados), não podendo estas sofrer qualquer tipo de fracionamento que resulte em área 
inferior à citada. 
Art. 27. Sobre cada unidade de chácara de recreio serão admitidas no máximo duas 
habitações, a principal e a secundária. 
SEÇÃO III-  DA CIRCULAÇÃO URBANA 
Art. 28. As vias de circulação de qualquer parcelamento deverão garantir a continuidade 
do traçado das vias existentes nas adjacências da gleba, conforme diretrizes expedidas 
pela autoridade licenciadora, em conformidade com o que estabelece o Plano Diretor de 
Desenvolvimento Sustentável de Porto Nacional. 
Art. 29. As vias de circulação terão suas dimensões mínimas estabelecidas nas diretrizes 
urbanísticas básicas expedidas pela autoridade licenciadora, que considerará: 
I - vias arteriais, destinadas a atender o tráfego direto em percurso contínuo, 
interligar rodovias, vias coletoras e atender as linhas de ônibus, observando o seguinte:  
a) faixa de domínio com o mínimo de 35,00m (trinta e cinco metros) 
b) faixas de rolamento de 3,50m (três metros e cinqüenta centímetros) de largura cada 
uma, nunca podendo ter menos de duas faixas de rolamento por sentido, sendo que, em 
ANEXO  C 
215 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
havendo mais de três faixas por sentido, deve existir canteiro central, sendo o 
estacionamento facultativo e a via de pedestre obrigatória; 
c)raio mínimo da curva horizontal de 230,00m (duzentos e trinta metros);  
d) raio mínimo de curvatura dos cruzamentos de 10,00m (dez metros);  
e) rampa máxima de 3,0% (três por cento);  
f) declividade transversal da pista de 2,0% (dois por cento).  
II - vias coletoras destinadas a coletar e distribuir o tráfego entre as vias arteriais e 
locais.observando o seguinte: 
a) faixa de domínio de no mínimo de 23,00m (vinte e três metros) e o máximo de 44,00m 
(quarenta e quatro metros); 
b) faixas de rolamento de 3,00m (três metros) de largura cada uma, devendo ter duas ou 
três faixas de rolamento por sentido, inclusive estacionamento e via de pedestre;  
c) raio mínimo da curva horizontal de 90,00m (noventa metros); 
d) raio mínimo de curvatura dos cruzamentos de 7,00m (sete metros);  
e) rampa máxima de 6,0% (seis por cento);  
f) declividade transversal da pista de 2,0% (dois por cento);  
III - vias locais, destinadas a permitir ao tráfego atingir áreas restritas e sair destas, observando 
o seguinte: 
a) faixa de domínio de 12,00m (doze metros) a 23,00m (vinte e três metros); 
b) faixas de rolamento de, no mínimo, 2,70m (dois metros e setenta centímetros) de 
largura cada uma, devendo ter no mínimo uma por sentido, com vias de pedestre, sendo o 
estacionamento facultativo; 
c) raio mínimo da curva horizontal de 40,00m (quarenta metros);  
d) raio mínimo de curvatura dos cruzamentos de 3,00m (três metros);  
e) rampa máxima de 9,0% (nove por cento);  
f) declividade transversal da pista de 2,0% (dois por cento).  
IV - os estacionamentos ao longo das vias terão 2,50m (dois metros e cinqüenta centímetros) de 
largura; 
ANEXO  C 
216 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
V - ciclovias, destinadas à circulação de biciclos não motorizados, com largura 
mínima de 2,50m (dois metros e cinqüenta centímetros), se unidirecionais, e 2,80m (dois 
metros e oitenta centímetros), se bidirecionais; 
VI - vias de pedestres, com largura mínima de 3,00m (três metros), garantindo a continuidade do 
traçado, e faixa de percurso pavimentada em placas de concreto, com a largura mínima de 1,50m (um 
metro e cinqüenta centímetros), devendo ter ainda : 
a) faixa de serviço de 1,50m (um metro e cinqüenta centímetros) destinada a localização 
de postes, árvores, mobiliário urbano e jardins;  
b) declividade transversal de 2 % (dois por cento); 
c) rebaixamento de no máximo 50% (cinqüenta por cento) do meio fio em relação à 
testada do imóvel para acesso de veículos. 
§ 1º No caso da impossibilidade de prolongamento das vias locais ou ligação com outras 
vias, ela deverá permitir manobra para veículos, inclusive os prestadores de serviços.  
§ 2º Alem do que estabelece a presente Lei Complementar, as vias de pedestres devem 
atender o que estabelece a NBR 9.050/94 da Associação Brasileira de Normas Técnicas, 
particularmente em relação às pessoas com deficiência ou restrição de mobilidade.  
§ 3º Ao longo das águas correntes, dormentes e das faixas de domínio público das 
rodovias e dutos, será obrigatória a reserva de uma faixa mínima “non ædificandi” de 
15,00m (quinze metros) de cada lado, salvo maior exigência da legislação específica.  
Art. 30. As vias de circulação do parcelamento deverão sempre harmonizar-se com a 
topografia local, mediante a aproximação do eixo das vias às curvas de nível do terreno . 
Art. 31. A seção transversal das vias para veículos será côncava, com inclinação de 2,0% 
(dois por cento), observado o seguinte: 
I - as vias deverão ser providas de captação de águas pluviais a cada 50,00m 
(cinqüenta metros); 
II - nas intersecções de ruas a declividade deve ser muito baixa ou até mesmo nula; 
III- as vias devem ter arborização nas duas faces e uma árvore para cada lote ou a 
intervalo máximo de espaçamento de 12,00m (doze metros).  
Art. 32. No meio-fio junto às esquinas devem-se construir rampas de acesso para pessoas 
com deficiência ou restrição de mobilidade; 
ANEXO  C 
217 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
 
Parágrafo único. As rampas para acesso terão uma dimensão variável de 1,20m (um 
metro e vinte centímetros) a 1,50m (um metro e cinqüenta centímetros), implantada a 
partir do desenvolvimento da curva. 
CAPÍTULO IV - DA ANÁLISE E APROVAÇÃO DO PROJETO 
Art. 33. A implantação de parcelamento do solo para fins urbanos depende de análise e 
aprovação do projeto, com a emissão da respectiva licença urbanística pela autoridade 
licenciadora. 
§ 1º. A emissão de licença urbanística não dispensa o licenciamento ambiental pelo 
Instituto Natureza do Tocantins, nos termos da legislação estadual e observadas as 
disposições desta Lei Complementar. 
§ 2º A licença ambiental do parcelamento não pressupõe a licença ambiental das obras e 
atividades a serem implantadas nos lotes ou unidades autônomas produzidos, a qual deve 
ser feita na forma da legislação ambiental. 
§ 3º Os desmembramentos que não resultem em mais de 10 (dez) parcelas estão 
dispensados da licença ambiental. 
Art. 34. De posse da documentação exigida, a autoridade licenciadora terá o prazo de 
trinta dias úteis para se pronunciar sobre a aprovação ou sobre possíveis insuficiências do 
projeto a serem supridas pelo interessado, descontados os dias gastos para 
complementação de informação externa ou correção de dados.  
§ 1º O prazo para fixação de diretrizes para desmembramentos que não resultem em mais 
de dez parcelas pode ser diminuído a critério da autoridade licenciadora.  
§ 2º. A autoridade licenciadora, após análise pelos órgãos competentes, baixará Decreto 
de aprovação do parcelamento e expedirá Alvará para execução de serviços e obras 
exigidos, devendo o empreendedor fazer a entrega dos originais dos projetos das obras a 
serem executadas no momento da retirada do Alvará. 
Art. 35. Os projetos serão apresentados para aprovação nos formatos estabelecidos pela 
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT.  
ANEXO  C 
218 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Art. 36. Qualquer modificação no projeto ou na execução deverá ser submetida à 
aprovação da autoridade licenciadora, a pedido do interessado e acompanhada dos 
seguintes documentos: 
I - requerimento solicitando a modificação; 
II - memorial descritivo da modificação; 
III - cópia do projeto de modificação. 
Art. 37. Entende-se como aprovado, para os efeitos desta Lei Complementar, o projeto 
de parcelamento que possua licença urbanística e licença ambiental.  
Art. 38.A critério da autoridade licenciadora, os parcelamentos podem ser realizados em 
etapas, à vista do porte do empreendimento, do volume de obras exigido, de situações 
técnicas desfavoráveis ou, ainda, de situações econômicas justificadas.  
Parágrafo único. A licença urbanística deve definir o prazo para a execução das etapas 
previstas no caput. 
CAPÍTULO V - DA RESPONSABILIDADE DO EMPREENDEDOR E DO PODER 
PÚBLICO 
Art. 39. São de responsabilidade do empreendedor a execução das obras e serviços de:  
I - demarcação dos lotes, das vias, dos terrenos a serem transferidos ao domínio do 
Município e das áreas não edificáveis; 
II - abertura das vias de circulação e respectiva Terraplenagem; 
III - rede de drenagem superficial e profunda de água pluvial e suas conexões com o 
sistema existente, inclusive do terreno a parcelar; 
IV - sistema distribuição de água potável; 
V - sistema coleta e tratamento de esgotos sanitários; 
VI - rede de distribuição de energia elétrica e iluminação pública; 
VII - pavimentação e meio-fio com sarjeta; 
VIII - calçadas; 
IX - manutenção das áreas destinadas a uso público, até a averbação do termo de 
vistoria e recebimento da obra pelo Poder Público municipal 
X - manutenção do sistema viário, das áreas de uso comum dos condôminos, dos 
equipamentos urbanos internos dos condomínios urbanísticos, bem como, quando houver, 
ANEXO  C 
219 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
das áreas destinadas a uso público, até o registro da instituição do condomínio no Serviço 
de Registro de Imóveis competente. 
Art. 40. Cabe aos condôminos a manutenção do sistema viário, das áreas de uso comum 
dos condôminos e dos equipamentos urbanos internos dos condomínios urbanísticos, a 
partir da averbação da Convenção de Condomínio no Serviço de Registro de Imóveis 
competente. 
§ 1º Não se aplica o disposto no caput deste Artigo aos assentamentos objeto de 
regularização fundiária mediante usucapião especial coletiva para fins de moradia e 
concessão de uso especial coletiva para fins de moradia, instituídos na forma de 
condomínio especial, caso em que a manutenção fica a cargo do Poder Público ou de seus 
concessionários ou permissionários. 
§ 2º A manutenção de que trata o caput deste Artigo pode ser realizada pelo Poder 
Público ou seus concessionários, de forma onerosa, mediante contrato prévio com os 
condôminos. 
Art. 41. O parcelamento será submetido à fiscalização da autoridade licenciadora e dos 
órgãos competentes quando da execução das obras e serviços dos equipamentos urbanos 
e do sistema viário. 
§ 1º Deverá ser comunicada, por escrito, à autoridade licenciadora e órgãos competentes, 
a data de início de qualquer serviço ou obra dos equipamentos urbanos e do sistema 
viário. 
§ 2º Todas as solicitações da fiscalização deverão ser atendidas, sob pena de embargo da 
obra ou serviço, sem prejuízo de outras penalidades legais cabíveis.  
§ 3º A construção de equipamentos urbanos e vias de circulação que não estiverem em 
conformidade com o projeto aprovado acarretará o embargo do parcelamento, que poderá 
ser levantado após a demolição e remoção de tudo que tiver sido executado 
irregularmente. 
§ 4º O descumprimento das exigências contidas no termo de embargo no prazo prescrito 
implicará a aplicação de multa e interrupção da obra ou serviço, nos termos do Art. 52 
desta Lei Complementar. 
ANEXO  C 
220 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
§ 5º Os funcionários investidos na função fiscalizadora ou de aprovação poderão, 
observadas as formalidades legais, inspecionar bens ou documentos, desde que se 
relacionem ao projeto ou obra fiscalizada. 
Art.42. Cabe ao Poder Público municipal ou a seus concessionários ou permissionários 
operação e manutenção: 
I - dos equipamentos urbanos e do sistema viário, nos loteamentos e 
desmembramentos a partir da averbação do termo de vistoria e recebimento de obras;  
II - das áreas destinadas a uso público nos loteamentos e, quando houver, nos 
condomínios urbanísticos a partir do registro da instituição do condomínio no Serviço de 
Registro de Imóveis competente. 
Art. 43. Nos parcelamentos destinados a programas de urbanização de habitação sub-
normal ou assentamentos de interesse social, por iniciativa do Poder Executivo 
Municipal, com anuência do Conselho Municipal de Planejamento e Desenvolvimento, 
admitem-se, concomitantemente, a ocupação e a construção das seguintes obras de: 
I - abertura das vias; 
II - demarcação dos lotes; 
III - rede de água potável; 
IV - rede de energia elétrica e iluminação pública; 
V - cascalho compacto.  
Parágrafo único. As obras exigidas no caput deste Artigo serão executadas pelo Poder 
Executivo Municipal no prazo máximo de três anos, a contar do início da ocupação.  
Art. 44. Deverão constar do contrato padrão, aprovado pelo Poder Público e arquivado 
no Serviço de Registro de Imóveis, além das indicações exigidas pelo artigo 26 da Lei 
Federal n.º 6.766/79, a definição do tipo de parcelamento, o zoneamento de uso e 
ocupação do solo, os coeficientes construtivos, a taxa de ocupação, os recuos, as áreas 
não edificáveis e as restrições de remembramento.  
Art. 45. É proibido divulgar, vender, prometer ou reservar lotes para fins urbanos antes 
da aprovação e registro do parcelamento no Serviço de Registro de Imóveis.  
CAPÍTULO VI - DA ACEITAÇÃO 
ANEXO  C 
221 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Art. 46. Após a conclusão das obras determinadas no ato de aprovação do parcelamento, 
o Poder Executivo Municipal procederá, mediante Decreto, à aceitação definitiva do 
parcelamento, oficializando as vias e o respectivo zoneamento.  
Art. 47. A aceitação poderá ser feita em etapas, desde que em cada uma delas a 
totalidade das obras referente a ela esteja concluída. 
Art. 48. Para obtenção da aceitação do parcelamento, o empreendedor, mediante 
requerimento próprio, deverá solicitar à autoridade licenciadora que seja realizada a 
vistoria final, juntando os seguintes documentos: 
I - escritura pública de transferência ao Poder Público Municipal dos sistemas de 
abastecimento de água potável, de esgoto sanitário e de drenagem pluvial devidamente 
registrada no Cartório de Títulos e Documentos; 
II - laudo técnico de aceitação da pavimentação emitido pelo órgão técnico responsável pela 
fiscalização do serviço; 
III - carta de aceitação da rede de energia elétrica e do sistema de iluminação pública, 
emitida pela concessionária desse serviço público, ou documento equivalente.  
IV - Licença Ambiental relativa a esta etapa 
CAPÍTULO VII - DO REGISTRO IMOBILIÁRIO 
Art. 49. O empreendedor deverá submeter ao Serviço de Registro Imobiliário o projeto 
de parcelamento, nos termos do Artigo 18 da Lei Federal n.º 6.766, de 19 de dezembro de 
1979, assim como o de remembramento. 
Art. 50. Para os efeitos do Artigo 50 da Lei Federal n.º 6.766, de 19 de dezembro de 
1970, o Ministério Público Estadual fiscalizará: 
I - a observância das normas complementares estaduais, em especial desta Lei Complementar; 
II - observância das determinações do Certificado de exame e da anuência prévia estadual, 
condicionadores da aprovação municipal, em especial quanto ao cumprimento do cronograma de 
execução das obras. 
Art. 51. Os Oficiais de Registro de Imóveis, no atendimento ao Artigo 19 da Lei Federal 
n.º 6.766, de 19 de dezembro de 1979, deverão abrir vistas dos autos, no prazo referido 
no citado artigo, obrigatoriamente, sempre, ao representante do Ministério Público, 
ANEXO  C 
222 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
independentemente da existência de impugnação de terceiros que, se oferecida, merecerá 
o processamento estabelecido em lei. 
CAPÍTULO VIII - DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES 
Art. 52. A infração a qualquer dispositivo desta Lei Complementar acarretará, sem 
prejuízo das medidas de natureza civil previstas na Lei Federal n.º 6.766/79, a aplicação 
das seguintes sanções: 
I - simples advertência, quando a infração for de pequena gravidade e puder ser 
corrigida de imediato; 
II - cassação do Alvará para execução de serviços e obras;  
III - multa, na forma de penalidade pecuniária, gradual de acordo com a gravidade da 
infração; 
IV - embargo, que determina a paralisação imediata de uma obra de parcelamento;  
V - interdição, que determina a proibição do uso e da ocupação de parte ou da 
totalidade da área objeto do parcelamento, quando for constatada a irreversibilidade 
iminente da ocupação; 
§ 1º A aplicação e o pagamento da multa não eximem o infrator da interdição ou da 
cassação do Alvará para execução de serviços e obras.  
§ 2º O embargo ou a interdição serão comunicados ao interessado mediante notificação 
oficial do Poder Executivo Municipal. 
CAPITULO IX - DA REGULARIZAÇÃO DO PARCELAMENTO 
Art. 53. É vedado vender ou prometer vender lote ou unidade autônoma de parcelamento 
do solo não registrado. 
Art. 54. Verificando que o parcelamento não se acha registrado ou regularmente 
executado, o Poder Executivo municipal deverá notificar o empreendedor para suprir a 
falta, sem prejuízo da aplicação das devidas sanções administrativas.  
§1º O Ministério Público também poderá promover a notificação do empreendedor 
prevista no caput deste Artigo. 
§ 2º O adquirente de lote ou de unidade autônoma, verificando que o parcelamento não se 
acha registrado ou regularmente executado e que o empreendedor não foi notificado, na 
ANEXO  C 
223 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
forma do caput e do § 1º deste Artigo, poderá suspender o pagamento das prestações  
restantes e notificar o empreendedor para suprir a falta.  
§ 3º Ocorrendo a suspensão do pagamento das prestações restantes, na forma do § 2º deste Artigo, o 
adquirente efetuará o depósito das prestações devidas junto ao Registro de Imóveis competente, que 
as depositará em estabelecimento de crédito, segundo a ordem prevista Código de Processo Civil, 
em conta com incidência de juros e correção monetária, cuja movimentação dependerá de prévia 
autorização judicial.  
§ 4º Regularizado o parcelamento pelo empreendedor, este promoverá judicialmente a 
autorização para levantar as prestações depositadas, com os respectivos acréscimos, 
sendo necessária a citação do Poder Executivo municipal para integrar o processo judicial 
aqui previsto, bem como audiência do Ministério Público. 
§ 5º Após o reconhecimento judicial da regularidade do parcelamento, o empreendedor 
notificará os adquirentes de lotes ou de unidades autônomas, por intermédio do Registro 
de Imóveis competente, para que passem a pagar diretamente as prestações restantes, a 
contar da data da notificação.  
§ 6º No caso de o empreendedor deixar de atender à notificação até o vencimento do 
prazo contratual, ou quando o parcelamento for regularizado pelo Poder Público, nos 
termos desta Lei Complementar, o empreendedor não poderá, a qualquer título, exigir o 
recebimento das prestações depositadas.  
Art. 55. O Município poderá regularizar o parcelamento não licenciado ou executado 
sem observância das determinações do ato administrativo de licença, para evitar lesão  aos 
seus padrões de desenvolvimento urbano e na defesa dos direitos dos adquirentes de lotes 
ou unidades autônomas. 
Parágrafo Único. A regularização promovida por órgãos ou entidades do Estado ou da 
União submetem-se à aprovação do Município, nos termos estabelecidos por esta Lei 
Complementar. 
Art. 56. Fica facultado ao Poder Público municipal quando promover regularização 
fundiária obter judicialmente o levantamento das prestações depositadas, com os 
respectivos acréscimos, nos termos do § 3º do Art. 54, a título de ressarcimento das 
importâncias despendidas para regularizar o parcelamento.  
ANEXO  C 
224 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
§ 1º As importâncias despendidas para regularizar o parcelamento, caso não sejam 
integralmente ressarcidas conforme o disposto no caput deste Artigo, serão exigidas, na 
parte faltante, do empreendedor, se ele for identificável.  
§ 2º Se o empreendedor for identificável e não cumprir o estabelecido no § 1º deste 
Artigo, o Poder Público municipal pode passar a receber as prestações dos adquirentes, 
até o valor devido. 
§ 3º Para assegurar a regularização do parcelamento, bem como o ressarcimento integral 
de importâncias despendidas, ou a despender, o Poder Público pode promover 
judicialmente os procedimentos cautelares necessários aos fins colimados.  
Art. 57. Regularizado o parcelamento, o adquirente do lote, comprovando o depósito de 
todas as prestações do preço avençado, pode obter o registro de propriedade do imóvel 
adquirido, valendo para tanto o compromisso de compra e venda devidamente firmado.  
CAPÍTULO X - DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS 
Art. 58. É de caráter obrigatório da autoridade licenciadora tornar pública, mediante 
publicação e comunicação ao Ministério Público, a existência de parcelamentos 
irregulares perante esta Lei Complementar. 
Art. 59. O Poder Público municipal regulamentará os procedimentos administrativos 
necessários ao cumprimento da presente Lei Complementar, no prazo de sessenta dias. 
Art. 60. São revogadas a Lei n º 1.425, de 06 de dezembro de 1993, modificada pela Lei 
1.781, de 27 de novembro de 2003, e a Lei n º 776, de 02 de dezembro de 1977 - Capítulo 
XVI. 
Art. 61. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação. 
PALÁCIO DO TOCANTINS, GABINETE DO EXCELENTÍSSIMO SENHOR 
PREFEITO MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL, Estado do Tocantins, aos vinte 
e oito dias do mês de setembro do ano de dois mil e seis.  
PAULO SARDINHA MOURÃO 
Prefeito de Porto Nacional 
 
 
 
 
ANEXO  C 
225 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Lei Complementar nº 06/2006     Publicada no Placar em: 
          Data 
_____/_____/_____ 
 
 
Dispõe sobre o uso e a ocupação do solo nas Macrozonas Urbanas do Município de 
Porto Nacional e dá outras providências. 
 
O Prefeito Municipal de Porto Nacional - TO, faço saber que a Câmara Municipal 
aprovou e eu sanciono a seguinte Lei Complementar: 
 
CAPÍTULO I - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 1º Esta Lei Complementar dispõe sobre o uso e a ocupação do solo nas Macrozonas 
Urbanas do Município de Porto Nacional com o objetivo de: 
I - promover a implementação das diretrizes de desenvolvimento sustentável e de 
ordenamento territorial urbano, em especial as relativas à função social da propriedade 
urbana, constantes do Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável do Município de 
Porto Nacional; 
II - promover a distribuição das atividades no território urbano;  
III - promover a otimização dos equipamentos urbanos e comunitários, existentes ou 
projetados; 
IV - proteger o patrimônio cultural e ambiental. 
Art. 2º Para os fins desta Lei Complementar, entende-se como: 
I - alinhamento do lote: a linha divisória entre o lote e o logradouro público;  
II - área construída: a área total de todos os pavimentos de um edifício, incluídos os 
espaços ocupados pelas paredes, na qual não são computados os pátios internos sem 
cobertura, as sacadas abertas do pavimento-tipo e as áreas de estacionamento ou de 
garagem; 
ANEXO  C 
226 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
III - chácara de recreio: lotes com grandes áreas, destinados à habitação unifamiliar, 
nos quais será permitida a existência de duas habitações, uma principal e outra 
secundária; 
IV - coeficiente de aproveitamento: o índice pelo qual se deve multiplicar a área do 
lote a fim de se obter a área máxima de construção permitida no mesmo; 
V - condomínios urbanísticos: a divisão de gleba ou lote em frações ideais, 
correspondentes a unidades autônomas destinadas à edificação de habitações e áreas de 
uso comum dos condôminos, que não implique na abertura de logradouros públicos, nem 
na modificação ou ampliação dos já existentes, podendo haver abertura de vias internas 
de domínio privado. 
VI - edificações desconformes: aquelas que não atendem às restrições quanto ao 
dimensionamento, recuos, ocupação e aproveitamento do lote para cada zona;  
VII - edificação secundária: é aquela isolada da edificação principal, sendo acessória e 
não podendo constituir domicílio independente; 
VIII - estacionamento: a área para guarda de veículos, de uso rotativo; 
IX - fecho divisório: o fechamento do lote por meio de cercas, cercas vivas, muros ou 
grades, construídos no alinhamento do logradouro público;  
X - frente do lote ou testada: a dimensão medida na parte anterior do lote que faz 
divisa com o logradouro público; 
XI - gleba: a área de Terra com localização e configuração definidas, não resultante de 
processo regular de parcelamento do solo para fins urbanos;  
XII - habitação unifamiliar: aquela constituída por uma única unidade habitacional 
autônoma; 
XIII - infra-estrutura básica: os equipamentos urbanos de escoamento das águas pluviais, 
iluminação pública, redes de esgoto sanitário e abastecimento de água potável, de energia 
elétrica pública e domiciliar e as vias de circulação, pavimentadas ou não. 
XIV - logradouro público: os espaços de propriedade pública e de uso comum do povo, 
destinados a vias de circulação de pedestres e de veículos e os espaços livres de uso 
público; 
ANEXO  C 
227 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
XV - lote: a parcela de terreno, bem definida e delimitada, resultante do parcelamento 
do solo urbano devidamente aprovado e inscrito no Registro de Imóveis competente, 
servido, pelo menos, de infra-estrutura básica; 
XVI - pavimento: cada um dos planos horizontais de uso de um edifício;  
XVII - profundidade do lote: a distância entre a testada do lote e a divisa de fundo; 
XVIII - recuo: a distância entre o alinhamento do lote existente e o alinhamento da 
edificação projetada, sendo os recuos da direita e esquerda considerados com o 
observador de frente para a testada do lote; 
XIX - taxa de ocupação máxima do lote: o percentual da área do lote que pode ser 
edificado; 
XX - taxa de permeabilidade: o percentual de área descoberta e permeável do terreno 
em relação à sua área total, dotado de vegetação que contribua para o equilíbrio climático 
e propicie alívio para o sistema público de drenagem urbana; 
XXI - zona: a área definida por esta Lei Complementar onde prevalecem os mesmos 
parâmetros de uso e ocupação. 
CAPÍTULO II - DO USO DO SOLO 
Art. 3º O uso do solo nas Macrozonas Urbanas observará as seguintes categorias: 
I - habitacional; 
II - comercial e de prestação de serviços;  
III - industrial; 
IV - paisagístico-ambiental; 
V - especial; 
VI -de desenvolvimento agrícola. 
Art. 4º A categoria de uso do solo habitacional compreende duas subcategorias: 
I - Habitação 1 - HB 1; 
II - Habitação 2 - HB 2. 
Parágrafo único. Os tipos de habitação das subcategorias, nos termos do caput deste 
Artigo, são especificados no Quadro 1 do Anexo I da presente Lei Complementar.  
Art. 5º A categoria de uso do solo comercial e de prestação de serviços compreende duas 
subcategorias: 
ANEXO  C 
228 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
I - Comércio e Serviços 1 - CS 1; 
II - Comércio e Serviços 2 - CS 2. 
Parágrafo único. Os tipos de comércio e serviços das subcategorias, nos termos do caput 
deste Artigo, são especificados no Quadro 1 do Anexo I da presente Lei Complementar.  
Art. 6º A categoria de uso do solo industrial compreende as áreas destinadas a 
estabelecimentos de produção, transformação, estocagem e armazenamento de bens e 
produtos, compreendendo duas subcategorias. 
I - Indústria 1 - IN 1; 
II - Indústria 2 - IN 2. 
§ 1As atividades industriais de uso incômodo devem ser submetidas a métodos 
adequados de proteção. 
§ 2 São consideradas atividades industriais incômodas as que promovem a emissão de 
material particulado, gases, vapores e ruídos. 
§ 3 As atividades industriais consideradas incômodas, especificadas no Quadro 1 do 
Anexo I, deverão ser submetidas ao licenciamento ambiental, nos termos da Resolução 
n.º 237, de 19 de dezembro de 1997 do Conselho Nacional do Meio Ambiente - 
CONAMA. 
Art. 7º A categoria de uso do solo paisagístico-ambiental compreende as áreas que 
exigem tratamento especial devido às suas características naturais e ao seu potencial 
paisagístico, ambiental e turístico. 
Art. 8º A categoria de uso especial compreende áreas destinadas a atividades que 
impliquem em grande concentração de pessoas ou veículos e que exigem preservação e 
controles específicos. 
§ 1º Para obter as licenças de construção, ampliação ou funcionamento das atividades a 
que se refere o caput deste Artigo, a cargo do Poder Público municipal, nas zonas onde 
existe uso residencial será exigido Estudo de Impacto de Vizinhança.  
§ 2º A elaboração do Estudo de Impacto de Vizinhança não substitui o Estudo Prévio de 
Impacto Ambiental, quando requerido nos termos da legislação ambiental, em especial a 
Lei estadual n º 261, de 20 de fevereiro de 1991, regulamentada pelo Decreto 10.459, de 
08 de junho de 1994. 
ANEXO  C 
229 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
 
Art. 9º A categoria de uso do solo para desenvolvimento agrícola compreende as áreas  
destinadas ao plantio de produção e desenvolvimento agrícola, integrados a logística de 
transportes, proporcionando estocagem e armazenamento de bens e produtos para melhor 
desenvolvimento da região. 
Art. 10 As atividades ou estabelecimentos não mencionados nos Artigos anteriores serão 
equiparados, por similitude, às atividades e estabelecimentos considerados em uma 
determinada categoria. 
Art. 11. A Macrozona Urbana 1 - MU 1 corresponde à sede do Município e se subdivide 
nas seguintes Zonas de Uso e Ocupação do Solo: 
I - Zona Histórica 1 - ZH 1, área de proteção histórica, correspondente ao Conjunto 
Arquitetônico, Paisagístico e Urbanístico do núcleo histórico, onde são permitidas as 
seguintes categorias de uso do solo: 
a) habitacional, incluído na subcategoria HB 1; 
b) comércio de consumo local, incluído na subcategoria CS 1.  
II - Zona Histórica 2 - ZH 2, áreas predominantemente residenciais unifamiliares, de 
transição entre o núcleo histórico e a área central, com baixa densidade de ocupação, 
onde são admitidos as seguintes categorias de uso do solo: 
a) habitacional, incluído na subcategoria HB 1;  
b) comércio de consumo local, incluído na subcategoria CS 1;  
III - Zona Residencial 1 - ZR 1, áreas predominantemente residenciais de baixa 
densidade de ocupação, onde são permitidas as seguintes categorias de uso do solo: 
a) habitacional, incluído na subcategoria HB 1; 
b) comércio e prestação de serviços na subcategoria CS 1. 
IV - Zona Residencial 2 - ZR 2, áreas exclusivamente residenciais sob a forma de 
chácaras de recreio, onde é permitida a categoria de uso do solo habitacional da subcategoria HB 
1.V - Zona Mista 1 - ZM 1, áreas mistas de habitação, comércio e serviçosonde são 
permitidas as seguintes categorias de uso do solo: 
a) habitacional, incluído na subcategoria HB 1 e HB 2 sob a forma de residências 
multifamiliares, construídas verticalmente, em condomínio; 
ANEXO  C 
230 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
b) comercial e prestação de serviços, incluídos na subcategoria CS 1 e CS2; 
c) edificações mistas de habitações da subcategoria HB 1, com comércio e prestação de 
serviços da subcategoria CS 1, vinculada às atividades de comércio de consumo local, 
comércio varejista, serviços profissionais, de negócios e serviços pessoais;  
d) especial. 
VI - Zona Mista 2 - ZM 2, áreas mistas de habitação, comércio e serviçosonde são 
permitidas as seguintes categorias de uso do solo: 
a) habitacional, incluído na subcategoria HB 1;  
b) comercial e prestação de serviços, incluídos na subcategoria CS 1 e CS 2. 
VII - Zona Paisagístico-Ambiental - ZPA, destinada aos usos de esporte e lazer, 
constituída por Áreas de Preservação Permanente e destinadas à preservação da paisagem 
onde são permitidas as categorias de uso do solo: 
a) paisagístico-ambiental; 
b) comercial e de prestação de serviços, da subcategoria CS 1, vinculadas às atividades 
de lazer e turismo, como comércio varejista diversificado associado a diversões, tais 
como lanchonetes, bares e restaurantes. 
VIII - Zona de Abastecimento e Serviços - ZAS, áreas onde são permitidas as seguintes 
categorias de uso do solo: 
a) industrial da subcategoria IN 1;  
b) comercial e de prestação de serviços na subcategoria CS 2; 
c) especial. 
Art. 12. Macrozona Urbana 2 – UM 2, correspondente ao Distrito de Luzimangues, 
dividida nas seguintes Zonas de Ocupação: 
I – Zona de Ocupação Prioritária – ZOP, onde serão permitidas as categorias de uso do 
solo habitacional nas subcaterorias HB 1 e HB 2; comercial e de prestação de serviços, 
nas subcategorias CS 1 e CS 2; 
II – Zona de Ocupação Secundária – ZOS, onde serão permitidas as categorias de uso do 
solo habitacional na subcategoria HB 1 e HB 2; comercial e de prestação de serviços, nas 
subcategorias CS 1 e CS 2; 
ANEXO  C 
231 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
III – Zona de Ocupação Restrita – ZOR, onde serão permitidas as categorias de uso do 
solo habitacional nas subcategorias HB 1 e HB 2; e de desenvolvimento agrícola; 
IV – Zona de Administração da Ocupação Restrita – ZAOR, onde serão permitidas as 
categorias de uso do solo habitacional nas subcategorias HB 1 e HB 2, comercial e de 
prestação de serviços, nas subcategorias CS 1 e CS 2; 
V – Zona de Ocupação Industrial – ZOI, onde serão permitidas as categorias de uso do 
solo IN 1 e IN 2; 
VI – Zona de Proteção Ambiental – ZPA. 
§ 1
o
. Os índices urbanísticos dos loteamentos inseridos nas zonas de ocupação restrita 
serão determinados pelos memoriais descritivos dos respectivos loteamentos, não 
podendo: 
ter taxa de ocupação superior a 20 % (quinze por cento); 
ter coeficiente de aproveitamento superior a 0,4 (zero vírgula três) vezes a área do 
lote; 
ter lotes inferiores a 4.000,00 m2 (quatro mil metros quadrados);   
ter testada menor que SOm (vinte e cinco metros);  
ter os afastamentos entre a edificação e as divisas inferiores a 5m (cinco metros);  
 § 2° As restrições constantes deste artigo são extensivas aos empreendimentos 
denominados condomínios horizontais e loteamentos fechados, cuja área equivalente não 
poderá ser inferior a 4.000,00 m2 (quatro mil metros quadrados).  
§ 3
o
Somente será permitido o desenvolvimento de microparcelamento fora da Zona de 
Ocupação Prioritária quando esta tiver atingido ocupação mínima de 70% (setenta por 
cento) de sua área microparcelada, salvo na Zona de Ocupação Industrial, por interesse 
relevante da administração pública, devidamente motivado. 
§ 4
o
 Na extensão confrontante com a cota 212m do lago formado pela UHE do Lajeado, 
excetuando-se o trecho entre o Córrego Capivara e Córrego Caracol, descrita e 
delimitada nos memoriais constantes do Anexo, será mantida uma faixa de Proteção 
Permanente com projeção horizontal de, no mínimo, 100m (cem metros) de largura, 
além da faixa de preservação permanente exigida por legislação federal pertinente, será 
reservada uma faixa adicional não edificante com largura mínima de 15m (quinze 
ANEXO  C 
232 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
metros), em projeção horizontal, a partir da qual deverá ser reservada uma faixa não 
edificante com projeção horizontal de, no mínimo, 45m (quarenta e cinco metros) de 
largura, que deverá ser utilizado para sistema viário, passeio público, gramado para 
passagem de pedestres, ciclovias ou estacionamento de veículos.  
§ 5
o
 Para adoção do limite de preservação fixado no parágrafo anterior, será admitida a 
supressão da vegetação nativa necessária, desde que comprovada e justificada a 
viabilidade ambiental, mediante aprovação do órgão ambiental competente, com anuência 
prévia do órgão ambiental municipal competente, atendendo-se ao disposto no art. 4°, § 
2°, da Lei n. o 4.771, de 15 de setembro de 1965 - Código Florestal. 
§ 6
o
. Os imóveis situados na Zona de Ocupação Prioritária, localizada na Macrozona 2, 
deverão ser loteados no prazo de 5 (cinco) anos da entrada em vigor da presente lei, 
atendidos os reaquisitos legais, podendo o Poder Público Municipal, depois desse prazo, 
utilizar-se dos instrumentos legalmente previstos para implementação da política de 
desenvolvimento sustentável, na forma legal. 
Art. 13.Macrozona Urbana 3 - MU 3, correspondente Distrito Agro-industrial de Porto 
Nacional, área onde são permitidas as seguintes categorias de uso do solo:  
a) industrial da subcategoria IN 1 e IN 2; 
b) comercial e de prestação de serviços da subcategoria CS 2; 
c) especial. 
Parágrafo único. A Macrozona Urbana 3, além do que estabelece o caput  deste Artigo, 
deve atender o que estabelece a Lei Municipal n º 1.332, de 16 de dezembro de 1991. 
IV - Macrozona Urbana 4 - MU 4, correspondente ao povoado Escola Brasil, área onde 
são permitidas as seguintes categorias de uso do solo: 
a) habitacional, incluído na subcategoria HB 1; 
b) comércio e prestação de serviços na subcategoria CS 1 
V - Macrozona Urbana 5 - MU 5, correspondente ao povoado Nova Pinheirópolis, 
área onde são permitidas as seguintes categorias de uso do solo: 
a) habitacional, incluído na subcategoria HB 1; 
b) comércio e prestação de serviços na subcategoria CS 1. 
 
ANEXO  C 
233 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Art. 14. O Poder Executivo Municipal delimitará topograficamente as Zonas de Uso e 
Ocupação do Solo da Macrozona Urbana 1 - MU 1, a partir de levantamento plani-
altimétrico a ser realizado, em conformidade com o estabelecido no Anexo II da presente 
Lei Complementar. 
Art. 15.Nas zonas de uso e ocupação do solo separadas por vias de circulação, 
prevalecerão sempre os usos e índices de maior intensidade de uso, em ambos os lados da 
via. 
CAPÍTULO III - DA OCUPAÇÃO DO SOLO 
Art.16 A ocupação do solo fica condicionada à observância dos seguintes índices 
urbanísticos: 
I - taxa de ocupação máxima do lote; 
II - coeficiente de aproveitamento básico do lote; 
III - recuos mínimos; 
IV - número máximo de pavimentos; 
V - taxa de permeabilidade do lote; 
VI - fecho divisório do lote. 
Art. 17. Os índices urbanísticos são estabelecidos segundo as características de cada 
zona e as atividades nelas permitidas. 
§ 1º. A taxa de ocupação, o coeficiente de aproveitamento e os recuos são estabelecidos 
com base nas dimensões dos lotes.  
§ 2º Os índices urbanísticos referidos no parágrafo anterior serão revisados após o 
levantamento topográfico cadastral, respeitado o disposto nesta Lei Complementar.  
Art. 18. Até o cumprimento do que estabelece o § 2 do artigo 17, os índices urbanísticos 
mínimos são os seguintes: 
I - taxa de ocupação máxima:  
a) 0,5 (cinco décimos) nas Macrozonas 1, 4 e 5, à exceção da ZR 2 da MU 1; 
b) 0,3 (três décimos)na ZR 2 da MU 1;  
c) a MU 3 atenderão ao disposto nesta lei e em legislação específica;  
d) a MU 2, na forma que for regulamentada, observado o disposto no parágrafo primeiro, 
do artigo 12. 
ANEXO  C 
234 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
 
II - coeficiente de aproveitamento básico: 
a) 0,5 (cinco décimos) nas ZH 1 e ZH 2 da MU 1; 
b) 0,6 (seis décimos) na ZR 2 da MU 1; 
c) 1,00 (um) nas demais zonas da MU 1, na MU 2, MU 4 e MU 5;  
d) a MU 3 atenderá o que estabelece a legislação específica.  
e) a MU 2, na forma que for regulamentada, observado o disposto no parágrafo primeiro, 
do artigo 12. 
III - recuos mínimos: 
a) nas ZH 1 e ZH 2 da MU 1:  
sem afastamento frontal;  
1,50m (um metro e cinqüenta centímetros nas divisas laterais e dos fundos quando 
houver abertura para iluminação ou ventilação de cômodos destinados a curta 
permanência, tais como banheiros ou depósitos; 
3,00m (três metros) das divisas laterais e dos fundos, quando houver abertura para 
ventilação ou iluminação de cômodos destinados a longa permanência, tais como quartos, 
cozinhas, copas, escritórios e atelier; 
dispensável o afastamento lateral ou dos fundos quando não houver aberturas;  
b) nas ZR 1 e ZR 2, da MU 1, o afastamento frontal e de fundo será de 5,00m (cinco 
metros) e o lateral, de 1,50m (um metro e cinqüenta centímetros); 
c) nas ZM1 e ZM 2 da MU 1: 
1. afastamento de 2,50m (dois metros e cinqüenta centímetros) na lateral direita do lote;  
2. é permitido o pavimento térreo encostar na lateral esquerda do lote, mantendo o 
segundo pavimento com afastamento de 2,50m (dois metros e cinqüenta centímetros) em 
ambas as laterais;   
3. afastamento de 5,00m (cinco metros) no fundo do lote;  
4. é admitido construir na testada do lote;  
d) na Zona de Abastecimento e Serviço - ZAS da Macrozona Urbana 1 - MU 1: 
1. para lotes de até 500,00m² (quinhentos metros quadrados) o afastamento frontal e de 
fundo é de 5,00m (cinco metros) e o lateral de 3,00m (três metros);  
ANEXO  C 
235 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
2. para lotes maiores que 500,00m² (quinhentos metros quadrados) o afastamento frontal 
é de 10,00m (dez metros), de fundo, de 5,00m (cinco metros) e o lateral de 3,00 (três 
metros); 
e) nas Macrozonas Urbanas 2, 4 e 5 o afastamento mínimo frontal e de fundo é de 5,00m 
(cinco metros) e o lateral mínimo de 1,50m (um metro e cinqüenta centímetros);  
f) na Macrozona Urbana 3 - MU 3 prevalecem as normas específicas do Distrito Agro-
industrial; 
g) na Macrozona Urbana 2, na forma que for regulamentada, observado o disposto no 
parágrafo primeiro, do artigo 12. 
IV - número máximo de pavimentos: 
a) na Macrozona Urbana 1 : 
1. um pavimento na ZH 1, com altura máxima de 5.00m (cinco metros) em relação à cota 
de soleira; 
2. até dois pavimento nas ZH 2, com altura máxima 7,50m (sete metros e cinqüenta 
centímetros) em relação à cota de soleira; 
3. até dois pavimentos na ZR 1, ZR 2, ZM 1 e ZAS; 
4. até dois pavimentos na ZM 2 
5. um pavimento na ZPA; 
b) até dois pavimentos nas Macrozonas Urbanas 4 e5; 
c) até três pavimentos, na Macrozona Urbana 2; 
d) todas as unidades habitacionais do condomínio urbanístico deverão ter altura máxima 
de 8,00m (oito metros). 
e) na Macrozona Urbana 3 - MU 3 prevalecem as normas específicas do Distrito Agro 
Industrial. 
f) na Macrozona Urbana 2, na forma que for regulamentada, observado o disposto no 
parágrafo primeiro, do artigo 12. 
V - taxa de permeabilidade mínima, de 20% (vinte porcento) em todas as Macrozonas 
Urbanas; 
VI - fecho divisório dos lotes: 
ANEXO  C 
236 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
a) quando existe afastamento para a divisa voltada para a via pública, deverá ter 70% 
(setenta por cento) de transparência visual.  
b) nas ZM1 e ZM 2 da MU 1 caso haja afastamento frontal não será permitida existência 
de fecho divisório na testada do lote.  
§ 1º A Prefeitura Municipal poderá outorgar onerosamente o exercício do direito de 
construir acima do coeficiente de aproveitamento básico. 
§ 2º Na ZM 2 da Macrozona Urbana 1 é admitido outorgar onerosamente o exercício do 
direito de construir com o coeficiente de aproveitamento 2,0 (dois), com o máximo de 4 
(quatro) pavimentos, nos termos estabelecidos pela Lei Complementar do Plano Diretor 
de Desenvolvimento Sustentável de Porto Nacional. 
§ 3º Define-se como altura máxima, para efeito desta Lei Complementar, a medida entre 
o ponto mais alto da cobertura e a cota de soleira, excetuando-se os volumes necessários 
para a instalação de caixa de água ou casa de máquinas. 
§ 4º Os imóveis construídos na ZH 1 da MU 1 terão como característica obrigatória os 
seguintes elementos:  
I - todas as coberturas deverão ser em telhas cerâmicas do tipo capa e canal em duas, 
três ou quadro águas, com inclinação igual ou superior a 30% (trinta por cento) e beirais 
encachorrados; 
II - beirais com no mínimo 0,90m (noventa centímetros); 
III - não serão permitidos o uso de balanços ou marquises sobre a área pública, mas 
somente beirais não superiores a 0,90 (noventa centímetros) de comprimento, contados a 
partir da extremidade da telha até o plano vertical da parede da fachada;  
IV - esquadrias em madeira; 
V - paredes externas revestidas em massa; 
VI - paredes e aberturas em proporção de áreas aproximadamente igual a 4:1 (quatro 
por um); 
VII - adornos se houver, em argamassa ou gesso pintados; 
VIII - moldura das esquadrias na parte externa das fachadas, em argamassa, com pintura 
diferenciada das paredes.  
 
ANEXO  C 
237 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
§ 5º Os imóveis construídos na ZH 2 da MU 1 terão como característ ica obrigatória os 
seguintes elementos: 
I - todas as coberturas deverão ser em telhas cerâmicas do tipo capa e canal em duas, 
três ou quadro águas, com inclinação igual ou superior a 30% (trinta por cento) e beirais 
encachorrados; 
II - beirais com no mínimo 0,90m (noventa centímetros); 
III - esquadrias em madeira; 
IV - paredes externas revestidas em massa. 
Art. 19. A Zona Paisagístico-Ambiental - ZPA da Macrozona Urbana 1 terá regime 
urbanístico próprio em razão de sua localização, estrutura fisiográfica, interesse 
ecológico e proteção à paisagem. 
Parágrafo único. A Zona Paisagístico-Ambiental - ZPA será objeto de planos e 
programas específicos destinados a: 
I - promover o seu aproveitamento para lazer, recreação e turismo; 
II - assegurar a preservação e valorização do patrimônio cultural e natural; 
III - estabelecer normas de uso e ocupação do solo, nomeadamente naquelas áreas que, 
por suas qualidades de ecossistemas e paisagem natural, são passíveis apenas de 
ocupações rarefeitas; 
IV - orientar a alocação de recursos necessários a atender aos objetivos e diretrizes do 
Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de Porto Nacional.  
CAPÍTULO IV- DO ESTACIONAMENTO POR CATEGORIA DE USO 
Art. 20. Os espaços destinados a estacionamento ou garagens de veículos podem ser: 
I - privativos, quando se destinarem ao uso exclusivo dos usuários da edificação;  
II - coletivos, quando se destinarem à exploração comercial. 
Art. 21. É obrigatória a reserva de espaços, no interior do lote, para estacionamentos ou 
garagens de veículos vinculados às atividades da edificação, salvo na Zona Histórica 1.  
§ 1° O número de vagas por estacionamento é estabelecido em função do porte do 
equipamento e de acordo com o tipo de ocupação do imóvel.  
 
ANEXO  C 
238 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
§ 2° O número mínimo de vagas por estacionamento é calculado conforme o disposto no 
Anexo II, parte integrante desta Lei Complementar. 
§ 3° No caso da categoria industrial e na subcategoria CS 2 da categoria comercial e de 
prestação de serviços, é obrigatória a reserva de espaço para carga e descarga no interior 
do lote. 
§ 4º Não havendo disponibilidade de área no terreno edificado, o espaço destinado ao 
estacionamento poderá localizar-se em outro imóvel, à distância máxima de 100,00m 
(cem metros), mediante vinculação deste espaço com a edificação.  
Art. 22. As vagas para estacionamento serão fixadas de acordo com as seguintes 
condições: 
I - largura mínima de 2,40m (dois metros e quarenta centímetros);  
II - comprimento mínimo de 6,00m (seis metros), quando a vaga for paralela à via, e 
de 5,00 (cinco metros), quando inclinada. 
Art. 23. É obrigatória a reserva de vaga de estacionamento em especial à acessibilidade 
de pessoas com deficiência ou restrição de mobilidade, de acordo com norma da 
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. 
CAPÍTULO V - DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES 
Art. 24. O descumprimento do disposto nesta Lei Complementar sujeitará os infratores 
às seguintes sanções:  
I - advertência, com fixação de prazo para a regularização da situação, prorrogável a 
juízo da Administração Municipal, mediante solicitação justificada do interessado, sob 
pena de embargo das obras;  
II - multa graduada proporcionalmente à natureza da infração e à área construída da 
edificação, em valor não inferior a X
64
X e não superior a YY Unidades Fiscais de Porto 
Nacional por dia em que persistir a infração, durante o período que exceder os prazos do 
inciso anterior ou durante a prorrogação do prazo concedido de ofício, a critério do Poder 
Executivo, para a regularização da situação;  
                                                 
 
 
ANEXO  C 
239 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
III - embargo das obras ou demolição, nos casos de edificação iniciada ou executada 
sem o necessário licenciamento, em desacordo com o projeto aprovado.  
Parágrafo único. A aplicação das penalidades previstas neste Artigo será regulamentada 
por Decreto.  
Art. 25. Todas as atividades realizadas nas Macrozonas Urbanas serão obrigatoriamente 
objeto de licenciamento.  
§ 1º A licença para exercício de atividade somente será expedida quando a edificação na 
qual ela deverá ser exercida estiver de acordo com a legislação em vigor.  
§ 2º A licença para o exercício de atividade poderá ser requerida pelo interessado, isolada 
ou conjuntamente com o projeto da edificação na qual ela se realizará.  
§ 3º A aprovação de projeto de edificação, submetido ao exame dos órgãos competentes, 
sem referência expressa às atividades correspondentes, não configura direito, 
prerrogativa ou privilégio com respeito ao exercício de qualquer atividade, em razão do 
disposto neste Artigo.  
§ 4º Uma vez aprovada a atividade a ser realizada em determinada edificação, não será 
admitida qualquer alteração de uso, salvo se a substituição de atividade houver sido 
aprovada previamente pelo órgão competente.  
CAPÍTULO VI -DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS 
Art. 26. Ficam mantidas as licenças e respectivos alvarás de construção expedidos em 
conformidade com a legislação anterior até a data de publicação desta Lei Complementar.  
Art. 27. Serão mantidos os usos das atuais edificações, desde que licenciados pelo 
Município até a data da entrada em vigor desta Lei Complementar.  
Art. 28. Nas edificações desconformes, cujos índices urbanísticos tenham atingido ou 
ultrapassado o máximo permitido para a zona de uso que em estiverem localizadas, não 
serão admitidas quaisquer ampliações que agravem a desconformidade em relação à 
legislação em vigor, admitindo-se apenas reformas essenciais à segurança e à higiene da 
edificação, instalações e equipamentos. 
 
ANEXO  C 
240 
ESTADO DO TOCANTINS 
PREFEITURA MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL 
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO  
________________________________________________________________________ 
MAURICIO ALVES DA SILVA 
Art. 29. Os índices urbanísticos e as delimitações das zonas de uso e ocupação do solo 
serão ratificados ou retificados com base no levantamento planialtimétrico cadastral das 
Macrozonas Urbanas. 
Art. 30. Lei específica poderá dispor especificamente sobre normas complementares para 
uso e ocupação do solo na Macrozona MU-2. 
Art. 31. Esta Lei Complementar entrará em vigor na data de sua publicação.  
 
PALÁCIO DO TOCANTINS, GABINETE DO EXCELENTÍSSIMO SENHOR 
PREFEITO MUNICIPAL DE PORTO NACIONAL, Estado do Tocantins, aos vinte 
e oito dias do mês de setembro do ano de dois mil e seis.  
 
PAULO SARDINHA MOURÃO 
Prefeito de Porto Nacional