0 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DA 
FACULDADE DE GESTÃO DE NEGÓCIOS 
 
 
 
 
TAIZA RITA BERTOLDI BUZATTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMPETÊNCIAS DO GESTOR PÚBLICO: 
a relação entre a academia e as práticas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
                                                  
 
 
 
Uberlândia 
2012 
1 
 
TAIZA RITA BERTOLDI BUZATTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMPETÊNCIAS DO GESTOR PÚBLICO:  
a relação entre a academia e as práticas 
                                                                                  
 
         
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação 
em Administração da Faculdade de Gestão de Negócios 
da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito 
parcial à obtenção do título de Mestre em Administração.  
 
 
Área de concentração: Organização e Mudança  
 
Orientador: Prof. Dr. Valdir Machado Valadão Júnior 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uberlândia 
2012 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
            
                 
 
 
 
 
                    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 
                                   Sistema de Bibliotecas da UFU, MG, Brasil.        
     
                   
B992c 
2012 
 
Buzatto, Taiza Rita Bertoldi, 1981-          
     Competências do gestor público: a relação entre a academia 
e as  
práticas / Taiza Rita Bertoldi Buzatto. -- 2012. 
     157 f. : il. 
 
     Orientador: Valdir Machado Valadão Júnior. 
     Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de 
Uberlândia,  
Programa de Pós-Graduação em Administração. 
     Inclui bibliografia. 
 
   1. Administração - Teses.  2. Administração pública - 
Teses. 3. Administradores - Formação profissional – Teses. I. 
Valadão Júnior, Valdir Machado.  II. Universidade Federal de 
Uberlândia.  Programa de Pós-Graduação em Administração. 
III. Título.      
•                                                                                      CDU: 658 
            
                 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Ao meu querido esposo Francisco Buzatto pelo amor, 
carinho, sabedoria, compreesão e paciência  
diante tantas ausências.  
 
 
Aos meus pais Norton Bertoldi e Sueli Bertoldi 
e ao meu irmão Otávio Bertoldi por me fazerem 
sentir verdadeiramente amada. 
5 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
Primeiramente, agradeço a Deus e à interseção de Santa Rita de Cássia, por me concederem a 
oportunidade de realizar este sonho. 
 
À minha família querida, nas pessoas de Francisco Buzatto, Norton Bertoldi, Sueli Bertoldi, 
Otávio Bertoldi e Laís Oliveira, pelo amor incondicional e por sempre acreditarem no meu 
trabalho. 
 
Ao meu orientador Valdir Machado Valadão Junior, pela competência, comprometimento e 
paixão pelo ensino. Desde o primeiro contato com ele, tive a certeza que a sua orientação me 
proporcionaria crescimento profissional e pessoal. 
 
A minha irmã de coração Claudia de Fátima Costa, pela amizade verdadeira, paciência, 
incentivo, palavras encorajadoras e por estar sempre por perto. 
 
Aos amigos do mestrado com quem convivi de maneira mais próxima, Ana Elisa de Souza 
Falleiros, Lêda Aparecida dos Santos Oliveira, Patricia Peghini, principalmente, Cassio 
Raimundo Valdisser, os quais, com toda certeza, fizeram dessa etapa uma caminhada mais 
leve e alegre. 
 
À Universidade Federal de Uberlândia, por meio da Pró-Reitoria de Planejamento e 
Administração, nas pessoas de Valder Steffen Júnior e João Jorge Ribeiro Damasceno, pelo 
incentivo e liberação para a qualificação.  
 
Aos amigos da Diretoria de Planejamento da Universidade Federal de Uberlândia, 
especialmente, Adriana Patriarca, pela amizade, incentivo e apoio. 
 
Aos professores Aleandra da Silva Figueira Sampaio, Edileusa Godói de Sousa e José 
Eduardo Ferreira Lopes, participantes da banca de qualificação do Projeto de Dissertação, 
pelas contribuições para melhoria do trabalho. 
 
Ao professor José Eduardo Ferreira Lopes, pela disponibilidade, presteza e atenção no auxílio 
das análises estatísticas. 
 
Ao apoio concedido pelo Conselho Federal de Administração e pelo moderador do grupo 
Gestão Público do linkedin, Jefferson de Melo, na aplicação do instrumento de pesquisa. 
 
Aos especialistas, professora Enise Barth Teixeira e Marcelo Ferreira Kawatoko, que 
avaliaram o instrumento de pesquisa e contribuíram com propostas de melhorias. 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“[...] talvez não tenha conseguido fazer o melhor,  
mas lutei para que o melhor fosse feito [...] 
não sou o que deveria ser, 
mas graças a Deus, não sou o que era antes”. 
Marthin Luther King 
7 
 
RESUMO 
 
O objetivo geral desta pesquisa consiste em avaliar o nível de coerência dos projetos 
pedagógicos e ementas das disciplinas dos cursos de graduação em Administração Pública 
com nota cinco no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) em relação à 
formação de competências necessárias para o bom desempenho na prática profissional. 
Assim, buscou-se analisar a relação entre a academia e a prática, adotando-se como método 
de abordagem a pesquisa qualitativa e quantitativa. A pesquisa quantitativa foi realizada por 
meio da aplicação de um questionário construído com base no referencial teórico sobre 
competências e, principalmente, sobre as habilidades do administrador público apontadas por 
Keinert (1994), com a finalidade de identificar o “grau de importância”, a “intensidade de 
uso” e o “domínio” em relação a 30 competências identificadas. O questionário foi validado 
pelo método dos juízes, por testes estatísticos, tendo sido aplicado a gestores públicos. A 
pesquisa qualitativa se deu por meio da análise de conteúdo dos projetos pedagógicos dos 
cursos de Administração Pública e suas ementas, em três instituições que obtiveram nota 
cinco no Enade na última avaliação, referente ao triênio 2009-2011. Quanto aos resultados, 
verifica-se que as competências são avaliadas como “muito importante” para o contexto de 
trabalho, e que a maioria delas está sendo “utilizada” na prática. Em relação ao domínio dos 
respondentes, observa-se que o índice de prioridade de treinamento (IPT) ficou abaixo do 
ponto médio, ou seja, os respondentes apresentam um bom domínio, porém ainda podem ser 
mais bem desenvolvidos. Pode-se constatar que as instituições estão caminhando para a 
formação de competências, uma vez que as competências (28) tidas como “muito 
importante”, em sua maioria, foram encontradas na proposta de formação das instituições 
pesquisadas. Alguns resultados apontam algumas fragilidades que devem ser consideradas 
pela academia como, por exemplo, o menor domínio dos respondentes estar direcionado para 
a “competência política”, cidadania e democracia”, “visão estratégica”, “sustentabilidade” que 
são competências fundamentais para o contexto público. Contudo, alguns apontamentos 
advindos da análise dos resultados indicam que não basta apenas a academia inserir essas 
competências nos projetos e ementas, mas, além disso, as instituições de ensino devem 
repensar os seus modelos de ensino. 
 
Palavras-chave: Competências. Gestor. Administração Pública. Projetos pedagógicos e 
Ementas. 
 
8 
 
ABSTRACT 
 
The aim of this study was to evaluate the level of consistency of the pedagogical projects and 
related discipline descriptions of Public Administration Undergraduate Programs which have 
received grade 5 in the National Exam of Students‘ Performance  (Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes - ENADE), concerning the formation of the necessary 
competences for the good performance in students’ professional practice. By adopting a 
methodological approach which combined qualitative and quantitative methods, we aimed at 
examining the relationship between academia and practice. For the quantitative research, a 
questionnaire was used based on the theoretical references concerning the competences and 
skills required for the public administrator, as pointed out by Keinert (1994). The purpose of 
the questionnaire was to identify “the level of importance”, “the intensity of use”, and “the 
domain” in relation to the 30 competencies identified.  The questionnaire was validated by 
method of judges, through statistical tests applied to public managers. The qualitative 
research was carried out through content analysis of pedagogical projects and course 
descriptions from three institutions which had obtained grade five in the National Exam of 
Students‘ Performance  (ENADE) in the last evaluation for the triennium 2009-2011. 
According to the results, skills were assessed as "very important" for work context, and most 
of them are being used in professional practice. Concerning the mastery of the respondents’ 
skills, results show that the training priority index (TPI) was below average, in other words, 
respondents showed a good mastery of skills, but this could be improved. As it was observed, 
the institutions are moving into the training of competencies, since the majority of the 
competencies (28) that were considered "very important" were found in the educational 
project of the institutions which took part in the research. Some results show some 
weaknesses that must be considered by the academy, for example, the lowest dominion of the 
respondents be directed to the "political competence", “citizenship and democracy”, strategic 
vision "," sustainability " that are essential competencies for context public. However, results 
indicate that it is not enough to insert those competences in the pedagogical projects and in 
the discipline or course descriptions. The institutions must also rethink their teaching models 
and paradigms. 
 
 
Key words: Competencies; manager; public administration; pedagogical projects; course 
descriptions. 
 
9 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1 - Setores do Estado, formas de propriedade e de administração............................ 31 
Quadro 2 - Tipo, função, modo principal de aquisição e modo de manifestações dos diversos 
tipos de saberes e saber fazer ............................................................................. 41 
Quadro 3 - Períodos paradigmáticos da evolução do campo de conhecimento em 
administração pública ........................................................................................ 57 
Quadro 4 - Trajetória da graduação em Administração Pública no Brasil: uma síntese ........ 62 
Quadro 5 - Habilidades do administrador público ............................................................... 66 
Quadro 6 - Habilidades do futuro administrador público ..................................................... 67 
Quadro 7 - Relação das universidades com conceito 5 (cinco) no ENADE .......................... 80 
Quadro 8 - Codificação das competências ........................................................................... 83 
Quadro 9 – Palavras-chave definidas para análise de conteúdo a partir das competências 
listadas no questionário .................................................................................... 114 
Quadro 10 - Competências que aparecem nos projetos pedagógicos de cada instituição .... 116 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
LISTA DE FIGURAS 
  
Figura 1 - As noções de qualificação e competência e as características principais dos 
respectivos contextos ......................................................................................... 36 
Figura 2 - Modelo revisado de competências profissionais .................................................. 46 
Figura 3 - Competência como fonte de valor para o indivíduo e para a organização ............ 47 
Figura 4 - Paradigmas, correntes e teorias no campo dos estudos da administração pública 
brasileira..................................................................................................................64 
Figura 5 - Método do processo de pesquisa ......................................................................... 73 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Formação dos respondentes....................................................................................86 
Tabela 2 - Nível de escolaridade dos respondentes .............................................................. 88 
Tabela 3 - Órgão onde os respondentes trabalham ............................................................... 88 
Tabela 4 - Tempo de atuação no serviço público (em anos) ................................................. 89 
Tabela 5 - Tempo de atuação na iniciativa privada .............................................................. 90 
Tabela 6 - Tempo na função gerencial ................................................................................. 90 
Tabela 7 - Importância da competência para o contexto de trabalho representado pelo 
percentual de concordância dos respondentes ..................................................... 93 
Tabela 8 - Intensidade de uso da competência no contexto de trabalho representado pelo 
percentual  de concordância dos respondentes .................................................... 94 
Tabela 9 - Comparação da intensidade de uso a partir da somatória das frequências ............ 96 
Tabela 10 - Índice de Prioridade de Treinamento (IPT) ....................................................... 98 
Tabela 11 - KMO e teste de esfericidade de Bartlett .......................................................... 102 
Tabela 12 - Variância total explicada................................................................................. 102 
Tabela 13 - Matriz fatorial com rotação varimax ............................................................... 104 
Tabela 14 - Gestão estratégica ........................................................................................... 105 
Tabela 15 - Desenvolvimento e formação do profissional .................................................. 107 
Tabela 16 - Gestão comportamental .................................................................................. 109 
Tabela 17 - Processos de mediação e negociação ............................................................... 110 
Tabela 18 - Lidar com problemas e mudanças ................................................................... 112 
Tabela 19 - Ética ............................................................................................................... 112 
Tabela 20 - Gestão estratégica ........................................................................................... 122 
Tabela 21 - Desenvolvimento e formação do profissional .................................................. 123 
Tabela 22 - Gestão comportamental .................................................................................. 124 
Tabela 23 - Processos de mediação e negociação ............................................................... 125 
Tabela 24 - Lidar com problemas e mudanças ................................................................... 126 
Tabela 25 - Ética ............................................................................................................... 126 
Tabela 26 - Relação entre academia e prática: Gestão estratégica ...................................... 127 
Tabela 27 - Relação entre academia e prática: Desenvolvimento e formação do profissional
 .......................................................................................................................................... 130 
Tabela 28 - Relação entre academia e prática: Gestão comportamental .............................. 133 
Tabela 29 - Relação entre academia e prática: Processos de mediação e negociação .......... 135 
12 
 
Tabela 30 - Relação entre academia e prática: Lidar com problemas e mudanças .............. 136 
Tabela 31 - Relação entre academia e prática: Ética .......................................................... 137 
 
  
13 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
Gráfico 1- Scree Plot ......................................................................................................... 103 
Gráfico 2- Quantidade de ementas por competência .......................................................... 120 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
ADM - Administração 
AE -  Administração de Empresas 
AP -  Administração Pública 
CES -  Câmara de Educação Superior 
CFA -  Conselho Federal de Administração 
CHA -  Conhecimentos, habilidades e atitudes 
CHAs - Conhecimentos, habilidades e atitudes 
CNE -  Conselho Nacional de Educação 
CRAs - Conselhos Regionais de Administração 
DASP - Departamento Administrativo do Serviço Público 
DCN -  Diretrizes Curriculares Nacionais 
DESUP - Departamento de Supervisão do Ensino Superior 
D.O.U - Diário Oficial da União 
EAESP - Escola de Administração de Empresas de São Paulo 
EBAP - Escola Brasileira de Administração Pública 
EG -  Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho 
ENADE - Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes 
ENAP - Escola Nacional de Administração Pública 
FGV -  Fundação Getúlio Vargas 
FJP -  Fundação João Pinheiro 
INEP -  Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 
IDORT - Instituto de Organização Racional do Trabalho  
IFES -  Instituições Federais de Ensino Superior 
IPT -  Índice de Prioridade de Desenvolvimento 
LDB -  Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 
MARE - Ministério da Administração e Reforma do Estado 
MEC -  Ministério da Educação 
ONU -  Organização das Nações Unidas 
PBA-1 - Programa de Ensino de Administração Pública e de Empresas 
PSO -  Public Service Orientation 
SESu -  Secretaria de Educação Superior 
T&D -  Treinamento e Desenvolvimento 
15 
 
UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina 
UNB -  Universidade de Brasília 
UNESP - Universidade Estadual Paulista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 18 
1.1 Problema de Pesquisa ............................................................................................. 20 
1.2 Objetivo Geral ........................................................................................................ 21 
1.3 Objetivos Específicos ............................................................................................. 21 
1.4 Justificativa ............................................................................................................ 21 
1.4.1 Justificativa Teórica ........................................................................................ 21 
1.4.2 Justificativa Prática......................................................................................... 22 
1.4.3 Justificativa  Social.......................................................................................... 23 
1.5 Estrutura do Trabalho ............................................................................................. 23 
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 25 
2.1 A Administração Pública no Brasil ......................................................................... 25 
2.2 Da Qualificação à Competência .............................................................................. 35 
2.3 Competência: o Desenvolvimento do Conceito ....................................................... 37 
2.4 A Inserção das Competências na Formação Educacional ........................................ 50 
2.5 O Ensino de Administração Pública no Brasil ......................................................... 56 
2.6 Competências do Gestor Público ............................................................................ 65 
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ............................................................................ 71 
3.1 Amostra ................................................................................................................. 74 
3.2 Construção do Instrumento de Pesquisa .................................................................. 75 
3.2.1 Pré-teste do Questionário ................................................................................ 77 
3.2.2 Avaliação do Questionário pelos Especialistas ................................................ 78 
3.2.3 Avaliação do Questionário por Professores da Faculdade de Gestão e Negócios 
da Universidade Federal de Uberlândia .......................................................... 79 
3.3 Análise dos Projetos Pedagógicos e Ementas das Disciplinas dos Cursos de 
Graduação em Administração Pública .................................................................... 79 
3.4 Aplicação do Instrumento com os Gestores Públicos .............................................. 82 
3.5 Limites da Pesquisa e do Método............................................................................ 84 
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ................................................................. 86 
4.1 Perfil do Entrevistado ............................................................................................. 86 
4.2 Análise de Frequência ............................................................................................ 91 
4.2.1 Importância da Competência para o Contexto de Trabalho ............................. 91 
4.2.2 Itensidade de Uso da Competência .................................................................. 94 
17 
 
4.2.3 Domínio em Relação à Competência ............................................................... 97 
4.3 Análise Fatorial .................................................................................................... 100 
4.4 Análise dos Projetos Pedagógicos e Ementas ........................................................ 114 
4.4.1 Análise: Projetos Pedagógicos ...................................................................... 116 
4.4.2 Análise: Ementas ........................................................................................... 119 
4.4.3 Análise dos Projetos Pedagógicos e Ementas a partir dos grupos identificados 
no levantamento ............................................................................................ 122 
4.4.4 Relação entre Acadêmica e a Prática a partir dos grupos identificados ......... 127 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS: É possível pensar na relação entre a academia e as 
práticas de competências? ............................................................................................... 138 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 146 
APÊNDICE A .................................................................................................................. 152 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Diante do contexto da quebra de barreiras econômicas, comerciais, culturais, avanços 
tecnológicos e científicos, as organizações tanto privadas quanto públicas tiveram que 
repensar as suas estratégias como forma de se adaptarem ao contexto e obterem melhores 
resultados.  
Desse modo, o conceito de qualificação para o “posto de trabalho” vigente até os anos 
1980, quando os funcionários deveriam estar capacitados para realizarem atividades/tarefas 
prescritas para um determinado emprego, mostra-se insustentável diante do novo cenário de 
constantes transformações do ambiente. Assim, essa lógica de qualificação para o emprego, 
que se respalda nos princípios taylorista e fordista, em que prevalece a padronização do 
trabalho, passa a ser representada por uma nova noção denominada de competência, 
ampliando a dimensão da noção de qualificação (RAMOS, 2001; ZARIFIAN, 2001; LE 
BOTERF, 2003; RUAS, 2005). 
São diversos os estudos e contribuições acerca da noção de competência. A 
abordagem norte-americana explica a competência a partir das características individuais, 
sendo essas apresentadas por alguns estudiosos como conhecimentos, habilidades e atitudes 
(CHA) de um indivíduo que o levam a um desempenho superior no trabalho, se comparado 
esse a outros profissionais (McCLELLAND, 1973; BOYATZIS, 1982; PARRY, 1996; 
McLAGAN, 1997; MIRABILE, 1997). 
Já a abordagem francesa mostra a competência como voltada para a sua construção e 
mobilização e sua entrega nas diversas situações de trabalho, enfatizando o saber mobilizar, 
saber fazer, saber agir, tomar iniciativa e assumir responsabilidades (LE BOTERF, 2003; 
ZARIFIAN, 2001). 
Outros trabalhos importantes, tanto internacionais quanto nacionais, foram 
desenvolvidos a respeito da noção de competência, como, por exemplo, Prahalad e Hamel 
(1990), Cheetham e Chivers (1996, 1998), Fleury e Fleury (2001), Dutra (2004), Ruas (2005), 
Paiva e Melo (2008), Patalas-Maliszewska e Hochmeister (2011), Sefiani et al. (2012).  
Fleury e Fleury (2001, p. 188), a partir das abordagens americana e francesa, constroem o 
conceito de competências como “um saber agir responsável e reconhecido, que implica 
mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos e habilidades, que agreguem valor 
econômico à organização e valor social ao indivíduo”.  
No que se refere à administração pública brasileira, desde os anos 1930, ela esteve 
pautada em um modelo burocrático (CAMPOS, 1978) weberiano fundamentado em normas e 
19 
 
procedimentos, na visão tecnicista, bem como na centralização, prevalecendo o Estado frente 
aos interesses da sociedade. Apesar de algumas tentativas de reforma gerencial, foi a partir 
dos anos 1980, diante das crises e das transformações constantes do ambiente, que emerge, 
com maior força, a necessidade de repensar/reformar o Estado e sua administração.   Após 
amplos debates e com a referência internacional da “Nova Gestão Pública”, em 1990, cresce a 
perspectiva de caminhar e consolidar uma administração gerencial orientada para resultados, 
qualidade, produtividade e inovação, tendo como centro o atendimento dos anseios, 
expectativas e demandas do cidadão, fortalecendo, assim, a importância da relação Estado-
Sociedade (BRESSER PEREIRA, 1996, 2001; FERREIRA, 1996; ABRUCIO, 2001, 2007; 
CARDOSO, 2001; OSÓRIO, 2005; MOTTA, 2007; KEINERT, 2007).  
 Perante a mudança de uma administração baseada no modelo burocrático para uma 
administração gerencial, e com a transição do conceito de qualificação para a noção de 
competência, surge outra visão de gestão de pessoas para a administração pública. Pantoja, 
Camões e Bergue (2010) destacam que, na administração pública gerencial, a gestão 
estratégica de pessoas ganha relevância, sendo a gestão por competência indicada como um 
dos mecanismos para sua consolidação. Os autores ainda fazem referência a atos executivos 
que vêm norteando essas transformações, como o Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de 
2006. Esse decreto institui a Política e as Diretrizes para o Desenvolvimento de Pessoal da 
administração pública federal direta, autárquica e fundacional, e regulamenta dispositivos da 
Lei n
o
 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Dentre outras vertentes, esse decreto 
institucionaliza a gestão por competência nas organizações públicas (BRASIL, 2006). 
Ainda, conforme apontam Perrenoud (1999) e Ramos (2001), o modelo de ensino vem 
sendo debatido com o objetivo de atender às noções propostas pela competência, quebrando 
perspectivas tradicionais da transmissão do conhecimento pautadas em saberes disciplinares 
isolados e caminhando na direção do fazer aprender, que se fundamenta na construção e 
mobilização do conhecimento nas diversas situações, integrando a teoria e a prática. Segundo 
Ramos (2001), a integração da noção de competência à reforma educacional está inserida na 
aprovação da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - nova Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (LDB), que define a educação escolar em seus diversos níveis.  
No que se refere às instituições de ensino superior, o Parecer Nº 583/2001 do 
Conselho Nacional de Educação (CNE) e Câmara de Educação Superior (CES) incentiva uma 
maior flexibilidade, criatividade e responsabilidade na elaboração das propostas curriculares, 
inserindo as competências/habilidades/atitudes como parte integrante das Diretrizes 
Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos de graduação (BRASIL, 2001).  
20 
 
 Já no que se refere às DCN do curso de graduação em Administração Pública, que 
contemplam as competências e habilidades para o profissional e pesquisador da área, foi 
aprovada a súmula do parecer CNE/CES nº 266/2010, em 14 de novembro de 2011, no Diário 
Oficial da União (D.O.U.) nº 218, seção 1, página 15 (D.O.U., 2011). Entretanto, o referido 
parecer ainda se encontra aguardando homologação, pois existem recursos, em processo de 
avaliação, contrários à homologação do mesmo (informação verbal)
1
.  
Fischer (1984), Keinert (1994) e Coelho (2006) retratam a importância e o 
desenvolvimento da área de conhecimento denominada “administração pública”, estando os 
autores alinhados com a trajetória da história da administração pública. Fischer (1984) e 
Keinert (1994) apontam ainda algumas características e habilidades do administrador público 
contemporâneo, as quais são apresentadas no tópico sobre competências do gestor público, 
nesta pesquisa. 
Assim, considerando o conceito de competência, a necessidade de uma administração 
gerencial para o serviço público, as proposições do governo nesse sentido, bem como algumas 
inquietações da pesquisadora enquanto servidora pública, a investigação para este trabalho 
passa pela possibilidade de entender como se traduz, na prática, a noção de competências 
diante da realidade da administração pública e, ainda, se a academia vem acompanhando essas 
transformações, de modo a formar, efetivamente, profissionais com base em competências. 
Neste trabalho, o pesquisado é o “Gestor Público” que compreende o profissional que atua no 
setor público e possui, preferencialmente, formação na área de administração. 
Ressalta-se que o foco desse trabalho não se encontra em analisar a aprendizagem, 
pois o público pesquisado não se refere aos egressos das instituições de onde foram avaliados 
os projetos pedagógicos e ementas, mas o objetivo encontra-se em estabelecer uma conexão 
entre as competências relevantes para trabalho do gestor público com o que vem sendo 
ensinado nas principais instituições, com nota cinco no Enade, que formam administradores 
públicos. 
 
1.1 Problema de Pesquisa 
 
Por meio desta pesquisa, procura-se responder à questão: quais são as contribuições da 
academia, na formação de competência, ao preparar bacharéis em administração para atuar 
nas organizações públicas? 
                                               
1 Informação fornecida por Alceu Rocha do Ministério da Educação, em Maio de 2012. 
21 
 
1.2 Objetivo Geral 
 
O objetivo geral desta pesquisa consiste em avaliar o nível de coerência dos projetos 
pedagógicos e ementas das disciplinas dos cursos de graduação em Administração Pública 
com nota cinco no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) em relação à 
formação de competências necessárias para o bom desempenho na prática profissional. 
 
1.3 Objetivos Específicos 
 
Como objetivos específicos, estabeleceram-se os seguintes: 
 
a. identificar, por meio da revisão da literatura sobre competências,  da proposta das 
DCN para o curso de graduação em Administração Pública e no  trabalho de 
Keinert (1994), as competências essenciais para o gestor público; 
b. construir e validar um instrumento para avaliar a importância da competência para 
o trabalho, a intensidade de uso dessa competência no trabalho e o domínio do 
gestor público em relação a essas competências; 
c. verificar a importância das competências para o contexto de trabalho na visão do 
gestor público; 
d. verificar a intensidade de uso das competências na prática profissional do gestor 
público; 
e. identificar a necessidade de capacitação do gestor público em relação às 
competências importantes e utilizadas no ambiente de trabalho; e 
f. relacionar as competências propostas nos projetos pedagógicos e ementas das 
disciplinas dos cursos de Administração Pública analisados com as competências 
necessárias na prática da profissão do gestor público. 
 
1.4 Justificativa 
 
1.4.1 Justificativa Teórica 
 
São diversos os estudos e contribuições acerca da importância da competência. 
(McCLELLAND, 1973; BOYATZIS, 1982; PARRY, 1996; CHEETHAM E CHIVERS, 
22 
 
1996, 1998; PRAHALAD E HAMEL, 1990; McLAGAN, 1997; MIRABILE, 1997; FLEURY 
E FLEURY, 2001; ZARIFIAN, 2001; LE BOTERF, 2003; DUTRA, 2004; RUAS, 2005; 
PAIVA E MELO, 2008; PATALAS-MALISZEWSKA E HOCHMEISTER, 2011; SEFIANI 
ET AL, 2012).   
Ainda a partir do final dos anos 1980, pode-se observar a transição de uma gestão 
mecanicista pautada em um modelo burocrático, em que prevalecem os interesses do Estado, 
para uma sociedade cada vez mais exigente em relação aos resultados e satisfação dos 
serviços públicos, inserindo um novo caráter de administração gerencial (FERREIRA, 1996; 
BRESSER PEREIRA, 1996, 2001; ABRUCIO, 2001, 2007; CARDOSO, 2001; OSÓRIO, 
2005; MOTTA, 2007; KEINERT, 2007). Pantoja, Camões e Bergue (2010) ressaltam que a 
necessidade e mudança no estilo de gestão com foco em resultados é comum na iniciativa 
privada, mas que possui peculiaridades quanto ao setor público. 
 
Embora essas transformações não sejam novidade nas organizações 
privadas, nas públicas elas representam uma grande mudança não somente 
nas formas de estrutura e funcionamento, mas na ressignificação dos 
sentidos que tanto o servidor quanto a sociedade atribuem ao que é público 
(PANTOJA; CAMÕES; BERGUE, 2010, p. 13). 
 
Diante do exposto, a justificativa teórica para esta pesquisa encontra-se na 
possibilidade de se estudar as competências no contexto das organizações públicas, pois a 
essas é conferido um caráter organizacional diferente da realidade das empresas privadas, 
onde esse conceito já vem sendo adotado e bastante pesquisado. 
 
1.4.2 Justificativa Prática 
 
 
Conforme Pantoja, Camões e Bergue (2010), diante de um contexto que vem exigindo 
mudanças na administração, são observados orientações e movimentos, a partir do final da 
década de 1990 até momentos atuais, como o Decreto nº 5.707/2010 e 7.133/2010, que se 
referem à gestão por competência e avaliação de desempenho, respectivamente. 
Diante de políticas governamentais, como o Decreto nº 5.707/2010, que institui a 
gestão por competência, esta pesquisa se justifica pela possibilidade de se ter uma visão da 
dimensão para a qual a gestão de instituições públicas já avançou, na prática, em relação à 
adoção da gestão por competências, principalmente, aproveitando a profissão estratégica de 
gestor público. Aproveita-se, também, para verificar se as instituições de ensino superior 
23 
 
conseguiram implementar o ensino pautado na pedagogia das competências, conforme 
indicado nas DCN, avaliando se as mesmas estão formando as competências necessárias para 
a prática da profissão no setor público, podendo, dessa forma, analisar o que pode ser 
aprimorado para alcançar melhores resultados. 
Além disso, esta pesquisa atende ao programa Pró-Administração, do qual a 
Universidade Federal de Uberlândia faz parte, e cuja finalidade é contribuir para o 
desenvolvimento e melhoria do ensino de graduação e pós-graduação, por meio da análise das 
prioridades e competências existentes (CAPES, 2008). 
 
1.4.3 Justificativa  Social 
 
A sociedade está cada vez mais exigente em relação aos resultados dos serviços 
públicos, buscando que esses atendam aos seus anseios, expectativas e demandas. Desse 
modo, as organizações precisam se adaptar ao novo contexto, o qual enseja uma 
administração gerencial voltada para efetivos e melhores resultados (HOOD, 1991; 
BRESSER PEREIRA, 1996, 2001; FERREIRA, 1996; DENHARDT, 1999; KETTL, 2001; 
CARDOSO, 2001; ABRUCIO, 2001, 2007; OSÓRIO, 2005; KEINERT, 2007; MOTTA, 
2007; PANTOJA; CAMÕES; BERGUE, 2010). 
Pretende-se salientar a importância da academia na formação de profissionais 
competentes capazes de proporcionar melhores resultados na gestão das organizações 
públicas, oferecendo serviços melhores e alinhados às demandas da sociedade. 
 
1.5 Estrutura do Trabalho 
 
Apresenta-se a seguir a estrutura da dissertação na qual, além dessa introdução, foi 
composta por mais quatro capítulos.  
O capítulo dois refere-se ao levantamento bibliográfico que aborda o desenvolvimento 
do conceito de competência, sua importância dentro do contexto da administração pública 
quanto para a academia. Ainda, aborda-se o desenvolvimento do ensino de Administração 
Pública no Brasil e as competências essenciais apontadas para o Gestor Público. 
No capítulo três são apresentandos os aspectos metodológicos utilizados na pesquisa,  
como foi construído o instrumento de pesquisa e a delimitação para análise dos projetos 
pedagógicos e ementas das disciplinas dos Cursos de Graduação em Administração Pública. 
24 
 
O capítulo quatro traz a apresentação dos resultados sendo composta pelo perfil do 
estrevistado, a análise da frequência em relação aos indicadores “importância/intensidade de 
uso/domíno da competência”, análise dos projetos pedagógicos e das ementas e por último a 
relação entre academia e a prática a partir dos grupos indentificados por meio da análise 
fatorial. Por fim, no capítulo cinco apresentam-se as considerações relevantes a partir dos 
resultados da pesquisa.  
  
25 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1 A Administração Pública no Brasil 
  
Como o intuito deste trabalho é analisar as competências do gestor público, é evidente 
a necessidade de perfazer as características da administração pública do Brasil
2
.  
Keinert (2007) identifica duas perspectivas para definir a administração pública no 
Brasil. A primeira é denominada “Público enquanto Estatal”, que compreende o período de 
1930-1979, e a segunda, “Público enquanto Interesse Público”. 
Ainda de acordo com Keinert (2007), a primeira é marcada pela abordagem 
burocrática, que consiste na racionalização, centralização, supremacia do Estado, 
autoritarismo, controle formal e rígido, bem como pela visão unicista e tecnicista baseada nos 
princípios da administração científica. Essa perspectiva é caracterizada como estadocêntrica, 
ou seja, o conceito de público tem no centro o “Estado”.   
Segundo Bresser Pereira (1996, 2001), a administração pública burocrática originou-
se, no Brasil, com a primeira reforma administrativa dos anos 1930, cuja finalidade era 
combater o patrimonialismo, dando um caráter racional-legal ao governo.  Os princípios da 
administração burocrática de Max Weber foram introduzidos a partir da criação do 
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP). A reforma visava substituir a 
administração patrimonialista, separando o público do privado, bem como o político e o 
administrador.  
Para Osório (2005), a administração burocrática weberiana encontra-se pautada nos 
instrumentos formais e normativos que prevalecem em relação ao efetivo alcance de 
resultados. Para esse contexto, exigia-se um administrador que deveria ser técnico, ou seja, 
cumpridor de regras. Somente o político era responsável pelas diretrizes/políticas públicas; 
assim, o que prevalecia era a dicotomia política-administração. 
Ferreira (1996) aponta que o modelo burocrático foi adotado com o objetivo de 
combater o patrimonialismo e profissionalizar a administração pública. Esse modelo 
weberiano atendia às necessidades do contexto vigente da época caracterizado por um 
                                               
2
 O termo “público” pode ser entendido como relativo àquilo que é “de todos e para todos”, à “coisa 
pública” (res publica) e ao “interesse público”. Ainda, concerne às relações econômicas, políticas e 
sociais que interferem na produção do espaço público. Sendo assim, os diferentes conceitos de 
“público” envolvem questões de poder, de legitimidade, de valores (KEINERT, 2007, p. 61, grifo do 
autor). 
 
26 
 
ambiente sem grandes mudanças, estável, previsível, em que as ações do passado orientavam 
as ações do futuro. Entretanto, o rigor burocrático não se mostrou compatível diante de um 
contexto de constantes transformações e de instabilidade. E foi diante de um novo cenário, 
mais dinâmico e imprevisível, que o modelo burocrático passa a ser questionado. 
A primeira tentativa de reforma gerencial da administração pública no Brasil está 
associada ao Decreto-Lei Nº 200 de 1967, que tinha como ênfase a descentralização do 
governo por meio da autonomia da administração indireta, afastando-se da rigidez e 
centralização da administração burocrática. Entretanto, a falta de preocupação com a própria 
administração direta burocrática e com o desenvolvimento e admissão de pessoal para a 
administração estratégica, bem como a sobrevivência do caráter patrimonialista na 
administração indireta advinda da admissão de pessoal sem concurso público, foram algumas 
limitações que ajudaram a tornar a proposta de reforma insuficiente (BRESSER PEREIRA, 
1996; 2001). 
A partir dos anos 1980, com início na Nova Zelândia, Austrália e Reino Unido, houve 
um interesse, de forma generalizada, tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em 
desenvolvimento, na questão da “reforma do setor público” pautada na necessidade e 
cobrança em reduzir o tamanho do Estado e de dotá-lo de maior eficiência e eficácia, que 
encontrou subsídios no novo conceito denominado managerialism (KETTL, 2001). 
Abrucio (2001) reforça que, no ano de 1980, a crise do Estado é agravada diante da 
crise econômica mundial, da crise fiscal, da falta de eficiência do governo (ingovernabilidade) 
e das transformações advindas do processo de globalização. Desse modo, o managerialism, 
ou seja, uma administração pública na perspectiva gerencial veio como proposta de 
substituição da rigidez, do excesso de regras e procedimentos, da hierarquia, entre outros 
princípios do modelo burocrático.  
Ainda, para Kettl (2001), a reforma do Estado, em relação às políticas públicas, 
perpassa pela definição de qual seria a função do Estado, o que o governo deve fazer e como 
deve proceder para a sua redução. Já em termos administrativos, o enfoque gerencialista 
questiona a estrutura de governo até então baseada no modelo burocrático que, por sua vez, já 
não atende mais às necessidades do governo e da sociedade. Desse modo, novas perspectivas 
surgem para a administração pública com vistas a atender aos interesses do cidadão, o usuário 
dos serviços públicos, ao invés de atender às necessidades da burocracia. 
Para Cardoso (2001), o cenário de globalização provocou mudanças no sistema 
econômico e político mundial. Assim, nesse novo cenário, os Estados nacionais precisaram se 
reorganizar para acompanhar as mudanças do mundo contemporâneo.  
27 
 
Denhardt (1999) aponta alguns fatores que afetaram diretamente a gestão pública, 
como: a explosão e disseminação do conhecimento e da inovação tecnológica; a globalização 
dos negócios; a integração entre organizações (inclusive na relação público-privado); as 
mudanças sociais e demográficas em direção a uma sociedade cada vez mais diversificada; e a 
queda da confiança nas instituições e governos.  
 Segundo Cardoso (2001, p. 17), era necessário repensar o papel do Estado e 
reorganizá-lo de forma a atender às novas demandas da sociedade. A transição de um modelo 
burocrático para um gerencial, que introduza “[...] na cultura do trabalho público as noções 
indispensáveis de qualidade, produtividade, resultados, responsabilidade dos funcionários, 
entre outras”, era algo fundamental diante daquele contexto.   
Para Ferreira (1996), reformar o Estado impõe a necessidade de rever o seu papel e o 
seu funcionamento, caminhando para a perspectiva de fortalecimento entre Estado-Sociedade. 
Assim, o autor aponta três movimentos centrais para a reforma do aparato administrativo 
dentro da perspectiva da Reforma do Estado, sendo eles: aumento da eficiência, ou seja, maior 
produtividade com menor custo; maior qualidade dos serviços prestados; e o resgate da esfera 
pública.  
Segundo Hood (1991), a doutrina dessa nova gestão pública é constituída por sete 
elementos que visam aumentar a eficácia, a eficiência e a qualidade para a prestação de 
serviços públicos melhores, defendendo a adoção de instrumentos do setor privado. Esses sete 
elementos são: (1) profissionalização da gestão nas organizações públicas; (2) padrões de 
desempenho e medidas de avaliação; (3) ênfase no controle e nos resultados; (4) desagregação 
das grandes unidades do setor público; (5) inserção da ideia de competição no setor público; 
(6) uso dos estilos e práticas de gestão do setor privado; e (7) atenção à disciplina e 
parcimônia na utilização dos recursos. 
De acordo com Kettl (2001), as ideias reformistas propõem uma maior flexibilidade na 
administração, além de uma clara definição de missão, metas e objetivos organizacionais, bem 
como uma avaliação de desempenho, tanto da produção quanto dos resultados. A avaliação 
diz respeito ao que foi proposto como forma de entender melhor a relação entre investimentos 
e resultados alcançados, responsabilização (accountability
3
) dos servidores e gestores para 
com a sociedade, definição do papel do Estado, descentralização, delegação de poder, 
capacitação dos recursos humanos da administração pública e foco para a abordagem cidadão- 
consumidor. 
                                               
3 Accountability – de forma geral,  a literatura aponta que accountability refere-se às responsabilidades sobre as 
quais se deve prestar conta em relação aos resultados esperados/alcançados, ou seja, a transparência. 
28 
 
Apesar de ser uma abordagem global, Abrucio (2001) destaca que o modelo pós-
burocrático apresenta alternativas diferentes. A partir de uma análise do modelo gerencial 
britânico, o autor expõe as transformações e modificações do managerialism nos anos 1980 e 
1990, por meio de três movimentos, quais sejam: gerencialismo puro; consumerism; e public 
service orientation (PSO), nessa ordem cronológica. O gerencialismo puro tem como foco a 
redução de custos alinhada à maior produtividade-eficiência; o consumerism centra-se na 
questão da efetividade/qualidade dos serviços prestados, indo além da quantidade 
(produtividade) e levando em consideração a satisfação dos cidadãos vistos como 
consumidores; já o PSO ressalta o conceito de cidadão, de accountability, de justiça e 
equidade. Importante ressaltar que existe um intercâmbio entre os três momentos.  
A implementação do modelo gerencial precisa ser pensada na reorientação em nível de 
foco e forma, ou seja, é necessário consolidar uma nova filosofia voltada para o controle dos 
resultados e dos meios de realização do controle. Sendo assim, uma aliança estratégica entre 
servidores e cidadãos em direção a um objetivo comum é fundamental. Desse modo, a 
integração dos conceitos governabilidade (legitimidade) e a governança (capacidade de 
governar) precisam acontecer para validar a relação Estado-Sociedade, em que a 
governabilidade refere-se ao cidadão, enquanto legitimador; e a governança, aos servidores 
públicos prestadores de bons serviços (FERREIRA, 1996).  
Além do que, Denhardt (1999) acrescenta que a New Public Management parece ter 
aceitado uma grande variedade de valores do negócio, que, por sua vez, perpassam pelo 
autointeresse e pelo valor de competição em que os cidadãos foram substituídos pelos 
clientes. Entretanto, o autor enfatiza a importância da cidadania e da democracia, alegando 
uma clara distinção entre clientes e cidadão ao apontar que os primeiros estão voltados para 
seus próprios desejos e interesses; já os cidadãos têm o foco no bem comum e nas 
consequências em longo prazo para a comunidade. 
Andion (2012), examinando a trajetória do campo da administração pública no Brasil 
e suas correntes, aponta que a abordagem da Nova Administração Pública, que foi a base para 
a reforma Administrativa dirigida pelo ministro Bresser Pereira, traz os princípios e práticas 
da administração empresarial para o contexto do ambiente público, na proposta de substituir o 
modelo burocrático por um modelo gerencial. A abordagem do Novo Serviço Público ganha 
relevância, trazendo para o centro da questão a relação entre Estado-Sociedade, enfatizando a 
democracia e cidadania, passando o usuário a ser visto mais do que um cliente, ou seja, como 
um cidadão efetivamente envolvido no processo de decisão. 
29 
 
Nesse sentido, Denhardt (1999) sugere que a administração pública tende para uma 
perspectiva diferenciada de gestão com o olhar voltado para fora, cuja visão passa de uma 
burocracia centrada na estrutura interna para o exterior, com foco no cidadão e na cidadania, 
sendo sensível às questões éticas e de integridade, negociando, trabalhando junto com os 
cidadãos com a finalidade de alcançar o bem público. Além disso, também deverá acontecer 
uma inversão da velha gestão hierárquica de comando, controle e poder para uma liderança 
energizante que estimula os outros a reconhecerem, mais claramente, as suas necessidades, 
desejos e potencialidades, visando o trabalho em conjunto (equipes). 
Alguns pontos são relevantes para proceder à reforma administrativa, como o grau de 
consenso político em relação à necessidade e importância da reforma, o dilema entre a lógica 
fiscal e a lógica gerencial, a descentralização de forma que atenue as desigualdades e garanta 
a equidade, a integração entre formulação e implementação de políticas para que se possa 
avaliar e avançar em relação aos objetivos propostas, sendo possível, assim, promover a 
accountability (ABRUCIO, 2001).  
No Brasil, os anos 1980 foram marcados por diversas crises: crise no modo de 
intervenção do Estado no mercado e na sociedade, crise fiscal, crise política, crise da 
administração burocrática. O pequeno Estado liberal do século XIX é transformado em um 
Estado econômico e social do século XX, em que a sociedade vem exigir uma nova postura 
do Estado para atender às demandas dos cidadãos (BRESSER PEREIRA, 1996; 2001). Com a 
crise, o “Público enquanto Estatal” até então vigente no Brasil, mostra-se deficiente frente às 
demandas contemporâneas, emergindo a necessidade da “Reforma do Estado” (KEINERT, 
2007). 
Ainda para Abrucio (2007), a agenda da Reforma do Estado no Brasil inicia-se com o 
fim da ditadura militar e com as propostas de democratização do Estado, descentralização e 
profissionalização da burocracia que vieram com a Constituição de 1988.  
Para Bresser Pereira (1996; 2001), a Constituição de 1988, teve como pressuposto o 
modelo burocrático ainda considerado como não plenamente instaurado nos anos 1930.  
Assim, o caráter burocrático pautado em princípios voltados para a centralização continuou 
prevalecendo, com o foco ainda recaindo sobre a administração direta, não se percebendo a 
necessidade da reconstrução do Estado na perspectiva de atender às demandas do cidadão. O 
autor denomina essa fase de retrocesso burocrático. Nessa mesma perspectiva, Abrucio (2007) 
salienta que a Constituição de 1988 apresenta mudanças e avanços profundos em direção à 
democratização, à descentralização e à profissionalização da burocracia, porém, cada uma 
delas não se consolidou por completo. 
30 
 
Na visão de Abrucio (2007), é no governo de Fernando Henrique Cardoso que a 
iniciativa reformista ganha maior relevância. É nessa gestão que se tem a criação do 
Ministério da Administração e Reforma do Estado (Mare) dirigido pelo ministro Bresser 
Pereira. Com base na experiência e referência internacional da “New Public Management”, o 
Brasil vai se desenvolver no sentido de modernizar a administração pública.   
Em 1994, a Secretaria da Presidência é transformada no Ministério da Administração 
Federal e Reforma do Estado. Após amplos debates, em 1995, o documento do Plano Diretor 
da Reforma do Aparelho do Estado propondo uma administração pública gerencial é 
consolidado (BRESSER PEREIRA, 2001). 
O Plano Diretor encontra respaldo nos seguintes princípios da administração pública 
gerencial: ação do Estado voltada para o cidadão; ênfase no controle dos resultados, ao invés 
de um controle em relação ao rito burocrático; flexibilidade administrativa; controle social por 
parte de quem usa o serviço; e valorização do servidor (FERREIRA, 1996). 
A administração gerencial distancia-se dos procedimentos rígidos do modelo 
burocrático e apresenta uma visão que: 
 É orientada para o cidadão e para a obtenção de resultados; pressupõe que 
os políticos e os funcionários públicos são merecedores de grau limitado de 
confiança; como estratégia, serve-se da descentralização e do incentivo à 
criatividade e à inovação; e utiliza o contrato de gestão como instrumento de 
controle dos gestores públicos (BRESSER PEREIRA, 2001, p. 28).  
 
A reforma do aparelho do Estado tem como objetivo fortalecer a administração 
pública direta, o que Bresser Pereira (1996) denomina de “núcleo estratégico do Estado”, 
além de descentralizar e dar autonomia acompanhada e controlada por contrato de gestão por 
meio de agências autônomas e organizações sociais. A proposta da reforma consiste em 
quatro setores, sendo: (1) o núcleo estratégico do Estado; (2) as atividades exclusivas de 
Estado; (3) os serviços não exclusivos ou competitivos; e (4) a produção de bens e serviços 
para o mercado (Quadro 1). A reforma propõe transitar de uma administração burocrática para 
uma gerencial sem, contudo, suprimir a administração burocrática, mas, sim, aproveitando os 
seus pontos positivos (BRESSER PEREIRA, 1996; 2001). 
Para que a reforma aconteça, o autor acrescenta que se torna importante ir além da 
questão institucional-legal, mas envolvendo uma mudança de valores culturais pautados nos 
princípios da burocracia, integrando, também, a dimensão da gestão. 
 
 
31 
 
Quadro 1 - Setores do Estado, formas de propriedade e de administração 
 
Fonte: Bresser Pereira (1996, p. 20). 
 
Segundo Abrucio (2007), o Plano Diretor da Reforma do Estado conseguiu grandes 
progressos na reorganização administrativa do governo federal e no fortalecimento das 
carreiras do Estado, além de ter assumido um papel estratégico, incentivando novas formas de 
gestão pautadas em resultados, apesar do conceito restrito de carreiras estratégicas do Estado 
e do caráter etapista do Plano Diretor, em que a reforma gerencial vem depois da burocrática. 
Contudo, destacam-se alguns pontos que dificultaram maiores avanços na reforma da 
administração pública, como, por exemplo, o legado negativo do governo Collor, a visão 
economicista estreita, o foco na estabilização monetária, a oposição petista, entre outros. 
A Reforma do Estado é um processo que envolve transpor visões do passado baseadas 
em um Estado assistencialista, paternalista e centrado na produção direta de bens e serviços, 
apontando para a administração gerencial que garanta o atendimento das demandas do 
conjunto da sociedade, ou seja, a integração entre políticas públicas e os valores da sociedade.   
Conforme Cardoso (2001, p.16), “[...] é preciso que o Estado se reorganize e para isso é 
necessário adotar critérios de gestão capazes de reduzir custos, buscar maior articulação com 
a sociedade, definir prioridades democraticamente e cobrar resultados”. 
Diante da necessidade de transpor o modelo burocrático, a era pós-Constituição traz a 
perspectiva de maior democratização voltada para uma modernização da administração 
pública. Essa modernização encontra-se pautada nos modelos da gestão privada que se 
mostram eficazes, e o cidadão é visto como cliente cujas demandas devem ser atendidas 
(MOTTA, 2007). É necessário ressaltar, conforme mencionado anteriormente, a importância 
32 
 
da cidadania, da democracia e da distinção entre cliente e cidadão, a qual deve ser considerada 
(DENHARDT, 1999). 
Keinert (2007) concorda com as ideias de Hood (1991), Ferreira (1996), Bresser 
Pereira (1996, 2001), Denhardt (1999), Cardoso (2001), Kettl (2001), Osório (2005), Abrucio 
(2001, 2007) e Motta (2007) ao salientar que a nova abordagem emergente no Brasil está 
orientada para uma nova forma de gestão voltada para o cidadão/sociedade. Essa perspectiva 
é denominada pela autora como “Público enquanto Interesse Público”, tendo como princípios 
a administração gerencial e estratégica, a descentralização, os resultados, a inovação, a 
qualidade dos serviços e a democracia caracterizada pela intensa relação Estado-Sociedade, 
sendo substituída a noção estadocêntrica pela sociocêntrica. Essa noção integra a dimensão 
técnica da perspectiva “Público enquanto Estatal” e a dimensão política advinda da crise. 
Dessa forma, afasta-se da dicotomia política e administração, sendo abordada a necessidade 
de inter-relação e integração entre os mesmos.  
Contudo, Abrucio (2007) acrescenta que as ações fragmentadas advindas do segundo 
governo de Fernando Henrique Cardoso, e também da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, 
ainda não possibilitaram a consolidação plena da nova gestão pública. De certa forma, 
Abrucio (2007) concorda com Osório (2005), quando esse faz uma indagação pragmática se 
os fundamentos da “Nova Gestão Pública” estão, realmente, sendo postos a serviço da 
sociedade ou ainda não conseguiram sair do papel. 
À luz da necessidade de renovação da agenda reformista para enfrentar os desafios do 
século XXI, há quatro possíveis eixos estratégicos para a modernização do Estado Brasileiro, 
sendo eles: profissionalização, eficiência, efetividade e transparência/accountability 
(ABRUCIO, 2007). 
Apesar dos avanços da modernização, essas ideias ainda não foram possíveis de 
consolidação efetiva devido aos fatores históricos e aos traços culturais ainda presentes do 
personalismo e dos interesses individuais, daqueles que fazem parte da máquina pública, em 
detrimento do interesse da sociedade (OSÓRIO, 2005ABRUCIO, 2007; MOTTA, 2007). 
  O que se pode observar, independentemente do ponto no qual os fundamentos da 
administração pública gerencial realmente se efetivaram na prática, é que as mudanças na 
administração pública foram significativas. Diante do mundo globalizado e mais flexível, o 
modelo burocrata mostra-se insustentável, caminhando rumo à administração gerencial 
pautada na relação Estado-Sociedade (HOOD, 1991; FERREIRA, 1996; DENHARDT, 1999; 
BRESSER PEREIRA, 1996, 2001; CARDOSO, 2001; KETTL, 2001; OSÓRIO, 2005; 
ABRUCIO, 2001, 2007; KEINERT, 2007; MOTTA, 2007; ANDION, 2012). 
33 
 
 A partir do exposto, é possível pensar que a definição de administração pública está 
relacionada ao alcance de resultados para atender às necessidades, expectativas e exigências 
da sociedade contemporânea. Assim, é fundamental que a administração pública conte com 
profissionais competentes, pois são esses servidores que farão acontecer a administração 
gerencial, transcendendo as propostas formuladas a se concretizarem na realidade do contexto 
de trabalho. Conforme aponta Cardoso (2001, p. 18), a transição da reforma envolve a 
passagem de um modelo burocrático ao gerencial, o que “não será possível nem viável sem a 
participação dos funcionários públicos”. 
Osório (2005) discute a questão de administrar versus gerir frente aos novos 
pressupostos da administração pública que se volta para princípios da iniciativa privada, como 
eficiência, eficácia, economia, relação público-privada. Para o autor, a busca de melhores 
resultados no setor público necessita de um profissional com novas prerrogativas, atribuições 
e deveres, mas que não substitua o administrador, e, sim, agregue valor ao papel do mesmo. 
Para ele, os pressupostos da “Nova Gestão Pública” aproximam-se da ideia do gestor público 
e de que a legalidade é fator importante, mas não suficiente para gerar resultados. Assim, o 
assumir responsabilidade, a produtividade, a qualidade e a eficiência entram nesse cenário, e a 
dicotomia político-administrativa perde força, sendo necessário um profissional que integre o 
técnico e o político.  
Kettl (2001) enfoca a necessidade de se ter um quadro de pessoal do funcionalismo 
público qualificado e de desenvolver as habilidades de seus administradores de forma a 
implementar as mudanças e garantir uma nova capacidade administrativa proposta pelas 
ideias reformistas. Apesar do caráter gerencial, as habilidades devem ser focadas no bem 
público, ou seja, esse servidor precisa ser sensível, ter senso público às demandas da 
sociedade. 
 
Administrar problemas relativos ao ânimo com que os funcionários encaram 
as mudanças, encontrar empregados qualificados para postos com maior 
responsabilidade e mais claramente orientados para resultado, enfrentar 
situações de demanda maior e menores recursos, e desenvolver a habilidade 
específica para lidar com mudanças radicais são habilidades cada vez mais 
necessárias aos administradores (KETTL, 2001, p. 104). 
 
Em relação à valorização do servidor público, acerca do que está entre os princípios da 
administração pública gerencial para o Plano Diretor, Ferreira (1996) alerta que:  
 
Implantar um modelo de administração pública gerencial não significa 
mudar sistemas, organizações e legislação; muito mais do que isso, significa 
criar as condições objetivas de desenvolvimento das pessoas que conduzirão 
34 
 
e realizarão as reformas. Nesse sentido, valorizar o servidor quer dizer 
estimular a sua capacidade empreendedora, sua criatividade, destacando o 
espírito público de sua missão e o seu comportamento ético visando o 
resgate da auto-estima e o estabelecimento de relações profissionais de 
trabalho (FERREIRA, 1996, p. 20). 
 
O desenvolvimento das pessoas já é apontado por Pantoja, Camões e Bergue (2010), 
para que seja possível oferecer melhores resultados aos usuários do serviço público que estão 
cada vez mais exigentes, sendo destacada a importância da gestão de pessoas dentro desse 
contexto. Assim, frente a essa interação entre Estado-Sociedade, exige-se uma modernização 
da estrutura normativa, organizacional e de pessoal. Dentro da administração estratégica e 
gerencial, a gestão estratégica de pessoas vem galgando espaço no setor público. 
Para esses autores, a gestão estratégica de pessoas está relacionada à definição dos 
perfis e da quantidade de profissionais necessários para atingir os objetivos organizacionais, 
de forma a garantir os resultados esperados. Essa política envolve atividades como o 
recrutamento, desenvolvimento, redistribuição, avaliação de desempenho, entre outras. Para 
implementar essa gestão estratégica, alguns mecanismos e instrumentos são utilizados, como 
o planejamento de recursos humanos, a gestão por competência, a capacitação com base nas 
competências e a avaliação de desempenho e competência. Tais transformações estão sendo 
consolidadas por meio de atos executivos, como o Decreto nº 5.707/2006, que trata da gestão 
por competências, bem como o Decreto nº 7.133/2010, que trata da avaliação de desempenho. 
O Decreto nº 5.707, de 23 de fevereiro de 2006, que institui a Política e as Diretrizes 
para o Desenvolvimento de Pessoal da administração pública federal direta, autárquica e 
fundacional, introduz, notadamente, a gestão por competência.  
A Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal, conforme consta no Artigo 1º, 
visa à: 
I) melhoria da eficiência, eficácia e qualidade dos serviços públicos 
prestados ao cidadão;  
II) desenvolvimento permanente do servidor público; 
III) adequação das competências requeridas dos servidores aos objetivos das 
instituições, tendo como referência o plano plurianual;  
IV) divulgação e gerenciamento das ações de capacitação; e  
V) racionalização e efetividade dos gastos com capacitação (BRASIL, 2006, 
p. 1). 
 
Entre os instrumentos dessa política para alcançar os objetivos traçados, tem-se, no 
item III, do Artigo 5º, o “sistema de gestão por competência”. Ainda no item II do Artigo 2º 
do referido decreto, a gestão por competência é definida como a “gestão da capacitação 
orientada para o desenvolvimento do conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes 
35 
 
necessárias ao desempenho das funções dos servidores, visando ao alcance dos objetivos da 
instituição” (BRASIL, 2006, p. 1). 
Assim, uma vez que a gestão por competência ganha cada vez mais destaque, 
tornando-se necessária ao contexto da administração pública, e sendo até regulamentada por 
meio de decreto, o intuito deste trabalho foi aprofundar nas competências necessárias de 
serem formadas pela academia para o bom desempenho da profissão do gestor público. 
 
2.2 Da Qualificação à Competência 
 
Diante do objetivo explicitado no início deste trabalho, que é relacionar as 
competências propostas nos projetos pedagógicos e ementas das disciplinas dos cursos de 
graduação em Administração Pública com o contexto da prática profissional, apresenta-se o 
desenvolvimento e conceito de “competência” por meio de alguns estudos. Perrenoud (1999, 
p. 19) afirma que “não existe uma definição clara e partilhada das competências. A palavra 
tem muitos significados, e ninguém pode pretender dar a definição”. 
A contextualização histórica, representada por Zarifian (2001), remete que é a partir 
das transformações ocorridas, que vai de uma sociedade camponesa e artesanal para uma 
civilização urbana e industrial, que a perspectiva do trabalho começa a se modificar. Então, 
nessa civilização urbana e industrial, um novo pressuposto de trabalho surge, e características 
como espaço de produção delimitado, tempo de trabalho determinado e rígido, ênfase na 
produtividade e repetição da tarefa de trabalho estão presentes. 
O autor aponta que, até então, a lógica predominante é a do “posto de trabalho”, que 
consiste na qualificação do indivíduo para as atividades e tarefas requeridas para uma 
descrição de emprego. Essa lógica tem respaldo nos princípios taylorista e fordista, em que o 
trabalho é padronizado e prescrito, e o trabalhador, um indivíduo passivo frente ao 
entendimento e reflexão acerca do trabalho. 
No entanto, a partir de meados dos anos 1980, é possível verificar questionamentos 
dos “modos de trabalho” até então adotados, e é a partir daí que surge e adquire importância a 
temática sobre competências, distanciando-se dos moldes de qualificação para o emprego 
(ZARIFIAN, 2001).  
Na mesma época, também se faz referência ao desenvolvimento do conceito de 
competência na Europa, mudando a perspectiva vigente de “qualificação” da década de 1970. 
Diante das constantes transformações do ambiente em torno da empresa, da complexidade 
dessas transformações marcadas pela internacionalização da economia, das novas tecnologias 
36 
 
de informação, da intensa concorrência, entre outros fatores, a noção de “qualificação”, ou 
seja, capacidade que o indivíduo tem para uma determinada profissão, emprego ou função não 
é mais sustentável, e a competência entra em cena. Todavia, como afirma Le Boterf (2003, 
p.21), “[...], não se deve opor qualificação e competência, nem querer substituir a qualificação 
pelas competências. O desenvolvimento dos ‘recursos-competência’ deve permitir o 
enriquecimento da noção de qualificação mais do que suprimi-la”. 
Para Ruas (2005), a noção de competência, por vezes, é confundida com a noção de 
qualificação; entretanto, a perspectiva de contexto de trabalho para as duas noções são 
diferentes. Na qualificação, existe uma estabilidade e previsibilidade das atividades e do 
contexto de trabalho, o que já não é mais compatível com a concorrência e flexibilidade do 
mercado a partir dos anos 1990 (Figura 1). 
Figura 1 - As noções de qualificação e competência e as características principais dos 
respectivos contextos 
 
Fonte: Ruas (2005, p. 37). 
 
A competência refere-se à competência do indivíduo, e não à qualificação voltada para 
atividades específicas de um emprego, sendo essa competência percebida na prática, ou seja, 
na efetiva ação, na capacidade de decidir diante de uma dada situação profissional que é cada 
vez mais dinâmica e instável frente às rápidas transformações do ambiente. A competência, na 
prática, frente a essa situação de trabalho, envolve uma visão do desempenho global das 
decisões tomadas, mesmo que a ação seja local (ZARIFIAN, 2001). 
A proposta da competência não vem substituir a qualificação, mas vem reconhecer o 
valor dessa qualificação, pois “O trabalho torna-se o prolongamento direto da competência 
pessoal que um indivíduo mobiliza diante de uma situação profissional [...]” (ZARIFIAN, 
2001 p. 56). 
37 
 
Para Ramos (2001), o conceito de competência não substitui e nem supera o conceito 
de qualificação. A autora aponta que houve um deslocamento do conceito de qualificação 
para competência, defendendo a ideia de deslocamento pelo fato de o conceito de 
competência negar e reafirmar o conceito de qualificação baseada nas dimensões: conceitual, 
social e experimental. Assim, existe um enfraquecimento das dimensões conceitual e social, 
conforme adotadas para a qualificação. Na dimensão conceitual, as competências exigem 
mais do que saberes valorizados pelos diplomas, porém colocam em cena os saberes tácitos e 
sociais. Já na dimensão social, prevaleciam contratos baseados em regras e normas coletivas, 
tendo esses acordos coletivos pactuados se mostrado enfraquecidos no atual contexto, dando 
lugar à individualidade. Ao mesmo tempo, há um fortalecimento da dimensão experimental, 
ou seja, o trabalho real advindo da integração dos saberes conceituais, tácitos e sociais postos 
na prática da realização do trabalho, bem como a ênfase na subjetividade do indivíduo. 
Em suma, como apontado por Zarifian (2001), Ramos (2001) e Le Boterf (2003), a 
competência não veio anular a qualificação, mas, sim, ampliar o seu significado.   
Apesar do desenvolvimento desse conceito ter sido impulsionado nos anos 1980, 
conforme apontam os autores citados acima, McClelland foi pioneiro no estudo de 
competências, tendo os seus trabalhos originados na década de 1970. O autor publicou, no ano 
de 1973, um artigo chamado Testing for Competence Rather Than for “Intelligence”, o qual 
traz uma reflexão e uma crítica da validade dos testes de inteligência, alegando que esses, 
como, por exemplo, o de QI, não medem, efetivamente, quem são os indivíduos que terão 
melhor desempenho e sucesso no trabalho e na vida. Medir a capacidade e o talento exige 
melhores critérios que envolvem teoria e prática.  O autor debate e apresenta propostas para 
tais limitações ao abordar o teste de competência como alternativa ao teste de inteligência e 
aptidão, enfatizando a importância de critérios que identifiquem as habilidades e perspectivas 
de desempenho do indivíduo no trabalho (McCLELLAND, 1973). 
 
2.3 Competência: o Desenvolvimento do Conceito 
 
Para Parry (1996), nem todos os estudos sobre competências são iguais, pois alguns 
abordam competências genéricas, outros abordam competências específicas, outros são vistos 
como entradas (capacidade individual), e outros, como saídas (resultados do comportamento). 
Além disso, alguns conceitos consideraram a personalidade dentro das competências, e 
outros, não. A seguir, foram apresentadas algumas definições com o objetivo de visualizar a 
variedade de abordagens desenvolvidas, tornando possível entender melhor tal conceito.  
38 
 
De acordo com McClelland (1973), a competência do indivíduo é analisada no 
contexto de trabalho em termos de comportamentos que refletem um melhor desempenho. À 
medida que a capacidade do indivíduo para realizar uma atividade aumenta, a sua 
competência também aumenta. Dentro da abordagem desse autor, a competência consiste nas 
características do indivíduo que levam ao desempenho superior na realização de um 
determinado trabalho. 
Mirabile (1997) ressalta a origem dos estudos de competências, fazendo referência à 
proposta de McClelland, que diferencia os testes de aptidões (predisposição natural para um 
talento que pode ser aprimorado) de competências que envolvem o conhecimento (o que as 
pessoas precisam saber para executar um trabalho), de habilidades (demonstração de um 
talento particular), de aptidões ou de características que levam a um desempenho superior. 
A partir dos ensaios de McClelland (1973), os estudos sobre essa área de 
conhecimento vão se desenvolvendo e formando a abordagem norte-americana. Esse autor, 
apesar das especificidades e da profundidade enfatizada por outros autores, relaciona a 
competência a uma perspectiva comportamentalista, associando-o conceito às características 
individuais. Ainda, a competência é representada por alguns estudiosos como os 
conhecimentos, habilidades e atitudes (CHA) que levam os indivíduos a um desempenho 
superior no trabalho, se comparado a outros profissionais (McCLELLAND, 1973; 
BOYATZIS, 1982; PARRY, 1996; McLAGAN, 1997; MIRABILE, 1997). 
 Para Boyatzis (1982), uma performance efetiva, ou seja, um desempenho superior no 
trabalho é fator resultante da integração de três componentes consistentes, sendo eles: 
competências individuais, exigências/demandas do trabalho e ambiente organizacional. As 
primeiras referem-se às características e habilidade do indivíduo. Essa competência individual 
representa a capacidade efetiva do indivíduo diante da situação de trabalho. Entretanto, ainda 
que as competências individuais sejam necessárias, essas não são suficientes para que o 
desempenho superior aconteça, pois o mesmo depende da integração da tríade apontada 
anteriormente.  
Seguindo a mesma perspectiva de desempenho superior no trabalho, Parry (1996) 
apresenta a definição de competências, sintetizada com base nas sugestões advindas da 
Conferência sobre competências realizada em Johannesburg em 1995, por 100 especialistas 
da área de recursos humanos. A competência consiste em um cluster (conjunto) de 
conhecimentos, habilidades e atitudes que impacta em parte importante do trabalho, no papel 
ou na responsabilidade, e que se correlaciona com o desempenho no trabalho, podendo ser 
39 
 
medido em relação a padrões bem aceitos e melhorados, por meio da formação e 
desenvolvimento. 
 As competências, para esse autor, estão relacionadas ao comportamento humano, 
sendo esse comportamento humano único e inerente a cada indíviduo, o que torna possível 
ocorrerem diferentes desempenhos no contexto de trabalho. Conforme afirma Parry (1996), a 
competência deve envolver as três dimensões de forma conjunta (conhecimentos, habilidades 
e atitudes), o que deve ser reflexivo no comportamento e perfomance no trabalho, sendo essas 
competências passíveis de serem treinadas. Ainda, a personalidade não é plausível de ser 
medida; entretanto, não pode ser considerada como uma competência, a não ser que ela possa 
ser mensurável e ensinável.  
McLagan (1997) ressalta o interesse pela competência, uma vez que os recursos 
intangíveis - “recursos humanos” - agregam valor às organizações. A era da competência traz 
uma perspectiva que distancia dos modelos pré-estabelecidos de “modos de trabalho” e 
caminha para uma abordagem que integra a prática dos indivíduos com as estratégias 
organizacionais. Essa era está voltada para uma concepção de trabalho mais flexível, em que 
se compartilham as responsabilidades entre os membros da organização, enfatiza a 
importância da autogestão na prática diária, preocupa com a qualidade e observa as 
oportunidades de melhorias e inovações. Entretanto, as empresas precisam oferecer estrutura e 
ferramentas necessárias para que a competência seja efetiva. 
Ainda dentro da abordagem americana, mas com uma postura mais abragente do 
conceito, McLagan (1997) integra vários enfoques sobre competências, quais sejam: 
atividades e tarefas de um trabalho (o que fazer); produtos/saídas (o que se oferece aos 
outros); resultado (capacidade de gerar benefícios à empresa e aos clientes); CHA 
(conhecimentos, habilidades e atitudes do indivíduo para realizar o trabalho); CHA 
diferenciadores (conhecimentos, habilidades e atitudes que distinguem uma performance 
superior ao de outros); e o pacote/conjunto de atributos (conjunto de CHAs, ou tarefas, 
atividades, saídas e resultados). Desse modo, a competência refere-se a esse pacote/conjunto 
de atributos que leva ao desempenho superior. 
Nessa abordagem, segundo Mirabile (1997), modelos de competência referem-se à 
análise das saídas, ou seja, os resultados que diferenciam um alto desempenho em relação a 
um baixo e médio desempenho. Os modelos possuem diferentes formatos e a construção do 
formato a ser utilizado pelas pessoas deve estar alinhada às aplicações desejadas e aos 
resultados almejados (o que você quer fazer com os resultados). A implementação de um 
40 
 
modelo de competência é um esforço de mudança, portanto, para isso acontecer, é necessário 
ter conteúdo, processo e estrutura de apoio.  
Outros estudos foram desenvolvidos, ampliando-se as perspectivas do conceito de 
competência. A seguir, apresenta-se um pouco da abordagem francesa com respaldo nos 
trabalhos de Zarifian e Le Boterf.  Ramos (2001) faz referência a essa abordagem como 
construtivimo francês, em que o indivíduo se torna parte integrante do sistema de gestão, 
desenvolvendo e entregando as suas competências individuais e coletivas à organização. O 
construtivismo francês afasta-se da perspectiva funcionalista, cujo foco centra-se no 
detalhamento das atividades e tarefas, que se convertem em competências, constituindo a base 
do desempenho satisfatório.  
Para Le Boterf (2003), a partir do início dos anos 1990, os termos “profissionalismo” e 
“profissional” assumem frente em relação às ideias de “profissão” e “ofício”, caminhando 
junto com o conceito de competência. Para o autor, “O profissional é aquele que sabe 
administrar uma situação profissional complexa” (LE BOTERF, 2003, p. 37).  O referido 
autor ainda adota o termo “navegação profissional”, em que a construção e o desenvolvimento 
do profissionalismo não se consolidam apenas com a formação, mas, sim, em uma variedade 
de situações de aprendizagens. 
Nesse novo contexto da competência, Zarifian (2001) aponta alguns fatores 
importantes que passam a ser considerados na realização do trabalho, quais sejam, evento, 
comunicação e serviço. Evento é, de modo geral, a resolução dos problemas que ocorrem, de 
forma parcial, imprevista e inesperada; comunicação é o entendimento recíproco, que engloba 
o integrar e o compartilhar saberes e informações nas redes de trabalho, são as interações; e 
serviço é a modificação do estado ou das condições de atividade/vida do destinatário dos 
serviços, transcendendo a mera produção de um “produto”, visto que passa a ser relevante 
antecipar e entender as necessidades dos clientes e adotá-los como coprodutores, agregando 
valor a esses serviços. Daí, alguns conceitos surgiram para explicar o que vem a ser essa 
competência. 
Um desses conceitos aponta que “A competência é ‘o tomar iniciativa’ e ‘o assumir 
responsabilidades’ do indivíduo diante de situações profissionais com as quais se depara” 
(ZARIFIAN, 2001, p. 68). “O tomar iniciativa” é começar alguma coisa, ultrapassando as 
normas existentes, propondo algo novo em termos de respostas adequadas para os diversos 
eventos, no contexto da situação profissional. Já “O assumir responsabilidade” possui relação 
com a autonomia do indivíduo e com a descentralização das tomadas de decisão, isto é, o 
trabalhador deve responder por suas iniciativas e pelos efeitos da mesma.  
41 
 
 Conforme Zarifian (2001, p.72), “A competência é um entendimento prático de 
situações que se apóia em conhecimentos adquiridos e os transforma na medida em que 
aumenta a diversidade das situações”. O entendimento prático refere-se a avaliar uma dada 
situação na prática e saber mobilizar os conhecimentos frente a tal contexto. Entretanto, é 
necessário que se tenham conhecimentos prévios para que esses possam ser mobilizados, 
utilizados, questionados e interpretados pelo indivíduo, os quais serão modificados e 
transformados em contato com a situação real de trabalho (ZARIFIAN, 2001). 
Ainda, “A competência é a faculdade de mobilizar redes de atores em torno das 
mesmas situações, é a faculdade de fazer com que esses atores compartilhem as implicações 
de suas ações, é fazê-los assumir áreas de co-responsabilidade” (ZARIFIAN, 2001, p. 74). O 
mobilizar redes de atores quer dizer que as competências ultrapassam a um único indivíduo, 
sendo necessária a integração de várias competências individuais, sendo a comunicação um 
fator essencial para que aconteça a participação, a cooperação e o compartilhar das 
implicações das ações entre as pessoas. Assim, todos os membros envolvidos devem associar 
e assumir a importância da responsabilidade coletiva.  
A competência não se resume ao conjunto de saberes adquiridos na formação escolar. 
É importante que a competência seja inseparável das situações de trabalho e esteja relacionada 
ao “saber fazer” desenvolvido na experiência (ZARIFIAN, 1995). 
Na visão de Le Boterf (2003), a competência é saber mobilizar os recursos pessoais e 
os recursos do meio. Os recursos pessoais são expressos nos saberes e no saber fazer bem, 
como nas aptidões/qualidades, nos recursos fisiológicos e nos recursos emocionais. Os 
saberes e o saber fazer são exemplificados no Quadro 2, a seguir: 
 
Quadro 2 - Tipo, função, modo principal de aquisição e modo de manifestações dos diversos 
tipos de saberes e saber-fazer 
Tipo Função Modo principal de 
aquisição 
Modo de 
manifestações 
Saberes teóricos Saber compreender Educação formal 
Formação inicial e 
contínua 
Declarativo 
Saberes de meio 
 
 
Saberes procedurais 
Saber adaptar-se 
Saber agir conforme a 
situação 
Saber como proceder 
Formação contínua e 
experiência profissional 
Educação formal 
Formação inicial e 
contínua 
Declarativo 
 
 
Declarativo e 
procedural 
Saber-fazer 
operacionais 
Saber proceder 
Saber operar 
Experiência 
profissional 
Procedural 
Saber-fazer 
experienciais 
Saber agir em função de 
algo 
Experiência 
profissional 
Procedural 
          (Continua) 
42 
 
(Conclusão) Quadro 2 - Tipo, função, modo principal de aquisição e modo de manifestações 
dos diversos tipos de saberes e saber-fazer 
Tipo Função Modo principal de 
aquisição 
Modo de 
manifestações 
Saber-fazer sociais ou 
relacionais 
Saber cooperar 
Saber conduzir-se 
Experiência social e 
profissional 
Procedural 
Saber-fazer cognitivos Saber tratar a 
informação 
Saber raciocinar 
Educação formal 
Formação inicial e 
contínua experiência 
social e profissional 
analisada 
Procedural 
Fonte: Le Boterf (2003, p. 124). 
 
Completando ainda o rol dos recursos pessoais que devem ser mobilizados, conforme 
aponta Le Boterf (2003), as aptidões ou qualidades pessoais estão relacionadas ao saber ser e 
podem ser identificadas nas competências comportamentais que envolvem qualidades, como, 
por exemplo, a capacidade de escuta e de iniciativa, atitude de acolhida, tenacidade e 
autoconfiança. No entanto, esse saber ser não deve ser unicamente pautado no perfil de 
personalidade. Os recursos emocionais, como o sentir, também podem influenciar tanto 
positiva quanto negativamente na ação da competência. 
Já os recursos do meio são os recursos objetivados, ou seja, exteriores ao indivíduo, 
como: os equipamentos, máquinas, meios de trabalhos, informações, rede relacionais, entre 
outros. “A qualidade das competências dependerá, em parte, da qualidade do ajuste entre 
recursos incorporados mobilizados e os recursos do meio utilizados” (LE BOTERF, 2003, p. 
127). 
Contudo, para Le Boterf (2003), a competência está associada à integração resultante 
não apenas do saber agir e do querer-agir do indivíduo, mas, também, do poder-agir frente às 
condições de trabalho. A competência coletiva é resultado do equilíbrio e sinergia entre as 
competências individuais e competência de rede. 
Para o autor, o profissional deve estar voltado para o saber administrar que envolve a 
mobilização de um conjunto de saberes diante da situação profissional, sendo eles: saber 
agir com pertinência – saber agir e reagir indo além do saber fazer, pois é necessário saber 
interpretar, julgar, coordenar. Assim, está mais voltado para o “saber o que fazer” diante de 
uma situação profissional específica, ultrapassando o saber de executar o que é prescrito; 
saber mobilizar em um contexto – é usar, efetivamente, os conhecimentos, habilidades, 
capacidades individuais e as redes de trabalho, mobilizando-os no contexto profissional. Os 
saberes são recursos da competência, porém, é no mobilizar, que envolve combinar e 
transformar esses recursos, que se encontra a competência; saber combinar – saber integrar, 
43 
 
combinar diversos saberes e empregando-os em uma situação profissional; saber transpor – 
é saber enfrentar as diversas situações ou resolver variados problemas, mas não se limitando a 
aplicar e executar procedimentos prontos e pré-estabelecidos; saber envolver-se – é o querer 
agir (motivação para tal), tomar iniciativa, entrando em cena a personalidade e a ética. 
Fleury e Fleury (2001, p. 185) apontam que, na abordagem americana, “a competência 
é percebida como estoque de recursos, que o indivíduo detém”. Quanto à abordagem francesa, 
essa transpõe a perspectiva americana de que a competência é o conjunto de conhecimentos, 
habilidades e atitudes, ou seja, o estoque de recursos que o individuo detém e que leva ao 
desempenho superior, à medida que caminha para um conceito de competência enquanto 
desenvolvimento, construção e validação a partir dos processos de aprendizagens e interação 
com as situações de trabalho/experiência. 
 Enfim, a abordagem francesa tem como foco central, conforme mencionado por 
Zarifian (2001) e Le Boterf (2003), a importância do saber mobilizar, saber fazer, saber agir, 
tomar iniciativa, assumir responsabilidades, ou seja, relaciona-se à entrega efetiva do trabalho 
em um sentido construtivista e interpretativista. É nesse sentido que a formação de 
competências deve ser pensada para que proporcione ao indivíduo a capacidade de integrar, 
mobilizar e transpor os conhecimentos para a prática profissional.  
Entretanto, os estudos a respeito da competência não se esgotaram na abordagem 
americana e francesa, sendo ainda foco de muitos estudos acadêmicos, possibilitando uma 
maior profundidade e abrangência do tema. Apresenta-se, a seguir, alguns trabalhos 
importantes, tanto internacionais, como o de Prahalad e Hamel (1990), Cheetham e Chivers 
(1996, 1998), Patalas-Maliszewska e Hochmeister (2011), Sefiani et al. (2012), quanto 
trabalhos nacionais, como o de Fleury e Fleury (2001), Dutra (2004), Ruas (2005) e Paiva e 
Melo (2008).  
Patalas-Maliszewska e Hochmeister (2011) apresentam um modelo de Gestão 
Estratégica de Recursos-Conhecimentos baseado em competências individuais na pequena e 
média empresa. O gerenciamento estratégico de recursos-conhecimentos envolve a gestão 
eficaz dos recursos de uma organização, a gestão das competências e os potencias de 
conhecimentos e experiências únicas da empresa. O autor retrata a importância da gestão de 
recursos de conhecimento que integram conhecimentos, habilidades, relações sociais, 
investimento afetivo, capital intelectual e know-how para gerar vantagem competitiva para as 
pequenas e médias empresas, apresentando um modelo com foco nos recursos humanos.  
As competências são os conhecimentos, capacidades, habilidades, comportamentos 
dos indivíduos que leva a um desempenho eficaz no trabalho. O autor faz referência às 
44 
 
competências macro, que são os conhecimentos e capacidades coletivas da organização, e às 
competências micro, que envolvem as competências dos funcionários que devem estar 
alinhadas para atender os objetivos estratégicos da organização. Os recursos humanos são 
recursos estratégicos para a organização. A gestão eficaz dos recursos requer um 
planejamento estratégico que trabalhe a aquisição, desenvolvimento e integração de recursos 
para gerar vantagem competitiva sustentável.  
Desse modo, é apresentado um modelo para criar valor para as pequenas e médias 
empresas com foco nos recursos humanos. O modelo considera o conhecimento geral do 
funcionário, o conhecimento profissional do funcionário, suas habilidades profissionais, suas 
experiências (anos do trabalho, idade do funcionário e numero de projetos realizados), as 
patentes por funcionários (número de patentes, valor do investimento na nova patente, valor 
dos direitos autorais, número de projetos que estão esperando por patentes) e, ainda, a relação 
de clientes por empregado (número total de clientes, número de clientes permanentes, número 
de transações). A função da utilidade pessoal é calculada para cada empregado, identificando 
os valores capazes de manter e melhorar o nível de inovação para a pequena e média empresa 
(PATALAS-MALISZEWSKA; HOCHMEISTER, 2011). 
Na visão de Sefiani et al. (2012), a partir das definições de alguns autores como Levy-
Leboyer (1997), Zarifian (2001) e Le Boterf (2004), a competência é entendida como: 
Capacidade de um ator (um indivíduo, um trabalho coletivo), agir e reagir 
com a relevância necessária para realizar uma atividade ou conjunto de 
atividades em um determinado tipo de situações de trabalho. O ator está no 
centro de um processo de selecionar, combinar e mobilizar seus 
conhecimentos, habilidades, capacidades e comportamentos, por um lado, e 
os recursos ambientais por outro lado, a fim de alcançar o desempenho 
esperado (SEFIANI et al., 2012, p.266). 
 
Diante da importância da gestão de competência para o ambiente organizacional, os 
autores propõem um processo de identificação de competência com base na abordagem 
funcional que perpassa por três etapas: pesquisa, caracterização e priorização de 
competências. A pesquisa de competência envolve definir as principais funções, com a 
finalidade de alcançar a missão da empresa. A caracterização vem descrever as competências, 
identificar sua importância em relação aos objetivos da empresa e avaliar o nível de 
proficiência exigido da competência (básico/fluente/especialista). Por fim, para a priorização, 
utiliza-se uma matriz envolvendo dois critérios avaliados em cinco níveis: (1) efeito de 
competência, ou seja, avaliação do impacto da competência no desempenho da atividade (1- 
sem influência a 5-vital); e (2) a frequência da aplicação da competência na atividade 
profissional (1-não mobilizada a 5-altamente mobilizada). A aplicação do trabalho é 
45 
 
apresentada na perspectiva da função do gerente de logística, tendo sido realizada, entretanto, 
uma validação parcial da abordagem. 
Já Cheetham e Chivers (1996) apontam que a competência é um conceito de difícil 
definição, até mesmo porque as ocupações profissionais envolvem papéis complexos, 
exigindo conhecimentos e habilidades em quantidade e variedade. Contribuindo para os 
estudos sobre competências, ao investigar como os profissionais adquirem e mantém suas 
competências, os autores propuseram um modelo holístico de competência, integrando 
diversas perspectivas do conceito de competência que, se tomadas de forma isoladas, não 
representam a totalidade do modelo apresentando pelos autores. 
O modelo holístico apresentando por Cheetham e Chivers (1996, 1998)  
 é formado por competências principais: competência cognitiva/conhecimento, competência 
funcional, competência comportamental/pessoal e competência de valores/etíca. Essas 
competências são interligadas, uma vez que, até certo ponto, são dependentes uma da outras. 
Cada componente principal também é composto por subcomponentes. Abrangendo os quatro 
componentes principais, têm-se as metacompetências, como: comunicação, 
autodesenvolvimento, criatividade, análise e resolução de problemas. 
  A interação da estrutura metacompetência, competências principais e subcomponentes 
das competêncis principais produz macrorresultados (resultados mais globais), 
microrresultados (resultados específicos) e resutados parciais (atividades parcialmente 
concluídas). Esses resultados podem ser observados pelo próprio indivíduo ou por pessoas 
que estão observando de fora. Essa autopercepção e feedback em relação ao próprio 
desempenho leva à reflexão, o que, por sua vez, pode proporcionar a possibilidade de 
mudança de comportamento e desenvolvimento da competência profissional. Os autores ainda 
destacam que os componentes principais e as metacompetências podem variar de importância 
de acordo com a profissão requerida, pondendo ter combinações diferentes dos componentes 
do núcleo do modelo. 
Cheetham e Chivers (1998), a partir da análise das sugestões advindas do Journal of 
European Industrial Training, de especialistas da área e das entrevistas com 20 profissionais 
de diferentes áres, propuseram algumas alterações para o modelo, como o reconhecimento da 
importância da relação entre competência com contexto e ambiente de trabalho. O contexto 
refere-se à situação de trabalho; já o ambiente diz respeito às condições físicas, sociais, 
culturais que envolvem o indivíduo no trabalho. 
 Outras modificações ainda consideradas pelos autores relacionam-se com o termo 
metacompetência, que fica com o conceito um pouco mais restrito do que determinado 
46 
 
anteriormente. Assim, a metacompetência associa-se às competências que permitem analisar 
suas competências e desenvolvê-las; já as transcompetências abrangem e perpassam por 
outras competências. Ainda, destaque-se a importância da “reflexão” dentro das 
metacompetência e a inclusão da “personalidade” e “motivação” dentro do modelo, outras 
modificações de menores impactos também foram realizadas. O modelo é apresentado, a 
seguir, na Figura 2.  
Figura 2 - Modelo revisado de competências profissionais 
 
Fonte: Adaptado de Cheetham e Chivers (1998, p. 275). 
Com base no modelo conceitual de Cheetham e Chivers (1998), Paiva e Melo (2008) 
ampliam o conceito de competência. Nesse sentido, a competência profissional é definida 
como: 
 [...] a mobilização de forma particular pelo profissional na sua ação 
produtiva de um conjunto de saberes de natureza diferenciadas (que formam 
as competências intelectual, técnico-funcionais, comportamentais, éticas e 
políticas) de maneira a gerar resultados reconhecidos individual (pessoal), 
coletiva (profissional), econômica (organização) e socialmente (sociedade) 
(PAIVA; MELO, 2008, p. 349). 
 
47 
 
 De acordo com as autoras, a inserção da competência política refere-se às relações de 
poder presentes nas estruturas das organizações que permeiam as relações de trabalho intra e 
interorganizacionais. 
Segundo Dutra (2004), as pessoas possuem conhecimentos, habilidades e atitudes 
(inputs) que são transformados e mobilizados em competências entregues à empresa, 
proporcionando agregação de valor à organização (outputs). O autor enfatiza a necessidade de 
se debater o conceito de entrega, que são as competências em ação, como enfatizadas na 
abordagem francesa por Le Boterf (1994) e Zarifian (1996), uma vez que possuir o conjunto 
de conhecimentos, habilidades e atitudes não permite afirmar que as pessoas irão entregá-las e 
acrescentar valor à organização, pois “A agregação de valor das pessoas é, portanto, sua 
contribuição efetiva ao patrimônio de conhecimentos da organização, permitindo-lhe manter 
suas vantagens competitivas no tempo” (DUTRA, 2004, p. 24).  
A partir da literatura Americana e Europeia, enfatizando a perspectiva francesa, que 
coloca em questão a importância do “saber agir” no contexto de trabalho, Fleury e Fleury 
(2001, p.188) constroem o conceito de competências (Figura 3) como “um saber agir 
responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos, recursos 
e habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor social ao indivíduo”.   
Desse modo, os autores propõem uma integração da qualificação para o trabalho que 
leva a um desempenho superior advindo da abordagem americana e da abordagem francesa, 
principalmente, por essa última, que enfoca a importância em saber ser, do agir e do entregar 
a competência na prática, diante da situação profissional.  
Figura 3 - Competência como fonte de valor para o indivíduo e para a organização 
 
 
 
 
 
 
 
 
                           
 
Fonte: Fleury e Fleury (2001, p. 188) 
Saber agir 
Saber mobilizar 
Saber transferir 
Saber aprender 
Saber se engajar 
Ter visão estratégica 
Assumir responsabilidades 
Conhecimentos 
Habilidades 
Atitudes 
 
 
Organização 
Indivíduo 
Agregar Valor 
           Saber aprender 
Social 
Econômico 
48 
 
Ruas (2005) identifica que as competências individuais (ou gerenciais) possuem várias 
abordagens, sendo as principais contribuições advindas da escola francesa. 
 
A noção de competência gerencial deve ser pensada como uma ação através 
da qual se mobilizam conhecimentos, habilidades e atitudes pessoais e 
profissionais a fim de cumprir com uma certa tarefa ou responsabilidade, 
numa determinada situação. A noção de competência, portanto, se torna 
efetiva através de ações que mobilizam capacidade [...] (RUAS, 2005, p.49). 
 
Enfim, Ramos (2001) expõe uma noção de competências que reforça a ligação entre 
competência e ação: 
Nos diversos sistemas de competência profissional que analisamos, a 
competência está sempre associada à capacidade de o sujeito desempenhar-
se satisfatoriamente em reais situações de trabalho, mobilizando os recursos 
cognitivos e sócio-afetivos, além de conhecimentos específicos. Nesse 
sentido, em qualquer abordagem o corolário é: a competência é indissociável 
da ação (RAMOS, 2001, p. 285). 
 
Em consonância com a abordagem francesa, mencionando Zarifian (2001) e Le Boterf 
(2003), os autores Fleury e Fleury (2001), Ramos (2001), Dutra (2004) e Ruas (2005) 
reforçam a perspectiva de integração entre competência e ação, a qual é fundamental para a 
prática profissional. 
Ainda, para Dutra (2004), apenas adotar o conceito de competência na direção de uma 
nova perspectiva de gestão de pessoas não é suficiente. Desse modo, o autor acrescenta os 
conceitos complementares de complexidade e espaço ocupacionais alinhados ao conceito de 
competência.  
O autor ainda identifica quatro fases que caracterizam o desenvolvimento do conceito, 
sendo elas: (1) competência como base para a seleção e o desenvolvimento de pessoas; (2) 
competência diferenciada por nível de complexidade; (3) competência como conceito 
integrador da gestão de pessoas e dessas com os objetivos estratégicos da empresa; (4) 
apropriação pelas pessoas dos conceitos de competência. Para o autor, ainda são poucas as 
empresas que já se encontram na terceira e quarta fase. 
Para Ruas (2005), o conceito de competências individuais é mais antigo e heterogêneo 
do que a abordagem recente dos anos 1990, de Prahalad e Hamel, a qual passa a estudar a 
competência em uma perspectiva estratégica organizacional. 
Apesar do foco deste trabalho estar pautado nas competências para o gestor público, 
torna-se importante contextualizar a perspectiva estratégica da competência.  
49 
 
 A competência pode ser compreendida como a ação que combina e mobiliza as 
capacidades potenciais de competência (conhecimentos, habilidades atitudes) que podem estar 
associadas a recursos tangíveis (equipamentos, sistema de informação), estando sua 
efetividade relacionada aos resultados alcançados em relação aos desejados (RUAS, 2005). 
Prahalad e Hamel (1990) enfatizam que as empresas precisam ter competências 
essenciais (core competence), que se referem à coordenação de um conjunto de habilidades e 
tecnologias, aprendizado coletivo na organização, geradoras de vantagens competitivas. As 
empresas precisam ter mais do que conjuntos de produtos/serviços para oferecer ao mercado, 
sendo necessário um conjunto de competências essenciais para poder avançar de modo 
significativo.  
 As competências essenciais estão relacionadas com a estratégia competitiva da 
empresa. Para que a competência seja essencial, ela precisa proporcionar acesso e expansão 
para uma variedade de mercados, além de gerar benefícios que são percebidos pelos clientes 
e, ainda, ser de difícil imitação pelos concorrentes (PRAHALAD; HAMEL, 1990). 
Também considerando a estratégia competitiva empresarial, Ruas (2005) classifica as 
competências em três tipos: competências organizacionais, competências funcionais e 
competências individuais. As competências organizacionais estão relacionadas à estratégia 
competitiva da empresa. Desdobrando o conceito de core competence de Prahalad e Hamel 
para competências organizacionais básicas (que contribuem para a sobrevivência da 
organização) e seletivas (que proporcionam a diferenciação no mercado competitivo), o autor 
ainda destaca a interação que existe entre competências organizacionais básicas, seletivas e 
core competence, uma vez que, devido às alterações do mercado, uma determinada 
competência pode modificar sua condição dentro das três perspectivas de competências. 
No que se refere às competências funcionais, essas são as competências intermediárias 
entre as competências organizacionais e as individuais, e representam as principais funções 
coletivas que compõem as áreas da empresa (RUAS, 2005). 
Segundo Dutra (2004), existe um processo contínuo de troca de competências entre as 
pessoas e a organização, possibilitando construir as competências individuais e competências 
organizacionais. As competências individuais devem estar alinhadas às competências 
essenciais para que a organização possa alcançar a vantagem competitiva.  
Conforme apontam Prahalad e Hamel (1990), é necessário que se identifiquem as 
pessoas, os talentos que são capazes de formar e aperfeiçoar as competências essenciais. 
Nesse sentido, o objeto de análise neste trabalho são as competências do gestor público 
consideradas fundamentais para promover as competências essenciais da organização. 
50 
 
Kilimnik, Sant’anna e Luz (2004) investigaram se o grau de modernidade 
organizacional (políticas e práticas organizacionais) acompanha as exigências cada vez 
maiores, por parte das empresas, por competências profissionais. Para tal, realizou-se uma 
pesquisa quantitativa, aplicando 220 questionários com pós-graduandos e pós-graduados em 
telecomunicações. Os resultados demonstram que os escores em relação às competências 
profissionais são altos e que, no entanto, essas ainda não têm sido acompanhadas pela 
modernidade organizacional, a qual apresentou grau mais baixo em relação às competências 
requeridas. 
As competências estão presentes dentro do contexto de trabalho, tanto na iniciativa 
privada quanto no setor público. Contudo, vale observar que essa tendência não se limita ao 
contexto de trabalho, estendendo-se, também, para a formação de competências na academia.  
 
2.4 A Inserção das Competências na Formação Educacional 
 
Os bons resultados dos testes acadêmicos tradicionais já eram questionados por 
McClelland (1973), pelo fato de esse defender que os mesmos não representam a garantia de 
bons desempenhos no trabalho e na vida.  
A organização do mundo do trabalho aderiu à noção de competência, buscando por 
profissionais cada vez mais capacitados. Dessa forma, os debates em termos de mudanças na 
escola ganham ainda maior relevância na forte influência e perspectiva de acompanhar as 
necessidades impostas pelo mercado, reanimando os debates daqueles que se posicionam 
contrários e a favor da pedagogia das competências (PERRENOUD, 1999). 
Perrenoud (1999) trata da temática da relação entre competências e educação. O autor 
aponta questões relativas à transposição da pedagogia escolar pautada na transmissão de 
conhecimentos para a inserção da noção de competência no seio da escola, desde o ensino 
fundamental. Ele define competência como “uma capacidade de agir eficazmente em um 
determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles” 
(PERRENOUD, 1999, p. 7). Ainda na visão do autor, “O mal-entendido está em acreditar 
que, ao desenvolverem-se competências, desiste-se de transmitir conhecimentos”. 
Ramos (2001) faz uma reflexão do papel da escola na formação humana, tanto para a 
socialização quanto para o ensino do saber técnico. A autora faz referência à passagem de 
organizações estruturadas no modelo taylorista-fordista para a organização de trabalho 
qualificante, modificando, assim, a relação trabalho-educação, em que os pressupostos de 
“qualificação” do primeiro não são mais suficientes. O sistema produtivo contemporâneo 
51 
 
busca por indivíduos cada vez mais capacitados para as novas exigências do mercado. Assim 
sendo, a noção de competência se insere no contexto educacional como meio orientador, 
enfraquecendo algumas dimensões da qualificação.  
Para Nunes (2009), a discussão em torno da adaptação necessária ao ensino, de forma 
a atender à lógica denominada “competência”, vem assumindo espaço nas perspectivas da 
reforma educacional, tanto internacionalmente quanto no Brasil. A autora se propôs a analisar 
o curso de Administração de uma instituição de ensino superior e a acompanhar a inserção da 
noção de competência no mesmo.  
Torres et al. (2011) chamam a atenção para a necessidade do desenvolvimento de 
competências na formação acadêmica de ensino superior em uma perspectiva diferente dos 
testes tradicionais, ressaltando a importância de relacionar o conhecimento com a prática, mas 
não no sentido de uma prática reducionista de “treinamento prático”, e, sim, em um 
direcionamento que levam os alunos a uma visão crítica e reflexiva do ambiente, com base 
nos diferentes conhecimentos.  Ressalta-se a importância da competência como componente 
do processo de formação.  
Os autores discutem a Assessment Center, um método com origem na psicologia 
organizacional, voltando o olhar para a academia, com a finalidade de avaliar e desenvolver 
competências na educação, ao longo de um período de tempo, e ainda apresentam o caso de 
uma Universidade Colombiana, mostrando a implementação de um Centro de Avaliação para 
acompanhar o modelo de competência educacional.  
A ideia de competência difundida para a escola, de acordo com Ramos (2001), 
promove a interação entre a formação e o emprego, ocorrendo, no plano pedagógico, uma 
passagem do ensino pautado em saberes disciplinares para o desenvolvimento de 
competências. 
A pedagogia da competência passa a exigir, tanto no ensino geral, quanto no 
ensino profissionalizante, que as noções associadas (saber, saber-fazer, 
objetivos) sejam acompanhadas de uma explicitação das atividades (ou 
tarefas) em que elas podem se materializar e se fazer compreender. Essa 
explicitação revela a impossibilidade de dar uma definição a tais noções 
separadamente das tarefas nas quais elas se materializam (RAMOS, 2001, p. 
222). 
 
O ensino deve integrar os conhecimentos e as situações concretas, treinar o aluno para 
mobilizar os conhecimentos diante de vários contextos, fazer aprender ao invés de ensinar, 
bem como proporcionar ao aluno a reflexão e construção do conhecimento por meio de 
transposição de obstáculos, adotando, também, a abordagem por situações-problemas do 
contexto real (PERRENOUD, 1999). Ressalta Ramos (2001) que a noção de competência 
52 
 
leva o aluno a ocupar o centro do sistema educativo, destacando a individualização do ensino, 
a autonomia do indivíduo, o processo de aprendizagem e construção do conhecimento.  
 Perrenoud (1999) ainda destaca a necessidade de superar a formação por disciplinas 
isoladas, o que não implica na renúncia às disciplinas, mas, sim, em uma visão de formação, 
pluri, inter ou transdisciplinar. Essas ideias vão ao encontro com Ramos (2001), que dirige 
críticas à compartimentalização das disciplinas, salientando a importância de currículos 
globalizados, integrados e interdisciplinares.   
 
O desafio pedagógico seria, portanto, a construção de modos de formação 
que permitam a construção do profissionalismo, implicando o 
desenvolvimento de todas as dimensões da competência, em particular, dos 
esquemas cognitivos e sócio-afetivos aos quais os sujeitos recorrem no 
enfretamento das diversas situações de trabalho (RAMOS, 2001 p. 251). 
 
A partir da inserção do conceito de competência, Nunes e Barbosa (2003) e Nunes 
(2009) realizaram pesquisas com o objetivo de verificar quais foram as mudanças ocorridas 
nos currículos dos cursos de Administração. Nunes e Barbosa (2003) indicam pontos 
positivos vislumbrados por essa lógica de competência, como, por exemplo, a flexibilidade 
curricular e a possibilidade de uma formação mais abrangente e integradora. Entretanto, os 
resultados mostram que, apesar de alguns avanços, a inserção da noção de competência ainda 
não caracteriza uma real transformação no processo de ensino-aprendizagem. 
É fato que existem fortes barreiras a serem superadas para que essa nova lógica da 
competência se torne efetiva dentro do meio acadêmico. Para Perrenoud (1999), é necessário 
repensar os programas, as didáticas, o modo de avaliação, o ofício tanto do professor quanto 
do aluno, bem como a estrutura de funcionamento das classes e da escola como um todo. Para 
o autor, não são suficientes propostas por parte dos Ministérios sem que haja a adesão e as 
transformações necessárias, por parte dos destinatários nesse processo, em relação à nova 
concepção de aprendizado.  
O formar competências envolve o (re)pensar dos modos de dar aula ou até mesmo das 
próprias competências dos professores para que seja possível (re)configurar o método de 
ensino, como: a) abordar os conhecimentos enquanto recursos a serem mobilizados; b) 
trabalhar por problemas, ou seja, criar situações favoráveis para que os alunos sejam 
orientados a  procurar soluções e construí-la,  aprendendo a superá-las de forma a alcançar os 
objetivos propostos; c) criar e utilizar outros meios de ensino em que aparece a aprendizagem 
por situação-problema; d) negociar e conduzir projetos com alunos, isto é, passar de uma 
relação unilateral de poder do professor para uma relação que integre professor-aluno de 
53 
 
forma a envolver o aluno  considerando suas sugestões e críticas; e) adotar um planejamento 
flexível, afastando-se da rigidez preestabelecida, pois a aprendizagem tem uma dinâmica 
própria que é percebida com o seu desenvolvimento; f) estabelecer um novo contrato didático 
no qual o aluno é estimulado a participar e a exercitar a metacognição e a metacomunicação; 
g) participar de uma avaliação formativa que distancia da comparação entre alunos e envolve 
o feedback,  a  observação individualizada do  desempenho do aluno em relação à tarefa; e h) 
considerar, ainda, o afastamento da compartimentação disciplinar, enfatizando a 
interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade (PERRENOUD, 1999). 
De acordo com Reichard (2002), para a implementação dos princípios da New Public 
Management, são necessárias novas habilidades, capacidades, atitudes e comportamentos por 
parte dos gestores públicos. Assim, o autor expõe a aprendizagem orientada por problemas na 
academia, bem como alguns métodos de ensino, como painel de discussão, troca de papéis, 
estudos de casos, jogos de simulação e estudo do projeto, na perspectiva de transpor o ensino 
centrado na transmissão de conhecimento entre professor-aluno, com a finalidade de 
desenvolver novas competências para a prática profissional. Ainda, os autores abordam a 
utilização de jogos de simulação e estudo de projeto em cursos de gestão pública, bem como 
as experiências com escolas de verão, palestras multinacionais e aprendizagem intercultural 
na pós-graduação de mestrado em programa de Gestão Pública da Universidade de Potsdam. 
Os resultados mostram que essa perspectiva de ensino-aprendizagem tornou os alunos capazes 
de compreender melhor a complexidade e as especificidades das organizações do setor 
público.  
Entretanto, Sant’Anna (2007) faz uma reflexão da inserção da noção de competência e 
suas potenciais implicações na formação de administradores, questionando, a partir da noção 
de competência de Fleury e Fleury (2001), a perspectiva de agregar valor social ao indivíduo, 
equanto profissional e o cidadão além das necessidades do mercado de gerar resultados e 
valor econômico para as organizações. 
Segundo Ramos (2001), a integração da noção de competência à reforma educacional 
está inserida na aprovação da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 - nova LDB, que 
define a educação escolar em seus diversos níveis.  Para a autora, as reformas curriculares 
propõem uma pedagogia de construção de competência ao invés da transmissão de conteúdos, 
com a finalidade de preparar o indivíduo para o exercício da cidadania e para a inserção no 
mercado de trabalho. Entretanto, à medida que a autora retrata a identidade do ensino médio 
com base nas propostas dos princípios da competência, a mesma também retrata algumas 
limitações dessa perspectiva. Para a autora, as políticas educacionais do Brasil adotam a 
54 
 
noção de competência baseada no construtivismo, utilizando-se da análise funcional clássica 
para investigar os processos de trabalho.  
 Já atendendo às novas diretrizes da LDB, o parecer nº 776/97 do CNE/CES propõe as 
Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação, visando substituir a rigidez 
imposta pelos Currículos Mínimos de caráter universal para todas as instituições, que tinham 
como embasamento o detalhamento de disciplinas e cargas horárias o que, por sua vez, já não 
conferia a devida qualidade, inovação e flexibilidade diante das exigências da sociedade 
contemporânea. Dessa forma, o parecer retrata que os cursos de graduação precisam transpor 
a mera transmissão de conhecimento e caminhar na direção de uma formação que integra o 
teórico e o prático, voltando-se para a adaptabilidade do profissional frente aos desafios do 
exercício profissional (BRASIL, 1997). 
Posteriormente, o Parecer nº 583/2001 da CNE/CES reafirma a finalidade de garantir e 
incentivar uma maior flexibilidade, criatividade e responsabilidade para as instituições de 
ensino superior, ao elaborarem seus currículos, e aponta que as diretrizes devem conter: a) 
Perfil do formando/egresso/profissional – conforme o curso, o projeto pedagógico deverá 
orientar o currículo para um perfil profissional desejado; b) Competência/habilidades/atitudes; 
c) Habilitações e ênfase; d) Conteúdos curriculares; e) Organização do curso; f) Estágios e 
atividades complementares; e g) Acompanhamento e avaliação (BRASIL, 2001). 
A Resolução mais recente que institui as DCN para o Curso de Administração é a 
Resolução Nº 4, de 13 de julho de 2005, que considera os pareceres CNE/CES nº 776/97, 
583/2011, 67/2003, 134/2003, 210/2004 e 23/2005 (BRASIL, 2005). Essa resolução do CNE 
enseja que, a partir de 2007, os cursos com habilitações, como o curso de Administração com 
habilitação em Administração Pública, deverão ser adaptados para bacharelado em 
Administração Pública ou fazer constar uma linha de formação específica no projeto 
pedagógico do curso, não podendo ser extensão da nomenclatura no curso de Administração 
(COELHO, 2006). Buscando, diretamente, a Resolução nº 4/2005 do CNE/CES, em seu 
Artigo 2º, Parágrafo 3º:  
 
As Linhas de Formação Específicas nas diversas áreas da Administração não 
constituem uma extensão ao nome do curso, como também não se 
caracterizam como uma habilitação, devendo as mesmas constar apenas no 
Projeto Pedagógico (BRASIL, 2005, p. 2). 
 
 
Já o parecer CNE/CES nº 266/2010 expõe que o Despacho de 16 de maio de 2006, do 
Diretor do DESUP/SESu/MEC, com base na Resolução nº 4/2005 do CNE/CES em seu 
55 
 
Artigo 2º - Parágrafo 3º, conforme já citado anteriormente, permitia a exceção para o curso de 
Administração Pública, podendo o diploma ser expedido com a denominação de Bacharel em 
Administração Pública. Entretanto, o parecer mostra não ser coerente com a criação de um 
diploma por meio de um despacho, além de não ser de competência da SESu a deliberação 
sobre a DCN, uma vez que é atribuição da CES. Sendo assim, o despacho não possui caráter 
legal, o que reforça a necessidade de um debate referente à criação das DCN para o curso de 
Administração Pública (BRASIL, 2010). 
Com isso, esse mesmo Parecer CNE/CES nº 266/2010 relata as contribuições e 
discussões em torno do tema, as quais foram colhidas por meio de consultas junto às 
Instituições de Educação Superior de todo Brasil e entidades relacionadas com o tema, bem 
como por meio de audiência pública, contando com a presença de especialistas renomados na 
área. 
O Parecer CNE/CES nº 266/2010 ainda apresenta fundamentos essenciais na defesa da 
criação dos DCN para o curso de Administração Pública, alegando que a administração do 
Estado possui especificidades, se comparada com a administração de empresas: 
 
[...] O Estado é o sistema constitucional-legal e a administração pública é a 
organização ou o aparelho que o garante.  Portanto, administração pública 
é sinônimo de aparelho de Estado. A administração pública de cada 
Estado, em cada Estado-nação, é constituída, de um lado, pelo sistema 
constitucional legal, inclusive suas políticas públicas, e, de outro, pelas 
organizações formadas ou controladas por oficiais públicos eleitos e não-
eleitos (servidores públicos e militares) que executam aquelas políticas. 
Entendida nestes termos, a administração pública, enquanto disciplina que se 
ensina, tem como objeto o aparelho do Estado, e, portanto, está mais 
próxima da ciência política (cujo objeto é o Estado como um todo), ou do 
direito (cujo objeto é a lei) do que da administração de empresas [...] 
(BRASIL, 2010, grifo do autor).  
 
Dessa forma, o referido parecer contempla apontamentos na direção do perfil do 
formando, suas competências e habilidades. Em 14 de novembro de 2011, no Diário Oficial 
da União nº 218, seção 1, página 15, foi aprovada a súmula do Parecer nº 266/2010, com o 
Projeto de Resolução anexo que indicam as DCN para o curso de graduação em 
Administração Pública (BRASIL, 2010; BRASIL, 2011). 
No Artigo 4º do Projeto de Resolução, as DCN apontam as competências e habilidades 
mínimas necessárias ao administrador público: 
 
56 
 
I-   reconhecer, definir e analisar problemas de interesse público relativos às 
organizações e políticas públicas; apresentar soluções para processos 
complexos, inclusive de forma preventiva;  
II-   desenvolver consciência quanto às implicações éticas do exercício 
profissional, em especial a compreensão do ethos republicano e democrático, 
indispensável à sua atuação; 
III-   estar preparado para participar, em diferentes graus de complexidade, do 
processo de tomada de decisão e da formulação de políticas, programas, 
planos e projetos públicos e para desenvolver avaliações, análises e reflexões 
críticas sobre a área pública; 
IV-   desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico para operar com métodos 
quantitativos e qualitativos na análise de processos econômicos, sociais, 
políticos e administrativos; 
V-   expressar-se de modo crítico e criativo diante dos diferentes contextos 
organizacionais e socioculturais, desenvolvendo expressão e comunicação 
adequadas aos processos de negociação e às comunicações 
interinstitucionais; 
VI-   ter iniciativa, criatividade, determinação, abertura ao aprendizado 
permanente e às mudanças (BRASIL, 2010, p. 2). 
 
Os pressupostos das Diretrizes Curriculares Nacionais, conforme acima apresentados, 
vão ao encontro da pedagogia das competências apresentadas por Perrenoud (1999) e Ramos 
(2001), pois ensejam maior liberdade das instituições na elaboração de seus projetos 
pedagógicos, além de uma flexibilidade curricular visando incentivar e garantir uma nova 
perspectiva de ensino-aprendizagem. Essa perspectiva deve estar voltada para a inovação, 
criatividade, construção do conhecimento, de modo a articular o teórico-prático, tendo como 
objetivos formar profissionais competentes aptos a se adaptar às exigências da dinâmica do 
mercado e da sociedade atual. 
Passando para o próximo tópico, serão apresentadas a criação e o desenvolvimento ao 
longo da história, referentes aos cursos de graduação em Administração Pública. Torna-se 
interessante aprofundar um pouco do desenvolvimento do mesmo, uma vez que os projetos 
pedagógicos e ementas das disciplinas desses cursos com nota cinco no Enade serão 
avaliados.  
2.5  O Ensino de Administração Pública no Brasil 
 
Coelho (2006) trata sobre o ensino de gradução em Administração Pública no Brasil 
perfazendo a reconstrução da trajetória do ensino relacionada às transformações do Estado e 
do campo do saber, bem como apresentando uma radiografia da graduação em Administração 
Pública no Brasil pós-1995 e algumas problemáticas desse ensino.  
 De acordo com Coelho (2006), Fischer (1984) e Machado (1966), no decorrer da 
segunda metade do século XIX, ainda no Segundo Reinado, pode-se verificar os primeiros 
57 
 
movimentos no sentido de se ter um ensino superior em administração pública, mesmo que 
esse ainda não tenha sido concretizado. Coelho (2006) ainda acrescenta que, em 1902, tem-se 
a criação dos cursos voltados para a instrução profissional das ‘artes e ofícios’ comerciais, na 
Escola Pátrica de Comércio de São Paulo e na Academia do Comércio do Rio de Janeiro. 
Essas instituições foram as precursoras na oferta do Curso Superior em Administração e 
Finanças, datadas de 1931. No entanto, Silva (1958 apud COELHO, 2006) evidencia que o 
referido curso ainda não era reconhecido pelo Ministério da Educação e Saúde Pública como 
curso superior. 
Keinert (1994) divide a transformação do campo de conhecimento em administração 
pública em quatro períodos paradigmáticos, conforme apresentado no Quadro 3, a seguir.  
 
Quadro 3 - Períodos paradigmáticos da evolução do campo de conhecimento em 
administração pública 
Períodos Contexto Institucional Paradigmas Fases Características do Campo de AP 
1900-29 Estado regulador-liberal Administração 
Pública com 
Ciência Jurídica 
 Legalismo 
1930-79 1.Estado Administrativo 
 
2.Administração para o 
Desenvolvimento 
 
3.Estado Intervencionista 
Administração 
Pública como 
Ciência 
Administrativa 
1930-45 
1946-64 
1965-79 
 Racionalização 
 
ï‚· Desenvolvimentismo 
 
 Racionalidade e competência 
técnica 
1980-89 Mobilização Social Administração 
Pública como 
Ciência Política 
  Democratização 
ï‚· Conflito de interesses 
ï‚· Recursos escassos 
1990- ... Redefinição do papel do 
Estado 
Administração 
Pública como 
Administração 
Pública 
  Capacidade política aliada à 
competência técnica 
Fonte: Keinert (1994, p. 43) 
 
 O primeiro período, que compreende de 1900 a 1929, é retratado por um Estado 
regulador-liberal, sendo prevalecente a administração pública como ciência jurídica, com 
fortes traços do legalismo. Fischer (1984), Keinert (1994) e Coelho (2006) concordam ao 
relacionar os traços do ensino em administração pública e, nesse início de desenvolvimento, 
com a formação de Direito, apresentando traços jurídicos/legalista. 
 Ainda segundo Keinert (1994), essa associação ao legalismo não é dominante na 
realidade atual; no entanto, não se pode negar que existem influências fortes desse preceito, 
principalmente, relacionadas às práticas de administração pública, atuando como meios 
inibidores às inovações gerenciais nessa área.  
58 
 
Segundo Fischer (1984), Keinert (1994) e Coelho (2006),é com o advento do processo 
de reforma, re(estruturação) e expansão estatal da Era Vargas, nos anos de 1930, que  a 
ciência em administração começa a ganhar relevância no Brasil,  desprendendo das ciências 
jurídicas. 
Desempenhou papel importante na administração do governo de Getúlio Vargas, 
conforme apontam Fischer (1984), Keinert (1994) e Coelho (2006), a incorporação do caráter 
de T&D voltado para a profissionalização do funcionalismo público. O DASP “tinha na 
racionalidade e no treinamento técnico sua grande orientação”, e foi esse órgão público o 
“laboratório da produção e divulgação do conhecimento administrativo” (KEINERT, 1994, p. 
44). Para Machado (1966), o DASP estava voltado para a eficiência do serviço público 
nacional, e esse órgão atendia ao treinamento e ao ensino de nível médio, reforçando, desse 
modo, a ideia de se criar uma escola de administração de nível superior. 
Keinert (1994) e Coelho (2006) acrescentam que, nesse período, o ensino em 
administração pública estava pautado na racionalidade técnica baseado nos princípios da 
Escola Clássica, tendo como referência Taylor, Fayol, Willoughby e Gulick. Segundo Keinert 
(1994), entre 1930 e 1945, prevalece a ideia de que “governar é administrar”, baseada nos 
princípios da escola clássica e tendo como ênfase a racionalidade. Desse modo, o componente 
político ainda é ignorado nesse primeiro momento. Fischer (1984) utiliza os conceitos de 
racionalidade instrumental ou funcional e racionalidade substantiva ou valorativa para avaliar 
o ensino de administração pública no Brasil, sendo esse período, advindo dos anos 30, 
caracterizado pelo emprego de técnicas administravas, ou seja, voltado para uma 
racionalidade instrumental.  
Para Fischer (1984, p. 281), “[...] deve-se tributar ao DASP o mérito da introdução do 
ensino de administração pública no Brasil em caráter de treinamento”.  Porém, Coelho (2006) 
afirma que, apesar dos fortes indícios frente às transformações do Estado na Era Vargas, a 
industrialização no país e a criação do Instituto de Organização Racional do Trabalho 
(IDORT) - 1931 e do Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP) – 1938, que 
marcaram a relevância e valorização dada à racionalidade administrativa, não foram 
suficientes para institucionalizar um curso em nível superior na área de administração pública, 
no período de 1931 até meados dos anos quarenta.  
Coelho (2006) ainda aponta algumas críticas feitas por estudiosos em relação às 
dificuldades de se institucionalizar uma formação superior na área de administração, como: a 
noção de que as técnicas administrativas não eram possíveis de serem transmitidas pela 
educação formal, pois seriam decorrentes da aptidão e da experiência; e o questionamento 
59 
 
quanto à administração ser arte ou ciência, a falta de delimitação entre administração, ciências 
jurídicas e ciências econômicas, além da influência europeia que seguia um caminho inverso à 
concepção utilitarista, empírica e pragmática que o ensino de administração buscava.  
Fischer (1984) e Keinert (1994) relatam que somente a partir de 1940 a ênfase recai 
nos princípios desenvolvimentistas. As autoras explicitam que essa ideia de desenvolvimento 
está alicerçada na ajuda de países ricos em contribuir para o desenvolvimento e modernização 
dos países mais pobres por meio de investimentos e acordos de cooperação internacional. 
Dessa forma, para Fischer (1984), a ideia da criação de uma escola de administração 
pública nasceu em 1943, quando foi solicitado ao Governo dos EUA ajuda técnica ao DASP. 
Assim, conforme Fischer (1984), Keinert (1994) e Coelho (2006), apresentam, a partir do 
DASP, tem origem a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 1944.  
Então, no ano de 1952, é fundada a Escola Brasileira de Administração Pública 
(EBAP) da FGV, na cidade do Rio de Janeiro (FISCHER, 1984; MACHADO, 1966; 
COELHO, 2006;). 
 
Os principais objetivos da EBAP consistem em formar administradores 
profissionais, descobrir e desenvolver talentos administrativos, treinar e 
aperfeiçoar funcionários públicos para o desempenho consciente de seus 
deveres e levar tais benefícios a todas as esferas do governo federal, estadual 
e municipal, inclusive de suas autarquias e sociedades de economia mista 
(MACHADO, 1966, p. 28). 
 
Segundo Machado (1966, p. 29), o reconhecimento do Curso da EBAP deu-se por 
meio da publicação do Decreto nº 1.108, de 30 de maio de 1962: “Concede reconhecimento 
ao Curso de Administração Pública da Escola Brasileira de Administração Pública”.  
A Lei nº 4.769, de 9 de setembro de 1965, regulamenta a profissão de administrador, 
sendo mais uma conquista para o campo da administração (MACHADO, 1966). Coelho 
(2006) ainda lembra que é pelo Parecer nº 307 e a Resolução S/N, de 8 de julho de 1966, 
seguindo a Lei de Diretrizes e Bases da educação nacional (LDB), que é estabelecido o 
primeiro currículo mínimo do curso de Administração. 
Para Fischer (1984) e Machado (1966), foi por meio do convênio entre o Brasil e 
EUA, visando ao desenvolvimento econômico, em 1959, que se firmou o Programa de Ensino 
de Administração Pública e de Empresas (PBA-1), pelo qual foi possível capacitar e qualificar 
professores de administração pública e de empresas, com vistas a formar profissionais 
competentes, objetivando ao desenvolvimento almejado. O convênio tinha a finalidade de: 
 
60 
 
[...] fornecer o serviço de professores norte-americanos para assistência ao 
Brasil em relação à elaboração de currículos, métodos de ensino, instalação 
de bibliotecas, programas de treinamento; utilizar as duas escolas da FGV 
como centro de treinamento nacional e formar professores brasileiros de 
Administração Pública e de Emprêsas (MACHADO, 1966, p. 35). 
 
  As instituições beneficiadas pelo acordo foram a FGV, Universidade do Rio Grande 
do Sul, Universidade da Bahia e a Escola do Serviço Público do DASP (MACHADO, 1966). 
Fischer (1984) ainda acrescenta que as instituições beneficiadas pelo convênio ficaram 
encarregadas de intensificar e criar o ensino em administração no nível do ensino de 
graduação, pós-graduação e aperfeiçoamento.   
Para Coelho (2006), por meio da cooperação estabelecida pelo Programa de Ensino de 
Administração Pública e de Empresas (PBA-1), aliada à consolidação do curso e da profissão 
nesse campo do saber, observa-se que houve um crescimento na instalação de novas 
instituições de ensino superior oferecendo o curso de Administração Pública, bem como a 
criação dos programas de pós-graduação em Administração Pública, a expansão das 
bibliotecas e publicações. Os anos de 1952 e 1969 marcam o auge do ensino em 
administração pública no Brasil, o que pode ser confirmado, uma vez que o número de cursos, 
matrículas e formandos em Administração Pública eram superiores aos dos cursos de 
Administração de Empresas. Foram implantadas, no período de 1952-1969, 
aproximadamente, trinta instituições de ensino superior (faculdades, institutos e fundações) 
oferecendo cursos de graduação, pós-graduação e/ou de treinamento e desenvolvimento 
(T&D) em Administração Pública.  
Entretanto, ainda para o referido autor, cresciam a discussão ao redor da 
independência entre o ensino de administração pública e administração de empresas e o 
debate quanto à necessidade de um generalista na ciência em administração. Tais 
fundamentos de integração dos currículos dos dois cursos possuem suas bases já nas 
premissas e debates norte-americanos que caminhavam nesse sentido, focando a 
administração pública em nível de pós-graduação. O primeiro currículo mínimo do curso de 
Administração, fixado em 1966, já abrangia a formação em administração, tanto para 
empresas públicas ou privadas.  
Os anos de 1965 até 1979 são marcados pela intervenção e controle estatal. Um dos 
fatos importantes dentro desse período foi a criação do Decreto-Lei Nº 200, de 1967, sobre a 
reforma administrativa que, apesar de colocar ênfase no planejamento, ainda reside sobre os 
traços do tecnicismo (KEINERT, 1994).  Como Fischer (1984, p. 283) acrescenta, a década de 
1970 “caracteriza-se pelo declínio do papel do administrador público e pelo apogeu do 
61 
 
tecnocrata, exacerbação máxima da racionalidade funcional e dos princípios 
desenvolvimentistas”. É a partir do apogeu dessa reforma administrativa que a formação em 
administração pública entra em declínio.  
Coelho (2006) também destaca que, a partir de 1967, com a reorganização do Estado 
voltado para a planificação econômica (economicismo e planejamento governamental), e com 
o crescimento e expansão econômica advindos das políticas do governo, fase denominada de 
“Milagre Econômico”, voltando grandes perspectivas para a iniciativa privada, acrescentando-
se o fato de que era indiferente o bacharelado entre administração pública e administração de 
empresas para ingressar nas carreiras do serviço público, além do favoritismo e nepotismo 
presentes para o ingresso nesse setor, viam-se os cursos de Administração Pública encolher e, 
em contrapartida, voltar-se o interesse e atenção para o curso de Administração de Empresas.  
Segundo Keinert (1994), entre 1980-1989, diante da intensa mobilização político-
social, uma nova proposta da administração pública surge como ciência política. A 
abordagem administrativa começa a contracenar com as contribuições teóricas advindas da 
ciência política. Nesse novo cenário, a democracia, o conflito de interesse e os recursos 
escassos ganham destaque e devem ser considerados na gerência administrativa. Entretanto, 
ainda existe uma unicidade da ciência política às possibilidades legais e técnicas de gestão.  
Então, é a partir do ano de 1989, diante do novo contexto em vigor em torno da 
cidadania e democracia, que o papel de interventor do Estado perde força, assumindo uma 
nova postura de facilitador entre anseios da comunidade e capacidade governamental. É nesse 
período que se observam a integração e o equilíbrio entre a Ciência Administrativa e a 
Ciência Política (KEINERT, 1994). 
Coelho (2006) aborda tal questão ao mencionar que nos anos 1990, diante da 
redefinição do Estado, torna-se vital a importância e necessidade de um Estado voltando para 
a democracia, envolvendo a sociedade e desenvolvendo uma estrutura do governo na vertente 
gerencial mais moderna, eficiente, profissionalizando, assim, o serviço público. E é nesse 
cenário que o ensino de graduação em Administração Pública emerge novamente, podendo-se 
destacar a Escola de Administração de Empresas de São Paulo - EAESP, a Universidade 
Estadual Paulista - UNESP e a Fundação João Pinheiro. No Quadro 4, a seguir, é apresentada 
uma síntese da trajetória do ensino em administração pública elaborada por Coelho (2006). 
 
62 
 
 
 
Quadro 4 - Trajetória da graduação em Administração Pública no Brasil: uma síntese 
Momentos que antecederam (e originaram) o Ensino de Graduação em Administração Pública no Brasil (1854-1952) 
1º momento Das alusões no Império ao advento da administração científica no Brasil 
No bojo das discussões sobre a ampliação do ensino comercial e a organização das faculdades de Direito no país – na segunda metade do século XIX – se fez alusão, pela primeira 
vez, ao ensino superior de administração pública. Todavia, o entendimento de que tal ensino se assemelhava ao do bacharelado em ciências jurídicas, seja pela jurisdicionalização das 
atividades simples (e residuais) do Estado Oligárquico, seja pela sujeição do campo do saber de administração pública ao direito administrativo, perdurou até os anos trinta; assim, os 
intentos de um curso superior voltado – exclusivamente – para a administração (e negócios) do Estado não avançaram. 
2º momento Fortes razões e frágeis proposições para a institucionalização do ensino superior de administração pública em nível de graduação no Brasil pós-30 
A organização de um Estado Administrativo no país entre 1930-1944 e, neste ínterim, a redefinição do focus do estudo de administração pública para o conceito de que “governar é 
administrar” – sob a égide da scientific management – constituíram fortes razões para a concepção (e implementação) da formação acadêmica em AP na ocasião. Efetivamente, o 
DASP instituiu a carreira de técnico de administração no aparelho do Estado e implantou o T&D em administração pública no país. Contudo, as proposições de se estruturar, 
academicamente, o ensino de AP não vingaram; conjectura-se que o questionamento se a administração era arte ou ciência à época e as disputas das corporações de ofício pelo 
monopólio das funções administrativas no Estado Novo foram alguns dos muitos obstáculos para a oficialização do ensino superior em ADM. 
3º momento Das origens da FGV à instalação da EBAP: contexto, preparativos e efeitos 
É no encadeamento das ações da FGV entre 1944 e 1952, fundada (e conduzida) por técnicos do DASP, que o ensino superior de administração pública institucionalizou-se no Brasil. 
Articulada num momento em que o sistema universitário nacional deslocava-se da referência europeia para a tendência norte-americana, a FGV – com o apoio das Nações Unidas 
(ONU) e com a cooperação de universidades dos Estados Unidos – instalaria, no Rio de Janeiro, a Escola Brasileira de Administração Pública (EBAP) que, precursoramente, formaria 
bacharéis neste campo do saber (conciliando o embasamento teórico das humanidades com um vertente funcional-instrumental de gerência pública). 
Ciclo do Ensino de Graduação em Administração Pública no Brasil (1952-1994) 
1º Ciclo A irradiação do ensino de graduação em administração pública no Brasil (1952-1965) 
Diante dum pró-ciclo estatal e favorecido pela assistência técnica norte-americana, o ensino superior de administração pública irradiou-se no Brasil. Nascido sob o signo da 
administração científica (aplicada ao setor público) na EBAP em 1952, o bacharelado em AP reproduziu-se em IES pelo país, preponderantemente nas universidades federais, com a 
ascendência da administração para o desenvolvimento, à medida que aos processos administrativos do governo agregavam-se as funções econômico-sociais do Estado. Na metade dos 
anos sessenta, dos 31 cursos de administração no país, dois terços eram de administração pública ou enfatizavam este campo do saber. A vivacidade e fluidez de tal ensino, 
naturalmente, desenvolveram nos cursos uma identidade – coletiva, reconhecível e substancial – de formar quadros de pessoal para a burocracia estatal. 
2º Ciclo Do auge à retração: o ensino de graduação em administração pública no Brasil (1966-1982) 
No quinquênio 1966-1970, o bacharelado em AP, em seu auge, reconhecido pelo MEC, divulgado entre os vestibulandos e regulamentado como profissão, ampliou suas vagas e 
ajustou seus currículos – diversificando-se com a administração para o desenvolvimento (planificação econômica, política governamental, etc.) em voga na atividade do Estado e na 
agenda de pesquisa do campo do saber neste período. Sem embargo, nos anos setenta, o enforcement do currículo mínimo de administração – com lógica de AE, a diluição do ethos de 
administração pública com a sobreposição da gestão empresarial no ‘Estado-Empresa’ e o milagre econômico (e o consequente boom do ensino de AE), retraíram o ensino de 
graduação em administração pública no país; cada vez mais, a administração era, então, sinônimo de administração de empresas. 
3º Ciclo Da letargia ao (re)alento: o ensino de graduação em administração pública no Brasil (1983-1994) 
A retração do ensino de graduação em administração pública no Brasil nos anos setenta converteu-se em letargia na década de oitenta, simbolizada pela descontinuidade do bacharelado em 
EBAP. Num contexto de crise do Estado, subtendia-se uma perda da razão de ser e/ou desnecessidade de cursos de graduação em administração pública. Das experiências – tradicionais – dos 
anos 60/70 remanescia o curso da EAESP. É a partir da Constituição de 1988 que se retomaria – timidamente – o ensino de graduação em administração pública no país; continuado na EAESP 
e criado na UNESP e FJP, tal ensino realentaria no limiar dos anos noventa numa conjuntura de redefinição do Estado e ampliação do locus do setor público no país.  
Fonte: Coelho (2006, p. 78)
1854 
 
1994 
63 
 
 
No Brasil, as transformações de reforma administrativa do Estado são fortemente 
marcadas pós-95, com o Plano Diretor da Reforma do Estado (1995), e as ideias de 
administração pública gerencial advindas da New Public Management fortalecem e 
favorecem, novamente, a formação acadêmica em administração pública (COELHO, 2006). 
Coelho (2006) faz um retrato do cenário em relação ao crescimento do número de 
cursos em Administração Pública do ano de 1995 até 2006. Em 1995, o Brasil contava com 
13 cursos de graduação em Administração de Empresas com habilitação em Administração 
Pública, incluindo a tríade de referência EAESP, UNESP e FJP. Transcorridos 11 anos, em 
2006, são registrados 52 bacharelados, 26 tecnológicos, ou seja, 78 cursos de graduação em 
Administração Pública, mais os 15 cursos sequenciais na área, totalizando 93 cursos 
superiores em Administração Pública. Entretanto, o autor destaca que a expansão após 1995 é 
mais expressiva na criação de cursos tecnológicos e sequenciais, que totalizam 41 frente aos 
39 cursos de bacharelado em Administração Pública. Outro fator que deve ser considerado 
nessa expansão é a representatividade da criação de cursos pela iniciativa privada, além da 
demanda do setor público incentivada por meio de parceria/acordo com o poder público.  
Dentro desse cenário, Coelho (2006) indica alguns obstáculos para essa formação 
acadêmica, com o objetivo de avançar além do estágio atual. Assim, são apontadas como 
barreiras ao desenvolvimento dessa formação a imagem do setor público associada à 
ineficiência, corrupção, morosidade, bem como as incertezas de aprovações em concursos 
públicos e uma falta de claras perspectivas em termos de potenciais trabalhos, o que dificulta 
a atração dos alunos que se deslocam para a iniciativa privada.  
Ainda, acrescentam-se a falta de identidade, papel/feição, estruturação do ensino em 
administração pública, o mimetismo de administração de empresas, a carência de tecnologia 
administrativa prevalecendo sobre a realidade e experiência profissional, dicotomia político-
administrativa por não haver cooperação no sentido de interdisciplinaridade, escassez de 
material didático específico da administração pública, carência do corpo docente e limitações 
na relação teórico-prática.  Entretanto, o autor evidencia a estruturação que deverá acontecer 
nos cursos de administração, a partir das DCN prevista pela Resolução Nº 4/2005 do 
Conselho Nacional de Educação, podendo ser possível amenizar alguns fatores, como a 
diminuição do mimetismo de administração de empresas.  
Voltado para uma leitura complementar aos trabalhos de Keinert (1994, 2000), Andion 
(2012) interpreta a trajetória do campo da administração pública no Brasil e suas correntes 
Estadocêntrica, Pluralista, Nova Administração Pública e Novo Serviço Público.   
64 
 
 
A autora destaca que existe um predomínio da concepção funcionalista (objetiva) no 
campo da administração pública brasileira – corrente Estadocêntrica e Nova Administração 
Pública, voltada para uma ação administrativa tradicional, que se distancia das questões 
subjetivas e críticas da política. Entretanto, pensar além do funcionalismo já é possível, 
conforme abordado pelas correntes Pluralista e do Novo Serviço Público, resumidas na Figura 
4, a seguir.  
Figura 4  - Paradigmas, correntes e teorias no campo dos estudos da administração pública 
brasileira 
 
Fonte: Andion (2012, p.14) 
 
Com base nos trabalhos de Morgan (2007) e Burrell e Morgan (2008), a autora ressalta 
a importância e possibilidade de desenvolvimento de outras perspectivas, ainda pouco 
explorados, que levem em consideração abordagens críticas e interpretativas, interagindo com 
o paradigma funcionalista dominante, e voltando-se para uma visão interdisciplinar que 
supere as dicotomias, contribuindo para o avanço no campo da administração pública 
brasileira.  
A partir da interpretação que a autora faz do campo de estudo, fica evidente a 
necessidade de incoporar aos compontes curriculares dos cursos de Administração novas 
perspectivas de análise.  
 
65 
 
 
2.6 Competências do Gestor Público 
 
Fischer (1984) e Keinert (1994) discutem a administração pública sob a perspectiva do 
desenvolvimento desse campo de conhecimento, bem como a adequação do ensino de 
Administração Pública para formar profissionais capacitados para atender a sociedade. 
 Fischer (1984) destaca a emergência de uma nova abordagem no modo de pensar o 
desenvolvimento que implique em maior integração entre governo e sociedade, sendo capaz 
de promover um crescimento de qualidade resultando em benefícios para a sociedade. A 
efetivação desse novo pressuposto de desenvolvimento está associada ao trabalho do homem 
que deve estar em processo de autodesenvimento.  
 
Autodesenvolvimento, então, envolve a consciência de si e a consciência do 
outro, dentro de contextos imperativos de ação. A racionalidade orienta-se, 
portanto, em dois sentidos: o primeiro, baseado nas necessidades de uma 
prática técnica, fundamentada no conhecimento das leis da natureza; o 
segundo, determinado pela necessidade de uma prática social moralmente 
relevante. Não parece difícil atribuir-se ao primeiro sentido o significado de 
racionalidade instrumental e, ao segundo, o de racionalidade substantiva. 
Neste caso, são duas dimensões do mesmo fenômeno: o pensar/agir humano. 
Autodesenvolvimento dependerá, portanto, não de uma opção por outra 
direção, mas do des(envolver) harmônico de ambas (FISCHER, 1984, p. 
285). 
 
Os administradores públicos devem estar aptos a administrar e gerenciar, 
democraticamente, a participação da comunidade. Nesse contexto, insere-se tanto a 
competência política e técnica, de modo que o administrador público consiga formular 
estratégias, definir metas, gerir recursos escassos e que estejam alinhados às demandas da 
sociedade, conseguindo administrar as relações de poder Estado-Sociedade (KEINERT, 
1994). 
Fischer (1984), destacando a natureza interdisciplinar da administração pública, 
lembra alguns aspectos importantes e necessários de serem desenvolvidos para que se tenha 
um desempenho melhor dos administradores no setor público, como: habilitação dos 
estudantes para se adequarem à realidade, transpondo os estilos de administração latino-
americanos para o contexto brasileiro; a forma de gerir os recursos, mesmo escassos, para 
otimizar os resultados; a integração entre o teórico e o operacional de modo a formular 
políticas. Enfim, a autora aponta a orientação da disciplina voltada mais para um caráter 
substantivo. 
66 
 
 
Keinert (1994) indica algumas habilidades específicas que precisam ser desenvolvidas 
nos administradores públicos para que os mesmos sejam capazes de administrar e gerenciar 
organizações públicas, as quais apresentam características distintas da iniciativa privada 
(Quadro 5) e é com base nessas competências apesentadas que norteamos a discussão nesse 
trabalho. A autora ainda acrescenta que o desenvolvimento dessas habilidades acarretará 
contribuições tanto para o ensino em Administração Pública quanto para as necessidades da 
sociedade brasileira. 
 
Quadro 5 - Habilidades do administrador público 
Habilidades do Administrador Público  
 
Habilidade humana: que lhe possibilite desenvolver sua capacidade de liderança, comunicação, 
negociação, administração de conflitos, enfrentar crises e lidar com mudanças descontínuas. 
Habilidade profissional: que lhe propicie uma visão estratégica, incentive a criatividade e a 
inovação, a fim de ampliar a qualidade da gestão das organizações públicas, incluindo-se aqui, uma 
capacitação técnica que lhe possibilite o desenvolvimento de tecnologias administrativas adequadas às 
especificidades do setor público. 
Habilidade pública: que lhe imbua de responsabilidade social baseada em noções de ética, 
democracia e de compromisso com um projeto político nacional fundado na noção de cidadania. É 
esta habilidade que o diferenciará, sobretudo, como administrador público.  
Fonte: Keinert (1994, p. 47). 
 
 Para Denhardt (1999), os administradores públicos, dentro da perspectiva da nova 
gestão pública, devem: apoiar, plenamente, os esforços em direção à democracia, tanto no 
sentido de ampliar a participação cívica quanto no sentido de afirmar os valores da 
democracia; reconhecer os novos papéis necessários de serem desempenhados no que diz 
respeito ao público; procurar capacitar os funcionários e clientes para a ética e 
responsabilidade social. Além disso, os envolvidos no estudo e prática da educação para 
administração pública devem atender à integração da teoria, reflexão, prática e ação, 
promovendo a interação entre a universidade e a comunidade. Também deve existir uma 
atenção à própria cidadania em relação ao seu papel enquanto servidores públicos. Diante 
desse contexto, o autor aponta algumas habilidades necessárias para o administrador público 
(Quadro 6).  
 
 
 
 
 
67 
 
 
Quadro 6 - Habilidades do administrador público 
Habilidades do Administrador Público 
 
 Liderança e habilidade associadas de deliberação - trabalho em equipe, 
resolução de problemas, negociação, mediação, cooperação e tomada de 
decisões em vários contextos culturais; 
 Habilidades de comunicação - escrita, oral, gráfico/tecnológica (incluindo 
conhecimentos de informática e línguas estrangeiras); 
 Habilidades de coleta de informações, análise e avaliação; 
 Crítica, criatividade e capacidade de raciocínio ético; 
 Habilidades de relações humanas essenciais para alcançar o sucesso em uma 
diversidade cultural e no mundo em rápida mudança; 
 Compromisso com o bem-estar físico, psicológico e emocional; 
 Valorização da diversidade da experiência humana, incluindo o papel das 
atividades estéticas e criativas; 
 Comportamento que está de acordo com os princípios éticos e virtudes 
cívicas do bem e cidadão responsável da comunidade local, do estado, da 
nação e do mundo; 
 Crítica, criatividade e habilidades de pensamento ético; 
ï‚· Habilidades de relacionamento interpessoal e intragrupo essenciais para 
alcançar o sucesso no mundo complexo. 
Fonte: Denhardt (1999, p. 291-292, tradução nossa). 
 
 
Horton (2000) expõe o desenvolvimento do conceito de competência dentro da 
abordagem americana e britânica, bem como a expansão desse conceito no cenário 
internacional, visando atender à nova lógica de trabalho que requer profissionais mais 
capacitados e eficazes para a suas funções enquanto geradores de vantagens competitivas. 
Esse conceito ganha relevância no setor público a partir das orientações advindas da New 
Public Management. Com base em cinco artigos que relacionam a teoria e prática da gestão 
por competência no serviço público, a autora aponta que a adoção e aplicação da gestão por 
competência tende a ser pragmática e ad hoc; e que as evidências sugerem que agora está 
caminhando em direção à perspectiva de mudança cultural organizacional. Entretanto, a 
autora acrescenta que, apesar da importância de a competência para a gestão pública estar 
crescendo, ainda não existe consenso de quais seriam as competências específicas dos 
gestores públicos, além daquelas necessárias para todos os gestores. 
Segundo Virtanen (2000), as características da New Public Management afetaram o 
ambiente organizacional da administração pública, colocando em profundo questionamento a 
competência do gestor público. Para o autor, existe uma carência na literatura em relação às 
competências de valor, bem como em relação às competências genéricas dos gestores para as 
especificidades do setor público.  
68 
 
 
Desse modo, o mesmo apresenta cinco áreas de competência para o gestor público, 
sendo elas: competência tarefa; competência profissional no domínio da política substantiva 
(assunto); competência profissional em administração; competência política; e competência 
ética.  São abordadas tanto as competências de valor quanto as competências instrumentais, 
sendo que as competências de valor são entendidas como compromissos e fazem todo o 
diferencial na gestão da organização. O novo compromisso afasta apenas das obrigações e 
questões normativas em direção a um compromisso que é baseado em serviços públicos, na 
necessidade da sociedade e para a necessidade de um compromisso estratégico com a 
finalidade de promover resultados melhores.  
Noordegraaf (2000) realizou um estudo etnográfico com 12 gestores públicos, em três 
ministérios, para verificar o que eles fazem e como alocam a sua atenção diante da 
ambiguidade. O referido autor aborda a questão da importância do profissionalismo 
(conhecimentos, habilidades, capacidades) dentro da complexidade da gestão pública. Ainda, 
o autor retrata que os gestores públicos competentes são profissionais de “sentido-decisores” 
que apresentam competências interpretativas que compreendem novos eventos, sinais, crises e 
avaliam as implicações dessas com as questões existentes, competências institucionais, que 
envolve iniciar e gerir essas questões, e, por fim, as competências textuais, como assegurar a 
fundamentação adequada das questões. 
Awortwi (2010), a partir de um estudo documental das estratégias de Moçambique, e 
de suas reflexões sobre a experiência de cinco anos como participante da reformulação do 
programa de capacitação profissional para os administradores públicos naquele país, tendo em 
vista os objetivos definidos no programa de reforma do setor público pautada na abordagem 
denominada New Public Management, destaca a carência de profissionais capacitados, 
inclusive, de nível superior, para implementar e trabalhar sobre uma nova forma de gestão 
pública naquele país. 
A partir da criação do Higher Institute of Public Administration, o autor apresenta as 
competências técnicas e analíticas, gerenciais e de liderança como necessárias nos 
profissionais para atender a nova lógica de gestão na administração pública. Apesar de ainda 
não ser possível concluir se os resultados esperados foram alcançados, devido à falta 
sistemática de avaliação, alguns ex-formandos apontam que ainda existem problemas 
estruturais, como promoção, remuneração e gestão de recursos humanos que precisam ser 
discutidos para o efetivo sucesso da reforma. 
Pereira (2010) traz como objetivo verificar as competências que são postas em ação 
pelos gestores técnico-administrativos das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) 
69 
 
 
localizadas no Nordeste. A abordagem da pesquisa foi de natureza qualitativa-quantitativa. Na 
etapa qualitativa, realizou-se focus group, entrevistas grupais, no qual os gestores de três 
universidades debateram sobre competências gerenciais que envolvem suas práticas 
profissionais. A análise do focus group serviu como subsídio para a elaboração do 
questionário, que consiste na etapa quantitativa. Desse modo, na etapa quantitativa, foi 
aplicado o questionário em 14 universidades federais do Nordeste.  
Os resultados da referida pesquisa apontam quatro dimensões de competências 
gerenciais, sendo elas: “Gestão do Desenvolvimento Institucional, Gestão Comportamental, 
Gestão do Ambiente Organizacional e Gestão Política”. No que se refere aos níveis de 
domínio e encorajamento referentes a cada dimensão, pode-se inferir que apenas na dimensão 
Gestão do Desenvolvimento Institucional o incentivo da instituição para utilizar ou 
desenvolver tais competências é maior que o domínio, ao passo que, nas outras três 
dimensões, os gestores técnico-administrativos possuem um domínio superior ao encorajado 
pela instituição. 
Teixeira (2006), utilizando-se da abordagem qualitativa-quantitativa, pesquisou quais 
as competências são consideradas mais importantes para os gestores de nível estratégico e 
tático da Câmara dos Deputados para o contexto de trabalho e qual o nível de domínio que 
esses gerentes apresentam em relação a essas competências. A partir de tais resultados, e com 
base na fórmula adaptada daquela proposta por Borges-Andrade e Lima (1983) e Castro e 
Borges-Andrade (2004), foi verificada a correlação entre importância e domínio, para apontar 
a necessidade de investimentos em capacitação.  
A análise qualitativa foi realizada por meio da pesquisa documental que, juntamente 
com a literatura, subsidiaram a construção dos questionários com as competências gerenciais 
para o contexto de trabalho da Câmara dos Deputados. Já na etapa quantitativa, foi aplicado o 
questionário com gestores, medindo o grau de importância e domínio. Verifica-se que as 
competências mais importantes estão relacionadas ao agir dentro dos princípios da legalidade 
e da publicidade e, também, de forma ética, estando voltadas para o contexto da administração 
pública. Já em relação ao nível de domínio, o mesmo apresentou consonância com o grau de 
importância, ou seja, as competências mais importantes são aquelas que os gerentes 
apresentam melhor domínio. Entretanto, as prioridades de capacitação foram mais evidentes 
sobre as competências gerencias. 
 Ainda, Galvão, Silva e Silva (2010) realizaram uma pesquisa com a finalidade de 
verificar a importância de certas competências gerenciais para diretores de escolas públicas 
estaduais, bem como identificar a influência da educação formal, da experiência profissional e 
70 
 
 
da experiência social no desenvolvimento dessas competências. O questionário foi validado, 
apresentando três categorias: dimensão técnica, social e comportamental. Esse questionário 
foi aplicado em 58 escolas públicas da rede estadual de uma capital do Nordeste do Brasil. No 
que se refere à importância das competências, foi apontada forte adesão às competências 
apresentadas nos questionários, sendo as mais relevantes: “promover a integração família-
escola”, “disciplinar a equipe” e “aprender a aprender”. Já em relação à influência da 
educação formal, da experiência profissional e da experiência social no desenvolvimento 
dessas competências, a educação formal é a que mostrou menor grau de relevância em todas 
as três dimensões da competência.  
Bruno-Faria e Brandão (2003) desenvolveram um instrumento para analisar a lacuna 
(gap) entre as competências necessárias aos profissionais de T&D de uma organização 
pública do Distrito Federal e as competências realmente existentes, com a finalidade de 
evidenciar a necessidade de desenvolvimento para atender aos objetivos da organização. Para 
a construção do questionário, utilizou-se a pesquisa qualitativa, além da análise semântica e 
do método de juízes e a pesquisa quantitativa. O instrumento final apresentou 86 itens e 
buscou identificar o grau de importância e o grau de domínio em relação aos conhecimentos, 
habilidades e atitudes. Os resultados indicaram as competências profissionais consideradas 
importantes, bem como as competências que precisam ser mais bem desenvolvidas.  
Moraes, Borges-Andrade e Queroga (2011) apresentam como objetivo de pesquisa 
construir e validar um instrumento para medir as competências dos membros de primeiro 
escalão do Executivo Municipal. Para isso, os autores adotaram uma abordagem qualitativa, 
entrevistando 17 prefeitos(as) e secretários(as) municipais, com o propósito de identificar 
quais seriam os conhecimentos, habilidades e atitudes fundamentais para exercer tal função, 
construindo, a partir dessa análise das entrevistas, o questionário. Com a finalidade de 
validação estatística do questionário, o mesmo foi respondido por 220 indivíduos, sendo esses 
prefeitos(as) e secretários(as) municipais em final de mandato, e, posteriormente, por mais 
235 prefeitos(as) e secretários(as) municipais que estavam com apenas um mês de atuação 
depois da posse. A validade do instrumento foi atingida e a estrutura empírica mostrou-se 
convergente com a teoria de competência. 
 Concluída a apresentação do referencial teórico, no próximo capítulo serão 
apresentadas as escolhas metodológicas para a realização da pesquisa com a finalidade de 
investigar as competências necessárias ao bom desempenho profissional do gestor público e a 
relação destas com a acdemia. 
71 
 
 
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS 
 
Com esta pesquisa, procura-se analisar o seguinte problema de pesquisa: quais são as 
contribuições da academia, na formação de competência, ao preparar bacharéis em 
administração para atuar nas organizações públicas?  
Do ponto de vista dos objetivos, a pesquisa é descritiva, pois “os fatos são observados, 
registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquiador interfira sobre 
eles” (ANDRADE, 2001, p. 19).  Neste presente estudo, a finalidade consiste em avaliar o 
nível de coerência dos projetos pedagógicos e ementas das disciplinas dos cursos de 
administração pública com nota cinco no ENADE em relação à formação de competências 
necessárias para o bom desempenho na prática profissional. 
De acordo com Santos (2001, p. 27), o estudo descritivo se refere a algo que já foi 
explorado, consistindo no “levantamento das características conhecidas, componentes do 
fato/fenômeno/processo” uma coletânea de informações, de forma sistemática, para se 
analisar um “fato, fenômeno, processo”.  
Enquanto método de abordagem da pesquisa, este estudo trata-se de uma pesquisa 
qualitativa e quantitativa. A partir de três posturas epistemológicas definidas como 
interpretativismo, hermenêutica e construcionismo social, Schwandt (2006) entende que a 
pesquisa qualitativa tem como fundamento a interpretação que visa entender/compreender o 
significado em relação à ação dos sujeitos e fenômenos sociais.  
Para Bauer et al. (2002, p. 22-23), “a pesquisa quantitativa lida com números, usa 
modelos estatísticos para explicar os dados, e é considerada pesquisa hard. [...]. Em contraste, 
a pesquisa qualitativa evita números, lida com interpretações das realidades sociais, e é 
considerada pesquisa soft”. A parte qualitativa consistiu na análise dos projetos pedagógicos e 
ementas das disciplinas do curso de administração público com nota cinco no ENADE; já a 
quantitativa, da aplicação e análise estatística do questionário. 
Para Santos (2001, p. 27), “chamam-se fontes de pesquisa os lugares/situações de onde 
se extraem os dados de que se precisa”.  Nesta pesquisa, adotou-se como fontes de dados a 
pesquisa de campo e a bibliográfica. A pesquisa de campo “é o lugar natural onde acontecem 
os fatos, fenômenos e processos” (SANTOS, 2001, p. 28); já a bibliográfica é “conjunto de 
materiais escritos (gráfica ou eletronicamente) a respeito de um assunto” (SANTOS, 2001, p. 
29). 
Como procedimentos de coleta de dados, foram utilizados a bibliografia, o 
levantamento e pesquisa documental. A bibliografia “é o conjunto de materiais 
72 
 
 
escritos/gravados, mecânica ou eletrônicamente, que contêm informações já elaboradas e 
publicadas por outros autores” (SANTOS, 2001, p. 31). Procedeu-se à identificação e leitura 
dos autores considerados referência para entendimento dos conceitos associadas à pesquisa e, 
a partir da discussão do referencial teórico, foram definidas as competências relevantes para o 
gestor público. 
Conforme Santos (2001, p. 30), “Levantar informação é perguntar diretamente a um 
grupo de interesse a respeito dos dados que se deseja obter”. Para o levantamento de 
informações, foi utilizado o questionário fechado autoadministrado, disponibilizado 
eletronicamente, junto aos gestores públicos, com a finalidade de entender a importância das 
competências para o contexto de trabalho, a intensidade de uso das competências no ambiente 
de trabalho, bem como para verificar o domínio dos respondentes diante tais competências. 
Hair Junior et al. (2005, p.159) entende que “um questionário é um conjunto predeterminado 
de perguntas criadas para coletar dados dos respondentes”. Ainda de acordo com o mesmo 
autor, a participação do respondente sem a presença do pesquisador, sendo aquele capaz de 
compreender e responder adequadamente à pesquisa, caracteriza um questionário 
autoadministrado. 
Creswell (2007) identifica a coleta de documentos enquanto um procedimento de 
coleta na pesquisa qualitativa. Na pesquisa documental, coletar documentos “podem ser 
documentos públicos (por exemplo, jornais, atas de reuinão, relatórios oficiais) ou 
documentos privados (por exemplo, registros pessoais e diários, cartas, e-mails)” 
(CRESWELL, 2007, p. 190). Para esta pesquisa, os documentos analisados foram os projetos 
pedagógicos e as ementas dos cursos de graduação em Administração Pública com nota cinco 
no ENADE. 
 Concluindo a etapa da análise dos dados, adotou-se a análise estatística multivariada e 
descritiva para o levantamento, e a análise de conteúdo, para a pesquisa documental.  
De acordo com Hair Junior et al. (2009, p. 23), a análise multivariada “se refere a 
todas as técnicas estatísticas que simultaneamente analisam múltiplas medidas sobre 
indivíduos ou objetos sob investigação”. Já a análise descritiva, segundo Hair Junior et al. 
(2005), tem a finalidade de caracterizar a amostra avaliada.  Neste caso, utilizou-se a análise 
fatorial, a frequência, média e desvio padrão. A análise de conteúdo clássica interpreta o texto 
para seu contexto social de forma objetiva, preocupando-se com a repetição dos fatos 
(BAUER, 2002). A seguir, na Figura 5, descreve-se a metodologia do trabalho. 
 
 
73 
 
 
Figura 5 - Método do Processo de Pesquisa 
 
Objetivo geral consiste em analisar o nível de coerência dos projetos pedagógicos e ementas das disciplinas do curso de graduação em Administração 
Pública com nota cinco no ENADE em relação à formação de competências necessárias para o bom desempenho na prática profissional. 
 
Etapa Pergunta Fontes Tipo de Análises Referências 
1 Quais são as competências essenciais para o 
gestor público contemporâneo? 
Levantamento Bibliográfico Análise de conteúdo Autores citados nos 
 tópicos 2.3 e 2.6 
2 Quais são as variáveis e indicadores capazes 
de medir a competência do gestor público? 
Envio do pré-teste do questionário para  
gestores públicos e, posteriormente, para 
especialistas da área e docentes da 
Faculdade de Gestão e Negócios da UFU 
Análise de conteúdo 
das críticas e 
sugestões 
 
 
Análise de conteúdo das críticas 
e sugestões – referências nos 
tópicos 2.3 e 2.6 
3 Qual é a importância da competência, a 
intensidade de uso da mesma e o domínio em 
relação a essas competências para o gestor 
público? 
Levantamento com os gestores públicos por 
meio do questionário disponibilizado no 
site e redes sociais do CFA e no linkedin de 
Gestão Pública 
Estatística - análise 
multivariada e 
descritiva dos dados 
Hair Junior  et al. (2005) 
Hair Junior  et al. (2009) 
 
4 Qual a necessidade de capacitação do gestor 
público em relação às competências 
importantes e utilizadas no ambiente de 
trabalho 
Levantamento com gestores por meio do 
questionário disponibilizado no site e redes 
sociais do CFA e no linkedin de Gestão 
Pública 
Aplicação da 
Fórmula Índice de 
Prioridade de 
Treinamento 
Borges-Andrade e Lima (1983) 
Castro e Borges-Andrade (2004) 
5 Com que frequência as competências 
relevantes e utilizadas no contexto de 
trabalho estão presentes nos projetos 
pedagógicos e ementas das disciplinas dos 
cursos de graduação em Administração 
Pública com nota cinco no ENADE? 
Análise comparativa entre os resultados do 
levantamento com a análise de conteúdo 
dos projetos pedagógicos e das ementas do 
curso de Administração Pública 
Análise de Conteúdo Bardin (1988) 
Bauer (2002) 
Fonte: elaboração própria 
74 
 
 
3.1 Amostra 
 
Na pesquisa quantitativa, segundo Hair Junior et al. (2005), a população representa os 
elementos com determinadas características comuns, podendo ser pessoas, empresas, entre 
outros; e a coleta de dados de toda essa população envolve o censo. Já as amostras são 
definidas como subconjuntos dessa população, podendo ser do tipo probabilística e não 
probabilística. Na probabilística, as chances de cada membro da população ser selecionado 
para a amostra são conhecidas; já na amostragem não probabilística, nem todos os elementos 
da população possuem a chance de serem selecionados, ou seja, as chances de seleção não são 
efetivamente conhecidas.   
Devido à dificuldade de acesso a uma estrutura de amostragem com a relação de todos 
os gestores públicos, não foi possível trabalhar com a amostragem probabilística. Desse 
modo, escolheu-se a amostragem não probabilística por conveniência. Para Hair Junior et al. 
(2005), a amostragem não probabilística por conveniência busca elementos (voluntários) da 
população para participar da pesquisa com chances de seleção desconhecidas, possibilitando 
ainda abranger um grande número de entrevistados rapidamente e com baixo custo.  
Para ter acesso aos gestores públicos de diversos órgãos e regiões espalhadas por todo 
Brasil, contou-se com a colaboração do Conselho Federal de Administração - CFA
4
, por meio 
do seu departamento de desenvolvimento institucional, para divulgação e envolvimento dos 
participantes, bem como com o apoio do moderador do grupo de Gestão Pública na rede 
social linkedin. O CFA utilizou seu site e redes sociais para contribuir com a pesquisa e 
mobilizar os profissionais com o perfil da pesquisa a responderem o questionário. O grupo 
“Gestão Pública-Brasil” é um grupo considerado muito ativo, sendo composto por 2.037 
membros no período da pesquisa. Na carta de apresentação da pesquisa, ficaram destacadas as 
características das pessoas que poderiam participar da pesquisa. 
Sendo assim, para a divulgação e disponibilização do questionário da pesquisa por 
meio do CFA, foram utilizados o site (www.cfa.org.br) e as redes sociais do referido 
Conselho, como o Facebook (www.facebook.com.br) e Twitter (www.twitter.com). Ainda, o 
questionário foi divulgado no grupo de “Gestão Pública” no linkedin. 
O Linkedin é uma rede de relacionamento profissional em que é possível manter 
contato com outras pessoas que apresentam interesses semelhantes, como, por exemplo, 
                                               
4 O CFA é um órgão normativo, consultivo, orientador e disciplinador do exercício da profissão de 
Administrador - http://www2.cfa.org.br 
75 
 
 
servidores públicos. Além disso, a rede permite gerenciar a carreira profissional de trabalho, 
bem como debater assuntos e questões da sua área de atuação. Atualmente, a rede conta com 
mais de 150 milhões de profissionais (LINKEDIN, 2012). 
O Facebook também é uma ferramenta que permite as pessoas se conectarem e 
compartilharem o que quiser e com quem quiser. A missão do Facebook “é dar às pessoas o 
poder de partilhar e tornar o mundo mais aberto e conectado” (FACEBOOK, 2012). O Twitter 
é uma rede de informação em tempo real, rápida e simples, usada por pessoas em quase todos 
os países do mundo, e tem como propósito conectar os usúarios da rede às últimas histórias, 
ideias, opiniões e notícias. A rede pode ser usada também por empresas com a finalidade de 
estreitar a relação entre organização e clientes (TWITTER, 2012). 
Torna-se necessário salientar que o tamanho da amostra foi definido em função da 
quantidade do número de respondentes necessários para a realização da análise estatística, de 
modo a atender os objetivos de validação do instrumento.  
 
[...] o pesquisador dificilmente realiza uma análise fatorial com uma amostra 
com menos de 50 observações, e de preferência o tamanho da amostra 
deve ser maior ou igual a 100. Como regra geral, o mínimo é ter pelo 
menos cinco vezes mais observações do que o número de variáveis a serem 
analisadas, e o tamanho mais aceitável teria uma proporção de dez para um 
(HAIR JUNIOR et al., 2009, p.108, grifo nosso). 
 
Desse modo, devido à dificuldade de acesso direto aos elementos da população, sendo 
as chances de seleção dos respondentes desconhecidas, por ser uma amostra não 
probabilística, determinou-se que, para esta pesquisa, o tamanho da amostra seria de, no 
mínimo, 100 questionários respondidos, com a finalidade de garantir a viabilidade da pesquisa 
a partir da teoria.  
 
3.2 Construção do Instrumento de Pesquisa  
 
As competências levantadas para compor o questionário foram identificadas a partir 
das competências apresentadas na literatura descritas no referencial deste trabalho, na 
proposta das DCN para o curso de Administração Pública e, principalmente, com base nas 
competências apontadas para o administrador público no trabalho de Keinert (1994). Foram 
descritas as competências citadas por cada autor e também as competências das DCN em 
colunas do software Excel, assim o questionário atual foi composto por competências 
76 
 
 
apontadas por Keinert (1994), por competências apresentadas pelos autores do referencial e 
nas DCN.  
Conforme apontam Hair Junior et al. (2005), para mensurar as variáveis, é necessário 
utilizar escalas, podendo essas serem não métricas, identificadas como qualitativas, sendo 
representadas pela escala nominal e ordinal, ou por escalas métricas, quantitativas, tendo a 
escala intervalar e razão.  
 A primeira parte do instrumento foi elaborada com questões relativas ao perfil 
demográfico (sexo, idade, formação, tipo de instituição superior em que se graduou, nível 
mais alto de escolaridade, unidade de federação em que trabalha, tempo de atuação no serviço 
público, tempo de atuação na iniciativa privada, função gerencial e instituição em que 
trabalha), com a finalidade de levantar as características dos pesquisados para permitir 
relacionar a descrição das mesmas com os resultados da segunda parte do questionário. Nesse 
caso, utilizou-se a escala nominal que utiliza categorias excludentes e é a que “usa números 
como rótulos para identificar e classificar objetos, indivíduos ou eventos” (HAIR JUNIOR, 
2005, p.181). 
Na segunda parte do questionário, foram listadas as competências essenciais 
levantadas para o gestor público, as quais representam as variáveis da pesquisa, utilizando-se 
de três escalas intervalares para mensurá-las, denominadas escala Likert.  Primeiramente, foi 
utilizada a escala Likert em uma ordem estruturada de (1) sem importância, (2) pouco 
importante, (3) importância média, (4) importante e (5) muito importante, com o objetivo de 
verificar o indicador “importância das competências no contexto de trabalho do gestor 
público”. Segundo Hair Junior et al. (2005), para cada ponto individual, são estabelecidos 
rótulos, descrições verbais, que expressam a opinião do pesquisado. O número ímpar para a 
escala permite apresentar um ponto central enquanto posição neutra. Para o indicador 
“intensidade de uso da competência”, classificou-se a escala em (1) não uso, (2) baixo uso, 
(3) médio uso, (4) uso e (5) uso muito. Já o “domínio em relação à competência” foi 
avaliado em (1) não domino, (2) possuo pouco domínio, (3) possuo domínio médio, (4) 
domino quase totalmente e (5) domino completamente.  
Para que o questionário seja considerado legítimo em relação aos objetivos da 
pesquisa, é necessário que o mesmo seja validado.  
Hair Junior et al. (2009) apontam quatro questões básicas para a construção de uma 
escala múltipla: definição conceitual, ou seja, a base teórica aplicável ao contexto da pesquisa; 
dimesionalidade, associação dos itens que apresentam um só conceito; confiabilidade, que 
77 
 
 
representa a consistência interna entre as varíaveis; e a validade, que indica se a escala 
representa com precisão o conceito. 
 Para a validação desse instrumento, procedeu-se da seguinte maneira: 
1) definição conceitual: construção do questionário com base nas competências 
apontadas para o administrador público no trabalho de Keinert (1994), a partir da 
revisão da literatura sobre o tema e da proposta das DCN para o curso de 
Administração Pública; 
2) validade de conteúdo: aplicação do questionário como pré-teste, com o objetivo de 
identificar a adequação da quantidade e relevância das variáveis e indicadores, a 
escala de respostas, a clareza, objetividade, análise semântica e outras sugestões; 
3) validade de conteúdo: submissão do questionário, depois de consideradas as 
sugestões pertinentes advindas do pré-teste, para dois especialistas da área; 
4) validade de conteúdo: avaliação do questionário por professores da Faculdade de 
Gestão e Negócios da Universidade Federal de Uberlândia; 
5) dimensionalidade: análise fatorial dos dados coletados a partir do levantamento; 
6) confiabilidade: verificação da consistência interna pela medida alfa de cronbach. 
 
3.2.1 Pré-teste do Questionário 
 
 O questionário para o pré-teste foi encaminhado para 46 gestores públicos, por e-mail. 
 A amostra foi definida por conveniência, uma vez que a maioria dos participantes 
trabalhava na mesma instituição federal da pesquisadora e o restante dos pesquisados eram 
conhecidos diretos ou amigos da pesquisadora. Dos 46 questionários enviados, obteve-se um 
retorno de 32 respostas, o que equivale a 69,56% de respostas em relação ao total. 
 No momento da aplicação do instrumento para os pesquisados, apresentou-se o 
propósito da pesquisa, fazendo-se uma breve explicação para o preenchimento e, ainda, 
ressaltou-se que se tratava de um pré-teste. No final do questionário, foi inserida uma questão 
aberta que solicitava uma avaliação do instrumento em relação à adequação da quantidade e 
relevância das competências e dos indicadores, as escalas de respostas, a clareza, 
objetividade, análise semântica e outras sugestões. 
Por meio da análise de conteúdo, as críticas e sugestões foram categorizadas e, com a 
ajuda do software Excel, apontaram-se as considerações mais frequentes. Ainda, com base no 
referencial teórico, as considerações advindas do pré-teste foram analisadas em procedentes 
78 
 
 
ou improcedentes. Desse modo, ocorreram algumas alterações na estrutura do questionário, 
quais sejam: 
a) desmembramento de algumas questões com mais de uma competência; 
b) alteração do indicador “domínio em relação à competência” para “necessidade de 
capacitação em relação à competência”; 
c) alteração do indicador “grau de importância para o trabalho” para “a importância 
dessa competência no seu trabalho”; 
d) alteração da escala Likert para escala numérica em relação ao indicador 
“necessidade de capacitação”; 
e) reformulação de algumas questões com a finalidade de escrever de uma forma mais 
clara e objetiva; 
f) algumas alterações e a inserção de questões sobre o perfil do entrevistado, em 
relação aos itens formação, tempo que atua no serviço público e instituição em que 
trabalha. 
 
3.2.2 Avaliação do Questionário pelos Especialistas 
 
Solicitou-se a dois especialistas que fizessem a avaliação do instrumento em relação à 
adequação das competências identificadas para atender o objetivo proposto da pesquisa. Para 
avaliadores, foram selecionados uma professora com o título de doutora e com trabalhos na 
área de competências e um gestor da Escola Nacional de Administração Pública com ampla 
experiência profissional dentro do serviço público. “A Escola Nacional de Administração 
Pública (ENAP) tem como missão desenvolver competências de servidores para aumentar a 
capacidade de governo na gestão das políticas públicas” (BRASIL, 2012). 
 Optou-se por selecionar um professor e um profissional da ENAP com a finalidade de 
se obter profundidade na avaliação, buscando estabelecer um inter-relacionamento contínuo 
no âmbito da academia e da prática. 
Quanto ao retorno da avaliação, o questionário foi considerado pelos especialistas da 
área como adequado para aplicação, visto que contempla as principais competências 
necessárias ao gestor público.  
As avaliações apontadas pelos especialistas e consideradas no questionário foram: 
 
a) inserção de mais uma competência com o propósito de completar a dezena; 
b) inserção da opção do curso “Gestão Pública” no perfil do entrevistado/formação; 
79 
 
 
c) complementação de algumas questões apontando a necessidade de enfatizar o 
respeito à lei, ao compromisso com os valores democráticos e com a 
transparência, e à importância da participação dos cidadãos nas decisões. 
 
 
3.2.3 Avaliação do Questionário por Professores da Faculdade de Gestão e Negócios da 
Universidade Federal de Uberlândia 
 
O questionário ainda foi avaliado por três professores da Faculdade de Gestão e 
Negócios da Universidade Federal de Uberlândia, sendo uma doutora especialista em 
competências e dois professores doutores especialistas em estatística. Após essa avaliação, 
procederam-se as seguintes alterações no questionário: 
 
a) inserção do indicador: intensidade de uso da competência no contexto de trabalho; 
b) alteração do indicador “necessidade de capacitação” para “domínio” em relação à 
competência, com a finalidade de calcular o Índice de Prioridade de Treinamento 
proposto por Borges-Andrade e Lima (1983) e Castro e Borges-Andrade (2004); 
c) reformulação das escalas para os três indicadores; 
d) reformulação na forma de colocação das perguntas no perfil, além da inserção de 
mais alguns itens relevantes. 
 
 O questionário disponibilizado para a pesquisa, depois de concluídos o pré-teste e a 
avaliação realizada pelos especialistas da área e pelos professores da Faculdade de Gestão e 
Negócios da Universidade Federal de Uberlândia, pode ser consultado no Apêndice A deste 
trabalho. 
 
3.3 Análise dos Projetos Pedagógicos e Ementas das Disciplinas dos Cursos de 
Graduação em Administração Pública 
 
 Para identificar as competências propostas pelas instituições de ensino superior 
formadoras de bacharéis em administração pública e, posteriormente, relacioná-las com o 
contexto de trabalho, optou-se por fazer um recorte e realizar a análise de conteúdo dos 
projetos pedagógicos e ementas das disciplinas dos cursos de graduação em Administração 
Pública com conceito cinco no ENADE. 
80 
 
 
O Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE) tem a finalidade de 
avaliar o rendimento dos alunos dos cursos de graduação, tanto dos ingressantes quanto dos 
concluintes, em relação aos conteúdos programáticos, habilidades e competências. A 
periodicidade máxima de realização é trienal para cada área do conhecimento (BRASIL, 
2012). 
A escolha dos cursos de Administração Pública com conceito cinco no ENADE é 
justificada pelo fato de serem os cursos com a avaliação mais alta, uma vez que os conceitos 
variam em ordem crescente de importância de um a cinco, o que representa uma maior 
qualidade do ensino, bem como um maior aproveitamento dos estudantes. Desse modo, 
pressupõe-se que esses cursos estejam mais bem preparados para formar competências, 
podendo ser referência para outros cursos.  
 Foram considerados os resultados do último ENADE realizado nos cursos de 
Administração Pública, no ano de 2009, referente ao triênio 2009-2011, e que estão 
disponíveis no site do e-MEC. Do total de 2.722 cursos de administração listados na página 
do e-MEC, 63 cursos são de graduação em Administração Pública.(BRASIL, 2012).  
Ainda de acordo com o site do e-MEC, os resultados mostram que, dos dez cursos que 
obtiveram conceito no ENADE referente ao ano de 2009, quatro cursos apresentaram o 
conceito cinco (Quadro 7). 
Quadro 7 - Relação das universidades com conceito cinco no ENADE 
Nome do 
Curso 
Instituição Sigla da 
IES 
Tipo  Modalidade Cidade UF 
Administração-
Administração 
Pública 
Universidade de 
Brasília 
UNB Pública Presencial Brasília DF 
Administração 
Pública 
Universidade do 
Estado de Santa 
Catarina 
UDESC Pública Presencial Florianópolis SC 
Administração 
Pública 
Escola de Governo 
Professor Paulo Neves 
de Carvalho 
EG/FJP Pública Presencial Belo 
Horizonte 
MG 
Administração 
Pública- 
Administração 
Pública 
Fundação Getúlio 
Vargas - Escola de 
Administração de 
Empresas de São Paulo 
FGV-
EAESP 
Particular Presencial São Paulo SP 
Fonte: BRASIL (2012)  
 
Em um primeiro momento, foram consultados os sites das instituições (Quadro 7), 
visando identificar os projetos pedagógicos e as ementas das disciplinas do curso, tendo sido 
localizados o projeto pedagógico e as ementas eletronicamente em apenas um site. Dessa 
forma, um primeiro contato por telefone foi realizado com as outras três instituições e, 
81 
 
 
posteriormente, encaminhado por e-mail uma solicitação dos projetos pedagógicos e das 
ementas das disciplinas dos cursos de Administração Pública. 
A solicitação foi encaminhada para apenas duas instituições, uma vez que, em contato 
telefônico com a Universidade de Brasília, a mesma informou que o curso de Administração 
Pública presencial, atualmente, não é mais ofertado (informação verbal)
5
, não possuindo 
aquela instituição os materiais atualizados para a finalidade da pesquisa. Dessa forma, 
procedeu-se à análise dos projetos pedagógicos e das ementas dos outros três cursos.  
Para avaliar os projetos pedagógicos e as ementas com o objetivo de identificar as 
competências propostas, utilizou-se a técnica de análise de conteúdo que, segundo Bauer 
(2002), é: 
uma técnica para produzir inferências de um texto focal para seu contexto 
social de maneira objetivada. [...] A validade da AC deve ser julgada não 
contra uma “leitura verdadeira” do texto, mas em termos de sua 
fundamentação nos materiais pesquisados e sua congruência com a teoria do 
pesquisador, e à luz de seu objetivo de pesquisa (BAUER, 2002, p.191). 
 
Desse modo, a partir do referencial teórico e das inferências da pesquisadora em 
relação ao objetivo da pesquisa, os projetos pedagógicos e ementas foram analisados. Para 
Bardin (1988, p. 19), “a análise de conteúdo é uma técnica de investigação que tem por 
finalidade a descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto da 
comunicação”. 
Ainda de acordo com Bauer (2002), o processo de análise de conteúdo consiste na 
definição e amostragem de unidades de texto, codificação e classificação do corpus de 
pesquisa. Nesta pesquisa, o corpus de pesquisa refere-se aos projetos pedagógicos e ementas 
das disciplinas do curso de graduação em Administração Pública. A codificação das palavras- 
chave foi realizada a partir das competências do gestor público levantadas na literatura, para a 
construção do questionário. Assim, procedeu-se à identificação e categorização de quais 
competências estariam sendo desenvolvidas pelas instituições, relacionando-as com a 
codificação predeterminada. O corpus de pesquisa analisado consistiu de 202 páginas 
analisadas referentes aos projetos pedagógicos e 399 páginas de ementas, totalizando 601 
páginas analisadas.  
 
 
 
                                               
5 Informação fornecida pela servidora do Departamento de Administração da Universidade de Brasília em 
Janeiro de 2012. 
82 
 
 
3.4 Aplicação do Instrumento com os Gestores Públicos 
 
O questionário foi disponibilizado em formulário eletrônico na plataforma 
surveymonkey por meio do link 
http://www.surveymonkey.com/s/Competencias_Gestor_Publico, no grupo de Gestão Pública 
do linkedin e no site e redes sociais do CFA, por 57 dias. Tanto no grupo do linkedin quanto 
no site e redes sociais do CFA, foi necessário fazer mais de uma divulgação, buscando 
envolver e motivar os gestores a participarem da pesquisa. O total de questionários 
cadastrados foram 170, contabilizando-se 109 considerados válidos. Foram descartados 61 
questionários, pois os sujeitos da pesquisa cadastraram o perfil, mas não completaram o 
preenchimento do documento.  
Na primeira chamada para a pesquisa, o retorno foi insuficiente, atingindo uma média 
de 40 questionários totalmente preenchidos. Com a segunda chamada, obtiveram-se mais 30 
questionários válidos. Ainda com o número insuficiente de respostas, procedeu-se a uma 
terceira chamada, por meio da qual foi possível totalizar 96 questionários. Após o intervalo de 
15 dias, realizou-se, novamente, mais uma divulgação da pesquisa, resultando, assim, mais 13 
retornos completos, totalizando os 109 questionários válidos. É importante registrar que, 
apesar da ampla divulgação, conseguir o envolvimento do pessoal para participar não foi uma 
tarefa fácil.  Para a análise dos dados, utilizou-se o software Statistical Package for the Social 
Sciences – SPSS, versão 15.0. 
Para a apresentação dos dados, utilizou-se a competência-chave de cada questão do 
instrumento. Ressalta-se que as questões do instrumento de pesquisa chamavam a atenção e 
faziam referência às especifidades do contexto público, estimulando os gestores a refletiram 
diante de tal contexto. A questão completa disponibilizada no questionário relacionada com a 
competência-chave e o código utilizado para análise dos dados pode ser consultada no Quadro 
8, a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
83 
 
 
Quadro 8 - Codificação das Competências 
Or-
dem 
Competências Competência-  
chave 
Códi
go 
1 Ter capacidade para planejar, implementar, monitorar e avaliar políticas, 
programas, planos e projetos públicos, sempre comprometido com a 
manutenção e respeito às regras e valores democráticos. 
Planejamento C01 
2 Ter visão estratégica, considerando a especificidade do serviço público, 
vinculando-se às leis, políticas, programas e projetos da instituição pública. 
Visão estratégica C02 
3 Formular estratégias, definir metas e ações na sua área de atuação, mesmo 
quando os recursos são escassos para o serviço público, considerando 
democraticamente os anseios e as demandas da sociedade. 
Formular 
estratégias 
C03 
4 Ter visão crítica sendo capaz de avaliar os projetos e atividades de trabalho 
com a finalidade de promover melhorias. 
Visão crítica C04 
5 Ter criatividade para gerar novas ideias, indo além do saber fazer, 
contribuindo para propor melhorias no processo de trabalho e na resolução de 
problemas. 
Criatividade C05 
6 Inovar, colocando em ação as ideias novas que podem contribuir para 
melhorar a qualidade da gestão bem como a satisfação da comunidade. 
Inovação C06 
7 Identificar problemas que impedem o pleno desenvolvimento do trabalho. Identificar 
problemas 
C07 
8 Identificar e compreender as alternativas de soluções para resolver os 
problemas e crises.   
Resolver 
problemas 
C08 
9 Lidar com mudanças descontínuas no ambiente de trabalho. Lidar com 
mudanças 
C09 
10 Tomar decisões, em diferentes graus de complexidade, levando em 
consideração todas as alternativas e recursos disponíveis no contexto de 
trabalho. 
Tomada de 
decisão 
C10 
11 Ter competência política, para administrar as relações de poder dentro do 
contexto de trabalho intra e interinstitucionais atendendo aos interesses da 
sociedade. 
Competência 
política 
C11 
12 Negociar, argumentar sendo capaz de se posicionar visando alcançar os 
resultados que atendam o interesse da sociedade. 
Negociação C12 
13 Comunicar de forma compreensível, para construir um entendimento 
recíproco, compartilhado e socializado dos saberes e informações no 
ambiente de trabalho bem como com a sociedade. 
Comunicação C13 
14 Ter habilidade para desenvolver e utilizar tecnologias administrativas de 
modo a gerar eficácia e eficiência no serviço público. 
Desenvolver e 
utilizar 
tecnologias 
administrativas 
C14 
15 Saber cooperar no ambiente de trabalho com conhecimentos, habilidade e 
atitudes. 
Cooperação 
(trabalho em 
equipe) 
C15 
16 Saber compreender e tratar a diversidade de informações disponíveis no 
ambiente de trabalho, respeitando o princípio da transparência. 
Compreender 
diversidade 
informações 
C16 
17 Saber ouvir com respeito tanto os indivíduos que compõem a equipe de 
trabalho do órgão público como os cidadãos que buscam pelos serviços 
prestados. 
Ouvir C17 
18 Ter comprometimento no dia a dia do trabalho. Comprometi- 
mento 
C18 
19 Administrar conflitos resolvendo-os de modo a chegar ao entendimento 
recíproco. 
Administrar 
conflitos 
C19 
20 Ter liderança para gerenciar pessoas e recursos de modo a favorecer o bem 
comum.  
Liderança C20 
21 Assumir responsabilidade com o trabalho de sua competência respondendo 
por suas iniciativas. 
Responsabilidade C21 
(Continua) 
84 
 
 
(conclusão) Quadro 8 - Codificação das Competências 
Or-
dem 
Competências Competência-  
chave 
Códi
go 
22 Buscar o desenvolvimento da capacidade técnica/instrumental. Desenvolver 
capacidade 
técnico/instru- 
mental 
C22 
23 Buscar o desenvolvimento da capacidade substantiva, reflexiva, crítica. Desenvolver 
capacidade 
substantivo/crític
a 
C23 
24 Desenvolver novos profissionais, repassando conhecimentos, informações, 
atividades e gerando oportunidades de aprendizagem. 
Desenvolver 
novos 
profissionais 
C24 
25 Agir de acordo com os princípios da administração pública, respeitando as leis, 
normas, códigos de conduta profissional. 
Ética C25 
26 Conduzir os trabalhos de forma a atender, ao mesmo tempo, as dimensões 
econômicas, sociais e ambientais da sustentabilidade. 
Sustentabilidade C26 
27 Promover a cidadania proporcionando à comunidade gozar dos seus direitos 
com serviços de qualidade. 
Cidadania e 
democracia 
C27 
28 Utilizar os conhecimentos (teórico e técnico) e habilidades adquiridos na 
educação formal nas diversas situações de trabalho. 
Utilizar CHAs C28 
29 Integrar diferentes conhecimentos (teórico e técnico) adquiridos, possibilitando 
compreender e agir no contexto de trabalho. 
Integrar CHAs C29 
30 Transpor os conhecimentos e habilidades adquiridos, indo além da reprodução 
dos saberes e procedimentos. 
Transpor CHAs C30 
Fonte: elaboração própria 
 
3.5 Limites da Pesquisa e do Método 
 
A pesquisa tem como objetivo geral avaliar o nível de coerência dos projetos 
pedagógicos e ementas das disciplinas do curso de graduação em Administração Pública com 
nota cinco no ENADE em relação à formação de competências necessárias para o bom 
desempenho na prática profissional. 
Entretanto, o pesquisado é o gestor público, que compree o profissional que atua no 
setor público e possui, preferencialmente, formação na área de administração.  Em síntese, os 
respondentes do instrumento não são unicamente pessoas com formação em administração 
pública. Assim, infere-se que a variável necessidade de capacitação avaliada pode ter 
resultados diversos, uma vez que nem todos os respondentes pesquisados foram, 
necessariamente, capacitados para tal finalidade.  
Contudo, ressalta-se que a partir dessa variável foi possível identificar em que grau 
encontra-se o desenvolvimento das competências desses profissionais. 
85 
 
 
Algumas limitações relativas ao método também devem ser consideradas, uma vez que 
podem interferir nos resultados da pesquisa. No que se refere à análise de conteúdo, Bauer 
(2002) aponta como fraquezas do metódo o cuidado necessário em não focalizar 
simplesmente as frequências, deixando de levar em considerar o que é raro e o que está 
ausente. O autor destaca, também, a importância do codificador humano frente à codificação 
automática no processo de análise do texto que, neste estudo, refere-se aos projetos 
pedagógicos e ementas. Além disso, Creswell (2007) aponta algumas desvantagens em 
relação à coleta de dados por documentos, como o caso de os materiais estarem incompleos 
ou não serem precisos.  
Já em relação ao survey ou levantamento, de acordo com Hair Junior et al. (2005, p. 
157), “o participante sabe claramente que estão sendo coletadas informações sobre seu 
comportamento e/ou atitudes. Desta forma, sempre existe a possibilidade de que isso 
influencie suas respostas e crie tendenciosaidade”. Ainda para o autor, conceitos complexos, 
que não são de natureza relativamente concreta, como esta pesquisa que aborda a competência 
do gestor público, e que envolvem medidas subjetivas, como opiniões, valores e percepções, 
são considerados mais difícies de medir de forma objetiva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
86 
 
 
4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 
4.1 Perfil do Entrevistado 
 
A primeira parte do questionário buscou identificar nos respondentes alguns aspectos 
considerados importantes para a interpretação dos resultados. 
 
a) Gênero 
Do total de respondentes, 55 % são do sexo masuculino e 45 % são do sexo feminino, 
mostrando uma representação equilibrada dos dois sexos na pesquisa. Já em relação à faixa 
etária, tem-se a seguinte distribuição: 23,9%, até 29 anos; 27,5%, de 30 a 39 anos; 26,6%, de 
40 a 49 anos; 16,5%, de 50 a 59 anos; e 5,5%, acima de 59 anos, atingindo o público de várias 
idades. Com 78%, verifica-se que a predominância da idade dos respondentes é de até 29 anos 
até 49 anos. 
 
b) Formação  
Em termos de formação, buscou-se identificar qual a formação em nível de graduação 
e o tipo de instituição, pública ou privada, na qual o respondente se graduou. Na Tabela 1, 
apresenta-se o percentual de respondentes por formação que, nesse caso, o pesquisado poderia 
selecionar mais de uma opção, caso tivesse cursado mais de um curso superior. 
 
Tabela 1 - Formação dos respondentes 
Curso Superior % respondentes 
Administração 36 
Administração de Empresas 14 
Administração com ênfase (RH, marketing, 
finanças e logística) 
3,5 
Administração Pública 3,5 
Gestão Pública 6,1 
Outros 36,8 
Fonte: dados de pesquisa 
 
A partir da Tabela 1, pode-se verificar que a maioria dos respondentes, ou seja, 53,5%, 
possui o curso superior em administração, administração de empresas, administração com 
ênfase, e que o percentual de respondentes com formação específica (administração pública e 
87 
 
 
gestão pública) é pequeno em relação ao total da amostra. Também, observa-se um percentual 
alto, de 36,8% respondentes, que se refere a servidores que exercem a função gerencial no 
setor público, com uma formação diferente da área de concentração em administração, 
reforçando a necessidade de desenvolver competências para a gestão nas diversas 
modalidades de formação. 
O fato de prevalecer a formação em administração, somando-se administração, 
administração de empresas e administração com ênfase, representada por 53,5 %, frente a 9,6 
% de administração pública e gestão pública, pode estar associado ao que Coelho (2006) já 
destacava que, em 1967, era indiferente o bacharelado entre administração pública e 
administração de empresas para ingressar no serviço público, e, por isso, viam-se os cursos de 
Administração Pública encolher e, em contrapartida, voltarem-se o interesse e atenção para o 
curso de administração de empresas. Ainda, para o autor, a incerteza em relação à aprovação 
em concursos públicos é vista como um dos obstáculos para a formação acadêmica em 
administração pública. 
O percentual de 63,1% de profissionais com formação em administração, 
administração de empresas, administração com enfâse, administração pública e gestão 
pública, nessa amostra, é maior do que o percentual de profssionais que exercem função 
gerencial com uma formação diferente da área de concentração em administração (36,8%).  
Essa diferença de percentual pode estar associada ao fato de a pesquisa ter sido divulgada nas 
redes sociais do CFA. Esse percentual maior de profissionais com formação em administração 
contribui para o objetivo da pesquisa, que relaciona as competências necessárias na prática 
com a formação de competência pela academia, por meio da análise de projetos e ementas dos 
cursos de graduação em Administração Pública com nota cinco no Enade. 
Em relação ao tipo de instituição em que o pesquisado se graduou, 58,7 % são de 
instituição de ensino superior pública, e 41,3%, de instituição de ensino superior privada. O 
que prevalece é a formação em instituição superior pública; no entanto, verifica-se que a 
diferença de percentual entre ambas é pequena. Conforme apontado por Coelho (2006), após 
1995, ocorreu uma expansão expressiva da criação de cursos pela iniciativa privada.    
 
c) Nível de Escolaridade mais e alto e completo dos respondentes  
Por meio do nível de escolaridade mais alto, pretendeu-se avaliar a qualificação dos 
respondentes, além da formação de curso superior. Os resultados são apresentados na Tabela 
2. 
88 
 
 
Tabela 2 - Nível de escolaridade dos respondentes 
Nível de Escolaridade (grau mais 
alto e completo) 
% respodentes 
Ensino Superior 24,8 
Especialização/MBA 59,6 
Mestrado 9,2 
Doutorado 6,4 
Fonte: dados de pesquisa 
 
Identifica-se, pela Tabela 2, que a maioria dos respondentes (59,6%) buscou a 
qualificação em nível de pós-graduação lato-sensu. Sugere-se que o percentual alto para a 
especiliazação/MBA pode estar associado ao fato de tais cursos estarem voltados, justamente, 
para o desenvolvimento da capacidade profissional especializada, diferindo do objetivo 
principal dos programas de pós-graduação stricto sensu que estão voltados para desenvolver e 
aprofundar a formação da graduação (CAPES, 2012). Os programas de pós-graduação stricto 
sensu visam à formação para atuação na área acadêmica como docente e pesquisador. 
O que se percebe é que a maioria dos respondentes (75,2%) com especialização, 
mestrado e doutorado, possue nível de escolaridade maior que a graduação, o que mostra uma 
preocupação com o aperfeiçoamento, caracterizando, assim, o perfil dos entrevistados desta 
pesquisa como de alta qualificação. 
 
d) Órgão e unidade de federação onde os respondentes trabalham  
 
Em relação ao tipo de órgão onde os respondentes trabalham, o que prevaleceu foi o 
órgão federal, com 60,6%.  Esse percentual é significativo, uma vez que demonstra que mais 
da metade das pessoas que responderam à pesquisa trabalham em órgãos federais. A 
representatividade no nível estadual, com 20,2%, ainda foi maior que a representatividade do 
nível municpal (14,7%) e sociedade de economia mista (4,6%). Apesar de contar com uma 
representação menor nos níveis estaduais, municipais e sociedade de economia mista, atingiu-
se o objetivo de integrar visões da realidade de trabalho de diferentes órgãos, de níveis 
diferentes e que possuem suas particularidades.  
Tabela 3 - Órgão onde os respondentes trabalham 
Tipo de Órgão onde trabalha % de respodentes 
Federal 60,6 
Estadual 20.2 
Municipal 14,7 
Sociedade de Economia Mista 4,6 
Fonte: Dados de pesquisa 
89 
 
 
A opção “sociedade de economia mista” foi inserida no questionário em virtude da 
possibilidadede de integrar visões e ainda ser possível, em trabalhos futuros, identificar se 
existem difrenças de visões em relação às competências entre os pesquisados que trabalham 
em órgãos públicos das três esferas (federal, estadual e municipal) versus sociedade de 
economia mista, que reflete uma parceria público-privada.  
Na identificação dos órgãos dos respondentes, têm-se respostas de Prefeitura 
Municipal, Universidade Federal, Ministérios, Polícia Militar, Tribunal de Justiça, Hospitais, 
Secretaria do Estado, Emater, Instituto Nacional de Metrologia Qualidade e Tecnologia, 
Instituto Federal, Banco Nacional de Desenvolvimento, Escola Estadual, Receita Federal, 
entre outros. 
A unidade de federação onde os respondentes trabalham predominantemente foi o 
estado de Minas Gerais, com 65,1%. Apesar de a representação ser baixa, teve-se a 
participação de Amazonas (0,9%), Ceará (0,9%), Distrito Federal (2,8%), Espírito Santo 
(0,9%), Goiás (1,8%), Mato Grosso do Sul (0,9%), Pará (1,8 %), Pernambuco (0,9%), Belém 
(2,8%), Piauí (0,9%), Paraná (2,8%), Rio de Janeiro (8,3%), Rio Grande do Norte (1,8%), Rio 
Grande do Sul (1,8%), Sergipe (0,9%) e São Paulo (4,6%). Os outros estados não tiveram 
representação na amostra. 
 
e) Tempo de atuação no serviço público 
 
No que se refere ao ano de ingresso no serviço público, a faixa de data ficou entre 
1964 e 2012. Essa faixa distante entre os anos possibilitou ter uma representação de 
servidores com grande, média e recente experiência profissional, podendo, mais uma vez, 
integrar várias visões. A tabela 4, a seguir, indica que existem respondentes que não possuem 
ainda um ano de serviço público (mínimo 0) e outros que já possuem o máximo de 48 anos. A 
mediana ainda explica que metade dos respondentes possui até 7 anos de tempo de atuação do 
serviço público. Esse resultado pode ser reflexo da abertura de novos concursos, a partir da 
posse da gestão do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. 
Tabela 4 - Tempo de atuação no serviço público (em anos) 
Média Mediana Mínimo Máximo 
12,06  7 0 48 
Fonte: dados de pesquisa 
 
 
90 
 
 
f) Tempo de atuação na iniciativa privada antes de ingressar no serviço público 
 
Do total de respondentes, a maioria (75,2%) dos pesquisados possui experiência na 
iniciativa privada (Tabela 5). O tempo de atuação na iniciativa privada variou entre menos de 
1 ano a 38 anos, com uma média de 5,82. Metade dos respondentes apresentou ter até 4 anos 
de experiência na inciativa privada (mediana 4). Com essa questão, em trabalhos futuros, será 
possível avaliar se existem diferenças de visão entre o grupo com experiência na iniciativa 
privada e o grupo que somente trabalhou no setor público, sem experiência na inciativa 
privada.  
Tabela 5 - Tempo de atuação na iniciativa privada (em anos) 
Média Mediana Mínimo Máximo 
5,82 4 0 38 
Fonte: dados de pesquisa 
 
g) Exerce função gerencial e há quanto tempo 
 
Da amostra, 52,3% das pessoas exercem função gerencial, ou seja, exercem o cargo de 
chefia,  e 47,7% não exercem, mostrando uma representação equilibrada entre as duas opções 
(Tabela 6). Dos 52,3% que exercem função gerencial, 49,1% possuem formação de nível 
superior em administração, considerando as diversas ênfases e administração/gestão pública, 
demostrando que, para os cargos gerenciais ocupados nessa amostra, a metade é ocupada por 
administradores, e a outra metadade, por servidores com formação em outra área de 
concentração. O tempo médio na função gerencial variou entre menos de 1 ano e 40 anos no 
exercício da função gerencial, ou seja, pessoas que ocuparam o cargo recentemente e outras 
com muito tempo de vivência na função, demonstrando a mediana que metade dos 
respondentes tem até 4 anos de tempo na função gerencial, o que corresponde ao tempo de um 
mandato de governo. 
Tabela 6 - Tempo na função gerencial (em anos) 
Média Mediana Mínimo Máximo 
6,90 4 0 40 
Fonte: dados de pesquisa 
 
De maneira geral, o perfil do entrevistado caracteriza-se por ser metade do sexo 
masculino e metade do sexo feminino, prevalecendo a idade de até 29 anos a até 49 anos. A 
maioria (60,6%) dos entrevistados trabalha em órgãos federais, contando, ao todo, com a 
91 
 
 
representação de dezessete estados. Ainda, 75,2% dos respondentes possuem experiência na 
iniciativa privada (média 4 anos). A média de experiência no serviço público é de sete anos. 
Metade dos respondentes exerce função gerencial e a outra metadade, não. Dentre aqueles que 
exercem função gerencial, metade possui formação na de concentração em administração e a 
outra metade tem formação diferente na linha de concentração em administração.  
 E quanto à formação em graduação, existe uma pequena parcela que é formada 
diretamente para atuar no serviço público, demonstrando que a maioria dos pesquisados da 
amostra são servidores com formação em administração ou outra área de concentração que 
não está direcionada para as especificidades do serviço público. Ainda, 75,2% dos 
entrevistados apresentaram quafilicação além da graduação, constituindo um perfil de 
entrevistados bastante qualificado. 
 
4.2 Análise de Frequência 
 
 
Apresenta-se, a seguir, a frequência de respostas em relação a cada competência 
descrita no questionário, ou seja, o percentual de concordância, na visão dos respondentes, em 
relação às competências. Os resultados serão apresentando em três blocos: (1) Importância da 
Competência para o contexto de trabalho; (2) Intensidade de Uso da Competência; e, por 
último, (3) Domínio dos respondentes em relação às competências. 
 
4.2.1 Importância da Competência para o Contexto de Trabalho 
 
A análise das frequências evidencia que houve um consenso pelos respondentes 
quanto às competências dispostas no questionário serem “muito importante”, pois, das 30 
competências listadas, 29 foram consideradas como “muito importante” para o contexto de 
trabalho. Quanto maior a frequência, maior é o consenso em relação ao grau de importância 
percebida, aquelas que tiveram um percentual de frequência acima de 80%, foram: “ter 
comprometimento no dia a dia do trabalho” (88,1%); “saber ouvir com respeito tanto os 
indivíduos que compõem a equipe de trabalho do órgão público, como os cidadãos que 
buscam pelos serviços prestados” (83,5%); e “agir de acordo com os princípios da 
administração pública, respeitando as leis, normas, códigos de conduta profissional” (83,5%). 
92 
 
 
As competências que apresentaram o maior índice de frequência (superior a 80%) 
estão relacionadas às competências comportamentais e de valores/ética apresentadas no 
trabalho de Cheetham e Chivers (1996, 1998). Também, Virtanen (2000) aponta a 
importância das competências de valor para o trabalho. Os resultados demostram que essas 
competências comportamentais e de valores fazem diferença dentro do contexto da 
administração pública, agregando valor às competências técnicas e políticas. 
 Consideradas como “muito importante”, com uma frequência entre 50% e 79%, o que 
ainda é considerado um alto índice de concordância, 23 competências foram apontadas, 
conforme exposto na Tabela 7. 
As competências que apresentaram frequência abaixo de 50% foram: “inovar, 
colocando em ação as ideias novas que podem contribuir para melhorar a qualidade da gestão, 
bem como a satisfação da comunidade” (49,5%); “lidar com mudanças descontínuas no 
ambiente de trabalho” (43,1%); e “conduzir os trabalhos de forma a atender, ao mesmo 
tempo, as dimensões econômicas, sociais e ambientais da sustentabilidade” (47,7%). 
 Contudo, os resultados gerais mostram que 29 competências são consideradas como 
“muito importante”, o que reafirma uma avaliação positiva, indicando a importância dessas 
competências para o contexto de trabalho. Isso confirma o que aponta a teoria sobre 
competências, bem como converge com as competências apontadas por Keinert (1994).  
A única competência que não foi avaliada como “muito importante” pela maioria dos 
entrevistados foi “buscar o desenvolvimento da capacidade substantiva, reflexiva, crítica”. No 
entanto, essa competência foi considerada como “importante” por 43,1% dos gestores, 
apresentando um percentual mínimo de diferença em relação àqueles que consideraram tal 
competência como “muito importante” (42,2%). Assim, pode-se concluir que o 
desenvolvimento dessa competência também é relevante para o trabalho, conforme apontada 
por Fischer (1984). 
 Enfatiza-se que a frequência de todas as respostas foi mais expressiva para os graus 
“muito importante” e “importante”, apresentando baixa concordância para os graus 
“importância média”, “pouco importante” e “sem importância” o que, mais uma vez, confirma 
uma tendência positiva em termos da importância dessas competências no ambiente de 
trabalho. 
Apesar de apresentar-se com um percentual muito baixo de consenso, ou seja, com 
uma frequência abaixo de 5%, 24 competências foram relacionadas ao grau “pouca 
importância”, e 13 competências foram associadas ao grau “sem importância nenhuma”. 
Infere-se que esse fato pode estar relacionado às especificidades do contexto de trabalho 
93 
 
 
desses respondentes, ou, até mesmo, estar associado a um caso de disfunção de trabalho, isto 
é, a realização de atividade não condizente com o cargo ocupado. 
A Tabela 7, a seguir, apresenta a análise de frequência em relação ao indicador 
“importância da competência para o contexto de trabalho”, demonstrando o percentual de 
concordância, na visão dos respodentes, em relação a cada competência-chave listada: 
 
Tabela 7 - Importância da competência para o contexto de trabalho representado pelo % de 
concordância dos respondentes 
Competência-Chave Sem 
Importância 
Pouco 
Importante 
Importância 
Média 
Importante Muito 
Importante 
Planejamento 0 3,7 7,3 25,7 63,3 
Visão estratégica 0 1,8 7,3 26,6 64,2 
Formular estratégias 0 2,8 13,8 21,1 62,4 
Visão crítica 0 1,8 8,3 22 67,9 
Criatividade 0,9 3,7 7,3 28,4 59,6 
Inovação 0,9 4,6 10,1 34,9 49,5 
Identificar problemas 0 0,9 7,3 23,9 67,9 
Resolver problemas 0,9 0,9 6,4 24,8 67 
Lidar com mudanças 1,8 2,8 16,5 35,8 43,1 
Tomada decisão 0,9 3,7 10,1 34,9 50,5 
Competência política 2,8 4,6 11,9 27,5 53,2 
Negociação 0,9 4,6 11 25,7 57,8 
Comunicação 0 0 10,1 25,7 64,2 
Desenvolver e utilizar 
tecnologias 
administrativas 
1,8 0 10,1 33,9 54,1 
Cooperação 0 0,9 2,8 22,9 73,4 
Compreender 
diversidade 
informações 
0 1,8 3,7 26,6 67,9 
Ouvir 0 0,9 1,8 13,8 83,5 
Comprometimento 0 0 1,8 10,1 88,1 
Administrar conflitos 0 0,9 6,4 33 59,6 
Liderança 0,9 0,9 9,2 28,4 60,6 
Responsabilidade 0 0,9 7,3 17,4 74,3 
Desenvolver 
capacidade técnico/ 
instrumental 
0 0 12,8 33,9 53,2 
Desenvolver 
capacidade 
substantivo/crítica 
0,9 0 13,8 43,1 42,2 
Desenvolver novos 
profissionais 
0,9 3,7 6,4 27,5 61,5 
Ética 0 0 1,8 14,7 83,5 
Sustentabilidade 0,9 3,7 13,8 33,9 47,7 
Cidadania e 
democracia 
0 0,9 11,9 28,4 58,7 
Utilizar CHAs 0 3,7 8,3 33,9 54,1 
Integrar CHAs 0 2,8 9,2 29,4 58,7 
Transpor CHAs 0,9 2,8 12,8 32,1 51,4 
Fonte: dados de pesquisa 
 
94 
 
 
De forma geral, conclui-se que todas as competências listadas são fundamentais para o 
desenvolvimento do trabalho, sendo apontadas como “muito importante”, confirmando a 
importância das habilidades humana, profissional e política apontadas por Keinert (1994), 
convergindo, ainda, para as ideias apresentadas por Fischer (1984), Ferreira (1996), Cheetham 
e Chivers (1996, 1998), Denhardt (1999), Virtanen (2000), Noordegraaf (2000), Zarifian 
(2001), Cardoso (2001), Kettl (2001), Fleury e Fleury (2001), Ramos (2001), Le Boterf 
(2003), Dutra (2004), Ruas (2005), Osório (2005), Teixeira (2006), Paiva e Melo (2008), 
Pereira (2010), Awortwi (2010), Torres et al (2011) e, ainda, para as propostas das DCN para 
o curso de Administração Pública.  
 
4.2.2 Itensidade de Uso da Competência 
 
Com esse indicador, buscou-se ir mais além do que verificar se a competência é 
importante ou não para o contexto de trabalho, procurando avaliar, também, se essa 
competência é utilizada na rotina de trabalho, pois uma competência considerada “muito 
importante” ou “importante”, pode não estar, necessariamente, sendo utilizada pelo indivíduo. 
Observa-se que, apesar de a maioria das competências ser considerada “muito importante”, 
essas competências não são, necessariamente, “muito utilizada” (Tabela 8).  
 
Tabela 8 - Intensidade de uso da competência no contexto de trabalho representado pelo % de 
concordância dos respondentes 
Competência-Chave Não 
Uso 
Baixo 
Uso 
Médio 
Uso 
Uso Uso 
Muito 
Planejamento 1,8 11,9 15,6 34,9 35,8 
Visão estratégica 1,8 11,9 13,8 35,8 36,7 
Formular estratégias 0,9 11 24,8 34,9 28,4 
Visão crítica 0 5,5 19,3 35,8 39,4 
Criatividade 1,8 11,9 22,9 32,1 31,2 
Inovação 0,9 18,3 25,7 33,9 21,1 
Identificar problemas 0 6,4 18,3 45 30,3 
Resolver problemas 1,8 7,3 23,9 41,3 25,7 
Lidar com mudanças 2,8 11 30,3 37,6 18,3 
Tomada decisão 2,8 16,5 22,9 35,8 22 
Competência política 8,3 22,9 24,8 31,2 12,8 
Negociação 5,5 11 25,7 34,9 22,9 
Comunicação 0 4,6 20,2 33,9 41,3 
Desenvolver e utilizar tecnologias administrativas 2,8 9,2 27,5 40,4 20,2 
Cooperação 0 3,7 11 32,1 53,2 
Compreender diversidade informações 0 6,4 13,8 37,6 42,2 
Ouvir 0 2,8 11,9 28,4 56,9 
Comprometimento 0 0 3,7 22,9 73,4 
Administrar conflitos 0 11 23,9 39,4 25,7 
Liderança 1,8 13,8 17,4 34,9 32,1 
(Continua) 
95 
 
 
(Conclusão) Tabela 8 - Intensidade de uso da competência no contexto de trabalho 
representado pelo % de concordância dos respondentes 
Competência-Chave Não 
Uso 
Baixo 
Uso 
Médio 
Uso 
Uso Uso 
Muito 
Responsabilidade 0 1,8 11,9 33 53,2 
Desenvolver capacidade técnica/instrumental 0,9 4,6 19,3 43,1 32,1 
Desenvolver capacidade substantivo/crítica 3,7 5,5 32,1 35,8 22,9 
Desenvolver novos profissionais 4,6 14,7 18,3 36,7 25,7 
Ética 0 0,9 3,7 23,9 71,6 
Sustentabilidade 1,8 15,6 25,7 37,6 19,3 
Cidadania e democracia 2,8 11 21,1 42,2 22,9 
Utilizar CHAs 0 7,3 24,8 39,4 28,4 
Integrar CHAs 0 6,4 18,3 38,5 36,7 
Transpor CHAs 0,9 11,9 23,9 41,3 22 
Fonte: dados de pesquisa 
 
Das 30 competências, 10 foram apontadas como “uso muito” pela maioria dos 
respondentes, conforme pode ser observado na Tabela 8. As competências “ter 
comprometimento no dia a dia do traballho”, “agir de acordo com os princípios da 
administração pública, respeitando as leis, normas, códigos de concuta profissional” e “saber 
ouvir com respeito tanto os indivíduos que compõem a equipe de trabalho do órgão público 
como os cidadãos que buscam pelos serviços prestados” foram as que apresentaram o maior 
nível de consenso, com 73,4%, 71,6% e 56,9%, respectivamente. Essas três competências 
também apresentaram as maiores frequências em termos de importância para o contexto de 
trabalho, confirmando a relevância dessas competências, uma vez que são “muito importante” 
e “muito utilizada”, de acordo com os pesquisados.  
Ainda em relação às competências consideradas como “uso muito”, aparecem 
“planejamento” (35,8%), “visão estratégica” (36,7%), “visão crítica” (39,4%), “comunicação” 
(41,3%), “compreender diversidade de informações” (42,2%), “cooperação” (53,2%),  e 
“responsabilidade” (53,2%). Todas essas competências também foram avaliadas como sendo 
“muito importante” para o trabalho, indicando que existe convergência entre importância e 
utilização da competência. 
 A maioria das competências, ou seja, 20 competências foram apontadas como sendo 
“utilizadas”, tendo a frequência entre 31,2% e 45%. Ressalta-se que, tanto em termos do que 
foi considerado como “uso muito” quanto “uso”, o grau de consenso foi bem abaixo da 
frequência apresentada em relação ao grau de importância da competência. 
Voltando o olhar para a somatória das frequências em relação aos graus “médio uso”, 
“baixo uso” e “não uso”, observa-se que essa somatória, em algumas competências, como as 
descritas na Tabela 9, são maiores do que o grau de consenso apresentando no graus “uso” e 
96 
 
 
“uso muito”, separadamente, indicando que ainda existe uma parcela representativa de 
gestores que não colocam essas competências efetivamente em ação.  
 
Tabela 9 - Comparação da intensidade de uso a partir da somatória das frequências 
Competência Não uso 
Baixo uso 
Médio uso 
(%) 
Uso 
(%) 
Uso 
muito 
(%) 
Formular estratégias 36,7 34,9 28,4 
Criatividade 36,6 32,1 31,2 
Inovação 44,9 33,9 21,1 
Lidar com mudanças 44,1 37,6 18,3 
Tomada decisão 42,2 35,8 22 
Competência política 56 31,2 12,8 
Negociação 42,2 34,9 22,9 
Desenvolver capacidade 
substantivo/crítica 
41,3 35,8 22,9 
Desenvolver novos 
profissionais 
37,6 36,7 25,7 
Sustentabilidade 43,1 37,6 19,3 
Fonte: dados de pesquisa 
 
Apesar de a competência política ter a maior frequência quanto ao “uso”, é importante 
destacar que a somátória dos graus (56%) “médio uso”, “baixo uso” e “não uso” dessa 
competência é maior que os graus “uso” e “uso muito” juntos (44%), demonstrando que, na 
visão da maioria dos gestores, essa competência ainda não é entregue, ou seja, não é 
efetivamente utilizada na prática, não mostrando coerência com à importância da 
competência, uma vez que a mesma foi considerada, pela maioria dos entrevistados, como 
sendo “muito importante” para o trabalho. Para o contexto do serviço público, essa 
competência já é abordada por Keinert (1994), Virtanen (2000), Osório (2005) e Pereira 
(2010), o que confirma a sua importância e necessidade de utilização.  
De maneira geral, as evidências apontam para uma reflexão: o nível de projeção 
(importância) é maior do que as competências necessárias à execução (uso) da atividade, 
considerando essa ressalva de que o grau de concordância dos respondentes em relação à 
intensidade de uso não foi tão alto se comparado com aquele em relação à importância da 
competência para o trabalho. Ainda conclui-se que, em relação a todas às competências 
listadas, os índices de concordância que pervaleceram foram “uso muito” e “uso”, e que, 
conjuntamente, esses também são maiores que a somatória dos graus de “médio uso”, “baixo 
uso” e “não uso” (com execeção da competência política). Esse resultado permite estabelecer 
97 
 
 
um relacionamento positivo entre os indicadores “grau de importância” e “grau de utilização”, 
uma vez que as competências foram consideradas “muito importante” e “importante” para o 
contexto de trabalho e também foram “muito utilizadas” e “utilizadas” na prática pela maioria 
dos respondentes.  
O indicador intensidade de uso vem ao encontro dos pressupostos apontados por Le 
Boterf (2003) e Zarifian (2001), que defendem a importância de saber integrar, usar e 
mobilizar as competencias nas diversas situações de trabalho, ou seja, na capacidade efetiva 
de entrega (uso) dessa competência. Fleury e Fleury (2001), Ramos (2001), Dutra (2004) e 
Ruas (2005) reforçam a necessidade de integrar competência e ação, o que é fundamental para 
o exercício profissional. 
 
4.2.3 Domínio em Relação à Competência  
 
Para esse indicador, foram utilizados como referência Borges-Amdrade e Lima (1983) 
e Castro e Borges-Andrade (2004), que propõem um modelo (método) de avaliação das 
necessidades de treinamento. Para os autores, somente a identificação e ordenamento da 
importância da competência não é suficiente para verificar o que dever ser mais bem 
desenvolvido, pois, apesar de a competência ser considerada importante, essa já pode estar 
sendo desenvolvida de forma satisfatória pelo indivíduo. Sendo assim, torna-se importante 
verificar, também, o domínio do indivíduo, avaliando, assim, as duas variáveis. A seguir, é 
apresentada a fórmula de cálculo da Necessidade de Treinamento: 
 
IPT = Imp(4 – Dom) 
Em que: 
IPT = Índice de Prioridade de Treinamento 
Imp = Importância da competência num intervalo de 0 a 4 
Dom = Domínio da competência num intervalo de 0 a 4 
 
Desse modo, quanto maior o IPT encontrado, maior é a necessidade de capacitação. 
Conforme adotado por Teixeira (2006), também, neste trabalho, foi utilizada a fórmula, 
alterando-se o intervalo dos itens de avaliação em relação à importância e domínio de 0 a 4 
para 1 a 5. Desse modo, a fórmula foi utilizada conforme apresentada no trabalho de Teixeira 
(2006), uma vez que o intervalo da importância e do domínio da competência está entre 1 e 5. 
Os resultados estão disponíveis na Tabela 10. 
98 
 
 
 
IPT = Imp x (5 – ( Dom – 1)) 
Em que: 
IPT = Índice de Prioridade de Treinamento 
Imp = Importância da competência num intervalo de 1 a 5 
Dom = Domínio da competência num intervalo de 1 a 5 
 
Tabela 10 - Índice de Prioridade de Treinamento (IPT) 
Prioridade de 
Desenvolvimento 
Competência Mínimo Máximo Média Desvio-
Padrão 
n 
1º Competência política 2 25 11,65 4,79 109 
2º Resolver problemas 1 25 10,78 3,79 109 
3º Cidadania e democracia 4 20 10,70 3,67 109 
4º Visão estratégica 2 20 10,46 3,78 109 
5º Sustentabilidade 1 20 10,45 3,84 109 
6º Negociação 2 25 10,29 4,06 109 
7º 
Desenvolver e utilizar 
tecnologias administrativas 
2 20 10,29 3,89 109 
8º Tomada de decisão 1 20 10,29 4,06 109 
9º 
Desenvolver capacidade 
substantivo/crítica 
3 25 10,20 3,54 109 
10º Planejamento 2 20 10,17 3,45 109 
11º Inovação 1 20 10,15 3,85 109 
12º Criatividade 1 25 10,14 4,26 109 
13º Administrar conflitos 4 20 10,08 3,36 109 
14º 
Desenvolver capacidade 
técnica/instrumental 
3 25 9,94 3,82 109 
15º Formular estratégias 2 20 9,93 3,89 109 
16º Transpor CHAs 1 20 9,93 3,94 109 
17º Comunicação 3 20 9,89 3,74 109 
18º Lidar com mudanças 1 20 9,83 3,63 109 
19º Liderança 1 20 9,83 3,76 109 
20º 
Desenvolver novos 
profissionais 
1 20 9,69 4,24 109 
21º Identificar problemas 3 20 9,55 3,59 109 
22º Integrar CHAs 2 15 9,46 3,43 109 
23º Utilizar CHAs 2 15 9,39 3,43 109 
24º Visão crítica 2 20 9,34 3,87 109 
25º 
Compreender diversidade 
informações 
2 15 9,14 3,42 109 
 
(Continua) 
 
 
 
 
 
 
     
 
99 
 
 
(Conclusão) Tabela 10 - Índice de Prioridade de Treinamento (IPT) 
Prioridade de 
Desenvolvimento 
Competência Mínimo Máximo Média Desvio-
Padrão 
n 
26º Ouvir 4 20 8,81 3,85 109 
27º 
Cooperação (trabalho em 
equipe) 
4 16 8,67 3,41 109 
28º Responsabilidade 3 15 8,10 3,21 109 
29º Ética 4 16 8,10 3,19 109 
30º Comprometimento 4 20 7,17 3,22 109 
Fonte: Dados de pesquisa 
 
 
As médias do IPT poderiam variar entre 1 e 25, e, quanto maior for o índice, maior é a 
necessidade e prioridade para capacitação do servidor. O que se observa com os resultados 
dos dados é que, como o IPT para todas as competências ficou abaixo do ponto médio 12,5. 
Então, pode-se concluir que os respondentes consideram ter um bom domínio diante das 
competências que julgam serem importantes para o trabalho, porém ainda existe espaço para 
capacitação.  
O IPT referente à “competência política” (11,65) e com um desvio-padrão maior, já 
que apresentou respostas nos extremos, é o que aponta o maior índice de necessidade de 
capacitação. Acerca dessa competência, apesar de apresentar uma frequência de 31,2% para a 
opção “uso”, é importante destacar que a somátória dos graus “médio uso”, “baixo uso” e 
“não uso” dessa competência (56%) são maiores que os graus “uso e “uso muito” juntos 
(44%), confirmando que, na visão da maioria dos gestores, ainda existe uma dificuldade em 
colocar em prática tal competência. Contudo, essa competência é considerada pelos 
pesquisados como “muito importante”, requerendo um melhor desenvolvimento e preparo dos 
profissionais.  
Keinert (1994), Bresser Pereira (1996, 2001) e Osório (2005) já retratavam a 
existência da dicotomia entre administradror versus político, abordando a necessidade de se 
ter um profissional que integre as duas dimensões. Apesar dos debates em torno da questão e 
do desenvimento da história e da formação academica, ainda se observa que existe uma 
necessidade de capacitar e formar profissionais, voltando o olhar para a competência política.  
A competência “resolver problemas” (10,78) foi a segunda competência indicada 
pelos respondentes como a que mais necessitam de capacitação, e, também, como uma 
exigência cada vez maior dentro do ambiente de trabalho.  
100 
 
 
Apresentando um IPT com pouca diferença em relação a “resolver problemas”, tem-se em 
terceiro lugar a competência “cidadania e democracia” (10,70). Essa competência é 
fundamental dentro do serviço público, uma vez que a finalidade do governo é atender aos 
direitos e anseios do cidadão. Para Keinert (1994), a cidadania e democracia que compõem a 
habilidade pública é o que diferenciará o administrador público.  
Em quarto e quinto lugares, aparecem, respectivamente, as competências “visão 
estratégica” e “sustentabilidade” enquanto prioridade de treinamento. Apesar de os 
respondentes indicarem que essas cinco competências com maior IPT são “muito importante”, 
com um grau de concordância (percentual de frequência) representativo, a maioria foi 
avaliada como “uso” e não, como “uso muito”, com execeção da competência “visão 
estratégica”, que foi considerada como “uso muito” e que, apesar de já serem utilizadas no 
trabalho, as mesmas ainda carecem de treinamentos.   
Verifica-se que as competências com os menores IPT, “ouvir”, “cooperação”, 
“responsabilidade”, “ética” e “comprometimento”, são referentes às competências 
comportamentais e de valores. Essas competências apresentaram os maiores percentuais de 
frequência para o grau de importância, tendo sido consideradas “muito importante” para o 
trabalho e, ainda, essas foram avaliadas como “uso muito” na prática do trabalho. Assim, 
existe uma coerência entre o grau de importância, intensidade de uso e domínio para os 
respondentes acerca dessas competências.   
4.3 Análise Fatorial 
 
Apresentam-se, a seguir, os resultados gerados a partir da análise fatorial dos dados. 
Como o questionário é composto por três indicadores (“importância da competência”, 
“itensidade de uso da competência” e “domínio da competência”) avaliados a partir das 
mesmas variáveis (30 competências), procedeu-se à análise fatorial dos resultados do 
indicador “importância da competência para o contexto de trabalho”. Após a identificação dos 
fatores, apresenta-se a análise descritiva para os três indicadores.  
Optou-se por fazer a análise fatorial com os dados do indicador “importância da 
competência”, visto que esses resultados são fundamentais para atingir o objetivo geral da 
pesquisa, que consite em avaliar o nível de coerência dos projetos e ementas do curso de 
Administração Pública em relação à formação de competências necessárias (importantes) para 
o bom desempenho na prática profissional. 
101 
 
 
  De acordo com Hair Junior et al. (2005), a análise fatorial, que é uma técnica 
estatística multivariada, permite reduzir um número maior de variáveis, verificando suas 
combinações, para um conjunto menor de fatores. Para que seja possível proceder à análise 
fatorial, é necessário realizar alguns testes que mostram a viabilidade da técnica como, 
verificar a estatística Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), o teste de esfericidade de Bartlett e analisar 
a matriz anti-imagem. Conforme Hair Junior et al. (2009),  
De um ponto de vista estatístico, os desvios da normalidade, da 
homocedasticidade e da linearidade aplicam-se apenas porque eles 
diminuem as correlações observadas. Apenas a normalidade é necessária se 
um teste estatístico é aplicado para a significância de fatores, mas estes testes 
raramente são usados (HAIR JUNIOR et al., 2009, p.109).  
 
Entende-se que, para a aplicação da análise fatorial, a avaliação da estrutura das 
correlações é suficiente para mostrar as inadequações. 
Procedeu-se, assim, à análise da medida de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), que compara 
as correlações simples com as correlações parciais, para avaliar se os dados estão adequados 
para realizar a análise fatorial. Valores entre 0,5 e 1,0 indicam que a análise fatorial é 
apropriada, sendo o mínimo aceitável de 0,5.  
Realizou-se, também, o teste de esfericidade de Bartlett, que compara a matriz de 
dados com uma matriz identidade em que cada variável se correlaciona de forma perfeita com 
ela mesmo (r=1), não apresentando correlação com outras variáveis (r=0). Segundo Hair 
Junior et al. (2009), o teste indica se na matriz de correlações existem correlações 
significativas entre as variáveis. Já o teste de esfericidade de Bartlett (sign. < 0,05) demonstra 
que existem correlações suficientes para proceder à análise fatorial.  
 Ainda, realizou-se o teste com a matriz de correlação anti-imagem, em que a diagonal 
principal da matriz anti-imagem fornece os valores de medida de adequação da amostra 
(MAS), os quais devem apresentar valores acima de 0,5, inferindo-se que, quanto maior os 
valores, melhor a utilização da análise fatorial. 
 Conforme os dados apresentados na Tabela 11, nesta pesquisa, o KMO de 0,881 
demonstra um valor alto, uma adequação boa e bem próxima do índice que indica ser muito 
boa, isto é, os dados estão adequados para que seja feita a análise fatorial. O teste de 
esfericidade mostra um nível de significância em 0,000, significando que a hipótese nula de 
que não existe correlação entre os fatores foi rejeitada, confirmando, mais uma vez, a 
apropriação dos dados para a aplicação da análise fatorial. Analisando a diagonal da matriz de 
correlação anti-imagem, identificou-se que todas as correlações são superiores a 0,7, sendo, 
portanto, consideradas adequadas. 
102 
 
 
Tabela 11 - KMO e Teste de esfericidade de Bartlett 
Denominação Valor 
KMO 0,881 
Teste de esfericidade de 
Bartlett 
Aprox. Chi-square 2175,486 
df 435 
Sig. 0,000 
Fonte: Dados de pesquisa 
 
Em relação aos critérios para o número de fatores a extrair, verificou-se os dados por 
meio do critério de percentagem de variância e pelo critério do teste Scree. Hair Junior et al. 
(2005) apontam que o percentual de variância, considerando os fatores em conjunto, 
contribuem para decidir quanto ao número de fatores a ser mantido. De forma geral, a 
variância deve explicar um mínimo de 60% da variância total. Assim, foram identificados 6 
fatores que, em conjunto, explicam 67,626 (Tabela 12). Nesta pesquisa, o fator 1 explica a 
maior parte, com 41,816%, o que é considerado muito bom. 
 
Tabela 12 - Variância total explicada 
Componentes Total %Variância Acumulativo% 
1 12,545 41,816 41,816 
2 2,654 8,847 50,663 
3 1,549 5,162 55,825 
4 1,310 4,366 60,191 
5 1,214 4,045 64,237 
6 1,017 3,389 67,626 
Método de extração: Análise dos Componentes Principais 
Fonte: dados de pesquisa 
 
 
Para Hair Junior et al. (2009), o teste Scree identifica o número suficiente de fatores a 
ser extraído antes que a variância única comece a dominar. Por esse teste, percebe-se que 3 
fatores são suficientes para explicar a variabilidade das variáveis originais, conforme 
apresenta o Gráfico 1, pois, a partir do fator 4, pode-se perceber a ocorrência de repetição. 
Entretanto, decidiu-se trabalhar com 6 fatores gerados a partir do critério de percentagem de 
variância, pois esses explicam de forma mais completa e harmoniosa os grupos identificados. 
 
 
 
 
103 
 
 
Gráfico 1- Scree Plot 
 
Fonte: Dados de pesquisa 
 
Em seguida, procedeu-se à avaliação da matriz dos componentes com rotação 
varimax. Segundo Hair Junior et al. (2005), quanto maior o valor absoluto para as cargas de 
fator, mais importante ele se torna. Para pesquisas em administração, considera-se que: acima 
de 0,30 são aceitáveis; acima de 0,50, moderadamente importantes; e, acima de 0,70, muito 
importantes. 
Por meio da interpretação das cargas dos fatores apresentadas na Tabela 13, destacam-
se as cargas e correlações superiores a 0,30.  Verifica-se que as cargas selecionadas 
apresentaram um índice de consistência interna acima de 0,30, sendo a maioria delas acima de 
0,50, e com algumas cargas superiores a 0,70, permitindo, desse modo, que todas as variáveis 
fossem aproveitadas.  
Analisando as cargas, percebe-se que algumas variáveis apresentaram cargas 
significativas em dois fatores, apresentando uma diferença pequena entre elas. Hair Junior et 
al. (2005) aponta que, quando existem cargas semelhantes em mais de um fator, não significa 
que está incorreto, mas deve-se avaliar, cuidadosamente, para denominar os fatores. Sendo 
assim, para a denominação dos fatores desses casos, contou-se com a base teórica e verificou-
se a relação contextual entre variáveis, sendo os fatores C12 e C24 realocados. 
Número de Componentes
302928272625242322212019181716151413121110987654321
A
u
to
-V
al
or
12,5
10,0
7,5
5,0
2,5
0,0
Scree Plot
104 
 
 
Ainda segundo Hair Junior et al. (2005), por meio da comunalidade, é possível 
verificar o quanto da variância de cada variável pode ser explicada pela combinação dos 
fatores. Quanto maior a comunalidade, melhor a variável é explicada pela solução do fator.  
O valor mínimo aceitável para a comunalidade é 0,5. Nesta pesquisa, conforme mostra 
a Tabela 13, todas as variáveis apresentaram índice de comunalidade acima de 0,5.  
 
Tabela 13 - Matriz fatorial com rotação Varimax 
  
Componentes  
1 2 3 4 5 6 
Comuna 
lidades 
C01_I 0,678      0,555 
C02_I 0,690      0,589 
C03_I 0,761      0,662 
C04_I 0,601      0,612 
C05_I 0,617      0,724 
C06_I 0,679      0,741 
C07_I     0,621  0,794 
C08_I     0,600  0,699 
C09_I     0,702  0,723 
C10_I 0,528      0,596 
C11_I    0,601   0,715 
C12_I    0,469   0,723 
C13_I  0,482     0,624 
C14_I  0,534     0,638 
C15_I   0,680    0,601 
C16_I   0,782    0,758 
C17_I   0,524    0,643 
C18_I   0,663    0,579 
C19_I   0,690    0,662 
C20_I    0,608   0,736 
C21_I  0,573     0,616 
C22_I  0,726     0,688 
C23_I  0,678     0,613 
C24_I  0,500     0,689 
C25_I      0,834 0,782 
C26_I   0,474    0,658 
C27_I  0,553     0,601 
C28_I  0,722     0,756 
C29_I  0,775     0,727 
C30_I  0,661     0,783 
Alfa 
Cronbach 
0,874 0,913 0,819 0,817 0,791 - 0,950 
Método de extração: Análise de Componentes Principais 
Método de rotação: Varimax 
Fonte: Dados de pesquisa 
 
Para medir a confiabilidade dos dados, procedeu-se à avaliação do Alfa de Cronbach. 
Segundo Hair Junior et al. (2005), o limite mínimo para pesquisa exploratória é de 0,60, 
sendo considerado, ainda: 0,6 a < 0,7 (moderado); 0,7 a < 0,8 (boa); 0,8 a < 0,9 (muito boa); e 
105 
 
 
0,9 (excelente). O Alfa de Cronbach, que é a consistência interna da escala inteira, foi 0,950, 
assim, a associação das respostas pode ser considerada excelente. A seguir, serão 
apresentados os fatores, com as devidas variáveis, para os três indicadores. 
 
Fator 1: Gestão Estratégica 
O primeiro fator denominado como “Gestão Estratégica” (Tabela 14) foi composto de 
sete competências, apresentando consistência interna de 0,874 (Alfa de Cronbach), o que 
demonstra existir uma coerência muito boa entre as respostas. 
Tabela 14 - Gestão Estratégica 
Competências 
(Variáveis) 
Importância Itensidade de Uso Índice de Prioridade 
de Treinamento 
N 
Média Desvio 
Padrão 
Média Desvio 
Padrão 
Média 
IPT 
Desvio 
Padrão 
Visão Crítica 4,56 0,73 4,09 0,90 9,34 3,87 109 
Visão Estratégica 4,53 0,71 3,94 1,07 10,46 3,78 109 
Planejamento 4,49 0,79 3,91 1,08 10,17 3,45 109 
Formular Estratégias 4,43 0,83 3,79 1,01 9,93 3,89 109 
Criatividade 4,42 0,85 3,79 1,07 10,14 4,26 109 
Tomada de Decisão 4,30 0,87 3,58 1,09 10,29 4,06 109 
Inovação 4,28 0,89 3,56 1,05 10,15 3,85 109 
Fonte: dados de pesquisa 
 
Conforme já apresentado na análise da frequência, em relação à importância da 
competência, o resultado da média indica que todas as competências listadas na tabela 14 são 
consideradas “mais que importante” (média acima de 4) para o contexto de trabalho, 
demostrando que os respondentes foram coerentes com suas respostas, uma vez que o desvio-
padrão é baixo.  
Dentro desse fator, em relação ao indicador “importância da competência”, a maior 
média está na competência “visão crítica” (4,56), indicando que, para os respondentes, essa é 
uma competência muito necessária para o bom desenvolvimento do trabalho, convergindo 
com Denhardt (1999) e com a proposta das DCN do curso de Administração Pública. 
 Em seguida, tem-se com uma média de (4,53) para “visão estratégica”, competência 
apontada também por Keinert (1994) dentro da habilidade profissional para o administrador 
público e por Fleury e Fleury (2001). Contudo, todas as médias são elevadas, apresentando 
diferenças pequenas entre elas.  
Considerando o indicador “itensidade de uso”, as médias já são menores, e o desvio-
padrão maior, se comparado com o indicador “importância”, demostrando que a entrega 
acontece, mas não na mesma intensidade e consenso como no grau de importância. Observa-
106 
 
 
se, entretanto, que existe coerência entre as respostas do indicador “importância” e 
“intensidade de uso” para esse fator, uma vez que as maiores médias das competências em 
termos de “importância” também apresentaram as maiores médias para “intensidade de uso”, , 
sendo elas a “visão crítica” e “visão estratégica”.  
Para o indicador “domínio”, calculado a partir da fórmula do índice de prioridade de 
treinamento (IPT), que pode variar de (1 a 25), os dados demonstram que os pesquisados 
possuem um bom domínio em relação às competências, uma vez que todos os índices estão 
abaixo da média 12,5, porém com um desvio-padrão maior, o que indica uma maior variação 
entre as respostas. 
  O menor IPT, de 9,34, ou dizendo de outra forma, o maior domínio da competência 
na visão dos respodentes foi “visão crítica” que, por sua vez, também é a competência com 
maior média de “importância” e “intensidade de uso” para esse fator, mostrando coerência 
entre as respostas para os três indicadores. Contudo, o maior IPT está para “visão estratégica”. 
Apesar de ser “muito importante” e ainda ser “utilizada”, essa competência, dentro desse 
fator, ainda precisa ser mais bem desenvolvida no público de servidores que compõem a 
amostra.  
Então, para esse grupo, a “Gestão Estratégica” representa a necessidade dos 
profissionais apresentarem visão estratégica organizacional dentro da administração pública, 
na perspectiva da administração gerencial, conforme apontada por Bresser (1996) e Cardoso 
(2001). Planejar, traçar programas, projetos, planos, metas com uma visão crítica e de futuro 
voltada para a inovação, considerando, democraticamente, os anseios e as demandas da 
sociedade, são relevantes para o contexto de trabalho. Esse fator pode ser associado à 
habilidade profissional descrita por Keinert (1994), bem como com a competência 
profissional apontada por Virtanen (2000). 
 
Fator 2: Desenvolvimento e Formação do Profissional 
Esse fator denominado “Desenvolvimento e Formação do Profissional” apresentou o 
maior número de variáveis (10) e, também, o maior valor para o Alfa de Cronbach (0,913), o 
que indica uma excelente consistência entre as respostas (Tabela 15). A variável “desenvolver 
novos profissionais”(C24) apresentou carga fatorial maior para o fator 4; entretanto, devido a 
uma pequena diferença para a carga fatorial do fator 2, e levando em consideração a 
contextualização das variavéis com a denominação do fator, optou-se por inserir essa 
competência, nesse fator.  
 
107 
 
 
Tabela 15 - Desenvolvimento e Formação do Profissional 
Competências (Variáveis) Importância Intensidade de Uso Índice de Prioridade 
de Treinamento 
N 
Média Desvio 
Padrão 
Média Desvio 
Padrão 
Média 
IPT 
Desvio 
Padrão 
Responsabilidade 4,65 0,66 4,38 0,77 8,10 3,21 109 
Comunicação 4,54 0,67 4,12 0,89 9,89 3,74 109 
Integrar CHAs 4,44 0,77 4,06 0,90 9,46 3,43 109 
Cidadania e democracia 4,45 0,74 3,72 1,03 10,70 3,67 109 
Desenvolver novos 
profissionais 
4,45 0,84 3,64 1,15 9,69 4,24 109 
Desenvolver capacidade 
técnica/instrumental 
4,40 0,71 4,01 0,89 9,94 3,82 109 
Utilizar CHAs 4,39 0,79 3,89 0,91 9,39 3,43 109 
Desenvolver e utilizar 
tecnologias administrativas 
4,39 0,82 3,66 0,99 10,29 3,89 109 
Transpor CHAs 4,30 0,87 3,72 0,97 9,93 3,94 109 
Desenvolver capacidade 
substantivo/crítica 
4,26 0,76 3,69 1,01 10,20 3,54 109 
Fonte: dados de pesquisa 
 
As médias elevadas, mais uma vez, confirmam a importância significativa das 
competências para o cenário de trabalho dentro das especificidades do serviço público. As 
competências “responsabilidade” (4,65) e “comunicação” (4,54) apresentaram as maiores 
médias, apesar das pequenas diferenças entre todas as variáveis desse fator. O baixo índice de 
desvio-padrão confirma a consonância de opinião entre os pesquisados. Conclui-se, então, que 
são competências tidas como relevantes para o trabalho. 
A média da “intensidade de uso” apresentou-se menor em relação à “importância”, 
com algumas competências tendo médias entre “médio uso” (3) e “uso” (4), como, 
“desenvolver e utilizar tecnologias administrativas”, “desenvolver capacidade 
substantivo/crítica”, “desenvolver capacidade técnica/instrumental” “desenvolver novos 
profissionais”, “cidadania e democracia”, “utilizar CHAs”, “integrar CHAs” e “transpor 
CHAs”, e outras com maiores médias (acima de 4), como “responsabilidade” (4,38) e 
“comunicação” (4,12). O desvio-padrão foi baixo, mostrando coerência das respostas.   
A partir da possibilidade da variação do IPT entre (1 a 25), observa-se que a competência 
“cidadania e democracia” (10,70) foi a que apresentou maior IPT, ou seja, existe uma maior 
carência para desenvolver tal competência, o que é fundamental para a administração pública. 
Contudo, essa competência apresenta uma das maiores médias para a importância da 
competência no contexto de trabalho. O alto IPT da competência “cidadania e democracia” 
chama a atenção para a carência do gestor público em colocar em prática tal competência. 
Andion (2012) aponta que o movimento do Novo Serviço Público que enfatiza a “cidadania e 
democracia”, não requer apenas um bom desempenho técnico profissional, mas depende 
108 
 
 
também da participação dos cidadãos na tomada de decisões. Esse envolvimendo dos 
cidadãos na política pública, ou seja, a parceria gestor público e sociedade ainda é um desafio.   
Desse modo, percebe-se a relevância de tal competência para o serviço público, requerendo 
um olhar para o desenvolvimento da mesma.  
Outras competências, como “desenvolver e utilizar tecnologias administrativas”, 
“desenvolver a capacidade substantivo-crítica” e “desenvolver a capacidade 
técnica/instrumental” apresentam um IPT maior em relação às outras variáveis desse fator, 
demonstrando a prioridade de treinamento. Vale lembrar que, na análise da frequência, a 
única competência que não foi avaliada pela maioria como “muito importante” foi 
“desenvolver a capacidade substantivo-crítica”, demonstrada, aqui, também, pela menor 
média em relação à importância.  
Para os respondentes, entre as competências “utilizar CHAs”, “integrar CHAs” e 
“transpor CHAs”, o IPT maior está em transpor os CHAs (9,93), ou seja, ir além da 
reprodução dos saberes. Nesse sentindo, a academia precisa voltar o olhar para o 
desenvolvimento dessa competência.  Ainda, com o menor índice de prioridade de 
treinamento, aparece a “responsabilidade”. Contudo, para esse fator, todos os IPT ficaram 
abaixo da média 12,5, caracterizando um bom domínio. 
As competências desse fator representam a capacidade de o indíviduo utilizar os 
CHAs no contexto de trabalho, integrar diversos CHAs diante do contexto situacional e 
transpor, indo além da reprodução dos saberes, sendo capaz de desenvolver e utilizar novas 
tecnologias administrativas de modo a promover melhorias e gerar eficácia e eficiência no 
serviço público. A importância de superar a utilização e reprodução dos saberes em direção a 
uma abordagem mais integrada é apontada por Zarifian (2001), Fleury e Fleury (2001) e Le 
Boterf (2003), bem como a habilidadade de ter a capacidade técnica para desenvolver novas 
tecnologias administrativas é apontada por Keinert (1994). 
Dentro desse fator, ainda é notável as competências voltadas para o desenvolvimento 
do profissional, como a preocupação, tanto em relação à capacidade técnica/intrumental e à 
capcidade substantivo-crítica já referenciadas por Fischer (1984), bem como a importância da 
transmissão de saberes para formar novos profissionais. Concluindo, ainda destaca-se a 
responsabilidade e a preocupação em atender aos anseios da sociedade, oferecer bons serviços 
e contribuir para que cada cidadão goze de seus direitos perante os deveres do governo. A 
cidadania e democrocia é uma competência fundamental dentro do serviço público, uma vez 
que esse tem compromissos com a socidade. Essa competência é bastante indicada para o 
administrador público, como pode ser observada em Keinert (1994), Denhardt (1999) e na 
109 
 
 
proposta das DCN. Assim, esse fator representa a capacidade de utilizar, na prespectiva de 
transpor os CHAs, e ainda a capacidade de se desenvolver, profissionalmente, para gerar 
melhores resultados. 
De maneira geral, esse grupo enfatiza competências que proporcionam e valorizam o 
desenvolvimento e formação do profissional, com a finalidade de gerar um melhor 
desempenho na atividade de trabalho. Sendo assim, esse fator apresenta o desenvolvimento de 
competências instrumentais e substantivas, como o utilizar, integrar e transpor CHAs, levando 
em consideração a cidadania e democracia, bem como a responsabilidade, que são 
competências relevantes dentro do contexto do serviço público. Nesse grupo, é ressaltada 
tanto a importância do próprio desenvolvimento (indíviduo) quanto a formação de novos 
profissionais, ou seja, coolaboração no desenvolvimento de outros talentos.  
 
Fator 3: Gestão Comportamental 
Com seis variáveis e denominado como “Gestão Comportamental” (Tabela 16), esse 
fator apresentou uma confiabilidade muito boa de 0,819 (Alfa de Cronbach). 
Tabela 16 - Gestão Comportamental 
Competências 
(Variáveis) 
Importância Intensidade de 
Uso 
Índice Prioridade de 
Treinamento 
N 
Média Desvio 
Padrão 
Média Desvio 
Padrão 
Média 
IPT 
Desvio 
Padrão 
Comprometimento 4,86 0,40 4,70 0,54 7,17 3,22 109 
Ouvir 4,80 0,51 4,39 0,81 8,81 3,85 109 
Cooperação (trabalho 
em equipe) 
4,69 0,57 4,35 0,82 8,67 3,41 109 
Compreender 
diversidade 
informações 
4,61 0,65 4,16 0,89 9,14 3,42 109 
Administrar conflitos 4,51 0,66 3,80 0,95 10,08 3,36 109 
Sustentabilidade 4,24 0,89 3,57 1,03 10,45 3,84 109 
Fonte: dados de pesquisa 
 
Analisando as médias para esse fator, em termos de importância, pode-se concluir que 
as competências são consideradas essenciais para o desenvolvimento do trabalho, uma vez 
que todas as médias ficaram acima de 4. Nesse caso, como já apresentado nos fatores 
anteriores, a diferença entre as médias é pequena, e o desvio-padrão também é baixo, 
mostrando coerência nas respostas. Destacam-se as competências “comprometimento”, 
“ouvir” e “cooperação” com as maiores médias. 
Para o indicador “intensidade de uso”, as competências relacionadas ao 
comportamento “comprometimento”, “ouvir” e “cooperação” apresentam médias maiores 
110 
 
 
(acima de 4 –muito usadas), convergindo com as maiores médias do grau de importância. Já 
competências como “administrar conflitos” e “sustentabilidade” apresentam médias menores 
(abaixo de 4), porém ainda são competências postas em ação, na prática.  
Em relação ao IPT (1 a 25), têm-se como prioridade de capacitação as competências 
“administrar conflitos” (10,08) e “sustentabilidade” (10,45), sendo paras essas competências 
também foram menores as médias de “intensidade de uso” em relação às outras variáveis do 
fator. Já as competências mais comportamentais demostram um IPT menor, ou seja, um 
domínio maior dos respondentes, sendo bastante utilizadas no trabalho. 
A “Gestão Comportamental” envolve a atitude do profissional em relação a sua 
cooperação em compartilhar CHAs, a capacidade de ouvir o outro, o comprometimento com 
as tarefas, o administrar conflitos, visando promover o entendimento recíproco, a cooperação 
e a responsabilidade perante as questões sociais, ambientais e econômicas.  
Essas competências podem ser encontradas dentro dos trabalhos de Keinert (1994), 
Cheetham e Chiver (1996, 1998), Denhardt (1999), Zarifian (2001), Fleury e Fleury (2001), e 
Pereira (2010).  
 
Fator 4: Processos de Mediação e Negociação 
A variável “desenvolver novos profissionais” desse fator foi deslocada para o fator 2, 
conforme descrito anteriormente. A variável “negociação”(C12) apresentou carga fatorial 
maior para o fator número 1. Contudo, verificando a adequação com o restante das variáveis, 
optou-se por inserir essa competência dentro do fator 4. Apresentando o Alfa de Cronbach de 
0,817, também considerado muito bom, esse fator foi denominado como “Processos de 
Mediação e Negociação”, sendo composto de 3 variavéis (competências) (Tabela 17). 
 
Tabela 17 - Processos de Mediação e Negociação 
Competência 
(Variáveis) 
Importância Intensida de Uso Índice Prioridade de 
Treinamento 
N 
Média Desvio 
Padrão 
Média Desvio 
Padrão 
Média 
IPT 
Desvio 
Padrão 
Liderança 4,47 0,78 3,82 1,09 9,83 3,76 109 
Negociação 4,35 0,92 3,59 1,12 10,29 4,06 109 
Competência política 4,24 1,02 3,17 1,17 11,65 4,79 109 
Fonte: dados de pesquisa 
 
Esse fator traz competências fundamentais para as especificidades do setor público, 
como “competência política”, “liderança” e “negociação”, pois essas competências são postas 
a serviço da sociedade à medida que, por meio delas, o servidor é capaz de ter articulação 
111 
 
 
política, administrando os interesses da sociedade, além de capacidade para se posicionar e 
liderar, visando aos objetivos de interesse comum, de modo a promover a cidadania e a 
democrocia. 
Como todas as outras competências, essas também possuem médias altas para o 
indicador “importância”, tendendo em direção ao máximo, que é 5, e com um pequeno 
desvio-padrão, o que reafirma a importância delas no ambiente de trabalho, conforme já 
apresentado na análise das frequências. A “competência política” é apontada por Paiva e Melo 
(2008) e, dentro da perspectiva da administração pública, por Keinert (1994), Osório (2005), 
Virtanen (2000), e ainda aparece na pesquisa de Pereira (2010). A “liderança” e “negociação” 
também são apontadas por Keinert (1994), Denhardt (1999), Awortwi (2010) e Osório (2005).  
Apesar de apresentar uma alta média para importância, em relação ao indicador 
“itensidade de uso”, verifica-se que as médias estão entre 3,5 e 4, indicando a direção de 
“uso”. Já para a “competência política”, a média da “itensidade de uso” ficou próxima de 3, 
sugerindo um “médio uso”. Assim, existe uma dificuldade maior em colocar essa 
competência na prática. O IPT também indica índices mais elevados, ou seja, existe uma 
necessidade de maior treinamento/capacitação para melhorar o domínio em relação às 
competências “competência política” (11,65) e “negociação” (10,29). O desvio-padrão da 
“competência política” foi o maior se comparada com as outras variáveis desse e dos outros 
fatores. 
 
Fator 5: Lidar com Problemas e Mudanças 
Com um Alfa de Cronbach (0,791) menor se comparado com os outros fatores já 
apresentados, ainda verifica-se a existência de uma boa coerência entre as respostas. Esse 
fator, denominado de “Lidar com Problemas e Mudanças”, é composto por três competências 
(Tabela 18). 
Esse fator  (Tabela 18) traz competências essenciais diante de um contexto de 
mudanças cada vez mais rápidas, em que o profissional precisa identificar e resolver os 
problemas lidando com as mudanças descontínuas do ambiente. Zarifian (2001) já fazia 
referência à importância do evento, ou seja, capacidade para resolver os problemas que 
ocorrem de forma parcialmente imprevista e inesperada na realização do trabalho. São 
competências destacadas por Keinert (1994), Cheetham e Chivers (1996, 1998), Denhardt 
(1999), Noordegraaf (2000), bem como aquelas propostas nas DCN. 
 
112 
 
 
Tabela 18 - Lidar com Problemas e Mudanças 
Competências 
(Variáveis) 
Importância Intensidade de Uso Índice Prioridade 
de Treinamento 
N 
Média Desvio 
Padrão 
Média Desvio 
Padrão 
Média 
IPT 
Desvio 
Padrão 
Identificar problemas 4,59 0,67 3,99 0,87 9,55 3,59 109 
Resolver problemas 4,56 0,74 3,82 0,96 10,78 3,79 109 
Lidar com mudanças 4,16 0,92 3,58 1,00 9,83 3,63 109 
Fonte: dados de pesquisa 
 
Essas competências são avaliadas com uma média alta e desvio-padrão baixo em 
relação ao indicador “importância”, existindo concordância entre os respondentes de que 
essas competências são fundamentais para o bom desempenho profissional.  
No que se refere ao indicador “intensidade de uso”, as médias que prevaleceram estão 
perto de 4, indicando que as mesmas são “utilizadas” no ambiente de trabalho. Como no grau 
de importância, nesse indicador, a diferença entre as médias das variáveis são pequenas. 
Constata-se, afinal, que o maior IPT nesse fator, melhor dizendo, maior necessidade de 
treinamento, refere-se à competência “resolver problemas”. 
 
Fator 6: Ética 
Para o fator denominado de “Ética”, não foi calculado o Alfa de Cronbach, pois isso 
não foi necessário, uma vez que o mesmo apresenta apenas uma variável (Tabela 19). 
  
Tabela 19 - Ética 
Competências 
(Variáveis) 
Importância Intensidade de Uso Índice Prioridade 
de Treinamento 
N 
Média Desvio 
Padrão 
Média Desvio 
Padrão 
Média 
IPT 
Desvio 
Padrão 
Ética 4,89 0,43 4,66 0,60 8,10 3,19 109 
Fonte: dados de pesquisa 
 
Esse fator apresentou somente uma variável com carga fatorial alta. Contudo, é uma 
competência muito relevante e essencial para o profissional que atua na administração 
pública. Tal competência é abordada por Keinert (1994), Cheetham e Chiver (1996,1998), 
Denhardt (1999), Virtanen (2000), bem como nas propostas das DCN. 
Essa variável indica a importância de se ter uma conduta moral e que atenda ao bem 
comum, agindo de acordo com os princípios da administração pública, respeitando as leis, 
normas e códigos de conduta profissional. Ela é considerada relevante na visão dos 
respondentes para o contexto de trabalho, apresentando uma média bastante elevada, próxima 
113 
 
 
de 5, e com um desvio-padrão baixo. Para a “intensidade de uso”, a média também é alta, 
sendo a necessidade de capacitação baixa, uma vez que o IPT é de 8,10, mostrando sintonia 
entre importância, uso e domínio. A competência “ética” é valorizada para o contexto de 
trabalho, contudo o baixo IPT para essa competência traz o questionamento se isso seria 
mesmo o reflexo do contexto brasileiro, ou seja, se os gestores públicos, de maneira geral, 
estão agindo de acordo com os princípios da administração pública sem grandes necessidades 
de mudanças. 
 
 
Considerações sobre a Análise Fatorial 
 
De modo geral, a partir da análise fatorial, formaram-se seis grupos, os quais foram 
denominados de: Gestão Estratégica; Desenvolvimento e Formação do Profissional; Gestão 
Comportamental; Processos de Mediação e Negociação; Lidar com Problemas e Mudanças; e; 
por fim, Ética. O Alfa de Cronbach para todos os fatores foram significativos, demostrando 
considerável associação das respostas. 
Ainda, constata-se que o fator 1 “Gestão Estratégica” é o que apresenta a maior 
percentual de variância (41,816%), sendo o grupo que mais explica as competências do 
Gestor Público. Com a predominância desse fator, levanta-se a reflexão de que as 
competências técnicas/instrumentais ainda prevalecem frente às competências de valor, como 
“cidadania e democracia, ética, responsabilidade”, entre outras. 
 Com isso, pode-se questionar até que ponto algumas barreiras em relação à dicotomia 
técnico-política têm sido rompidas em direção a um profissional mais crítico e integrador de 
competências. Isso confirma o pensamento de Andion (2012), que ressalta já ser possível 
pensar além, mas que ainda existe um predomino da concepção funcionalista (objetiva) no 
campo da administração pública brasileira que distancia as questões subjetivas e críticas da 
política.  
No que se refere aos indicadores, a média da “importância da competência” para todos 
os fatores ficou acima de 4 (importante), e, para a “intensidade de uso”, todas as médias 
ficaram acima de 3(médio uso), ficando algumas ainda acima de 4(uso); já em relação ao 
“domínio”, para todos os fatores, o IPT prevaleceu abaixo da média 12,5. 
 
 
 
114 
 
 
4.4 Análise dos Projetos Pedagógicos e Ementas 
 
Foram analisados os projetos pedagógicos dos três cursos de graduação em 
Administração Pública da FGV, EG/FJP e UDESC que obtiveram nota cinco no Enade e 144 
ementas de disciplinas com seus objetivos gerais/específicos quando constantes nas ementas. 
Para que a análise fosse feita, primeiramente, definiu-se uma matriz de codificação com 
algumas palavras-chave correspondentes a cada competência descrita no questionário, com a 
finalidade de utilizar essas palavras para uma primeira busca dentro dos projetos pedagógicos 
e ementas. No Quadro 9, apresentam-se as competências do questionário com as respectivas 
palavras-chave. 
 
Quadro 9 – Palavras-chave definidas para a análise de conteúdo a partir das competências 
listadas no questionário 
 Competências Palavras-Chave 
1 Ter capacidade para planejar, implementar, monitorar e avaliar políticas, 
programas, planos e projetos públicos, sempre comprometido com a 
manutenção e respeito às regras e valores democráticos. 
planejar, projetar, 
planejamento 
2 Ter visão estratégica, considerando a especificidade do serviço público, 
vinculando-se às leis, políticas, programas e projetos da instituição pública. 
visão estratégica, estratégica 
3 Formular estratégias, definir metas e ações na sua área de atuação, mesmo 
quando os recursos são escassos para o serviço público, considerando 
democraticamente os anseios e as demandas da sociedade. 
Formular, formulação, 
elaboração, estabelecer, 
definir, estratégia, metas, 
ações 
4 Ter visão crítica sendo capaz de avaliar os projetos e atividades de trabalho 
com a finalidade de promover melhorias. 
visão crítica, criticamente, 
crítico 
5 Ter criatividade para gerar novas ideias, indo além do saber fazer, 
contribuindo para propor melhorias no processo de trabalho e na resolução 
de problemas. 
criatividade, criar, criativo, 
novas ideias 
6 Inovar, colocando em ação as ideias novas que podem contribuir para 
melhorar a qualidade da gestão bem como a satisfação da comunidade. 
inovar, inovação, inovadora 
7 Identificar problemas que impedem o pleno desenvolvimento do trabalho. identificar, reconhecer, 
diagnosticar, problemas 
8 Identificar e compreender as alternativas de soluções para resolver os 
problemas e crises.   
solucionar, resolver, solução, 
problemas 
9 Lidar com mudanças descontínuas no ambiente de trabalho. lidar, adaptar, adaptação 
10 Tomar decisões, em diferentes graus de complexidade, levando em 
consideração todas as alternativas e recursos disponíveis no contexto de 
trabalho. 
tomar decisões, decidir, 
decisão   
11 Ter competência política, para administrar as relações de poder dentro do 
contexto de trabalho intra e interinstitucionais atendendo aos interesses da 
sociedade. 
vontade política, negociação 
política, articular, articulação, 
tomar decisões políticas 
12 Negociar, argumentar sendo capaz de se posicionar visando alcançar os 
resultados que atendam o interesse da sociedade. 
negociar, negociação,  
posicionar, argumentar 
13 Comunicar de forma compreensível, para construir um entendimento 
recíproco, compartilhado e socializado dos saberes e informações no 
ambiente de trabalho bem como com a sociedade. 
comunicar, comunicação, 
expressar 
14 Ter habilidade para desenvolver e utilizar tecnologias administrativas de 
modo a gerar eficácia e eficiência no serviço público. 
 desenvolver tecnologias 
administrativas 
(Continua) 
115 
 
 
(Conclusão) - Quadro 9 – Palavras-chave definidas para a análise de conteúdo a partir das 
competências listadas no questionário 
 Competências Palavras-Chave 
15 Saber cooperar no ambiente de trabalho com conhecimentos, habilidade e 
atitudes. 
cooperar, cooperação, 
compartilhar, trabalhar em 
equipe, trabalho em equipe 
16 Saber compreender e tratar a diversidade de informações disponíveis no 
ambiente de trabalho, respeitando o princípio da transparência. 
tratar, compreender 
17 Saber ouvir com respeito tanto os indivíduos que compõem a equipe de 
trabalho do órgão público como os cidadãos que buscam pelos serviços 
prestados. 
ouvir, escutar 
18 Ter comprometimento no dia-a-dia do trabalho. comprometer, 
comprometimento 
19 Administrar conflitos resolvendo-os de modo a chegar ao entendimento 
recíproco. 
administrar conflitos, 
gerenciar conflitos, conflitos 
20 Ter liderança para gerenciar pessoas e recursos de modo a favorecer o bem 
comum.  
liderar, liderança 
21 Assumir responsabilidade com o trabalho de sua competência respondendo 
por suas iniciativas. 
responsabilidade 
22 Buscar o desenvolvimento da capacidade técnica/instrumental. autodesenvolvimento, 
capacitação, formação, 
atualizar, aprender 
23 Buscar o desenvolvimento da capacidade substantiva, reflexiva, crítica. autodesenvolvimento, 
capacitação, formação, 
atualizar, aprender 
24 Desenvolver novos profissionais, repassando conhecimentos, informações, 
atividades e gerando oportunidades de aprendizagem. 
ensinar, treinar, capacitar, 
repassar 
25 Agir de acordo com os princípios da administração pública, respeitando as 
leis, normas, códigos de conduta profissional. 
princípios, ética, ético 
26 Conduzir os trabalhos de forma a atender, ao mesmo tempo, as dimensões 
econômicas, sociais e ambientais da sustentabilidade. 
sustentabilidade, sustentável, 
responsabilidade 
socioambiental 
27 Promover a cidadania proporcionando à comunidade gozar dos seus 
direitos com serviços de qualidade. 
cidadania, democracia, 
interesse público, 
democratização 
28 Utilizar os conhecimentos (teórico e técnico) e habilidades adquiridos na 
educação formal nas diversas situações de trabalho. 
utilizar, usar, transferir, 
dominar, aplicar, prática 
29 Integrar diferentes conhecimentos (teórico e técnico) adquiridos 
possibilitando compreender e agir no contexto de trabalho. 
integrar, unir, associar, 
associação, relacionar, 
conexões 
30 Transpor os conhecimentos e habilidades adquiridos, indo além da 
reprodução dos saberes e procedimentos. 
transpor, transposição, 
transformar, reprodução, 
reproduzindo  
Fonte: elaboração própria 
 
 Os conceitos utilizados na definição de competências são do trabalho de Keinert 
(1994) e de outros autores apontados no referencial teórico, bem como das propostas das 
DCN para o curso de Administração Pública. As palavras-chave são uma inferência da autora 
para facilitar o processo de investigação nos projetos pedagógicos e ementas. 
 
 
116 
 
 
4.4.1 Análise: Projetos Pedagógicos 
 
Para a análise dos projetos pedagógicos, procedeu-se à leitura desses, identificando os 
trechos que abordavam o perfil do egresso e a formação de competências. As partes dos 
projetos que tratavam diretamente do perfil e da formação de competências foram inseridas na 
coluna B do Software Excel. Em seguida, identificaram-se as competências, por meio do 
“localizador” do Software. A palavra-chave era encontrada, procedendo-se a uma leitura 
imediata da sua localização para certificar se a referida palavra encontrada estava dentro do 
contexto da competência. Na coluna A, foram inseridos os nomes das competências, e, ainda, 
os trechos dos projetos eram destacados com cores para cada competência. Quando havia 
mais de uma competência para o mesmo trecho, a metodologia era repetida. 
Depois da identificação por meio das palavras-chave, ainda realizou-se uma leitura dos 
trechos selecionados dos projetos pedagógicos, com o objetivo de localizar competências a 
partir do contexto, sem, necessariamente, constar alguma palavra-chave. 
 Após essa primeira triagem das competências por instituição, criou-se uma planilha 
com os nomes das competências na coluna A e com o nome de cada instituição nas colunas B, 
C e D (3 instituições). Assim, coloriu-se a célula referente a cada instituição que apresentava 
tal competência no projeto pedagógico. Desse modo, foi possível verificar as competências 
comuns na maioria dos projetos pedagógicos, sendo considerados, desse modo, relevantes no 
processo de formação do aluno, conforme apresentado no Quadro 10. Destaca-se, mais uma 
vez, que a referência de quais competências seriam procuradas nos projetos pedagógicos 
vieram a partir das competências listadas para o levantamento com base no referencial 
teórico. 
Quadro 10 - Competências que aparecem nos projetos pedagógicos de cada instituição 
Competências Instituição 1 Instituição 2 Instituição 3 
Cidadania e Democracia       
Criatividade       
Formular estratégias       
Inovação        
Integrar CHAS       
Planejamento       
Transpor CHAS       
Utilizar CHAs       
Visão Crítica       
Visão Estratégica       
(Continua) 
117 
 
 
(Conclusão) Quadro 10 - Competências que aparecem nos projetos pedagógicos de cada 
instituição 
Competências Instituição 1 Instituição 2 Instituição 3 
Competência Política       
Compreender diversidade informações       
Comunicação       
Cooperação (trabalho em equipe)       
Desenvolver capacidade substantivo-crítica       
Desenvolver capacidade técnica/ instrumental       
Ética       
Identificar problemas       
Lidar com mudanças       
Negociação       
Resolver problemas       
Sustentabilidade       
Tomada de decisão       
Comprometimento       
Desenvolver e utilizar tecnologias administrativas       
Liderança       
Responsabilidade        
Administrar conflitos       
Desenvolver novos profissionais       
Ouvir       
Fonte: dados de pesquisa 
 
São competências apontadas nos três projetos pedagógicos: “utilizar CHAs”, “integrar 
CHAs”, “transpor CHAs”, “visão estratégica”, “visão crítica”, “planejamento”, “formular 
estratégias”, “cidadania e democracia”, “inovação e criatividade”.  
Le Boterf (2003) e Zarifian (2001) já apresentavam a importância de ir além ao utilizar 
o conhecimento, apontando para a necessidade de combinar e transpor CHAs diante da 
dinâmica e complexidade do ambiente de trabalho, o que também é enfatizado por Perrenoud 
(1999) na sua proposta de educação. Essas competências, “utilizar, integrar e transpor CHAs”, 
são amplamente enfatizadas nos projetos pedagógicos analisados, o que confirma a existência 
de propostas por parte da academia para ir além da transmissão dos saberes. 
As outras competências, também comuns nos três projetos pedagógicos, mostram-se 
coerentes com o referencial teórico. Destaca-se, ainda, a competência “cidadania e 
democracia”, que confere um caráter específico ao curso de Administração Pública, 
diferenciando-o do curso de administração e suas diversas ênfases. A valorização de tal 
118 
 
 
competência foi salientada por Fischer (1984), Keinert (1994), Denhardt (1999), Kettl (2001) 
e Virtanen (2000), confirmando ser uma preocupação evidente das três instituições analisadas. 
Ainda são mencionados em dois projetos, ou seja, nesse caso, traduzindo a maioria dos 
projetos, as competências: “comunicação”, “competência política”, “tomada de decisão”, 
“sustentabilidade”, “negociação”, “identificar problemas”, “resolver problemas”, “ética”, 
“cooperação”, “lidar com as mudanças”, “compreender a diversidade de informação” e 
“desenvolver a capacidade substantivo-crítica e a capacidade técnica/instrumental”.  
O fato de essas competências não estarem presentes nos três projetos pedagógicos 
pode ser entendido ao passo que um dos projetos pedagógicos apresentou-se de forma mais 
sucinta e menos detalhado em relação aos outros dois. Contudo, algumas competências não 
identificadas diretamente nos projetos pedagógicos foram localizadas nas ementas, conforme 
será descrito posteriormente. 
As competências “ouvir”, “administrar conflitos” e “desenvolvimento de novos 
profissionais” não foram identificadas nos projetos pedagógicos. Entretanto, a competência 
“administrar conflitos” foi identificada nas ementas; já as competências “ouvir, administrar e 
desenvolver novos profissionais” não foram localizadas, nem nos projetos pedagógicos e nem 
nas ementas. Isso pode estar relacionado ao fato de essas competências estarem intimamente 
relacionadas com o dia a dia do trabalho. 
De modo geral, verifica-se que nos projetos pedagógicos pesquisados existe uma 
preocupação clara com a formação de competência e com o processo de ensino-
aprendizagem, uma vez que esses aspectos são tratados pelos mesmos, atendendo à Resolução 
Nº 4, de 13 de julho de 2005, que institui as DCN para o Curso de Administração e que, 
também, atendem às propostas das DCN para o curso de Administração Pública.  
Contudo, não foi possível, a partir das evidências, verificar atividades que realmente 
renovassem, frente ao modelo burocrático de currículo. Os projetos pedagógicos até chamam 
a atenção para a interdisciplinaridade e apresentam algumas propostas, como oficinas e ações 
que fomentam a interação entre as disciplinas do curso, e até mesmo a oferta de disciplinas de 
outras instituições. Verifica-se que esses projetos pedagógicos atendem às normas 
estabelecidas pelas DCN ao apontarem a relevância e necessidade de desenvolvimento de 
competências, mas não vão além, pois não apresentam em seus projetos efetivas ações 
desenvolvidas pelas instituições para que a quebra de um modelo tradicional aconteça em 
busca do desenvolvimento de competência.  
 
119 
 
 
4.4.2 Análise: Ementas  
 
No caso da análise das ementas, os nomes das disciplinas foram dispostos no Software 
Excel na coluna A, e as ementas com objetivos gerais e específicos de cada disciplina, na 
coluna B. Utilizando a ferramenta “localizar” do Software Excel, as palavras-chave eram 
identificadas, sendo realizada uma leitura imediata a sua localização para verificar se essa 
palavra encontrada estava dentro do contexto da competência. Foi necessário fazer essa leitura 
após a identificação da palavra, pois, em algumas vezes, as palavras eram encontradas, mas 
não se referiam às competências procuradas. Ainda, ressalta-se que, por existirem as mesmas 
palavras-chave para as competências 25 e 26 apresentadas, a análise, nesse caso, foi feita com 
maior rigor.  
Quando era encontrada a competência, inseria-se o nome chave da competência na 
frente do nome da disciplina – coluna A, e, ainda, identificava-se com uma cor a célula 
contendo a competência localizada – primeiramente, na coluna B. Quando eram identificadas 
mais de uma competência por disciplina, repetia-se o processo, acrescentando o nome da 
competência na coluna da disciplina e marcando, com cor diferente, a próxima célula e, 
assim, sucessivamente. 
 Ainda, após essa primeira verificação, realizou-se uma leitura das ementas de cada 
disciplina com a finalidade de identificar competências a partir do contexto proposto nas 
ementas/objetivos sem, necessariamente, apresentar alguma palavra-chave. 
Em outra planilha do Software Excel, foram inseridas as competências-chave descritas 
no questionário, dentro da coluna A, listando-se na coluna B todas as disciplinas que 
apresentavam cada competência. Esse procedimento foi realizado a partir da conclusão da 
primeira fase da análise, uma vez que uma mesma ementa pode apresentar a formação de 
mais de uma competência. A partir da distribuição do nome da disciplina por competência, foi 
possível verificar as competências mais frequentes. Ainda, em outra planilha, foi 
contabilizado o número de competências por disciplinas. 
Na média, em cada ementa analisada foi identificada uma competência. A ementa que 
apontou o maior número de competências a ser formada foi “Políticas Públicas”, com cinco 
competências. Propondo formar quatro competências, identificaram-se cinco ementas.  Foram 
analisadas 144 ementas, e, dessas, em 37 ementas, ou seja, 25,69% em relação ao total, não 
foram localizadas formação de competências, indicando que a maioria das ementas (74,31%) 
aponta a formação de competências. Contudo, faz-se uma ressalva de que uma mesma 
disciplina, em duas instituições diferentes, não necessariamente apresentavam as mesmas 
120 
 
 
competências, uma vez que a análise foi feita a partir das ementas e objetivos 
gerais/específicos de cada instituição. 
Para apresentar um panorama geral das competências mais evidentes para a formação 
do egresso, foram identificadas as competências mais frequentes, por meio da soma do 
número de ementas por competência das três instituições juntas. As competências mais 
evidentes nas três instituições estão representadas no Gráfico 2, a seguir. 
 
Gráfico 2- Quantidade de ementas por competência 
 
 Fonte: dados de pesquisa 
 
As competências comuns nos três projetos pedagógicos vão ao encontro das 
competências que aparecem com maior frequência nas ementas, sendo elas: “utilizar CHAs” 
1 
2 
3 
3 
3 
3 
3 
3 
4 
4 
4 
4 
4 
5 
5 
6 
7 
9 
12 
15 
15 
21 
23 
32 
0 5 10 15 20 25 30 35 
Lidar c/mudanças 
Criatividade 
Cooperar (trabalho em equipe) 
Liderança 
Negociação 
Resolver problemas 
Responsabilidade no trabalho 
Transpor CHAS 
Administrar conflitos 
Desenv. Tecnologias adm 
Ética 
Identificar problemas 
Integrar CHAS 
Inovação  
Sustentabilidade 
Comp. Política 
Tomada de decisão 
Formular estratégias 
Comunicação 
Cidadania e Democracia 
Planejamento 
Visão Crítica 
Visão Estratégica 
Utilizar CHAs 
Quantidade de Ementas 
Competências 
121 
 
 
(22,22%); “visão estratégica” (15,97%); “visão crítica” (14,58%); e, por último, 
“planejamento” e “cidadania e democracia”, com o mesmo percentual de frequência 
(10,42%). 
Com uma frequência ainda significativa, têm-se as competências “comunicação”, que 
representa 8,33% em relação ao total das ementas, e a competência “formular estratégias”, 
com 6,25%, estando presentes, respectivamente, em dois e três projetos pedagógicos, 
mostrando, mais uma vez, a coerência entre projeto pedagógico e ementa.  
Outras 18 competências aparecem em um número inferior a nove ementas, constando, 
a maioria delas, em três, ou pelo menos dois projetos pedagógicos, o que, mais uma vez, 
apesar de ter uma frequência menor, reafirma a convergência entre projeto pedagógico e 
ementa, pois são lembradas pela academia. 
As competências “desenvolver e utilizar tecnologias administrativas”, “liderança” e 
“responsabilidade” aparecem em apenas um projeto pedagógico, mas mostram-se presentes 
nas ementas. Ainda, a competência “administrar conflitos” presente nas ementas não aparece 
em nenhum projeto pedagógico. 
As competências “comprometimento”, “desenvolvimento da capacidade substantivo-
crítica”, “desenvolvimento da capacidade técnica/instrumental”, “desenvolvimento de novos 
profissionais” e “saber ouvir” não foram identificadas nas ementas.  Contudo, as 
competências “comprometimento, desenvolver capacidade substantivo-crítica, desenvolver 
capacidade técnica/instrumental”, mesmo não sendo identificadas nas ementas, estavam 
indicadas nos projetos pedagógicos, sugerindo uma preocupação da academia diante dessas 
competências. Ainda, ressalta-se que essas competências podem estar sendo desenvolvidas 
com propostas que não estejam descritas nas ementas. 
Já as competências “saber ouvir” e “desenvolvimento de novos profissionais” não 
foram identificadas nos projetos pedagógicos e nem nas ementas, ou seja, não existe uma 
preocupação apontada nos documentos analisados em relação a essas competências.  
Contudo, verifica-se que a academia está preocupada com a formação de 
competências, uma vez que já insere essa questão tanto nos projetos pedagógicos como nas 
ementas, propondo a integração entre a teoria e a prática, caminhando em direação as ideias 
de Perrenoud (1999), Ramos (2001), Reichard (2002) e Torres et al. (2011), bem como com 
as DCN.  
Como já observado na análise dos projetos pedagógicos, a partir da análise das 
ementas, verifica-se, também, que as competências aparecem nas mesmas, ou seja, as 
competências são relacionadas pela academia, além de que as competências apontadas, tanto 
122 
 
 
nos projetos pedagógicos quanto nas ementas convergem com a base teórica de Keinert 
(1994) e com as considerações apontadas pelos autores referenciados no item 2.3 e 2.6.  
Entretanto, as evidências mostram que a abordagem do ensino de competências 
adotada pela academia vem acontecendo de modo restrito e fechado, como um depositário de 
conhecimentos na mesma lógica da burocracia, ou seja, conhecimentos fragmentados. Juntá-
los e conectá-los, assumindo uma nova fórmula, é tarefa do sujeito, pois os projetos e ementas 
não são efetivamente inter/transdisciplinar. Não se verifica a existência de relação e 
integração das competências desenvolvidas.  As competências são identificadas e apontadas 
como necessidade de desenvolvimento; contudo, não se identificam novas propostas efetivas 
do modo como desenvolver tais competências. 
 
4.4.3 Análise dos Projetos Pedagógicos e Ementas a partir dos grupos identificados no 
levantamento 
 
Apresenta-se, a seguir, uma nova leitura dos projetos pedagógicos e ementas a partir 
dos grupos identificados pela análise fatorial (Tabela 20). Tentou-se cruzar os resultados dos 
projetos pedagógicos com as ementas, pois se considera que eles são complementares, uma 
vez que algumas competências não presentes nas ementas, mas referidas nos projetos 
pedagógicos, podem estar sendo desenvolvidas com atividades extracurriculares, bem como 
algumas competências não indicadas diretamente nos projetos pedagógicos podem ser 
contempladas nas ementas.  
 
Tabela 20 - Gestão Estratégica 
 
Competências  
Instituição 1 Instituição 2 Instituição 3 Total Ementa 
por 
Competência  
Visão Estratégica 9 8 6 23 
Visão Crítica 8 6 7 21 
Planejamento 7 3 5 15 
Formular Estratégias 5 2 2 9 
Inovação 1 2 2 5 
Criatividade 0 1 1 2 
Tomada de Decisão 3 2 2 7 
Total Ementas        82 
Fonte: dados de pesquisa 
 
123 
 
 
É possível perceber que, das sete competências que compõem esse fator, seis estão 
presentes nos projetos pedagógicas das três instituições, e uma competência está presente em 
projetos pedagógicos de duas instituições, mostrando que esse fator é visto como prioridade 
de desenvolvimento, pela academia. 
A competência “tomada de decisão” não aparece no projeto pedagógico da instituição 
1. Contudo, pode-se perceber que essa é desenvolvida pelos cursos, pois aparece nas ementas 
das três instituições. A única competência não identificada nas ementas de apenas uma 
instituição refere-se à “criatividade”; entretanto, a mesma aparece no projeto pedagógico da 
referida instituição. 
Observa-se que as competências mais frequentes nas ementas são “visão estratégica” 
(23), “visão crítica” (21) e” planejamento” (15). De modo geral, verifica-se que, para esse 
fator, existe uma preocupação significativa da academia em capacitar o aluno para tais 
competências, uma vez que as mesmas são apontadas nos projetos pedagógicos, e ainda 
aparecem com uma frequência elevada (56,95%), ou seja, estão presente em 82 ementas dos 
cursos de Administração Pública com nota cinco no Enade.  
Na Tabela 21, a seguir, apresentam-se os resultados quanto ao fator “Desenvolvimento 
e formação do profissional”. 
 
Tabela 21 - Desenvolvimento e formação do profissional 
Competências Instituição  
1 
Instituição  
2 
Instituição 
 3 
Total Ementa 
por 
Competência  
Utilizar CHAs 10 6 16 32 
Cidadania e democracia 5 5 5 15 
Integrar CHAs 1 0 3 4 
Transpor CHAs 1 0 2 3 
Comunicação 2 4 6 12 
Desenvolver capacidade técnico/instrumental 0 0 0 0 
Desenvolver capacidade substantivo-crítica 0 0 0 0 
Desenvolver e utilizar tecnologias administrativas 1 1 2 4 
Responsabilidade 2 0 1 3 
Desenvolver novos profissionais 0 0 0 0 
Total Ementas        73 
Fonte: dados de pesquisa 
 
Dentro desse fator, quatro competências são comuns nos três projetos pedagógicos, 
três estão presentes em dois projetos, duas competências aparecem em apenas um projeto e a 
competência “desenvolver novos profissionais” não aparece em nenhum projeto pedagógico. 
124 
 
 
Verifica-se que existem competências apontadas somente nos projetos pedagógicos, como 
“desenvolver capacidade técnica/instrumental” e “desenvolver capacidade substantivo-
crítica”. Ainda, a competência “desenvolver novos profissionais” é a única, dentro desse fator, 
que não aparece no projeto pedagógico e ementa.  
As competências mais frequentes são “utilizar CHAs” (32), que também foi a mais 
frequente se comparada com todas as competências dos outros fatores, “cidadania e 
democracia” (15) e “comunicação” (12). Verifica-se que, para esse fator, com execeção da 
competência “desenvolver novos profissionais”, todas são apontadas em, no mínimo, um 
projeto pedagógico. Além disso, a quantidade de ementas que formam esse conjunto de 
competências é alta, representando (50,69%), ou seja, existe certa prioridade em desenvolver 
as competências que compõem esse fator. 
Não foi identificada nenhuma competência para o fator “Gestão Comportamental”, 
que se mostrou presente, de forma comum, nos três projetos pedagógicos (Tabela 22). Nesse 
fator, existem competências presentes em dois e um projetos pedagógicos, e, para esse fator, 
também existem competências que não são apontadas em nenhum projeto pedagógico. Como 
o próprio nome do fator diz, são competências que estão mais relacionados com o 
comportamento/atitude do indivíduo, com o saber saber e, por isso, podem ser mais difíceis 
de serem treinadas pela academia. 
 
Tabela 22 - Gestão Comportamental 
Competências Instituição  
1 
Instituição 
 2 
Instituição  
3 
Total Ementa 
por 
Competência 
Sustentabilidade 0 2 3 5 
Cooperação (trabalho em equipe) 0 2 1 3 
Compreender diversidade informações 0 0 0 0 
Comprometimento 0 0 0 0 
Administrar conflitos 1 1 2 4 
Ouvir 0 0 0 0 
Total Ementas        12 
Fonte: dados de pesquisa 
 
A competência com maior frequência dentro das ementas, para esse fator, foi 
“sustentabilidade”, ou seja, a preocupação em agir pautado em princípios que buscam o 
equilíbrio das dimensões sociais, ambientais e econômicos presentes em cinco ementas.  
 A competência “administrar conflitos”, apesar de não ser apontada no projeto 
pedagógico, é apontada nas ementas das três instituições, apresentando a segunda maior 
125 
 
 
frequência (4). Já as competências “compreender diversidade de informações” e 
“comprometimento” foram indicadas apenas nos projetos pedagógicos.  
A única competência não apontada pela academia foi “ouvir”, já que a mesma não 
aparece nos projetos pedagógicos e nas ementas. Observa-se que, para esse fator, o número de 
competências presentes nas ementas (8,34%) já é bem menor, se comparado com o primeiro 
(56,95%) e segundo fator (50,69%); entretanto, apesar de aparecer com uma frequência 
menor, essas competências ainda são consideradas pela academia na formação dos alunos. 
Na Tabela 23, a seguir, apresentam-se os resultados referentes ao fator “Processos de 
Mediação e Negociação”. 
Tabela 23 - Processos de mediação e negociação 
Competências Instituição  
1 
Instituição 
 2 
Instituição  
3 
Total Ementa 
por 
Competência 
Competência política 2 1 3 6 
Negociação 1 1 1 3 
Liderança 1 0 2 3 
Total Ementas        12 
Fonte: dados de pesquisa 
 
Existe, também, um olhar voltado para todas as competências desse fator, pois todas as 
competências estão presentes em, pelo menos, um projeto pedagógico e nas ementas de, no 
mínimo, duas instituições.  
Mais uma vez, nesse caso, não existe nenhuma competência de forma comum nos três 
projetos pedagógicos e ementas; entretanto, quando presentes em duas instituições, já indicam 
a maioria, uma vez que foram avaliadas três instituições. 
Nesse fator, a competência com maior frequência é “competência política”, presente 
em seis ementas. As outras duas competências desse fator, “negociação” e “liderança”, são 
apontadas com a mesma frequência nas ementas. Contudo, a competência “liderança” não se 
mostrou presente nas ementas da instituição 2.  
Em relação ao total de ementas (12) que formam competência dentro desse fator, 
observa-se que existe a mesma frequência total (8,34%) igual à do fator 3. Contudo, ressalta-
se que o fator 3 foi composto por um número maior de competências em relação ao fator 4, o 
que demonstra existir certa preocupação para esse fator, se comparado com o fator anterior, 
denominado de Gestão Comportamental. 
Na Tabela 24, a seguir, apresentam-se os resultados referentes ao fator “Lidar com 
Problemas e Mudanças”. 
126 
 
 
Tabela 24 - Lidar com problemas e mudanças 
Competências Instituição 
 1 
Instituição  
2 
Instituição 
 3 
Total Ementa 
por 
Competência 
Identificar problemas 2 1 1 4 
Resolver problemas 1 0 2 3 
Lidar com mudanças 0 1 0 1 
Total Ementas        8 
Fonte: dados de pesquisa 
  
Em relação a esse fator, apresenta-se convergência de prioridade entre duas 
instituições, uma vez que as três competências que o compõem estão presentes em dois 
projetos pedagógicos. Ressalta-se, ainda, que um dos projetos pedagógicos foi apresentado de 
forma sucinta, se comparado com os outros dois.  
 As competências também estão presentes nas ementas, sendo a competência 
“identificar problemas” a mais frequente e encontra-se presente nas ementas das três 
instituições. Mesmo para a instituição 1, em que as competências não aparecem nos projetos, 
verifica-se que duas delas estão presentes nas ementas. Com o mesmo número de 
competências do fator denominado Processos de Mediação e Negociação, o percentual total 
de ementas que apontam competências, nesse caso, é menor (5,55%), porém indicam a 
formação de competências. 
O fator “Ética”, com apenas uma competência, está presente nos projetos pedagógicos 
de duas instituições, ou seja, está presente na maioria dos projetos (Tabela 25). Apesar de não 
aparecer no projeto pedagógico da instituição 1, o mesmo está presente diretamente nas 
ementas do curso. Verifica-se que existe atenção para esse fator, uma vez que ele pode ser 
observado tanto nos projetos quanto nas ementas. O percentual de frequência do mesmo é 
2,78%.  
 
Tabela 25 - Ética 
Competência Instituição 
 1 
Instituição 
2 
Instituição  
3 
Total Ementa 
por 
Competência 
Ética 2 1 1 4 
Fonte: dados de pesquisa 
  
 
127 
 
 
Considerações sobre a Análise dos Projetos Pedagógicos e Ementas a partir dos 
grupos identificados 
 
Verifica-se que, para os fatores “Gestão Estratégica” e “Desenvolvimento e Formação 
do Profissional”, o número de competências voltadas às atividades instrumentais, 
identificadas nas ementas, aparece com maior frequência, em comparação àquelas que 
orientam a ação humana e competências comportamentais, e que não é tão evidente no estudo. 
Posteriormente, será tratada a relação entre as competências mais frequentes nos 
projetos pedagógicos e ementas com os indicadores importância, intensidade de uso da 
competência e domínio da mesma no contexto prático de trabalho.  
 
4.4.4 Relação entre Acadêmica e a Prática a partir dos grupos identificados 
 
A partir dos dados do levantamento quanto ao contexto prático, bem como das 
conclusões advindas da análise dos projetos pedagógicos e ementas, serão apresentadas as 
relações existentes entre a academia e prática, o que permitirá aprofundar, um pouco mais, na 
análise das ementas e projetos. Desse modo, busca-se atender ao objetivo de pesquisa, 
verificando se os projetos pedagógicos e ementas são coerentes com as competências 
importantes para o bom desempenho profissional.  
A seguir, são apresentadas as tabelas com a relação entre academia e prática e suas 
respectivas análises. Na coluna Projetos/Ementas, as células coloridas indicam que existe, no 
mínimo, um projeto pedagógico que aponta a competência, e os números referem-se à 
quantidade de ementa que aponta tal competência.  
A Tabela 26 apresenta a relação entre academia e prática no que concerne ao fator 
“Gestão Estratégica”. 
Tabela 26 - Relação entre academia e prática: Gestão estratégica 
Competências Projeto/
Ementa  
Importância Intensidade de Uso IPT 
Média Desvio- 
Padrão 
Média Desvio-
Padrão 
Média Desvio-
Padrão 
Visão Estratégica 23 4,53 0,71 3,94 1,07 10,46 3,78 
Visão Crítica 21 4,56 0,73 4,09 0,9 9,34 3,87 
Planejamento 15 4,49 0,79 3,91 1,08 10,17 3,45 
Formular 
Estratégias 
9 4,43 0,83 3,79 1,01 9,93 3,89 
Tomada de 
Decisão 
7 4,30 0,87 3,58 1,09 10,29 4,06 
Inovação 5 4,28 0,89 3,56 1,05 10,15 3,85 
Criatividade 2 4,42 0,85 3,79 1,07 10,14 4,26 
Fonte: dados de pesquisa 
128 
 
 
Das 144 ementas analisadas, 23 delas apresentaram a competência “visão estratégica”, 
o que representa 15,97% do total das ementas. Em segunda posição, aparece a competência 
“visão crítica”, presente em 21 ementas (14,58%). Essas competências também estão 
presentes nos três projetos pedagógicos pesquisados. 
A importância da “visão estratégia” e “visão crítica” são confirmadas na prática, uma 
vez que essas competências foram as que apresentaram as maiores médias, dentro desse fator, 
para o indicador “importância” da competência para o contexto de trabalho, (4,53) e (4,56), 
respectivamente, ou seja, existe uma coerência entre a prática e a academia, que aponta a 
formação dessas competências nos projetos pedagógicos, aparecendo com significativa 
frequência nas ementas. Ainda, as médias da “intensidade de uso” indicam que as mesmas são 
colocadas em práticas.  
Observa-se, ainda nesse fator, que a “visão estratégica”, apesar de ser a competência 
mais apontada nas ementas, também foi aquela que apresentou o maior IPT, indicando que 
ainda existe uma carência de desenvolvimento para tal competência. Já para a “visão crítica”, 
a média de “intensidade de uso” é a maior para esse fator (4,09), apresentando, ainda, o menor 
IPT, demonstrando que existe coerência entre “importância”, “intensidade de uso” e 
“prioridade de desenvolvimento”. 
Keinert (1994) aponta diretamente dentro da habilidade profissional a necessidade de 
capacitar o aluno para apresentar visão estratégica. No trabalho de Virtanen (2000) sobre 
competência do gestor público, o autor aponta a importância do compromisso estratégico com 
a finalidade de promover resultados melhores. Na proposta das DCN para o curso de 
Administração Pública, também é indicado a formulação de política, programas, projetos 
públicos que envolvam a capacidade de se ter uma visão estratégica. 
A importância da “visão crítica” está diretamente apontada na proposta das DCN para 
o curso de Administração Pública, “desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico...”, e 
também é indicada por Denhardt (1999). Para Torres et al. (2011), o desenvolvimento de 
competências na educação superior envolve relacionar o conhecimento com a prática, mas em 
um direcionamento mais abrangente, de modo a capacitar o aluno a desenvolver a visão 
crítica e reflexiva. Fischer (1984) ressalta a importância de desenvolver não somente a 
racionalidade instrumental, mas, também, a racionalidade substantiva, envolvendo a 
integração entre o pensar/agir. 
Ainda, em terceiro e quarto lugar, aparecem, respectivamente, em quinze ementas 
(10,42%) e nove ementas (6,25%), as competências “planejamento” e “formular estratégias”. 
Para Keinert (1994), o administrador público deve ser capaz de formular estratégias, definir 
129 
 
 
metas, gerir recursos escassos alinhados às demandas da sociedade, conseguindo administrar 
as relações de poder Estado-Sociedade. Essa capacidade para formular estratégias também é 
indicada na proposta das DCN para o curso de Administração Pública, o que, de certo modo, 
enfatiza a necessidade de se ter capacidade para planejar, implementar, monitorar e avaliar 
políticas, programas, planos e projetos públicos. 
Essa capacidade para planejar também é considerada relevante para o contexto de 
trabalho, já que apresentou médias superiores a 4 e, apesar de haver médias menores para a 
“intensidade de uso”, ainda assim são usadas na prática.  Para essas competências, verifica-se 
a sintonia entre academia e prática. 
Ainda quanto a esse fator, as competências, “tomadas de decisão”, enfatizada não só 
dentro das DCN, mas também por Denhardt (1999) e Noordegraaf (2000), “inovação”, 
recomendada por Keinert (1994) e “criatividade”, ressaltada por Ferreira (1996) e Keinert 
(1994), são apontadas em projetos pedagógicos e também em sete, cinco e duas ementas, 
respectivamente. Essas competências ainda apresentaram médias acima de 4, mostrando 
serem “muito importante”, e médias de “intensidade de uso” entre 3,5 e 4, sendo colocadas 
em prática. Mais uma vez, identifica-se sintonia entre competências apontadas pela academia, 
enquanto necessidade de formação, e a sua importância para o contexto prático, na visão dos 
respondentes. 
De modo geral, para esse fator, pode-se constatar que todas as competências 
apresentaram médias maiores que 4 para o indicador “importância da competência”, sendo 
consideradas “muito importante” para o trabalho, e com médias próximas a 4, indicando que 
as mesmas são “utilizadas” na prática. Esses resultados indicam convergência com a 
prioridade da academia que aponta essas competências nos projetos pedagógicos, as quais 
ainda apresentam um percentual de frequência representativo nas ementas. Verifica-se que, 
para as competências em que é apontado maior número de competências por ementas, em sua 
maioria, também apresentaram maiores médias em relação aos indicadores “importância” e 
“intensidade de uso”. Assim, pode-se dizer que existe relação entre a academia e o contexto 
de trabalho dos respondentes. 
A seguir, na Tabela 27, apresentam-se os resultados referentes à relação entre 
academia e prática no que diz respeito ao fator “Desenvolvimento e formação do 
profissional”. 
 
 
130 
 
 
Tabela 27 - Relação entre academia e prática: Desenvolvimento e formação do profissional 
Competências Projeto/E
menta 
Importância Intensidade de 
Uso 
IPT 
Média Desvio-
Padrão 
Média Desvio-
Padrão 
Média Desvio-
Padrão 
Utilizar CHAs 32 4,39 0,79 3,89 0,91 9,39 3,43 
Cidadania e democracia 15 4,45 0,74 3,72 1,03 10,70 3,67 
Comunicação 12 4,54 0,67 4,12 0,89 9,89 3,74 
Integrar CHAs 4 4,44 0,77 4,06 0,9 9,46 3,43 
Desenvolver e utilizar 
tecnologias 
administrativas 
4 4,39 0,82 3,66 0,99 10,29 3,89 
Responsabilidade 3 4,65 0,66 4,38 0,77 8,10 3,21 
Transpor CHAs 3 4,3 0,87 3,72 0,97 9,93 3,94 
Desenvolver capacidade 
técnico/instrumental 
0 4,4 0,71 4,01 0,89 9,94 3,82 
Desenvolver capacidade 
substantivo-crítica 
0 4,26 0,76 3,69 1,01 10,20 3,54 
Desenvolver novos 
profissionais 
0 4,45 0,84 3,64 1,15 9,69 4,24 
Fonte: dados de pesquisa 
 
Verifica-se que a competência mais presente nas ementas, tanto dentro desse fator 
como de forma geral, se comparada a todas as competências, com uma frequência de 22,22% 
em relação ao total de ementas, foi “utilizar os conhecimentos, habilidade e atitudes” em 
contexto de situações de trabalho. Essa competência também aparece nos projetos 
pedagógicos das três instituições, o que indica uma convergência entre projeto e ementa, 
retratando a preocupação em capacitar o aluno dentro de sala de aula, visando alinhar 
conceitos teóricos e a prática.  
Essa competência apresentou uma média de 4,39, ficando indicado ser uma 
competência mais que importante para o trabalho. A mesma ainda foi considerada, em relação 
ao grau de utilização, como “utilizada”, uma vez que a média está próxima de 4. Assim, para 
essa competência, existe uma grande coerência entre importância dada pela academia, 
conforme indicado nos projetos e ementas, com o que acontece na realidade prática do 
trabalho.  
Isso confirma o que Ramos (2001), Zarifian (2001), Fleury e Fleury (2001), Le Boterf 
(2003), Dutra (2004) e Ruas (2005) enfatizam em relação à necessidade de entregar a 
competência na ação. Em Le Boterf (2003), é possível verificar a importância do saber 
mobilizar, ou seja, saber usar efetivamente os CHAs diante de uma situação profissional. 
Zarifian (1995) também enfatiza o “saber fazer”, que é a associação da competência com as 
situações trabalho. 
131 
 
 
Entretanto, os autores citados anteriormente vão além da necessidade de usar esses 
CHAs, direcionando-se para a perspectiva de saber combinar, transpor e transformar os 
CHAs. Segundo Zarifian (2001, p.72), “a competência é um entendimento prático de 
situações que se apoia em conhecimentos adquiridos e os transforma na medida em que 
aumenta a diversidade das situações”.  A mobilização da competência, segundo Le Boterf 
(2003), refere-se ao saber agir com pertinência, saber mobilizar em um contexto, saber 
combinar (integrar diversos saberes), saber transpor (não limitar-se a aplicar e executar 
procedimentos) e saber envolver-se. Denhardt (1999) salienta que as pessoas envolvidas no 
estudo e prática da educação para administração pública devem atentar-se de modo a 
promover a integração da teoria, reflexão, prática e ação, interagindo universidade e a 
comunidade. 
Apesar de as competências “integrar CHAs” e “transpor CHAs” apresentarem uma 
frequência menor nas ementas com 2,78% e 2,08%, respectivamente, essas estão presentes 
nos projetos pedagógicos das três instituições. Talvez essas competências não estejam tão 
evidentes nas ementas pelo fato de as três instituições apresentarem atividades 
complementares, como estágios, oficinas, imersões, consultoria júnior, palestras, seminários, 
entre outras. Porém, questiona-se aqui se tais atividades complementares são suficientes para 
utilizar, transpor e integrar CHAs dentro da proposta de desenvolvimento de competências.  
No contexto prático, essas duas competências foram avaliadas com médias de 4,44 e 
4,30, indicando que são muito importantes para o trabalho. Para o nível de utilização, a 
competência “integrar CHAS” demonstrou ter uma média (4,06) maior em relação a “transpor 
CHAS” (3,72). Assim, os respondentes indicaram ter uma facilidade maior de integrar vários 
CHAs do que ir além da reprodução, transpondo tais CHAs. Isso pode ser observado na 
comparação entre “utilizar, integrar e transpor CHAs”; o menor domínio dos respondentes se 
refere ao “transpor CHAs” e o maior domínio está em “utilizar CHAs”.  
No que diz respeito à “cidadania e democracia”, Keinert (1994), ao identificar as 
habilidades do administrador público, insere a habilidade pública, destacando as noções de 
cidadania e democracia. Essas noções também são fortemente apontadas por Fischer (1984), 
Denhardt (1999), Virtanen (2000) e Kettl (2001).  
São competências como essa que diferenciam o gestor público daquele gestor que atua 
na iniciativa privada. A preocupação em desenvolver essa competência fica evidente nos três 
projetos pedagógicos, sendo a segunda competência com maior número de ementas por 
competência para esse fator. Essa competência está presente em quinze ementas, sendo 
também confirmada como relevante no contexto prático, uma vez que possui uma média de 
132 
 
 
4,45, e, ainda, é colocada em prática. Os dados demonstram mais uma vez que a preocupação 
da academia condiz com o contexto de trabalho. Contudo, essa foi a competência apontada 
com menor domínio pelos respondentes.  
Já na terceira posição, tem-se a competência “comunicação”, com 12 ementas 
(8,33%), e que também aparece diretamente em dois projetos pedagógicos. A comunicação 
envolve o compartilhar de saberes e informações, segundo Zarifian (2001), sendo destacada 
na proposta das DCN do curso de Administração Pública e também por Fischer (1984), 
Keinert (1994) e Denhardt (1999). 
Essa competência aparece com a segunda maior média para esse fator, em termos de 
importância para o trabalho e de utilização da mesma na prática. Por ser importante no 
trabalho e considerada pela academia, verifica-se convergência entre ambas.  
Ainda presente tanto nos projetos quanto nas ementas, tem-se a competência 
“desenvolver e utilizar tecnologias administrativas”, conforme sugerida por Keinert (1994), e 
“responsabilidade”. Ambas possuem médias altas acima de 4, mostrando a sua importância 
para o trabalho; contudo, a “responsabilidade” foi a competência, dentro desse fator, que 
apresentou a maior média, tanto relação à importância quanto em termos de utilização. A 
competência assumir “responsabilidade” no trabalho, respondendo por suas iniciativas, é 
enfatizada nos trabalhos sobre competência de Zarifian (2001), Fleury e Fleury (2001) e Le 
Boterf (2003), e, ainda, lembradas para a perspectiva do setor público por Cardoso (2001), 
Kettl (2001) e Osório (2005).  Apesar de se apresentarem com uma frequência menor, tanto 
no projeto quanto nas ementas, essas competências são referenciadas na academia e na 
prática.   
As competências “desenvolver capacidade técnica/instrumental” e o “desenvolver 
capacidade substantivo-crítica”, inseridas no trabalho de Fleury e Fleury (2001) e Cheetham e 
Chivers (1998), além da capacidade para “desenvolver novos profissionais” descritas por 
Cheetham e Chivers (1998), não apareceram nas ementas; entretanto, as duas primeiras 
competências são tratadas em dois projetos pedagógicos. Já a terceira competência não 
aparece nem nos projetos e nem nas ementas.  
Ainda em relação a essas três competências, todas apresentam média acima de 4 para 
o grau de importância no trabalho, mostrando que são tidas pelos respondentes como 
relevantes, e médias que indicam serem utilizadas. Assim, a competência “desenvolver novos 
profissionais”, apesar de ser importante para o contexto de trabalho, não é considerada pela 
academia. Contudo, além de não ser uma competência específica para a formação de 
133 
 
 
administradores públicos, a mesma ainda está diretamente ligada com a competência - CHAs 
de cada gestor em proporcionar tal capacitação aos membros da equipe de trabalho. 
A partir de um panorama geral desse fator, compreende-se que todas as competências 
com médias acima de 4 foram avaliadas pelos pesquisados como relevantes para o trabalho e 
que, para o grau de utilização, têm-se competências que são postas em prática com maior 
intensidade, como aquelas cuja média está acima de 4, quais sejam, “comunicação”, “integrar 
CHAs”, “responsabilidade” e “desenvolver capacidade técnica/instrumental”, bem como 
outras com médias entre 3 e 4, como “utilizar CHAs”, “cidadania e democracia”, 
“desenvolver e utilizar tecnologias administrativas”, “transpor CHAs”, “desenvolver 
capacidade substantivo-crítica” e “desenvolver novos profissionais”. Ainda, todas essas 
competências são apontadas pela academia nos projetos pedagógicos ou nas ementas, algumas 
com frequências maiores, como “utilizar CHAs”, “cidadania e democracia”, e outras com 
menor frequência. Contudo, a competência “desenvolver novos profissionais” não é abordada 
pela academia.  
Em relação ao fator “Gestão Comportamental”, a Tabela 28 apresenta os resultados 
quanto à relação entre academia e prática. A competência “sustentabilidade”, que significa 
trabalhar procurando o equilíbrio entre as dimensões econômicas, sociais e ambientais, está 
em dois projetos pedagógicos, e, dentro desse fator, é a que tem maior frequência (5) nas 
ementas, apresentando uma média alta relativa ao grau de importância. Apesar de ser posta 
em prática, pois a média está acima de 3 para o grau de utilização, se comparada com as 
outras competências desse fator, essa é a que apresenta menor média referente à “intensidade 
de uso”, e, ainda, é a que apresenta menor “domínio”, na visão dos pesquisados. Entretanto, 
para essa competência, é possível perceber que existe sintonia entre academia e contexto 
prático, uma vez que é relevante para o contexto prático e é enfatizada pela academia. 
 
Tabela 28 - Relação entre academia e prática: Gestão comportamental 
Competências Projeto/ 
Ementa 
Importância Intensidade de 
Uso 
IPT 
Média Desvio-
Padrão 
Média Desvio-
Padrão 
Média Desvio-
Padrão 
Sustentabilidade 5 4,24 0,89 3,57 1,03 10,45 3,84 
Administrar conflitos 4 4,51 0,66 3,8 0,95 10,08 3,36 
Cooperação (trabalho em 
equipe) 
3 4,69 0,57 4,35 0,82 8,67 3,41 
Compreender diversidade 
informações 
0 4,61 0,65 4,16 0,89 9,14 3,42 
(Continua) 
134 
 
 
(Conclusão) Tabela 28 - Relação entre academia e prática: Gestão comportamental 
Competências Projeto/ 
Ementa 
Importância Intensidade de 
Uso 
IPT 
Média Desvio-
Padrão 
Média Desvio-
Padrão 
Média Desvio-
Padrão 
Ouvir 0 4,8 0,51 4,39 0,81 8,81 3,85 
Comprometimento 0 4,86 0,40 4,7 0,54 7,17 3,22 
Fonte: dados de pesquisa 
 
A competência “administrar conflitos”, proposta por Keinert (1994), não se mostrou 
presente nos projetos pedagógicos; contudo, são consideradas pela academia, conforme indica 
as ementas. Percebe-se que essa competência é vista como significativa para o trabalho, além 
de indicar ser utilizada pelos respondentes. É para essa competência que se conferiu o 
segundo maior IPT, ou seja, menor domínio. Apesar de não estar presente em nenhum 
projeto, permite-se inferir que existe relacionamento entre academia e prática, uma vez que 
estão presentes nas ementas. 
Dentro desse fator, a terceira competência que mais aparece nas ementas é 
“cooperação”, como abordada por Zarifian (2001) e Denhardt (1999), com uma média alta, 
acima de 4, tanto para o grau de importância quanto para o grau de intensidade de uso, ou 
seja, é importante, tanto na visão prática quanto na visão da academia. 
As competências “compreender diversidade informações”, “ouvir” e 
“comprometimento” não foram encontradas nas ementas; contudo, “compreender diversidade 
informações” e “comprometimento” são indicadas em dois e um projeto pedagógico, 
respectivamente. As três competências demostram alta média em relação à importância e 
também em relação à utilização, sendo a maior média da competência “comprometimento”.  
Ressalta-se que a competência “comprometimento” com o trabalho está dentro da proposta 
das DCN para o curso de Administração Pública. 
Para a capacidade de “ouvir”, presente no trabalho de Cheetham e Chivers (1998) e Le 
Boterf (2003), não é possível verificar uma sintonia entre a prática e a academia, uma vez que 
essa competência não aparece nos projetos pedagógicos e ementas. Esse fato, talvez, possa ser 
justificado por ser competência de valor; contudo, apresentou um baixo IPT, baixa 
necessidade de capacitação. Virtanen (2000) já fazia referência à carência na literatura em 
relação às competências de valor, e Le Boterf (2003) aponta que as qualidades pessoais estão 
relacionadas ao saber ser. Essas competências comportamentais podem ser difíceis de serem 
treinadas por meio de disciplinas. 
135 
 
 
De maneira geral, todas as competências desse fator foram consideradas pelos 
respondentes como essenciais para o contexto de trabalho, apresentando, também, uma média 
significativa para a sua aplicação na prática. Apesar de ter sido obtida uma frequência menor 
nas ementas, duas competências estão presentes nas ementas e projetos pedagógicos, estando 
uma competência presente apenas na ementa, duas, presentes apenas nos projetos 
pedagógicos, e uma não consta nos projetos pedagógicos e nas ementas, ou seja, existe um 
olhar da academia voltado para as competências desse fator, porém podem ainda ser mais bem 
enfatizadas pela academia.  
Na Tabela 29, a seguir, são apresentados os resultados para o fator “Processos de 
Mediação e Negociação”: 
Tabela 29 - Relação entre academia e prática: Processos de mediação e negociação 
Competências 
 
Projeto/ 
Ementa 
 
 
Importância Intensidade de Uso IPT 
Média Desvio 
Padrão 
Média Desvio 
Padrão 
Média Desvio-
Padrão 
Competência 
política 
6 4,24 1,02 3,17 1,17 11,65 4,79 
Liderança 3 4,47 0,78 3,82 1,09 9,83 3,76 
Negociação 3 4,35 0,92 3,59 1,12 10,29 4,06 
Fonte: dados de pesquisa 
 
A “competência política” aparece em seis ementas, com 4,17% de frequência, e em 
dois projetos pedagógicos. Com uma média significativa, indicando sua importância para o 
trabalho, essa competência demonstra uma média de 3,17, mais próxima de 3, que faz 
referência a uma média utilização pelos respondentes.   
Assim, dentro desse fator, existe consonância entre o indicador importância e a 
academia, uma vez que essa é a competência mais apontada pela academia dentro desse fator, 
sendo ainda considerada relevante para o trabalho. Contudo, a média da utilização 
apresentada e com o maior IPT sugere que essa competência precisa ser mais bem 
desenvolvida pela academia. Essa competência vem ampliar a capacidade do profissional que 
era somente técnico. A importância dessa competência para o profissional é apresentada por 
Paiva e Melo (2008), e, dentro das especificidades do serviço público, essa competência é 
apontada por Keinert (1994), Virtanen (2000) e Osório (2005) e, também, pela pesquisa 
realizada por Pereira (2010).  
As competências “liderança” e “negociação”, indicadas na proposta das DCN para o 
curso de Administração Pública e por Keinert (1994), Denhardt (1999) e Awortwi (2010), 
apresentaram médias superiores a 4 para a importância e médias superiores a 3,5 para a 
136 
 
 
utilização, sinalizando que são postas em prática. Ainda, mesmo com uma frequência menor, 
ambas aparecem em um e dois projetos pedagógicos, respectivamente, e em três ementas.  
Nesse fator, quanto maior a média para o grau de importância, maior foi a média para 
o grau de utilização. Todas as competências são referenciadas nos projetos pedagógicos e nas 
ementas, contudo com uma frequência menor. Então, existe a consciência da importância 
dessas competências pela academia, apesar de não estarem intensamente presentes nos 
projetos pedagógicos e ementas, sugerindo-se que pode ser mais amplamente contemplada. 
A Tabela 30 apresenta os resultados do fator “Lidar com problemas e mudanças” 
quanto à relação entre academia e prática. 
Tabela 30 - Relação entre academia e prática: Lidar com problemas e mudanças 
 Competências Projeto/Ementa 
 
Importância Intensidade de Uso IPT 
Média Desvio 
Padrão 
Média Desvio- 
Padrão 
Média Desvio-
Padrão 
Identificar problemas 4 4,59 0,67 3,99 0,87 9,55 3,59 
Resolver problemas 3 4,56 0,74 3,82 0,96 10,78 3,79 
Lidar com mudanças 1 4,16 0,92 3,58 1 9,83 3,63 
Fonte: dados de pesquisa 
 
A capacidade para “identificar problemas” é apontada na proposta das DCN para o 
curso de Administração Pública, e a importância de “resolver problemas” também é lembrada 
na DCN e por Denhardt (1999), aparecendo essas duas competências em dois projetos 
pedagógicos e em quatro e três ementas, respectivamente. Ambas são competências avaliadas 
como muito importantes para o ambiente de trabalho, com médias superiores a 4,5, e sendo 
postas em prática. O menor domínio dos respondentes está em “resolver problemas”. 
A competência “lidar com mudanças”, recomendada por Keinert (1994) e Kettl (2001) 
e presente na proposta das DCN para o curso de Administração Pública, é importante para o 
trabalho e utilizada na prática pelos respondentes; porém essa competência é apontada em 
dois projetos pedagógicos e somente em uma ementa.  
Para as três competências desse fator, as médias da importância estão acima de 4 e em 
consonância com as médias de utilização, isto é, quanto mais importante, mais está sendo 
colocada em prática. Existe convergência entre academia e prática, mas com uma frequência 
menor representada pelas ementas. 
Os resultados do fator “Ética”, quanto à relação entre academia e prática, são 
apresentados na Tabela 31, a seguir.  
 
137 
 
 
Tabela 31 - Relação entre academia e prática: Ética 
Competência 
  
Projetos/ 
Ementas 
Importância Intensidade de 
Uso 
IPT 
Média Desvio- 
Padrão 
Média Desvio- 
Padrão 
Média Desvio-
Padrão 
Ética 4 4,89 0,43 4,66 0,6 8,10 3,19 
Fonte: dados de pesquisa 
A competência “ética”, enfatizada por Cheetham e Chivers (1996, 1998) e Paiva e 
Melo (2008), e ainda nos trabalhos de Ferreira (1996), Keinert (1994), Denhardt (1999), 
Virtanen (2000) e Teixeira (2006), e também presente na proposta de DCN para o curso de 
Administração Pública, encontra-se presente em dois projetos pedagógicos e em quatro 
ementas. É uma competência considerada muito importante e muito utilizada pelos 
respondentes, estando em convergência com a proposta da academia, indicando, ainda, um 
alto domínio por parte dos pesquisados. 
A ética é uma competência relevante apontada na literatura e fundamental para o 
contexto do setor público, conforme autores citados anteriormente. Existe uma harmonia entre 
a literatura, o contexto prático e as propostas dos projetos pedagógicos. Apesar de ser uma 
competência apontada pelos projetos pedagógicos, essa não aparece com uma frequência alta 
dentro das ementas, talvez em virtude das peculiaridades do ensino dessa disciplina.  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
138 
 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS: É possível pensar na relação entre a academia e as 
práticas de competências? 
 
Diante de um ambiente em constantes transformações, com a passagem da noção de 
qualificação por uma de competência no trabalho, com a inserção do conceito de competência 
na formação dos egressos por meio das DCN para os cursos de graduação, além da 
necessidade de um novo modelo de gestão pautado nos princípios da “New Public 
Management”, que vem requerer um profissional capacitado para a gestão pública, este estudo 
verificou se existe uma sintonia entre a formação de competência pela academia e as práticas 
do trabalho, a partir da visão do gestor público. 
Por meio desta pesquisa, procurou-se responder ao seguinte problema: quais são as 
contribuições da academia, na formação de competência, ao preparar bacharéis em 
administração para atuar nas organizações públicas?  
O perfil do entrevistado caracteriza-se por ser metade do sexo masculino e metade do 
sexo feminino, prevalecendo a idade de até 29 anos a até 49 anos, sendo 60,6% dos 
entrevistados funcionários de órgãos federais, os quais representam dezessete estados 
brasileiros. Ainda, a maioria (75,2%) desses possui experiência na iniciativa privada (médias 
quatro anos). Em média, os respondentes apresentam sete anos de experiência no serviço 
público, metade exerce função gerencial. Dos que exercem função gerencial, metade possui 
formação em administração, considerando as diversas ênfases e administração/gestão pública, 
e a outra metade tem formação diferente da linha de concentração em administração.  
  Quanto à formação em graduação, existe uma pequena parcela que é formada 
diretamente para atuar no serviço público, indicando que a maioria dos pesquisados da 
amostra são servidores com formação em administração ou outra área de concetração que não 
estão direcionados para as especificidades do serviço público. Esses dados trazem à tona a 
reflexão de que existe uma deficiência na formação de profissionais para atender às 
particlaridades da gestão pública. Entretanto, ainda ressalta-se que as indicações desses 
resultados podem ser minimizados, uma vez que alguns gestores realizam cursos específicos 
para realizarem suas tarefas. Ainda, contribuindo para o objetivo da pesquisa, a maioria dos 
entrevistados possui formação em administração, considerando as diversas ênfases, frente aos 
pesquisados com outra formação superior/função gerencial. A maioria dos entrevistados 
(75,2%) apresenta quafilicação além da graduação, constituindo um perfil de entrevistados 
bastante qualificado. 
139 
 
 
Sob a perspectiva do indicador “grau de importância da competência” para o contexto 
de trabalho, constatou-se que 29 competências foram apontadas pelos respondentes como 
“muito importante” e apenas uma como “importante”. Ainda, a partir da análise da média, 
observa-se que a média (1 a 5) ficou acima de 4, sinalizando que existe a necessidade de 
desenvolver e formar tais competências para atender o contexto de trabalho do serviço 
público, confirmando a importância das habilidades humana, profissional e política apontadas 
por Keinert (1994), convergindo, ainda, com as ideias apresentadas no referencial teórico, 
associadas na discussão dos resultados. As competências com maior frequência foram 
“comprometimento”, “ouvir” e “ética”, que realmente mostram-se coerentes com o contexto 
do serviço público.  
Do ponto de vista do indicador “grau de utilização da competência” no contexto de 
trabalho, as respostas ficaram entre “uso muito” (10 competências) e “uso” (20 
competências), indicando que existe uma coerência entre grau de importância e grau de 
utilização, confirmando que, além de serem importantes, as mesmas também são utilizadas, 
ou seja, essas competências são postas em ação. Contudo, ressalta-se que a maioria das 
competências é “utilizada”, em vez de “muito utilizada”; e, além disso, o nível de projeção 
(frequência) das competências (importância) foi maior que o nível de utilização, ou seja, pode 
ser que exista uma maior necessidade de capacitação para que, então, essa competência seja 
melhor utilizada na prática. A importância da necessidade e capacidade efetiva de entrega é 
uma condição para construção de competências. As competências com maior grau de 
utilização foram “comprometimento”, “ouvir” e “ética”, resultado coerente com a avaliação 
em termos de importância. 
No que se refere ao “grau de domínio dos respondentes”, no qual foi calculado o 
Índice de Necessidade de Capacitação, observa-se que o IPT, que poderia variar entre 1 e 25, 
sendo, quanto maior o IPT, maior a necessidade, verifica-se que, para todas as competências, 
o IPT ficou abaixo da média (12,5). O menor domínio dos respondentes está para as 
competências “competência política” (11,65), “resolver problemas” (10,78) e “cidadania e 
democracia” (10,70).  Contudo, conclui-se que, de modo geral, os respondentes possuem um 
bom domínio das competências, apesar de ainda existir uma necessidade de treinamento.  
Ao estabelecer uma relação entre os três indicadores avaliados, constata-se que existe 
coerência, na visão dos respondentes, para a maioria das competências, pois aquelas 
consideradas “muito importante” são usadas na prática e, ainda, esses respondentes 
apresentam um bom domínio em relação às mesmas. As competências com maior domínio 
apontadas pelos respondentes foram “ouvir”, “cooperação”, “responsabilidade” e “ética”, 
140 
 
 
mostrando, nesse caso, coerência entre importância, utilização e domínio. Contudo, para 
algumas competências, a relação entre os três indicadores não é tão linear como, por exemplo, 
nos casos de “cidadania e democracia” e “competência política”, que são competências 
relevantes no contexto do serviço público. 
Por meio da análise fatorial, as variáveis do questionário, que consistem nas 30 
competências, foram agrupadas em seis fatores que explicam 67,626% da variância total. O 
Alfa de Cronbach (0,950) indica que a confiabilidade dos dados pode ser considerada 
excelente. Os grupos identificados foram denominados como: Gestão Estratégica, 
Desenvolvimento e Formação do Profissional, Gestão Comportamental, Processos de 
Mediação e Negociação, Lidar com Problemas e Mudanças, e Ética. 
Foram analisados três projetos pedagógicos, nos quais, apenas três competências não 
se encontram presentes, sendo elas: “administrar conflitos”, “desenvolver novos 
profissionais” e “ouvir”. Das 144 ementas avaliadas, a maioria delas (74,31%) aponta a 
formação de competências. Não foram identificadas nas ementas as seguintes competências: 
“comprometimento”, “desenvolvimento da capacidade substantivo/crítica”, “desenvolvimento 
da capacidade técnica/instrumental”, “desenvolvimento de novos profissionais” e “ouvir”. 
Contudo, ressalta-se que os projetos pedagógicos e ementas se complementam. Assim, 
algumas competências não apontadas nas ementas constam do projeto pedagógico e  vice-
versa. Das 30 competências, duas não foram identificadas nem nos projetos pedagógicos e 
nem nas ementas, sendo elas: “ouvir” e “desenvolvimento de novos profissionais”. Contudo 
se torna necessário fazer a reflexão de como seria abordado tais competências dentro do 
projeto pedagógico e ementas, uma vez que a competência “ouvir” está relacionada a uma 
habilidade e atitude a ser desenvolvido dentro do contexto comportamental. Já a competência 
“desenvolver novos profissionais” refere-se à competência do indíviduo que é resultado do 
que foi desenvolvido no curso como um todo. 
Com a análise dos projetos pedagógicos e das ementas, verificou-se que existe uma 
preocupação, por parte da academia, em formar competências, uma vez que a maioria das 
competências aparece tanto nos projetos pedagógicos (mínimo em um projeto) como nas 
ementas. Entretanto, incorporar essa necessidade de desenvolvimento de competências nos 
projetos para atender às DCN não é uma medida suficiente para que aconteça a mudança do 
status quo. São necessárias transformações significativas no que concerne ao modo de pensar 
dos envolvidos no contexto, além da necessidade de mudança na forma de desenvolver e 
conduzir o processo de ensino, rompendo com padrões atuais preestabelecidos, e buscando 
estabelecer a relação entre as diversas competências formadas em disciplinas isoladas.  
141 
 
 
Ainda, a partir dos grupos identificados, tentou-se estabelecer uma relação entre a 
academia e a prática com a finalidade de responder ao objetivo geral da pesquisa, que consiste 
em avaliar o nível de coerência dos projetos pedagógicos e ementas em relação à formação de 
competências necessárias para o bom desempenho na prática profissional. 
No grupo Gestão Estratégica, o qual é composto por sete competências, todas essas 
são apontadas em projetos pedagógicos e ementas de duas ou três instituições avaliadas. 
Todas as competências desse fator foram avaliadas como “muito importante” e, ainda, com 
um grau de utilização “uso” e “uso muito”. Esse foi o grupo com maior número de 
competências apontadas nas ementas, totalizando 82 ementas. As competências que mais se 
destacaram em relação à importância (média) foram “visão estratégia” e “visão crítica”, sendo 
essas as mais frequentes nas ementas. A competência com menor domínio, na visão do 
respondente, é “visão estratégica”, e aquelas menos apontadas nas ementas são “inovação” e 
“criatividade”. Verifica-se que existe a preocupação da academia em formar competências 
consideradas relevantes para a prática profissional dentro desse fator, uma vez que essas são 
apontadas nos projetos pedagógicos e ementas. Contudo, ressalta-se que, apesar de muito 
apontada nas ementas, a competência “visão estratégica” indicou maior necessidade de 
capacitação. Pode-se sugerir que, talvez, a forma de ser abordada e ensinada essa competência 
necessite de uma reorientação por parte da academia. 
Para o grupo composto por dez competências e denominado de Desenvolvimento e 
Formação do Profissional, verifica-se que nove competências são apontadas em algum projeto 
pedagógico e/ou ementas. Essas competências estão presentes em 73 ementas, indicando uma 
alta atenção por parte da academia. Nesse grupo, apenas a competência “desenvolver novos 
profissionais” não foi identificada como formada pela academia. Mais uma vez, todas as 
competências são tidas como “muito importante”, sendo “utilizadas” ou “muito utilizadas” no 
dia a dia do trabalho. As competências apontadas como mais importantes (maiores médias) 
para o contexto prático foram “responsabilidade” e “comunicação”; já as mais apontadas pela 
academia são “utilizar CHAs”, “cidadania e democracia” e “comunicação”. Entretanto, apesar 
de muito treinada pela academia, a competência “cidadania e democracia” apresentou maior 
necessidade de desenvolvimento pelos respondentes. Pode-se concluir, ainda, que existe 
interação entre academia e prática dentro desse fator, pois, com exceção da competência 
“desenvolver novos profissionais”, todas as outras competências são relacionadas pela 
academia, além de serem percebidas como fundamentais para o trabalho, na visão dos 
respondentes. 
142 
 
 
No grupo Gestão Comportamental, com seis competências, apenas a “ouvir” não se 
mostra presente nos projetos pedagógicos ou ementas, sendo as outras cinco competências 
consideradas pela academia. Para esse fator, no total, foi apontada a formação de 
competências em doze ementas, sendo “sustentabilidade” aquela que mais aparece.  Todas são 
consideradas como “muito importante”, ainda apresentando grau de utilização entre “uso” e 
“uso muito”. Já as competências avaliadas com as maiores médias para a importância foram 
“comprometimento” e “ouvir”. A competência considerada com menor domínio pelos 
respondentes é a competência “sustentabilidade”, que foi a mais apontada pela academia, ou 
seja, pode haver uma deficiência no modo como essa competência é desenvolvida. Somente 
propor o desenvolvimento da competência por meio das ementas não é suficiente, visto que 
são necessárias mudanças efetivas no processo de ensino. Apesar de as competências 
aparecerem com uma frequência menor nas ementas dentro desse grupo, pode-se observar a 
coerência existente entre academia e prática no que se refere à importância. 
Para o grupo Processos de Mediação e Negociação, que contempla três competências, 
todas são indicadas, ou em algum dos projetos pedagógicos ou nas ementas, sendo avaliadas 
como “muito importante” e “utilizadas” dentro do contexto prático, mostrando convergência 
entre a proposta de formação da academia e a realidade de trabalho. A competência que mais 
aparece nas ementas é “competência política”; contudo, foi a que apresentou o maior IPT, ou 
seja, menor domínio dos respondentes. As competências desse fator estão presentes em doze 
ementas, o mesmo número de ementas que formam competências para o fator Gestão 
Comportamental. Contudo, nesse caso, o número de competências que compõem o fator é 
menor (3). Sendo assim, existe um indicativo maior de frequência nas ementas e uma 
preocupação mais evidente por parte da academia para esse fator. Ainda, ressalta-se que a 
forma de desenvolver tais competências precisa ser repensada, afinal não estão chegando ao 
resultado esperado junto às práticas dos respondentes ao instrumento de pesquisa. 
Em relação ao fator “Lidar com Problemas e Mudanças”, as três competências são 
apontadas em projetos pedagógicos e ementas, tendo sido avaliadas como “muito importante” 
e “utilizadas”, estabelecendo coerência entre a academia e prática. A competência que mais 
aparece nas ementas é “identificar problemas”, e com maior necessidade de capacitação, 
“resolver problemas”. Esse fator, se comparado ao fator “Processos de Mediação e 
Negociação”, que apresenta o mesmo número de competências, aparece menos frequente nas 
ementas, uma vez que as competências desse grupo estão presentes em oito ementas. 
Por último, tem-se o grupo Ética composto apenas pela competência “ética”, porém de 
fundamental importância para o serviço público. Considerado como “muito importante” e 
143 
 
 
“muito usado”, o IPT indica pouca necessidade de treinamento. O mesmo é desenvolvido pela 
academia, sendo apontado em projetos pedagógicos e, ainda, em quatro ementas.  
De modo geral, respondendo ao objetivo geral da pesquisa, pode-se inferir que os 
projetos pedagógicos e ementas das disciplinas dos cursos de graduação em Administração 
Pública com nota cinco no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 
mostram-se coerentes com a formação de competências necessárias para o bom desempenho 
na prática profissional, pois as competências consideradas relevantes na visão dos 
respondentes (muito importante) são apontadas nos projetos pedagógicos e/ou ementas. Desse 
modo, das 30 competências, somente duas não foram identificadas nem nos projetos 
pedagógicos e nem nas ementas, sendo elas: “saber ouvir” e “desenvolvimento de novos 
profissionais”.  
Assim, respondendo ao problema de pesquisa, verifica-se que as contribuições da 
academia, nos casos dos cursos estudados, na formação de competências estão direcionadas 
no sentido de identificar e apontar, em seus projetos pedagógicos e ementas, competências 
necessárias para o contexto prático, e que são contempladas na formação do aluno pela 
academia, para que bacharéis em administração possam atuar de uma melhor forma nas 
organizações públicas. 
Contudo, apesar de os projetos já apresentarem algumas propostas em relação ao 
processo de ensino voltado para competência, não se identificou, por meio desses projetos e 
ementas, uma mudança efetiva nas ações da academia no sentido de atender realmente o 
conceito de CHA’s em ação. Não foi possível perceber quando ou como os currículos fazem 
os alunos estabelecerem a relação entre as competências, pois essas são pontuadas em 
disciplinas isoladas nas ementas, não caminhando na direção de integração entre 
competências, o que é fundamental dentro da abordagem da competência. Constata-se que o 
ensino ainda é bastante pautado na transmissão do conhecimento e pouco voltado para a 
capacidade substantiva e crítica. 
Superar a educação por meio de disciplinas isoladas já se torna uma preocupação da 
academia, tendo sido essa um aspecto observado nas análises. Contudo, ainda não existem 
ações abrangentes na implementação da inter/transdisciplinaridade. 
Alguns resultados confirmam essas fragilidades da academia, como, por exemplo, o 
fato de, nos seis grupos, verifica-se que, em quatro deles, as competências mais enfatizadas 
nas ementas (maior frequência) são aquelas que carecem de um maior desenvolvimento, na 
visão dos respondentes. As competências “visão estratégica”, “cidadania e democracia”, 
144 
 
 
“sustentabilidade” e “competência política” são as mais frequentes nas ementas por fator, 
sendo, também, as competências com menor domínio pelos respondentes. 
As competências “cidadania e democracia”, “sustentabilidade” e “competência 
política”, que apresentaram o maior índice de necessidade de treinamento, são competências 
particularmente importantes para o contexto do serviço público, pois são competências que 
buscam o equilíbrio entre as relações governo e sociedade na busca de melhores resultados. 
Ainda, essas são competências que devem ser efetivamente formadas pela academia. 
Contudo, ressalta-se que, como já pontuado nas limitações do trabalho, os respondentes não 
são, em sua maioria, formados em administração pública, como relevou a análise do perfil dos 
entrevistados.  
Dentro do contexto prático, essas limitações podem ser verificadas, uma vez que o 
nível de importância da competência percebida pelos respondentes (frequência) é maior que o 
grau de utilização dessa competência na prática. Ainda, o índice de prioridade de treinamento 
(IPT) aponta que existe um percentual de necessidade de desenvolvimento dessas 
competências, o que confirma, mais uma vez, que, apesar de as competências estarem 
presentes nos projetos pedagógicos e ementas, essas precisam ser mais bem trabalhadas. 
Na prática, as competências de valor, as quais orientam a ação humana, se destacaram 
com um nível de consenso maior em relação à importância e intensidade (maior frequência), 
na visão dos respondentes, se comparadas com as competências instrumentais. Competências 
como “ética”, “responsabilidade”, “ouvir”, “comprometimento” foram destaque na prática, e, 
também, para essas competências comportamentais, o nível de domínio dos respondentes foi 
considerado maior. Contudo, na visão da academia, as competências que mais aparecem nos 
projetos pedagógicos e ementas se referem a competências funcionais, como pode ser 
observado no grupo Gestão Estratégica, o qual envolve competência de planejamento, 
formulação de estratégicas, tomada de decisão, entre outras, sendo também mais frequentes 
nas ementas.  
 Desse modo, não basta apenas a academia inserir tais competências nos projetos e 
ementas, pois as mesmas precisam repensar o modo de ensino. Concorda-se neste estudo que 
é necessário repensar os programas, as didáticas utilizadas, o modo de avaliação, o ofício 
tanto do professor quanto do aluno e a estrutura de funcionamento das classes e da escola 
como um todo.  
Quanto à característica da administração pública após 1990, período paradigmático 
apontado por Keinert (1994), e que integra a capacidade política aliada à competência técnica, 
ainda não foi possível verificar essa efetividade na prática, por meio deste estudo, até mesmo 
145 
 
 
porque a competência política foi a que apresentou a menor frequência de intensidade de uso 
se comparada às outras competências. De modo geral, os resultados confirmam já ser possível 
pensar no campo da administração pública a partir de correntes Pluralista e do Novo Serviço 
Público; contudo, ainda existe um predomínio da concepção funcionalista (objetiva). 
Os resultados deste estudo ainda confirmam pontos positivos e avanços com a adoção 
da lógica de competência no ensino. Entretanto, os resultados mostram que a inserção da 
noção de competência ainda não caracteriza uma real transformação no processo de ensino-
aprendizagem naqueles projetos pedagógicos e ementas estudadas. 
Enfim, pode-se constatar que as instituições estão caminhando para atender à proposta 
de formação de competências, porém existem deficiências, as quais devem ser corrigidas para 
que a educação passe a ser pautada efetivamente na formação de competências, convergindo 
com autores consultados na literatura e com as DCN. 
Como proposta de melhoria, sugere-se que seja socializada e compartilhada a 
importância do desenvolvimento de competências no contexto atual. Somente após efetivar a 
mudança de significado, indo além de seguir normas ou modismos, é que se deve pensar na 
revisão do processo, outras posturas e práticas para além da lógica funcionalista.  
Assim, a partir dos resultados desta pesquisa, propõe-se que a academia volte o olhar 
para a inter/transdisciplinaridade, para a qualificação do seu corpo docente. Ainda, 
implemente algumas propostas, como atividades complementares, utilização e 
desenvolvimento de novas metodologias de ensino, o respeito as diferenças entre os alunos, 
buscando a capacidade substantiva e crítica de cada um, pois esses são pontos essenciais na 
formação de competências. 
Para trabalhos futuros, sugere-se ir além dos projetos pedagógicos e ementas e realizar 
entrevistas com professores e coordenadores, bem como com egressos desses cursos. Ainda, 
seria interessante ampliar o número de cursos analisados, buscando cursos com diferentes 
notas no Enade, possibilitando integrar diversas realidades existentes na educação brasileira. 
 
 
 
 
 
 
146 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
ABRUCIO, F. L. Trajetória recente da gestão pública brasileira: um balanço crítico e a 
renovação da agenda de reformas. Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro, v. 41, 
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________. Os avanços e os dilemas do modelo pós-burocrático: a reforma da administração 
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(Coord.). Reforma do Estado e Administração Pública Gerencial. Tradução de Carolina 
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152 
 
 
APÊNDICE A - Instrumento utilizado para o levantamento de dados aplicado aos 
Administradores Públicos. 
 
Apresentação  
 
Este questionário vem atender aos objetivos da pesquisa “Competências do 
Administrador Público: a relação entre a academia e as práticas”, referente à Dissertação 
de Mestrado em Administração da Universidade Federal de Uberlândia.  
Para isso, gostaríamos de contar com a vossa colaboração para responder ao 
questionário que segue abaixo. Você não precisará se identificar para responder à pesquisa, 
estando garantido o sigilo no tratamento das informações. 
Para responder à pesquisa, é necessário ter a graduação em Administração 
(considerando as diversas ênfases), Administração Pública ou Gestão Pública e atuar no 
serviço público. 
O tempo estimado para responder ao questionário é de, aproximadamente, 10 minutos. 
O questionário está dividido em (2) partes. A primeira parte refere-se ao perfil do 
entrevistado, e a segunda é composta por 30 competências, as quais devem ser avaliadas em 
relação a dois indicadores: a) importância da competência no seu contexto de trabalho; e b) 
sua necessidade de capacitação em relação à referida competência.  
Marque apenas uma resposta para cada indicador. 
Desde já, agradecemos a presteza e atenção, e colocamo-nos à disposição para 
qualquer dúvida a respeito da pesquisa. 
 
Contato: 
Taiza Bertoldi – taizamg@hotmail.com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
153 
 
 
Perfil do Entrevistado 
 
 
1. Sexo: 
Sexo: Feminino Masculino 
 
2. Idade: 
Idade: Até 29 anos 
De 30 a 39 anos 
De 40 a 49 anos 
De 50 a 59 anos 
Acima de 59 anos 
 
3. Formação (Graduação) 
 Administração 
Administração de Empresa 
Administração Pública 
Gestão Pública 
Administração com ênfase (RH, 
Marketing, Finanças, Logística) 
Outro (especifique) 
 
 
4. Tipo de IES em que você se Graduou 
Pública Particular 
 
5. Nível de escolaridade (indicar o grau mais alto e completo) 
Ensino Superior 
Especialização/MBA 
Mestrado 
Doutorado 
 
6. Unidade da Federação em que você trabalha 
 
UF: 
Unidade da 
Federação: 
 
 
 
7. Em que ano você ingressou no serviço público? 
Ano (Ex.: 2005): 
 
 
8. Antes de ingressar no serviço público, atuou na iniciativa privada por quanto tempo? 
(Caso não tenha atuado, informe 0 - zero). 
Tempo 
de 
iniciativa 
privada 
(anos) 
 
 
 
 
154 
 
 
 
9. Exerce função gerencial? 
 Sim Não 
 
10. Há quanto 
tempo exerce a 
função gerencial? 
Tempo 
(anos) 
 
 
 
11. Em qual nível da administração pública você trabalha? 
 Federal 
Estadual 
Municipal 
Sociedade de Economia Mista 
 
12. Em qual insitutição você trabalha? (Ex.: Prefeitura de Uberlândia) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
155 
 
 
Questionário - As questões a seguir devem ser respondidas, assinalando-se o grau de importância da competência para o seu trabalho, o 
grau de intensidade de uso da competência no seu trabalho, e o seu grau de domínio em relação às competências descritas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
  
  
Competências 
Importância para o 
seu trabalho: 
Intensidade de uso 
no seu trabalho: 
 
Seu domínio em 
relação a 
competência: 
 
0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 0 1 2 3 4 
1 Ter capacidade para planejar, implementar, monitorar e  avaliar políticas, 
programas, planos e projetos públicos, sempre comprometido com a 
manutenção e respeito às regras e valores democráticos. 
               
2 Ter visão estratégica, considerando a especificidade do serviço público, 
vinculando-se às leis, políticas, programas e projetos da instituição pública. 
               
3 Formular estratégias, definir metas e ações na sua área de atuação, mesmo 
quando os recursos são escassos para o serviço público, considerando 
democraticamente os anseios e as demandas da sociedade. 
               
4 Ter visão crítica, sendo capaz de avaliar os projetos e atividades de trabalho 
com a finalidade de promover melhorias. 
               
5 Ter criatividade para gerar novas ideias, indo além do saber fazer, 
contribuindo para propor melhorias no processo de trabalho e na resolução 
de problemas. 
 
               
 Importância para o seu 
trabalho: 
 
1. Sem importância 
2. Pouco importante 
3. Importância Média 
4. Importante 
5. Muito importante 
Seu domínio em relação à 
competência: 
 
0. Não domino 
1. Possuo pouco domínio 
2. Possuo domínio médio 
3. Domino quase 
totalmente 
4. Domino completamente 
Intensidade de uso no seu trabalho 
 
0. Não Uso 
1. Baixo Uso 
2. Médio Uso 
3. Uso 
4. Uso Muito 
156 
 
 
6 Inovar, colocando em ação as ideias novas que possam contribuir para 
melhorar a qualidade da gestão bem como a satisfação da comunidade. 
               
7 Identificar problemas que impedem o pleno desenvolvimento do trabalho.                
8 Identificar e compreender as alternativas de soluções para resolver os 
problemas e crises. 
               
9 Lidar com mudanças descontínuas no ambiente de trabalho.                
10 Tomar decisões em diferentes graus de complexidade, levando em 
consideração todas as alternativas e recursos disponíveis no contexto de 
trabalho. 
               
11 Ter competência política para administrar as relações de poder dentro do 
contexto de trabalho intra e interinstitucionais atendendo aos interesses da 
sociedade. 
               
12 Negociar, argumentar sendo capaz de se posicionar visando alcançar os 
resultados que atendam o interesse da sociedade. 
               
13 Comunicar de forma compreensível para construir um entendimento 
recíproco, compartilhado e socializado dos saberes e informações no 
ambiente de trabalho bem como com a sociedade. 
               
14 Ter habilidade para desenvolver e utilizar tecnologias administrativas de 
modo a gerar eficácia e eficiência no serviço público. 
               
15 Saber cooperar no ambiente de trabalho com conhecimentos, habilidade e 
atitudes. 
               
16 Saber compreender e tratar a diversidade de informações disponíveis no 
ambiente de trabalho, respeitando o princípio da transparência. 
               
17 Saber ouvir com respeito tanto os indivíduos que compõem a equipe de 
trabalho do órgão público como os cidadãos que buscam pelos serviços 
prestados. 
               
18 Ter comprometimento no dia a dia do trabalho.                
19 Administrar conflitos resolvendo-os de modo a chegar ao entendimento 
recíproco. 
               
20 Ter liderança para gerenciar pessoas e recursos de modo a favorecer o bem 
comum. 
               
157 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 Assumir responsabilidade com o trabalho de sua competência respondendo 
por suas iniciativas. 
               
22 Buscar o desenvolvimento da capacidade técnica/instrumental.                
23 Buscar o desenvolvimento da capacidade substantiva, reflexiva, crítica.                
24 Desenvolver novos profissionais, repassando conhecimentos, informações, 
atividades e gerando oportunidades de aprendizagem. 
               
25 Agir de acordo com os princípios da administração pública, respeitando as 
leis, normas, códigos de conduta profissional. 
               
26 Conduzir os trabalhos de forma a atender, ao mesmo tempo, as dimensões 
econômicas, sociais e ambientais da sustentabilidade. 
               
27 Promover a cidadania proporcionando à comunidade gozar dos seus direitos 
com serviços de qualidade. 
               
28 Utilizar os conhecimentos (teórico e técnico) e habilidades adquiridas na 
educação formal nas diversas situações de trabalho. 
               
29 Integrar diferentes conhecimentos (teórico e técnico) adquiridos 
possibilitando compreender e agir no contexto de trabalho. 
               
30 Transpor os conhecimentos e habilidades adquiridas, indo além da 
reprodução dos saberes e procedimentos. 
               
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